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domingo, 7 de abril de 2019

ermitãos, vagabundos ou hippies (skinner)


"A boa vida que Huxley retratou (com desprezo, naturalmente) era sentida como boa. Não foi acidental ter incluído uma forma de arte chamada feelies (to feel = sentir) e drogas que produziam ou mudavam os sentimentos.

As boas coisas da vida têm, entretanto, outros efeitos. Um deles é a satisfação das necessidades, no sentido simples de alívio do desconforto. Algumas vezes comemos para escapar das cãibras de fome e tomamos comprimidos para aliviar a dor, e por compaixão alimentamos os famintos e curamos os doentes. Para tais propósitos planejamos uma cultura que dê a cada qual “ de acordo com suas necessidades”. Mas a satisfação é um objetivo limitado; não ficamos necessariamente felizes por termos tudo quanto queremos. A palavra sated (saciado) tem relação com a palavra sad (triste). A simples abundância, quer numa sociedade afluente, quer num clima benévolo, quer num Estado paternalista, não é o suficiente. Quando as pessoas recebem de acordo com as suas necessidades independentemente do que fizerem, permanecem inativas. A vida abundante é uma terra de montanha-de-doce ou o País de Cocanha. É a Schlaraffenland a terra dos preguiçosos — de Hans Sachs, e o ócio é o único objetivo dos que estiveram compulsivamente ou ansiosamente ocupados.
O céu é comumente descrito pela lista das coisas boas que nele se encontram, mas ninguém ainda planejou um céu de fato interessante, seguindo esse princípio. O importante quanto às coisas boas da vida é o que as pessoas estão fazendo quando as obtêm.

As contingências de seguir as regras são freqüentemente mal planejadas e os membros da cultura dificilmente levam em conta as conseqüências líquidas. Ao contrário, resistem a essa espécie de controle. Recusam-se a fazer o que se lhes pede e abandonam a cultura — como ermitãos, vagabundos ou hippies — ou permanecem nela contestando seus princípios."

Skinner. Contingências do reforço.

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