Menu

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Domesticação, psiquiatria biológica e danos cerebrais

Embora a domesticação seja um processo evolucionário, há semelhanças entre os efeitos das drogas psiquiátricas e o processo de domesticação que faz parecer que as drogas psiquiátricas corrigem algum defeito biológico ou aprimoram o cérebro. O processo de domesticação envolve redução da agressividade e diminuição da responsividade do organismo à estímulos externos estressantes. As drogas psiquiátricas são interpretadas como positivas para o organismo por se assemelharem ao processo de domesticação. Mas na verdade fazem isso produzindo danos ao cérebro e ao resto do organismo para que esse pareça mais domesticado mesmo em condições hostis ao organismo. Ao invés de ensinar o sujeito a modificar as condições hostis ou a forma de responder às condições hostis a psiquiatria biológica visa alterar ou corrigir o organismo por atribuir qualquer dificuldade de adaptação cultural à defeito biológico. O que é natural não necessariamente leva à adaptação cultural e por isso é um erro afirmar que a dificuldade de adaptação cultural necessariamente tem origem num defeito biológico. A adaptação cultural pode ser inclusive difícil ou prejudicial ao organismo e é isso que acontece com alguns efeitos das drogas psiquiátricas interpretados como positivos por produzirem adaptação cultural.

Referências:

Duas palestras do etólogo César Ades no dia de Darwin em anos diferentes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário