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quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Enredo da doença

Na sua discussão de emplotment, Mattingly (1994, 1998) aprofunda a
relação entre a experiência e a doença, argumentando que as narrativas sobre
doenças têm um papel na relação com a experiência vivida que vai além de
um relato a posteriori dos fatos ou um guia cultural para interpretá-los. Ela
demonstra que, em contextos clínicos, os terapeutas não só contam narrativas
mas também criam estruturas narrativas através de sua interação com os
pacientes. Assim, há uma relação entre a narração de histórias e a tomada de
decisões práticas (Mattingly 1998: 3). Ela chama a esta relação emplotment
terapêutica. Traduzindo emplotment como “a construção do enredo”, este
conceito chama a atenção para a homologia entre as estruturas da narrativa
e da ação. No decorrer da doença e de sua terapia, as pessoas estruturam suas
ações e decisões de uma maneira que homologa as estruturas das narrativas
contadas e que lhes permite obter uma sensação de controle da situação difícil.
Apesar da análise de Mattingly tratar de situações clínicas, penso que este
processo de construção de enredo faz parte de experiências e nos ajuda a
entender melhor o processo terapêutico tomado pelo doente ou sua família.

A DOENÇA COMO EXPERIÊNCIA: O PAPEL DA NARRATIVA NA CONSTRUÇÃO SOCIOCULTURAL DA DOENÇA

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