O modelo médico e a análise experimental do comportamento tem dois resultados finais diferentes em termos de explicação da estabilidade em saúde mental. Ambos os modelos tem implicações diferentes sobre possibilidades e impossibilidades de tratamento terapêutico em saúde mental.
24. A medicação contínua é o que está mantendo a estabilidade. MED (PREM)
25. A aprendizagem operante é o que está mantendo a "estabilidade" de comportamento esperado. AEC (PREM)
Como são utilizados na prática e em toda sua extensão como casos limite, cada modelo tem implicações diferentes sobre a dispensabilidade de intervenções a partir do modelo científico oposto.
Dispensabilidade mútua:
24 supõe que há um vazio de planejamento operante em termos de manutenção de contingências de reforçamento e de comportamento esperado (dispensabilidade do comportamento operante)
25 supõe que a medicação é dispensável em condições de bom controle de contingências de reforçamento (dispensabilidade de droga psiquiátrica)
Avaliação de inconsistências das proposições de dispensabilidade mútua
A afirmação costumeira de compatibilidade teórica entre terapia comportamental e tratamento contínuo com medicação psiquiátrica não testa os modelos em seus limites e extensão completa. A compatibilidade entre as duas práticas assimila a terapia comportamental dentro do modelo biomédico enquanto que a proposta de assimilação inversa do uso de drogas psiquiátricas pelo modelo científico da análise experimental do comportamento seria uma inversão de hierarquia teórica baseada no absurdo da dispensabilidade do comportamento operante e a explicação das alterações farmacológicas dentro do comportamento operante (farmacologia comportamental e biocomportamental).
Preferência epistêmica: dispensabilidade do comportamento operante é mais improvável que dispensabilidade de droga psiquiátrica pois a última é mais assimilável pela primeira sem implicação de negação da extensão de fatos científicos.
Logo, a afirmação 25 é mais retratável. A inconsistência entre as afirmações de dispensabilidade é resolvida. Infelizmente, o que aumenta as probabilidades de insucesso terapêutico em larga escala, as pessoas que acreditam nas explicações cerebrais como fundamentais e centrais, adotam na prática a dispensabilidade das considerações sobre planejamento e manutenção de contingências de reforçamento e comportamentos operantes ou a subutilização da extensão da aplicabilidade do modelo científico análise experimental do comportamento. No entanto, a questão dos tratamentos a serem utilizados é mais política, social e econômica do que científica.
Referências
Atocha Aliseda, Laura Leonides, Hypotheses testing in adaptive logics: an application to medical diagnosis, Logic Journal of the IGPL, Volume 21, Issue 6, December 2013, Pages 915–930, https://doi.org/10.1093/jigpal/jzt005
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