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sexta-feira, 14 de julho de 2017

CUIDADO AO LER OS TEXTOS DESTE SUBVERSIVO CHAMADO FOUCAULT!


ESQUIZOGRAFIAS ALERTA:
CUIDADO AO LER OS TEXTOS DESTE SUBVERSIVO CHAMADO FOUCAULT!
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É perigoso ler Foucault? Como dizer isso numa página que acredita ter uma inspiração pós-estruturalista, que tem em Foucault um dos seus principais intercessores?
Antes do apedrejamento, é preciso nos perguntar: "Como" e "para quem" é perigoso ler Foucault? (Talvez não consigamos responder essa pergunta, quiçá produziremos outros questionamentos. Com certeza esse texto é apenas um recorte de uma obra inesgotável).
Aclamado por uns, odiado por outros: Michel Foucault e sua obra permanecem atuais, dada a complexidade dos fatos que se propôs a pensar e sua forma potente de tratá-los.
Há um perigo na leitura de Foucault para os grandes regimes de poder, para o alastramento do fascismo institucionalizado ou corporificado nas relações de poder. Esta leitura é bastante nociva para máquinas que desejam criar assujeitamento!
Por isso: cuidado ao ler Foucault!
Você corre o perigoso risco de atentar para a forma como a loucura foi excluída, marginalizada na história da humanidade, colocada ao lado de ladrões, prostitutas, homossexuais, bêbados e hereges como perturbadores da ordem social. Pode reconhecer as veias fortes da institucionalização da loucura como elemento de "limpeza social" e seus resquícios até hoje.
Cuidado, você pode entender os elementos epistemológicos, políticos e econômicos da criação da psiquiatria e da passagem da figura do louco para a criação do "doente mental". Quiçá poderá conhecer as práticas de mortificantes produzidas pela psiquiatria, em nome da razão como ordenadora de uma sociedade que via/ vê na normatização uma forma de categorizar e excluir.
Corre o risco de perceber como a psiquiatria se produziu e se produz como uma máquina de poder produtora de verdades-controle que engendraram processos de segregação e controle dos corpos.
Você pode compreender a forma como a sexualidade foi silenciada, controlada, quiçá proibida. Colocada em moldes definidos por um poder que ditava, por batutas morais, o que era/é permitido e o que não era/ não é.
Há um perigo na leitura de Foucault em suas considerações acerca das estruturas enraízadas nos saberes e as raízes de poder que se ramificam em discursos e práticas. O conhecimento da associação saber-poder é nociva demais para aqueles que querem dominar através de posições hierárquicas reforçadas por mecanismos de poder, por meio de verdades científicas, religiosas, técnicas. Você pode ter nessa leitura uma caixa de ferramentas para não cair nessa lógica de produção de dominação.
Muito cuidado!
Você pode perceber como há poderes de controle do corpo, de disciplinarização que atuam de forma silenciosa sem que você perceba. Poderes que se manifestam em práticas e discursos que se enraízam nas relações, uma forma de governo, de gestão da vida.
É preciso muito cuidado ao ler este tal Foucault, você pode compreender como a lógica de vigilância funciona na nossa sociedade. Onde somos todos vigiados e controlados por dispositivos de diversas ordens.
Por outro lado, Foucault também nos ensina a potência da resistência ao poder.
Salienta a invenção do conceito de sujeito, como uma forma de reduzir a subjetivação em sua face histórica à uma identidade universalizada, fechada. Desconsiderando sua perspectiva processual e histórica de produção.
Cuidado para não se deparar com uma denúncia aos regimes de controle e disciplinarização de subjetivações nas escolas, manicômios, prisões, indústrias. Instituições arraigadas por discursos pautados em verdades que produzem punições, segregação e controle dos corpos.
Você pode se tornar muito nocivo ao ler Foucault!
Pode ser uma pessoa perigosa para os ordenadores do poder que querem produzir anulação da existência através dos poderes em suas diversas faces.
Para as máquinas capitalísticas de produção de assujeitamento e biopoder, ler Foucault é perigoso, ameaçador, deve ser abolido, proibido, perseguido.
"Queimem os livros deste subversivo!" Ele pode nos mostrar onde estão as amarras que nos prendem, os discursos que nos anulam, as práticas que nos enclausuram.
Esse subversivo pode denunciar o fascismo encrustado nas instituições, nas relações, em nós.
Por isso: Cuidado!

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