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sábado, 5 de janeiro de 2013

Paradigma médico ocidental (Revista USP;1999)


O conceito
de saúde
mental

REVISTA USP, São Paulo, n.43, p. 100-125, setembro/novembro 1999
http://www.usp.br/revistausp/43/10-naomar.pdf


“No paradigma médico ocidental, patologia
significa mau funcionamento ou má
adaptação de processos biológicos e psicológicos
no indivíduo; enquanto enfermidade
representa reações pessoais, interpessoais
e culturais perante doença e desconforto.
A enfermidade é conformada por
fatores culturais que governam a percepção,
rotulação, explicação e valorização da
experiência do desconforto, processos imbuídos
em complexos nexos familiares, sociais
e culturais. Dado que a experiência da
enfermidade é uma íntima parte do sistema
social de significações e regras de conduta,
ela é fortemente influenciada pela cultura:
ela é, como veremos, culturalmente construída”
(Kleinman, 1992, p. 252).
De acordo com Kleinman (1980; 1986),
a saúde, a enfermidade e o cuidado são
partes de um sistema cultural e, como tal,
devem ser entendidos em suas relações
mútuas. Examiná-los isoladamente distorce
a compreensão da natureza dos mesmos e
de como eles funcionam num dado contexto.
Por esse mesmo motivo, estudos sobre
a mudança das crenças com relação a um
desses elementos devem examinar as mudanças
ocorridas com relação aos demais.
Em relação ao cuidado, Kleinman (1986)
considerou que uma das razões pelas quais
diferentes processos de cura persistem
numa mesma sociedade é o fato de eles
agirem nas diferentes dimensões da doença.
Sendo assim, é preciso considerar modelos
capazes de conceber a saúde e a enfermidade
como resultado da interação
complexa de múltiplos fatores, nos níveis
biológico, psicológico e sociológico, com
uma terminologia não limitada à biomedicina.
Ele apontou a necessidade de
novos métodos interdisciplinares, trabalhando
simultaneamente com dados
etnográficos, clínicos, epidemiológicos,
históricos, sociais, políticos, econômicos,
tecnológicos e psicológicos. Segundo o
autor, os métodos preexistentes não eram
capazes de descrever sistemas individuais,
fazer comparações entre sistemas de diferentes
culturas e analisar os impactos da
cultura na enfermidade e na cura."

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