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terça-feira, 1 de setembro de 2020

O reforçamento positivo em instituições

Aqueles que representam ameaças para si mesmos ou para a

sociedade em geral, freqüentemente, são entregues às instituições.

Ali, permitimos a eles apenas relações sociais limitadas, privamos os

mesmos de liberdade de movimento e de oportunidades de tomar

decisões; proibimos, ainda, a maioria das comodidades que eles

desfrutariam no mundo exterior. Freqüentemente justificamos estas

instituições como instrumentos para mudanças benéficas: "escolas"

para deficientes supostamente ensinam a seus alunos novas habili-

dades para ajudá-los a superar suas limitações, "hospitais" para

doentes mentais supostamente curam-nos, "instituições" correcio-

nais supostamente reabilitam infratores.

Entretanto, a localização destas instalações em áreas relati-

vamente despovoadas e de difícil acesso (pelo menos inicialmente,

antes que as cidades ou subúrbios tenham crescido à sua volta)

indicam o que realmente pretendemos com elas. Espera-se que elas

mantenham o retardado, o louco e o criminoso fora de circulação.

Entregamos estas instalações "humanas" a membros de profissões

assistenciais — médicos, enfermeiros, psicólogos, analistas do com-

portamento, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, professores, assistentes

sociais e funcionários penitenciários — e lavamos nossas mãos dos

problemas.

Seu isolamento geográfico, seus muros, grades, portões e

torres de segurança e a tendência pública de ignorar o simples fato

de sua existência deixam essas instituições quase que completamen-

te sem controle externo. Sejam quais forem os impulsos humanitá-

rios que possam de início ter gerado seu estabelecimento, sua isen-

ção da obrigatoriedade de prestar contas ao público transforma a256

Murray Sidrrvan

maioria delas em um pouco mais dos que depósitos para os social-

mente desajustados. As prioridades imediatas das equipes de fun-

cionários, a conveniência administrativa, a docilidade do interno e a

obediência às normas e regulamentos substituem os objetivos edu-

cacionais, terapêuticos ou correcionais de longo prazo. A coerção

torna-se a técnica preferida para fazer os internos "se comportarem".

Uma instituição que funciona principalmente para o benefí-

cio do corpo de funcionários dá pouca importância aos nocivos efei-

tos colaterais da coerção. Desta forma, encontramos a predominân-

cia da coerção no tratamento de pessoas retardadas, dos doentes

mentais e de criminosos de todos os tipos. Quando a pressão públi-

ca ou judicial por reforma surge efetivamente, ela é efêmera e geral-

mente ineficaz, já que concentra a atenção nas instalações físicas e

nos procedimentos administrativos. Raramente uma investigação

avalia de fato a racionalidade e a aplicação das técnicas de controle

do comportamento. Por causa da incompreensão e da incompetên-

cia, alguns dirigentes institucionais e membros das profissões assis-

tenciais deturpam e alteram o conceito de reforçamento, tornando-o

irreconhecível, tentando transformar até mesmo o reforçamento po-

sitivo em um instrumento de coerção.


Coerção e suas implicações - Sidman

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