Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

sábado, 27 de março de 2021

"Doença mental": destino biológico versus contingências

Quando um paciente psiquiátrico fracassa profissionalmente isso é visto como um destino biológico que reflete a aptidão inferior. As contingências que tornam esse suposto destino biológico real não são consideradas. Isso porque quem pensa em termos de "doença mental" não enxerga contingências mas apenas algo dentro do organismo.

"Doença mental" e aprendizagem (Análise do comportamento)

De acordo com a análise do comportamento raiz os problemas dos "transtornos mentais" ou "doenças mentais" são questões de aprendizagem. Portanto, a solução é a educação de comportamentos.

sexta-feira, 26 de março de 2021

Causas da "esquizofrenia" (psiquiatra Breggin)

 Causas da "esquizofrenia" para o psiquiatra Breggin (um dos poucos psiquiatras no mundo contra intervenções cerebrais)

  • Condições sociais adversas
  • Ser criativo numa família de pessoas comuns/fechadas

quinta-feira, 25 de março de 2021

Puritanismo e prazer (Skinner)

Reforma

Eu frequentemente me perguntei como uma pessoa pode desistir da vida licenciosa e adotar o puritanismo, como a Inglaterra no século 17. Em Adam Bebe, Dinah termina um sermão evangélico dessa maneira: "Eu sou pobre, como você: eu tenho que conquistar minha vida com minhas mãos; mas nenhum senhor ou dama pode ser tão feliz como eu, se eles não tem o amor de Deus em suas almas."

    Não todos foram capazes de serem licenciosos. A descoberta de que a pessoa poderia ser feliz de uma maneira superior através da desistência de prazeres pode ser a pista. Religião como o prazer do povo?

Notebooks, Skinner (1980, p. 201)


Frase Einstein Ciência cidadã

"A cada homem pensa se deve dar a oportunidade de participar [...] dos grandes problemas científicos de seu tempo, ainda quando sua posição social no lhe permite dedicar-se a reflexão sobre questões teóricas uma parte considerável de seu tempo e de suas forças. Só cumprindo também com essa importante tarefa, a ciência adquire, do ponto de vista social, o direito à existência".

Albert Einstein ([1924] 2013)


segunda-feira, 22 de março de 2021

Estimulação magnética transcraniana (MIA)

https://translate.google.com/translate?sl=en&tl=pt&u=https://www.madinamerica.com/2014/02/transcranial-magnetic-stimulation/

ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA

Esse circuito é responsável pelas funções executivas

que envolvem planejamento, organização e execução

de ações, avaliação de suas consequências e capacidade

de alterá-las. A área pré-frontal dorsolateral também

é responsável pela memória operacional, um tipo de

memória de curto prazo, e está intimamente conectada

ao sistema límbico. Dessa forma, além de suas duas

funções principais, a executiva e a memória operativa, o

CPFDL está implicado na regulação das emoções 6,22 .

[Alterar consequências de ações é trabalho da análise do comportamento. Não é preciso intervir no cérebro para isso. Tratar o corpo é uma forma indireta de alterar isso. Isso é um pressuposto reducionista biológico (que é um nível de análise possível mas não explica tudo). O cérebro não causa a própria ativação cerebral e isso depende da relação com o mundo ou o histórico de relação com o mundo que alterou o corpo. As consequências das ações continuam mantendo e alimentando a depressão. Alterar a área de planejamento e execução de ações por si só não vai alterar a relação com o mundo (contingências de reforçamento).]


Além de todos os parâmetros de estimulação, os

efeitos da EMTr vão depender da idade, do gênero e dos

aspectos genéticos de cada indivíduo 1 .

[Blindagem contra alegações de ineficácia. A variável idade sugere um pressuposto de progressividade da "doença mental". O que é algo discutível. A variável gênero é uma variável social. A variável genética também depende de relação com o ambiente (não deve ser vista de maneira tão determinista) e também é uma forma de blindagem.] 


