Em seu trabalho, Alves (2010,
p. 47) argumenta que:
Nos discursos na terceira pessoa, ou seja sobre os outros, os nervos [categoria cul-
tural do pensamento leigo utilizada para designar o sofrimento mental] aparecem
associados a pessoas consideradas fracas (categoria humana altamente desvalorizada
e rejeitada porque interfere com a identidade). Nos discursos na primeira pessoa,
quando o próprio se declara nervoso, os nervos referem-se a um fenômeno diferente,
quase sempre a situações menos graves e justificadas pelos contextos que despoletam
os nervos – aqui a pessoa não é nervosa, mas apenas reagiu com nervos perante de-
terminada situação.
No contexto da nossa pesquisa, os discursos que se referem ao outro na terceira
pessoa, não apenas invisibilizaram os sujeitos, mas os retiravam da posição de
sujeito, colocando-os fora da possibilidade de uma concepção hegemônica de
sujeito presente na nossa sociedade. Ao mesmo tempo evidenciavam o quanto
as relações estabelecidas são também relações de poder.
Sujeitos e(m) experiências: estratégias micropolíticas no contexto da reforma psiquiátrica no Brasil
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