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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Drogas neurolépticas e reforço positivo

A relação entre comportamento operante e drogas neurolépticas, ou antipsicóticas, tem sido amplamente estudada. De uma maneira geral, o efeito dessas drogas tem sido o de suprimir, ou diminuir, comportamentos mantidos por reforço positivo. Duas hipóte­ses principais foram levantadas para explicar essa relação. A primeira é a de que neurolépticos, na sua maioria, drogas antagonistas (efeito na direção contrária) do sistema dopaminérgico, afetam o sistema motor, no sentido de diminuir, ou dificultar, qualquer atividade motora. Na segun­da hipótese (chamada de Hipótese da Anedonia (ausência de prazer)), neurolépticos estariam impedindo a aquisição e manutenção do comportamento por estímulos reforçadores, via interferência direta nos circuitos cerebrais ligados ao reforço (Wise, 1982). Alguns dados nos levam a favorecer a segunda hipótese.
O primeiro dado é que antagonistas dopaminérgicos em dose baixa retardam a aquisição de um comportamento operante. Ou seja, animais que receberam doses bai­xas de neurolépticos atingem a mesma taxa de respostas que animais que não recebe­ram a droga; mas há uma diferença no tempo de aquisição do operante: enquanto os animais em condição controle atingiram um desempenho assintótico na segunda ses­são, animais que receberam neurolépticos só atingiram a assíntota na quinta sessão.
Outro dado interessante ó o chamado efeito semelhante à extinção. Animais bem treinados para emitir um determinado operante em um procedimento de ICSS (auto-estimulação intracraniana), quando recebem uma dose de um neuroléptico, por exemplo, pimozida, apresentam um padrão de respos­tas semelhante a animais colocados sob extinção, ou seja, inicialmente a taxa de respos­tas se mantém, passando a cair com o decorrer do tempo.

Conclusão

De uma maneira geral, a partir dos dados apresentados, podemos concluir que é
razoável pensar na existência de um mecanismo dopaminérgico anatomicamente espe­cífico que parece estar subjacente ao processo de reforço do comportamento.

A segunda implicação é quanto ao uso de neurolépticos que, interferindo diretamente nos mecanismos fisiológicos do reforço, poderiam estar dificultando a manutenção e aquisição de comportamentos, fato que deve ser levado em conta em um contexto clíni­co.

Do texto Mecanismos fisiológicos do reforço

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