É um procedimento seguro, quase isento de efeitos

adversos. O risco de convulsão acidental é a complicação

mais preocupante.

[O raciocínio médico envolve considerar normal as intervenções drásticas (bastante dano). É dentro desse contexto discursivo que se está trabalhando. É um padrão consistente das pesquisas psiquiátricas a minimização de efeitos negativos dos tratamentos. Inclusive com pesquisas desonestas e patrocinadas pelas indústria. Nem a Cochrane (referência em avaliação de tratamentos de saúde) é confiável. Ela mostrou indisposição de relatar resultados negativos que contrariem fortemente os interesses da indústria. Foi preciso criar um outro instituto mais confiável. Instituto que defende a liberdade acadêmica/científica.]


Portanto, o risco de convulsões aumenta à medida

que frequência, intensidade e duração dos estí mulos

são aumentados. A fi m de diminuir os riscos, limites

de segurança foram estabelecidos para a duração em

segundos das séries, de acordo com cada frequência e

intensidade (porcentagem do LM) 6,17 .

[Relação paramétrica entre variáveis: quanto mais o valor introduzido maior o dano como efeito.]


A síncope é um dos efeitos adversos comuns

durante o procedimento, normalmente desencadeada

pela ansiedade. Manifestações como posição tônica,

vocalizações, automati smos orais e motores, revirada

dos olhos e fenômenos alucinatórios podem confundir a

síncope com uma crise convulsiva 6,18 .

Relatos de desconforto e dor facial acontecem com

frequência após o procedimento. A cefaleia é, na

maioria das vezes, transitória e responsiva a analgésicos

simples 6,27,28 . A sensação cutânea causada pela EMTr

esti mula o escalpo a produzir contrações musculares em

face e pescoço, responsáveis pelo desconforto e a dor 17 .

Sensação de fraqueza inespecífica também foi relatada

nos estudos 6 . Uma metanálise sobre segurança da EMTr

na depressão, publicada em 2008, mostrou que 39%

dos pacientes apresentaram desconforto e dor durante

a EMTr ati va, e 28%, cefaleia 27 .

[Isso parece ser alguma forma de dano. Mesmo que não seja perceptível como permanente.]


Viradas maníacas podem ocorrer em pacientes

submeti dos ao tratamento e, quando ocorrem, geralmente

estes têm história prévia de transtorno bipolar 5,28 . Xia

et al. publicaram uma revisão sobre o tema em 2008 29 .

Episódios de mania que surgiram após o tratamento

foram relatados tanto na EMTr-AF quanto na EMTr-BF,

em pacientes com depressão unipolar e bipolar, depois

da estimulação do CPFDL esquerdo. A taxa média, 13

casos, entre 53 estudos randomizados controlados em

depressão, parece ser um valor baixo (0,84% mania

para EMTr ativa versus 0,73% para o placebo) e não foi

estatisticamente significativo. A maioria desses pacientes

foi diagnosticada com transtorno bipolar 18,29 .

Estudos divergem quanto ao encontro de alterações

cognitivas. Quando relatadas, a maioria era transitória:

cansaço excessivo e dificuldade de concentração e

memória 17 .

[Há recuperação do dano. Mas há dano.]


Entre as causas psiquiátricas, o efeito antidepressivo

utilizando EMTr-AF no CPFDL esquerdo possui nível

A de evidência de acordo com o guideline. No nível B

de evidência (provável eficácia), estavam os efeitos

antidepressivos da EMTr-BF no CPFDL direito e os da

EMTr-AF no CPFDL esquerdo nos sintomas negativos

da esquizofrenia 1 .

[Diretrizes nem sempre são confiáveis. Como já comentado. Alguém que relate resultados negativos corre risco profissional.]


EMTr na depressão

Um terço dos pacientes com depressão não responde

ao tratamento inicial após 4-8 semanas, mesmo tomando

os devidos cuidados após o primeiro episódio depressivo,

e 50-85% dos casos apresentam recorrência ou tornam-

se crônicos (20%). Aproximadamente 10% dos pacientes

que sofrem de depressão maior são cronicamente

resistentes a várias intervenções psicofarmacológicas.

