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sábado, 12 de abril de 2025

Ação sistêmica de fármacos

06.04.2025 | Natalia Kandybey

"Um efeito sistêmico é o efeito de uma substância ou intervenção terapêutica não apenas no local da aplicação ou em uma área específica do corpo, mas também em todo o organismo como um todo. Esse efeito ocorre quando a substância ativa entra na corrente sanguínea e se espalha por todos os órgãos e tecidos, afetando o funcionamento de vários sistemas simultaneamente. É por isso que o efeito sistêmico se diferencia do efeito local, que se limita a impactar apenas uma determinada região.

Exemplos de substâncias com ação sistêmica incluem a maioria dos medicamentos em comprimido, injeções, agentes hormonais, antibióticos e alguns suplementos alimentares. Por exemplo, um anti-inflamatório administrado por via intramuscular não apenas reduz a dor nas articulações, mas também pode afetar a temperatura corporal, a saúde do sistema imunológico ou a função gastrointestinal. Em alguns casos, o efeito sistêmico pode ser desejável (por exemplo, em inflamações generalizadas), e em outros, pode causar efeitos colaterais.

Compreender o efeito sistêmico é importante ao prescrever um tratamento, especialmente em pacientes com comorbidades ou hipersensibilidade a medicamentos. Isso permite avaliar não apenas os benefícios esperados, mas também os riscos potenciais associados ao impacto do medicamento sobre o corpo como um todo."

https://violapharm.com/en/system-action/

O efeito sistêmico ocorre porque as substâncias se conectam a receptores em todo o organismo e não apenas no alvo terapêutico.

Microbiota e antipsicóticos/neurolépticos

"Pouco se sabe sobre os efeitos dos antipsicóticos atípicos (AAPs) na microbiota; no entanto, um pequeno conjunto de evidências sugere que eles causam efeitos adversos graves. A olanzapina e a risperidona induziram um aumento de Firmicutes e uma diminuição de Bacteroidetes, além de alterações metabólicas como resultado de uma mudança para um perfil bacteriano potencialmente obesogênico, associado a ácidos graxos de cadeia curta e inflamação em adultos (348), crianças (349, 350) e roedores (351). Essas mudanças também foram dependentes do sexo (349, 352, 353), com mulheres apresentando uma resposta mais elevada de citocinas pró-inflamatórias (IL-8 e IL-1β) na circulação e infiltração de macrófagos; ainda assim, a disbiose da microbiota esteve igualmente presente em homens e mulheres.

Os antipsicóticos atípicos têm um potente efeito antibiótico, induzindo uma disbiose profunda na microbiota intestinal, seja de forma crônica ou após administração de curto prazo (205). A coadministração de antibióticos resultou em alterações adicionais na composição da microbiota. Curiosamente, essas mudanças na diversidade da microbiota dependentes de antibióticos reduziram os efeitos colaterais, incluindo a infiltração de macrófagos. Além disso, experimentos com camundongos germ-free (livres de germes) não mostraram alteração no perfil metabólico (352–355), indicando um papel claro da microbiota na disfunção metabólica associada aos antipsicóticos atípicos (352). Por fim, transplantes fecais de camundongos tratados com risperidona induziram ganho de peso excessivo em camundongos controle (354). Essas alterações foram associadas a uma diminuição de Bifidobacterium, Escherichia coli e Lactobacillus e a um aumento de Clostridium coccoides (353). A risperidona, in vitro, alterou a microbiota do cólon apenas 24 horas após a administração, induzindo metabólitos específicos (350). O tratamento com probióticos demonstrou um efeito protetor, restaurando a razão Bacteroidetes:Firmicutes, sem reduzir o efeito dos antipsicóticos atípicos (356)."


