Outro aspecto é a necessidade de persuadir um paciente de tal ou qual opção terapêutica. Para reter o controle, o médico comumente recorre ao estratagema de pintar um quadro com cores escuras (ver capítulo 5). O horrível resultado prognosticado bem como o severo regime terapêutico garantem que o médico está a par da mais moderna ciência e isso lhe dá um ar de autoridade. A gravidade do diagnóstico assusta pacientes e familiares, levando-os ao mudo assentimento. Em contraste, se a situação for dada como menos ameaçadora, o médico é crivado de perguntas. Porque muitas delas são irrespondíveis, põem a nu as pretensões científicas do profissional. A atual tendência de fazer os pacientes tomar parte nas decisões não dissipou o dogmatismo médico. O dogma terapêutico, porém, já não é a cidadela inexpugnável dos dogmáticos.
Bernard Lown - A arte perdida de curar
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