Nesses casos, intervenções como aumento de doses,

troca ou combinação de anti depressivos (associados

ou não à psicoterapia) e ECT são uti lizadas para tentar

resolver os casos resistentes ou refratários 1 .

[Há dúvidas sobre a eficácia dos antidepressivos em geral. Não apenas para algumas pessoas. A psiquiatra crítica Joanna Moncrieff afirma que depressão não é uma doença.]


Apesar de todo esse arsenal terapêuti co para

depressão, alguns pacientes não respondem. Na busca

de atender essa parcela de não respondedores, a EMTr

surge trazendo efeitos benéfi cos anti depressivos. No

entanto, o papel dessa técnica na árvore terapêuti ca

ainda não está bem defi nido até a presente data.

Geralmente, a EMTr tem maiores taxas de sucesso

quando aplicada em casos agudos de depressão maior

unipolar (episódio depressivo atual há menos de 1 ano),

em pacientes jovens (idade abaixo de 65 anos), com um

nível limitado de resistência a tratamento (uma ou duas

intervenções médicas sem sucesso associadas ou não a

psicoterapia) ou com resposta parcial a tratamento 1 .

[Funciona nos casos mais simples. Há o pressuposto reducionista biológico de que o problema é necessariamente de origem cerebral. O que é diferente de dizer que há uma resposta cerebral a algo. Como já comentado, o cérebro não causa a própria atividade.]


O princípio do tratamento da EMTr na depressão

é baseado em imagens funcionais do cérebro, que

mostram uma diminuição do fl uxo cerebral em pacientes

depressivos na região frontal esquerda do córtex.

Há também uma diminuição do consumo de glicose e

oxigênio na mesma localização, traduzindo um estado de

hipometabolismo; concomitantemente, existe um estado

de hipermetabolismo na região pré-frontal direita 1 .

Estudos eletroencefalográfi cos revelaram assimetria

inter-hemisférica da ati vação frontal, principalmente a

favor do hemisfério esquerdo. O CPFDL é facilmente

acessado pela EMTr e conectado sinapti camente com o

sistema límbico. A EMTr frontal é capaz de afetar vários

sistemas neurotransmissores e fatores neurotrófi cos

e de alterar fl uxo sanguíneo cerebral e excitabilidade

cortical 1 .

[Esse princípio de compensação entre áreas do cérebro é válido. É até possível ser reducionista biológico. Mas não ficar somente nisso. Provavelmente essa causa da depressão foi relatada a partir do efeito do tratamento. O que prova uma mediação biológica mas não a origem da depressão.]


Um desses grandes estudos foi publicado em 2007

por O’Reardon et al. e se tornou o responsável pela

aprovação do tratamento da EMTr para uso na depressão

maior pelo Food and Drug Administrati on (FDA). Foi um

estudo patrocinado pela indústria (Neuroneti cs trial),

multi cêntrico (envolvendo EUA, Austrália e Canadá),

duplo-cego, randomizado, placebo-controlado, com

301 pacientes livres de medicação portadores de

depressão maior, segundo os critérios da 4a edição

do Manual Diagnósti co e Estatí sti co de Transtornos

Mentais (grupo ati vo = 155; grupo controle = 146).

[Como mais tarde o artigo comenta, os estudos serem patrocinados pela indústria é uma forma de limitação.]


Os autores concluíram

que a EMT como monoterapia no CPFDL esquerdo produz

efeitos terapêuticos clínicos antidepressivos significativos

maiores do que o placebo 31,32 .

[Resposta maior que o placebo apenas prova algum efeito de forma estatística (uma média). O tamanho do efeito tem que ser levado em consideração.]


