Menu

quinta-feira, 26 de setembro de 2024

Atitude acadêmica: alternativa

A atitude acadêmica da pessoa inserida com sucesso na universidade é ter familiaridade inicial com os temas e objetos de estudo, ter contato limitado com os dados sociais e diferentes perspectivas teóricas alternativas, prezando pelo ambiente formal alheio ao mundo social, construindo conhecimento programático e disciplinar a partir de métodos já estabelecidos como tradicionais, a desvalorização da integração artesanal de conceitos e dados, utilizando-se de uma perspectiva teórica isolada e sem inclusividade e equitatividade de valores sociais e cognitivos alternativos, sem distanciamento crítico da constituição do campo científico como impregnado de valores sociais e econômicos, inserção nas redes sociotécnicas de suporte de forma comprometida com seus interesses, manutenção de discurso padronizado de grupo frente as limitações da própria área e de críticas baseadas em interesse de grupo em relação a áreas concorrentes.

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Iluminismo e psiquiatria

A psiquiatria biológica e tradicional tem um discurso iluminista de se opor ao popular, ao mágico, à superstição, ao social, ao cultural, às tradições e às perspectivas não rigorosas e não teóricas. No entanto, existem teorias e dados sistemáticos tanto em antropologia e ciências humanas como em biologia que não são tão desqualificantes da experiência cotidiana não refinada.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

Mindless health: saúde sem entendimento

Deveria haver um nome para a saúde sem entendimento e consciência: mindless health.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Tradição, conformidade, neutralidade e estabilidade

Tradição e conformidade são formas de aparentar neutralidade. Humor, comportamento, identidade e pensamento neutro são formas de aparentar naturalidade em relação ao modo como as coisas são. Logo, a estabilidade como critério de saúde mental implica em "não posicionamento", não intensidade, ou na verdade formas de adequar-se aparentando naturalidade.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Psicologia baseada em evidências e os EUA

 O artigo descreve o contexto estadunidense da criação da psicologia baseada em evidências, o qual consiste na inacessibilidade econômica dos tratamentos de saúde mental e o uso de planos de saúde.


Artigo sobre a lei da paridade da saúde mental:

 https://www.medscape.com/s/viewarticle/biden-administration-finalizes-rule-strengthen-mental-health-2024a1000g81?ecd=WNL_mdpls_240910_mscpedit_psych_etid6817271&uac=455565PR&spon=12&impID=6817271

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Grupos / associações de pacientes

Grupos de Pacientes  

Este artigo faz parte do foco do Centro de Mídia e Democracia sobre grupos de fachada e manipulação corporativa.

Grupos de Pacientes, ou grupos de defesa de pacientes, são organizações que afirmam representar os interesses de pacientes que sofrem de várias doenças físicas e mentais. Muitos são financiados, e em alguns casos, geridos por empresas farmacêuticas que vendem tratamentos para as respectivas doenças.

"A Associação Americana de Diabetes, um dos principais grupos de saúde de pacientes, recrutou em particular um executivo da Eli Lilly & Co. para definir sua estratégia de crescimento e criar seu slogan. A Aliança Nacional sobre Doenças Mentais, um defensor vocal dos pacientes, faz lobby por programas de tratamento que também beneficiam seus doadores da indústria farmacêutica. ... Embora os pacientes raramente saibam disso, muitos grupos de pacientes e empresas farmacêuticas mantêm relacionamentos próximos de milhões de dólares, divulgando poucos ou nenhum detalhe sobre esses laços," relata Thomas Ginsberg, do Philadelphia Inquirer. [1]

Em alguns casos, empresas "emprestaram" os serviços de seus executivos para aconselhar ou até mesmo liderar grupos de pacientes. A investigação de Ginsberg descobriu que "os grupos raramente divulgam tais laços ao comentar ou fazer lobby sobre os medicamentos dos doadores. Eles também tendem a ser mais lentos em publicizar problemas de tratamento do que avanços. E poucos questionam abertamente os preços dos medicamentos." [2]

Características dos grupos de fachada de defesa de pacientes  

Grupos de defesa de pacientes que servem como fachada para empresas farmacêuticas podem exibir algumas ou todas as seguintes características.

Eles podem:

- Derivar a maior parte, se não toda, sua receita de fabricantes farmacêuticos;

- Fazer lobby por programas de tratamento que também beneficiem seus doadores da indústria farmacêutica;

- Ser mais lentos em publicizar problemas de tratamento do que avanços;

- Tendem a não questionar abertamente os preços dos medicamentos;

- Incentivar os pacientes a continuarem seus medicamentos e oferecer programas para ajudar os pacientes a manterem-se em seus tratamentos, e pressionar as seguradoras a pagarem por isso;

- O financiamento das empresas farmacêuticas para a organização geralmente vem das divisões de marketing ou vendas das empresas, não dos escritórios de caridade;

- Não discutir adequadamente, ou minimizar a discussão de efeitos colaterais adversos de medicamentos, como danos cerebrais ou suicídio;

- Não fazer lobby por mais ou pesquisas adicionais de segurança devido ao potencial de corte do financiamento pelas farmacêuticas [1];

- Focar em medicamentos como o tratamento preferido e negligenciar questões como moradia e apoio financeiro, treinamento vocacional, reabilitação e empoderamento, todos os quais podem desempenhar um papel na recuperação de doenças mentais. [2]

