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sábado, 13 de julho de 2024

Teoria psiquiátrica e reforma psiquiátrica

A suposta necessidade de mais leitos psiquiátricos é uma consequência do conceito de que a "doença mental" (nos termos da psiquiatria biológica) é uma desregulação fisiológica e orgânica interna que só tem controle por meio de coerção física e tratamentos biológicos. Essa forma pensar envolve uma transformação de fatos contextuais em fatos acontextuais biológicos (reducionismo). Sobre a OMS estipular um número de leitos, isso é um número que deveria ser pensado de forma dinâmica de acordo com a rede de saúde mental e mesmo os recursos sociais disponíveis. Por causa da concepção teórica mencionada acima sobre a desregulação incontrolável não é visto como uma possibilidade reduzir leitos. A suposta necessidade de leitos também se fundamenta na ideia teórica de que as "doenças mentais" são progressivas e por isso só o hospital poderia tratar dos casos mais graves. A questão da radicalização da reforma psiquiátrica é um discurso que visa evitar que uma implementação das práticas da reforma psiquiátrica tornem essas concepções teóricas citadas provadas falsas e obsoletas de forma indiscutível. A questão de não ter psiquiatras disponíveis em alguns serviços entra na mesma necessidade de reprodução social das concepções teóricas. Se houvesse a implementação em larga escala de formas não medicalizadas de lidar com crises, essa concepção praticamente automática de "se crise, então medicina" se enfraqueceria assim como a influência dos psiquiatras e modos medicalizantes.

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