EMTr versus antidepressivos

Dois estudos compararam diretamente EMTr e

antidepressivos 1 . Um comparou EMTr-BF no CPFDL

direito com o uso da venlafaxina (150-375 mg) 1,35 ; o outro,

a EMTr-AF no CPFDL esquerdo com a fluoxetina 1,36 . Os

estudos não mostraram diferença em termos de eficácia

entre os dois grupos, porém tiveram uma amostra

pequena, e não havia grupo-controle 1 .

[Porque os estudos relatados são mal conduzidos? Será que há interesse o suficiente para realizar estudos bem conduzidos?]


EMTr versus ECT

Problemas metodológicos importantes, como a falta de

estudos placebo-controlados, tornam difícil a comparação

da eficácia entre as duas técnicas. Algumas metanálises

mostraram que a EMTr tem uma eficácia menor do

que a ECT, especialmente em pacientes portadores de

depressão com sintomas psicóticos 1,37-40 . Em pacientes

com depressão sem sintomas psicóticos, os estudos são

insuficientes para concluir a superioridade de qualquer

um desses métodos de tratamento 1,40 .

[Porque os estudos relatados são mal conduzidos? Será que há interesse o suficiente para realizar estudos bem conduzidos?]


Os pacientes com depressão não respondedores a uma

droga antidepressiva por um período de 4 semanas já

têm direito ao procedimento. I

[Fácil de satisfazer o critério. O que permite fazer a inferência de que psicoterapia baseada em evidências não foi considerada. Como já comentado, há dúvidas em relação à eficácia dos antidepressivos.]


Considerando os conflitos de interesse, vale salientar

que dois dos estudos multicêntricos, randomizados e

placebo-controlados que comprovaram a eficácia da TMS

na depressão maior foram patrocinados por indústrias

envolvidas com a comercialização das máquinas utilizadas

para a EMT 32 .

[Limitações das pesquisas]


Uma lacuna importante existente nos estudos é a

determinação da duração dos efeitos terapêuticos

da EMTr a longo prazo. A manutenção do tratamento

também não tem evidência suficiente quanto ao tempo

que deve ser mantida e à frequência com que deve ser

realizada 1 .

[O importante é se o efeito do tratamento permanece a longo prazo. Geralmente há pouco interesse em realizar pesquisas de longo prazo na psiquiatria. Mas também é difícil conseguir realizá-los ou ter financiamento.]


Resultados negativos em pesquisas que avaliaram a

eficácia da EMT na esquizofrenia precisam ser revisados

considerando a idade dos pacientes incluídos nos estudos,

geralmente acima de 50 anos. Além disso, vários estudos

foram realizados com pacientes refratários à medicação

e com alucinações auditivas há bastante tempo. Talvez

uma intervenção mais precoce pudesse ter resultados

mais promissores no curso da doença 1 .

[Pressuposto discutível de progressividade da "doença mental". É uma forma de blindagem contra resultados negativos. Há um artigo no blogue que questiona a progressividade da esquizofrenia.]


A dificuldade de fazer estudos controlados com a

EMTr envolve encontrar condições ideais de placebo

e de um mascaramento eficiente, além de definir

desfechos primários e uniformizar o perfil de pacientes

para inclusão. Existe uma heterogeneidade importante

de metas e parâmetros de estimulação entre os estudos.

Dessa forma, para avaliar a eficácia da técnica, é

preciso analisar criteriosamente a metodologia de cada

pesquisa.

[A qualidade das pesquisas é bastante discutível ou as limitações significativas.]

[Em algum momento do artigo não sei se menciona o fator neurotrófico BDNF. Essa substância é produzida em resposta a dano cerebral. Mas é considerada algo saudável em pesquisas tradicionais de psiquiatria. Pessoas com Alzheimer também produzem essa substância e o cérebro está em degeneração.]

[Pelo o que vi em palestra, o efeito desse tratamento não é muito específico.]

[Notei uma certa compulsividade terapêutica em relação às alucinações auditivas (necessidade de eliminar as vozes). É possível considerar o quanto isso incomoda e se não há maneiras de se conviver bem com isso]


ESTIMULAÇÃO MAGNÉTICA TRANSCRANIANA: O

QUE O PSIQUIATRA DEVE SABER?