Grupos de defesa de pacientes verdadeiramente independentes são provavelmente controlados por voluntários que realmente tomam medicamentos para saúde mental. Grupos de defesa de pacientes verdadeiramente de base são propensos a ter "barreiras" contra a influência de doadores, como políticas contra aceitar financiamento de empresas farmacêuticas.

https://www.sourcewatch.org/index.php?title=Patient_Groups

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

A função comercial do discurso genético

Em termos de função, o discurso sobre genética tem função de justificação comercial de produtos e tratamentos médicos. A genética é uma área sofisticada com muito investimento por ser viável construir grandes indústrias a partir de intervenções biológicas derivadas de seu conhecimento. Ao lado disso, há uma compreensão teórica que enfatiza a prioridade do papel dos genes no adoecimento e minimiza o papel do ambiente. A pesquisa biológica em genética é bastante viável já que há um fenômeno manipulável, especificável e definível. A pesquisa rigorosa em fatores ambientais não têm o mesmo incentivo de construir grandes indústrias, não na mesma proporção das indústrias de base biomédica, para se estabelecer como área sofisticada. A pesquisa biomédica é bastante compatível com lógica de mercado em escala. As intervenções com base ambiental não são simples, envolvem aprender comportamentos e lidar com fenômenos distribuídos, multifatoriais e em interação dinâmica.

Estratégias básicas de normalidade

As estratégias básicas e simples de ajuste de normalidade ou de "senso das coisas" são:

1) Imitar o que a maioria das pessoas fazem

2) Confiar no que é dito sem necessidade de reflexão

3) Proteger-se repetindo o que todos dizem

4) Fuga-Esquiva de agir diferente de padrões hegemônicos

5) Evitar lidar com questões complexas e sistêmicas

6) Seguir tradições e conformar-se

7) Rejeitar inovações

8) Utilizar-se de formas de poder ao próprio alcance

A mudança dessas estratégias para estratégias mais refinadas envolve uma curva de aprendizagem desafiadora.


terça-feira, 3 de setembro de 2024

Concepções de desenvolvimento

https://pedagogiaaopedaletra.com/a-abordagem-inatista-maturacionista/ 
A Abordagem Inatista Maturacionista 

A abordagem inatista-maturacionista parte do princípio de que fatores hereditários ou de maturação são mais importantes para o desenvolvimento da criança. Hereditariedade refere-se à herança genética que a criança recebe de seus pais. Maturação refere-se a um padrão de mudanças comum a todos os membros de determinada espécie. Apesar das diferenças, Binet e Gesell estabeleceram padrões de comportamento para avaliar a inteligência ou o desenvolvimento da criança. Os fatores biológicos são os mais decisivos na determinação da inteligência e desenvolvimento; tais padrões comportamentais são independentes de fatores externos ou do contexto social em que a criança vive. Não importa o lugar e a época em que a criança viva. Se o ritmo e o desenvolvimento são biologicamente determinados, espera-se que certos comportamentos apareçam na mesma idade. De acordo com a perspectiva inatista-maturacionista, a aprendizagem depende do desenvolvimento. Ou seja, o que a criança é capaz ou não de aprender é determinado pelo seu nível de inteligência. Para mais informações sobre como a psicologia pode ajudar no aprendizado, veja a psicologia escolar. 

https://www.willassuncao.com.br/2022/02/inatismo-ambientalismo-e-interacionismo.html 

INATISMO

A abordagem Inatista traz a concepção de que a prática pedagógica não advém de circunstâncias contextualizadas, ela baseia-­se nas capacidades básicas do ser humano. Ou seja, a personalidade, a forma de pensar, seus hábitos, seus valores, as reações emocionais e o comportamento são inatos, isto é, nascem com o indivíduo e seu destino já vem pré­-determinado. Os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais ou importantes para o desenvolvimento. Destaca-se como teórico, Arnold Gessel. 

AMBIENTALISMO 

 A abordagem ambientalista, também chamada de behaviorista ou comportamentalista, privilegia a experiência como fonte do conhecimento e formação de hábitos, atribuindo um grande poder ao ambiente no desenvolvimento e na constituição das características humanas. 

O ambiente para B.F. Skinner é muito mais importante do que a maturação biológica. São os estímulos presentes numa dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento. 

INTERACIONISTA 

Segundo os interacionistas, o organismo e o meio exercem ações recíprocas, ou seja, um influencia o outro acarretando mudanças sobre o indivíduo. Eles discordam das teorias inatistas por desprezarem o papel do ambiente e das concepções ambientalistas por ignorarem fatores maturacionais. 

É na interação da criança com o mundo físico e social que características deste mundo vão sendo conhecidas e assim ela poderá, através de sua ação sobre ele, ir construindo seus conhecimentos. 

Portanto, a concepção interacionista de desenvolvimento acredita na ideia de interação entre o organismo e o meio, na qual resulta a aquisição de conhecimentos, como um processo construído pelo indivíduo que dura a vida toda. 

O bebê constrói suas características, ou seja, seu modo de agir, pensar, sentir e sua visão de mundo, através da interação com outras pessoas, adultos e crianças. Podemos destacar duas correntes teóricas que defendem a visão interacionista de desenvolvimento: a elaborada por Piaget e seus seguidores e a defendida por teóricos soviéticos, em especial por Vygotsky. Destaca-se como teórico também Wallon.