Durante
toda a sua carreira, B. F. Skinner ressaltou enfaticamente os problemas
oriundos de uma análise mentalista do comportamento humano (grosso
modo, atribuição da causa do comportamento a agentes internos). No
estudo qualitativo da minha tese de doutorado (Interpretative
Phenomenological Analysis), é impressionante ver o impacto da noção
mentalista sobre o desenvolvimento de ideações suicidas. Apesar de
relatarem os contextos relacionados às suas vulnerabilidades, todos os
participantes (n = 10) atribuíram as causas de seus "insucessos" na
vida às suas "características de personalidades", ao seus "problemas de
caráter", aos "defeitos do cérebro", resultando em processos de
auto-culpabilização intenso e no desespero por fugir "de si mesmos" - já
que o problema estava dentro deles.
Uma ciência (ou campo do saber) que retira seu foco dos processos
*interacionistas* está fadada à contribuir para o aumento da
vulnerabilidade daqueles que sofrem de ideações suicidas. Isso também me
faz lembrar do livro fantástico do Prof. Luiz Antonio Baptista (UFF)
intitulado "A fábrica de interiores - A formação psi em questão" -
leitura mais do que obrigatória para estudantes e profissionais de saúde
mental.
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