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quinta-feira, 4 de julho de 2019

Rotinas sociais e soluções de problemas


A realidade social do cotidiano é construída a partir de objetivações de percepções subjetivas em produtos de atividades. A realidade é construída socialmente de acordo com o acervo social de conhecimento de senso comum e técnico/intelectual. O senso comum da vida cotidiana é o acervo comum de conhecimento necessário para lidar com a rotina da vida cotidiana. Algo que apresenta como problemático quando sai da rotina da vida cotidiana e é preciso colocar o conhecimento do senso comum em dúvida e procurar conhecimento mais sofisticado. Os acontecimentos e as pessoas são tipificadas em classificações relacionadas ao acervo social de conhecimento.

Os problemas de saúde mental surgem ao se sair da rotina da vida cotidiana (quando a diferença se apresenta). Nos casos de problemas de saúde mental a diferença se apresenta como problemática devido à ausência de capacidade do acervo social de conhecimento do senso comum de lidar com essa diferença de forma rotineira. As tipificações ou classificações para entender acontecimentos sociais, naturais e pessoas estabelecem interações sociais de acordo ou podem também estabelecer acontecimentos e características das pessoas. As construções sociais podem ocasionar problemas de saúde mental ao classificar certas pessoas e acontecimentos como problemáticos a partir da intolerância à diferença ou estabelecer interações sociais que não são positivas para todos apesar de serem entendimentos rotineiros para um dos lados.

Nisso entra o entendimento médico/manicomial da diferença ou o entendimento psicossocial da diferença e como essas classificações das diferenças produzem realidades melhores ou piores. O entendimento do modelo médico em saúde mental envolve responsabilizar a suposta doença biológica pelas incapacidades construídas por esse entendimento. O entendimento médico/manicomial da diferença se mantém pelo autoritarismo de não permitir as pessoas escaparem a esse entendimento na prática. Com isso, impede de estabelecer um acervo social de conhecimento no senso comum que lidaria com a diferença de maneira rotineira (Reforma Psiquiátrica) e não problemática ou que dispensaria a psiquiatria biomédica em favor de intervenções psicossociais.

Resenha do começo do livro A construção social da realidade.

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