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terça-feira, 31 de março de 2015

Medicina e mídia

Medicina e mídia
Na perspectiva de RODRIGUES, entende -se por campo social:
“(...) uma instituição dotada de legitimidade indiscutível, publicamente reconhecida e respeitada pelo conjunto da sociedade para criar, impor, manter, sancionar e restabelecer uma hierarquia de valores, assim como um conjunto de regras adequadas ao respeito desses valores, num determinado domínio específico da experiência” (1999:23)
Em oposição a esta modalidade, destaca-se a dimensão exotérica, constituída de enunciados não reservados ao corpo institucional, mas a todos, indiscriminadamente. A conseqüência desta função mediadora é a constituição de um campo social autônomo, que desempenha papel estratégico ao garantir a visibilidade e reforçar a legitimidade dos demais campos.
Os sujeitos que detém legitimidade simbólica e pragmática constituem o corpo social de um determinado campo. Eles podem compreender os enunciados destinados aos próprios membros da instituição, práticas discursivas que, segundo Rodrigues, se referem às modalidades de discurso esotérico. A natureza exotérica é própria do discurso mediático.
A publicização dessas informações de interesse público reforça a legitimidade de cada campo envolvido nesse processo de mediação. Já vimos que é próprio do campo dos media recorrer a enunciações dos outros campos, se legitimando como espaço privilegiado de visibilidade das instâncias sociais".
Mas, ao apropriar-se da medicina, o discurso midiático tende a torná-la transparente e universalmente compreensível, em função da natureza exotérica de seu funcionamento” (Rodrigues, 1997:221). Isto requer a transformação da linguagem hermética, uma questão que perpassa a dimensão universalizante da prática discursiva do campo dos media.
“(...) o discurso médico tende a criar e impor não só um vocabulário e regras sintáticas próprias, mas também formas simbólicas esotéricas da sua expressão e da sua difusão. É por isso que o discurso médico é relativamente incompreensível e opaco para os que não são detentores da legitimidade de intervenção expressiva e pragmática no seu domínio específico de experiência, para aqueles que não fazem parte do seu corpo legítimo. (...)
A rearticulação das ordens de discursos (Foucault, 1996) do campo da medicina atende também ao objetivo de reforçar, no espaço especular dos media, sua legitimidade e competência no que concerne ao poder de dizer e de fazer sobre o corpo humano.
“(...) o discurso do médico é uma confluência de saberes científicos e de outros saberes provenientes da prática clínica e da doxa, saberes e práticas nem sempre convalidados pelo campo científico e acadêmico. Nem o discurso da televisão (do programa) é equivalente ao discurso do médico, nem este é equivalente ao da ciência. O discurso do médico, aqui, está mediado pelas regras do dizer televisivo, que operam no sentido de traduzir o aspecto especializado do saber médico-científico, naturalizar (e reforçar) sua dimensão pragmática (se aconselha e orienta), reforçar sua legitimidade e moderar sua conflitividade” (2005: 301)

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