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quarta-feira, 19 de julho de 2017

certezas, incertezas, ciência, prevenção, medicalização

O combate à Medicalização vai contra toda a tendência de securitização e hiperprevenção.

 Luis David Castiel
 
cabe acrescentar ainda que apesar da separação entre ris-
co e incerteza ser ainda dominante, pode-se considerar que ela
é difícil de ser sustentada. risco e incerteza se embricam: riscos
são incertos, incertezas seguras.
van asselt e vos
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afirmam
que, no contexto do princípio da precaução, a incerteza é muitas
vezes, implícita ou explicitamente, percebida como algo que po-
de ser erradicada. Ou, pelo menos, reduzida pela pesquisa, pela
monitoração ou, simplesmente, pelo passar do tempo. algumas
incertezas podem ser estimadas, pois resultam de sistemas ou
processos bem conhecidos. porém, muitas incertezas relevan-
tes no contexto do princípio da precaução não podem ser redu-
zidas e muito menos exorcizadas.
O “paradoxo da incerteza” se refere à adoção de uma me-
dida preventiva diante da insuficiência de provas científicas. em
outras palavras, quando o princípio da precaução é utilizado pa-
ra lidar com incertezas, o seu emprego acaba por demonstrar os
limites da ciência em proporcionar evidências “confiáveis” dos
riscos potenciais.
Todavia, sempre que se estabelece uma ação preventiva,
a ciência é chamada a fim de avaliar/avalizar os riscos poten-
ciais.
em suma, trata-se de uma configuração paradoxal: por
um lado, reconhece-se que a ciência não pode trazer as ansia-
das evidências decisivas sobre riscos incertos, enquanto, por
outro, recorre-se à ciência para procurar estabelecer-se algum
nível de certeza. assim, o conhecimento ocupa um lugar alta-
mente paradoxal, se não contraditório, na essência do princípio
da precaução.

 http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/188cadernosihuideias.pdf

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