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quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Em defesa de uma neurociência crítica

http://psicologiadospsicologos.blogspot.com.br/2016/09/em-defesa-de-uma-neurociencia-critica.html

Em defesa de uma neurociência crítica

 

E é por isso que defendo uma neurociência crítica, uma neurociência que queira avançar mas que entenda que nem tudo lhe cabe; uma neurociência que não idolatre a si mesma e ao cérebro, mas que compreenda que o cérebro faz parte do sistema nervoso da mesma forma que o sistema nervoso faz parte do corpo e que este corpo compõe um organismo que interage com outros organismos e com o mundo e é por este afetado; uma neurociência que pratique o reducionismo no laboratório, onde reduzir o foco de análise é fundamental, mas que fora dele dissemine e contribua para uma visão complexa e multifatorial dos comportamentos e problemas humanos; uma neurociência que não venda soluções mirabolantes e mágicas e que aja com grande cautela na explicação e prescrição de soluções para os problemas humanos; uma neurociência que entenda que a ciência avança através da crítica e da autocrítica e não do dogmatismo e do autoenaltecimento. Enfim, uma neurociência que pense e repense a si mesma continuamente e que dialogue em pé de igualdade com outros campos do saber. Como bem aponta o meu ex-professor e pesquisador Saulo Araújo, neste artigo, "se a ciência tem uma função primordial, ela consiste na promoção do exame crítico da realidade, mas não na criação de histórias fantásticas e mitos alienantes. E se não podemos encontrar respostas definitivas para certas perguntas que temos levantado sistematicamente ao longo dos tempos, isso talvez aponte para certos limites de nosso conhecimento, o que nos obriga a recordar permanentemente os obstáculos que persistem, para não corrermos o risco de cair em novas formas de dogmatismo". 

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