Não existe uma função biológica literal de acessar ou representar a realidade (se tomarmos o representacionismo como teoria e não como fato). Mas isso pode ser decomposto. A sensorialidade e o comportamento verbal ou social tem mecanismos diferentes. Falar em "realidade" implica implicitamente em conceitos que já conquistaram legitimidade social e há uma dose de convencionalismo e conformismo nessa "capacidade". Em estados extremos como ingestão de anfetaminas (estimulantes / bastante dopamina = o modelo de esquizofrenia da psiquiatria biológica), o organismo excitado está com frequência alta de comportamentos e isso leva a tatear menos as características do ambiente. Já com ingestão de neurolépticos (pouca dopamina) é provável que agindo menos e ficando mais parado haja mais probabilidade de tatear as características do ambiente antes de agir (se não for apenas reduzir todos os comportamentos e com isso reduzir os inapropriados). Agir de acordo com as características das situações (discriminação e generalização) é um repertório aprendido com a experiência e um histórico. Quando se fala que alguém está dentro ou fora da realidade na verdade está se afirmando que essa pessoa está se comportando de maneira que a sociedade considera positiva ou negativa (reforçadora ou aversiva). O reforçador e o aversivo não tem relação unívoca e direta com a real e o irreal mas com o bem-vindo e o inoportuno. O "real" tende a se identificar com o que é reforçador ou pelo menos suportável para todas as pessoas (benefício próprio / evolucionismo). Aprender as características do ambiente (discriminar e generalizar) necessita bom conhecimento de princípios comportamentais operantes experimentais e conceituais se for para ser feito com maior qualidade e efetividade. Também é é possível que os comportamentos extremados ocorram pelo efeito cumulativo de aprendizagem com experiências ambientais (origem normal do comportamento patológico) ou outras formas de aprendizagem.
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