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sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Internalismo e ideações suicidas

Durante toda a sua carreira, B. F. Skinner ressaltou enfaticamente os problemas oriundos de uma análise mentalista do comportamento humano (grosso modo, atribuição da causa do comportamento a agentes internos). No estudo qualitativo da minha tese de doutorado (Interpretative Phenomenological Analysis), é impressionante ver o impacto da noção mentalista sobre o desenvolvimento de ideações suicidas. Apesar de relatarem os contextos relacionados às suas vulnerabilidades, todos os participantes (n = 10) atribuíram as causas de seus "insucessos" na vida às suas "características de personalidades", ao seus "problemas de caráter", aos "defeitos do cérebro", resultando em processos de auto-culpabilização intenso e no desespero por fugir "de si mesmos" - já que o problema estava dentro deles.
Uma ciência (ou campo do saber) que retira seu foco dos processos *interacionistas* está fadada à contribuir para o aumento da vulnerabilidade daqueles que sofrem de ideações suicidas. Isso também me faz lembrar do livro fantástico do Prof. Luiz Antonio Baptista (UFF) intitulado "A fábrica de interiores - A formação psi em questão" - leitura mais do que obrigatória para estudantes e profissionais de saúde mental.

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