Immunoendocrine Peripheral Effects

Induced by Atypical Antipsychotics

Samantha Alvarez-Herrera 1†‡ , Raúl Escamilla 2†‡ , Oscar Medina-Contreras 3† ,

Ricardo Saracco 2† , Yvonne Flores 2† , Gabriela Hurtado-Alvarado 4† ,

José Luis Maldonado-García 1† , Enrique Becerril-Villanueva 1† , Gilberto Pérez-Sánchez 1†

and Lenin Pavón 1*†

quinta-feira, 10 de abril de 2025

Produtos de saúde benignos e produtos malignos

No senso comum ocorre uma divisão entre produtos de saúde benignos (medicamentos, suplementos e produtos naturais) e produtos malignos (qualquer coisa que recebe o rótulo de "fazer mal"). A classificação de produtos dessa forma induz a uma quase santificação ingênua dos produtos classificados como benignos e negligência do potencial de risco e de danos de fato e uma atitude de eliminação dos produtos classificados como malignos. A percepção do potencial de risco do efeito cumulativo e atrasado dos produtos de saúde classificados como benignos necessita de uma compreensão maior de seus efeitos. Por isso, o uso racional desses produtos (redução de uso desnecessário ou prejudicial) não é levado adiante. Esses produtos de consumo recebem a aura de salvadores da saúde, dos problemas e desafios. Essa compreensão é estimulada comercialmente, há omissão de informações educativas de efeitos de forma equilibrada e a apresentação dessas informações educativas frequentemente é rechaçada como se fosse equivalente a atacar alguém de prestígio (um salvador, um herói).

terça-feira, 8 de abril de 2025

Coerção manicomial e reforço positivo antimanicomial

Em termos de taxa de reforço, a concepção manicomial e médica de tratamento tem o atrativo de permitir regular o comportamento de acordo com padrões e desejos do meio social utilizando a coerção. Nessa perspectiva o reforço positivo do usuário/paciente é indesejável pois implicaria em possível desadaptação e comportamentos de confronto com a coerção do meio social. A defesa conservadora e normativa de padrões é a prioridade.

Do ponto de vista antimanicomial, o uso de reforço positivo e redução de coerção implica em respeito a liberdade em termos de gostos, emoções, pensamentos e inclinações que poderiam ser diferentes em relação a padrões do meio social. Um desses padrões é o "tratamento adequado" de perspectiva manicomial e médica. A defesa do bem-estar de orientação crítica é priorizada em detrimento da defesa de padrões do meio social.

A taxa de reforço na utilização de cada perspectiva resulta no estabelecimento e manutenção da frequência da prática de saúde mental respectiva.

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Regras de saúde dependem de variáveis

Médicos e influenciadores ensinam regras de saúde supostamente válidas para todos de que de algo seria o "correto". Existe o correto para todos em biologia? Será que uma regra sobre fisiologia não deveria incorporar as variáveis das quais depende? É aproveitável aplicar regras de saúde sem conhecer essas variáveis? Essas regras poderiam ter o efeito contrário ou prejudicar se aplicadas sem se considerar as condições presentes nas variáveis que se busca controlar? A aplicação de uma regra de saúde de certa forma é semelhante a uma replicação experimental em que as condições semelhantes precisam estar presentes para o efeito da variável introduzida ocorrer.

quinta-feira, 3 de abril de 2025

Inflamação, antipsicóticos e esquizofrenia

Enquantos estudos sem conflitos de interesses mostram que os antipsicóticos aumentam a resposta inflamatória, estudos com conflitos de interesse como esse concluem que antipsicóticos atuam na hipótese inflamatória da esquizofrenia.

Risperidone normalizes increased inflammatory parameters and restores anti-inflammatory pathways in a model of neuroinflammation

Declaração de interesse O Dr. Arango foi consultor ou recebeu honorários da AstraZeneca, Bristol-Myers Squibb, Janssen-Cilag, Lundbeck, Otsuka, Pfizer, Roche, Servier e Schering–Plough.


O Jornal Nacional da Globo tem uma preferência pré-estabelecida (pró-indústria) entre esses posicionamentos.

É apenas um exemplo. É fácil perguntar sobre críticas a essa hipótese numa pesquisa profunda do Grok por exemplo.

Transparência: médicos e empresas de saúde

https://lec.com.br/novas-regras-de-transparencia-dos-relacionamentos-entre-medicos-e-fornecedores-de-produtos-medicos/

A novidade está em que, a partir de março de 2025 (180 dias da publicação da Resolução, que se deu e 02/09/2024), os relacionamentos deverão ser DIVULGADOS EM SITE DA INTERNET DISPONIBILIZADO PELO CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA A QUE O MÉDICO ESTEJA VINCULADO.

Os médicos que já possuem vínculos com empresas de saúde terão um prazo de 60 (sessenta) dias para informar qualquer benefício recebido após a entrada em vigor da resolução.