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quarta-feira, 26 de novembro de 2025

"Saúde mental" e "doença mental" como condição social

A condição de "normalidade mental" é definida geralmente como ausência de doença. A condição de "anormalidade mental" é definida como um evento fechado em si mesmo, no caso uma "patologia biológica". No entanto, definir "normalidade mental" como uma condição social de status social confortável, estável e seguro tem implicações descritivas interessantes como um experimento de pensamento. Ao pensarmos em "doença mental" como uma ausência de condição social de status social confortável, estável e seguro alguns tipos de eventos tornam-se visíveis e relevantes como condições determinantes de saúde mental e de saúde social. Apesar de ser uma definição em termos sociais não há necessidade de exclusão de variáveis biológicas uma vez que alterações biológicas, independentemente de origem causal, estabelecem alguma forma de perda de "condição social de status social confortável, estável e seguro". Portanto, uma definição positiva e social de "normalidade mental" permite uma leitura multifatorial de condições determinantes de "estigma" ou de atribuição de "valor social negativo" tratados como equivalentes de "doença mental". A partir desse conceito de "saúde mental", o fato de que haja estigma a respeito da "doença mental" é uma consequência de uma perda de condição social e a "doença mental" não necessariamente é o primeiro antecedente causal da sequência de eventos classificados como próprios desse domínio empírico. Uma condição social favorável tem como consequência a reorganização de eventos na direção de efeitos facilitadores e uma condição social desfavorável a reorganização de eventos na direção de efeitos dificultadores. Logo, a recuperação de "saúde mental" tem como desafio ou barreira a conquista de condição social, sendo essa conquista de condição social imersa em relações de poder que perpassam o funcionamento social.

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