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quarta-feira, 30 de março de 2022

Estabilidade de dose faz sentido?

Sobre a variável estabilidade de dose
Partindo da premissa de que os psicofármacos são antídotos a doenças subjacentes ao invés de drogas psicoativas e da premissa já avaliada por mim em 2014 (ver sobre socian no blog) de que o nível dos psicofármacos no organismo é maior nas primeiras horas de metabolização e depois no fim do dia num ciclo de 24 horas o nível no organismo cai então o problema seria insuficiência de dose (de antídoto) e não uma questão de manter o mesmo nível do psicofármaco no organismo. Apenas uma descrição indireta do comportamento a partir da linguagem psiquiátrica permite esse raciocínio como quando usa expressões como estabilidade de humor ou estabilidade comportamental (da saúde mental). A partir das premissas anteriores seria esperado que as crises aconteceriam no final do período de metabolização, isto é, do fim da tarde até à noite se a pessoa toma o psicofármaco na hora de dormir e se o psicofármaco tem ciclo de metabolização de 24 horas. E os períodos de estabilidade aconteceriam no período inicial de metabolização.
Além disso pretendo avaliar se a injeção altera em mesmo grau a variabilidade da frequência cardíaca ao longo do mês como os comprimidos alteram diariamente. Se o grau for da mesma magnitude faria sentido esperar que as crises ocorreriam no final do período de metabolização também. Essa predição parece não ocorrer.

terça-feira, 1 de março de 2022

Patologia psiquiátrica: psicoterapia

Patologia psiquiátrica pode ser uma justificativa para salvar tratamentos psicológicos de questionamentos de ineficácia pois serve para justificar porque as pessoas não melhoram.

DSM: reação versus patologia vitalícia

Lane: Voltemos à questão chave da patologização e da despatologização. Voltando a 1968, se me permite, com a publicação do DSM-II, você co-editou com Paul Wilson “A Guide to the APA’s New Diagnostic Nomenclature” (Um Guia para a Nova Nomenclatura Diagnóstica da APA). O artigo é de grande interesse para mim porque nele você discute “a eliminação da palavra ‘reação’ dos rótulos como ‘reação esquizofrênica’, ‘reação paranóica'”, e assim por diante – um grande desenvolvimento, certamente, em como conceitualizamos e descrevemos o diagnóstico psiquiátrico. Houve uma longa discussão na época sobre a realização dessa mudança?

Spitzer: Sobre como fazer isso? Não, não houve nenhuma discussão. Não, não. Você tem que entender: a APA tinha decidido com o DSM-II usar o CID-8. O CID-8 foi escrito por uma pessoa, [Senhor] Aubrey Lewis no Maudsley [Instituto de Psiquiatria, Londres], e ele não apresentou a palavra reação, então, para nós, nunca houve nenhuma discussão.

Lane: Mas apagar a palavra reação de alguns tipos designados de doenças mentais – em um manual de diagnóstico que também pretende defini-los e para que os clínicos os reconheçam – ainda é uma mudança importante porque está alterando o status ontológico da condição …

Spitzer: Sim. Sim, é uma grande mudança. Acho que se houvesse alguma discussão, ela seria na ordem de “Não acrescentamos nada, apenas colocando a palavra reação a tudo”. Você ainda pode acreditar na psicobiologia sem ter a palavra [reação] ali. Esse teria sido o argumento. Mas duvido que houvesse qualquer argumento, porque, naquela época, apenas ter a palavra reação não significava muito.

Lane: Exceto que removê-la significava que se estava de fato transformando uma reação a algo como mais como um estado duradouro, possivelmente vitalício. Sem uma causa óbvia, na medida em que vocês também eliminaram os fatores de estresse que poderiam estar ligados ao meio ambiente, status econômico, dinâmica familiar e assim por diante …

Spitzer: Bem, o que estávamos dizendo é: “Deixar cair a palavra reação não significa realmente nada”. Acho que isso provavelmente é verdade – não acho que tenha significado muito. Com o DSM-III houve enormes controvérsias sobre este e outros desenvolvimentos quando ele foi lançado. Mas com o DSM-II, acho que houve um artigo, possivelmente em um jornal, onde William Menninger sugeriu que ao adotar o CID-8 [baseado na Europa], estaríamos perdendo a contribuição da psiquiatria americana. Agora se ele estava respondendo à questão da reação eu não me lembro. Eu sei que houve essa única reclamação.

https://madinbrasil.org/2022/03/robert-spitzer-no-dsm-iii-uma-entrevista-recentemente-recuperada/