O termo “tradicional” é empregado para referir as narrativas não-
pessoais que são compartilhadas pelo grupo. Não quero afirmar que existe
uma coleção fixa de narrativas compartilhadas por todos. Há diferenças
nas narrativas contadas por indivíduos, dependendo de sua idade, sexo,
experiências e afiliações sociais. Porém, existe uma tradição de narrativa
coletiva que é caracterizada por aspectos estruturais, simbólicos e poéticos,
e temas comuns. É esta tradição que guia a geração de narrativas novas e
pessoais que explicam os casos atuais de doenças sérias, ajudando na
explicação das rupturas na vida cotidiana e na tentativa de atribuir uma
coerência e um encerramento aos eventos. As narrativas pessoais seguem a
estrutura e códigos simbólicos comuns nas narrativas tradicionais e, com o
tempo, podem ser incorporadas no repertório das narrativas comuns ao
grupo. Assim, a coleção de narrativas siona deve ser concebida como uma
coleção dinâmica e fluída de textos criados e recriados ao longo do tempo.
A DOENÇA COMO EXPERIÊNCIA: O PAPEL DA NARRATIVA NA CONSTRUÇÃO SOCIOCULTURAL DA DOENÇA
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