MARIA CRISTINA MONTENEGRO

AMAURY CANTILINO

Ambiente ruim e mérito

 "Onde o meio ambiente é estúpido, preconceituoso ou cruel, é um sinal de mérito estar em desarmonia com ele." - Bertrand Russell, A conquista da felicidade (1930), cap. 9: Medo da opinião pública, p.90

Surtar é se comportar

Surtar é linguagem médica que enfatiza que o problema é algo dentro do organismo desregulado ou disfuncional. Isso leva a rotular o organismo e desconsiderar o que está acontecendo no ambiente do paciente psiquiátrico. O que leva a manejos ruins do comportamento e invalidação. Na análise do comportamento surtar é se comportar de maneiras inapropriadas, não esperadas em relação a um ambiente hostil ou desfavorável. Enfatizar a interação do organismo com o ambiente através de verbos permite descrições mais precisas do que está acontecendo.

sexta-feira, 19 de março de 2021

Intuição leiga e psicologia

Em segundo lugar, ao explicar as descobertas psicológicas para o público em geral, os psicólogos devem permanecer cientes do fato de que muitas interpretações errôneas do assunto derivam do que podemos chamar de mal-entendidos compreensíveis. Como a psicologia é parte integrante de nossa vida cotidiana e é subjetivamente imediata (Keil et al., 2010), muitos leigos presumem que ela seja intuitivamente óbvia. No entanto, essa intuitividade é frequentemente enganosa, porque pode estar associada a várias ilusões de compreensão marcadas pela sensação de que compreendemos as coisas melhor do que o fazemos (Chabris & Simons, 2010). Por exemplo, Rozenblit e Keil (2002; ver também Lawson, 2006) descobriram que muitas pessoas acreditam que entendem o funcionamento dos aparelhos do dia-a-dia, como banheiros, zíperes e máquinas de costura, muito melhor do que realmente entendem. Se tais descobertas se generalizam para a mente humana, podem sugerir uma tendência semelhante por parte de muitos leigos de serem muito mais confiantes em sua compreensão dos princípios psicológicos básicos do que o justificado.

Public skepticism of psychology: why many people perceive the study of human behavior as unscientific

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21668088/


Reducionismo ganancioso e psicologia

Reducionismo ganancioso 

Nós, humanos, somos "avarentos cognitivos" (Fiske & Taylor, 1984, p. 12; ver também Ruscher, Fiske, & Schnake, 2000, p. 241, para uma discussão dos humanos como "táticos motivados"), o que significa que nós tendem a buscar simplicidade explicativa. Essa propensão é em geral adaptativa, pois nos ajuda a compreender nossos confusos mundos cotidianos. Mas pode nos desencaminhar quando nos faz simplificar demais a realidade. Uma provável manifestação de avareza cognitiva é a preferência por explicações parimônicas. Mas, como a diretriz científica da navalha de Occam nos lembra, geralmente devemos selecionar a explicação mais simples apenas quando ela dá conta das evidências, bem como explicações alternativas (Uttal, 2003). Nesse sentido, as últimas décadas testemunharam um aumento acentuado na popularidade das explicações reducionistas do comportamento humano, especialmente aquelas que se esforçam para reduzir todos os fenômenos psicológicos à neurociência (Lilienfeld, 2007). O apelo sedutor do reducionismo fevereiro-março de 2012 ● As explicações do psicólogo americano provavelmente derivam em parte de sua aparente simplicidade (Jacquette, 1994). Por sua vez, tais explicações provavelmente criaram a impressão aos olhos de leigos instruídos de que a neurociência é mais “científica” do que a psicologia. Weisberg, Keil, Goodstein, Rawson e Gray (2008, p. 471) mostraram que apenas inserir as palavras "varreduras cerebrais indicam" (junto com algumas frases de explicação neurocientífica acompanhante) em interpretações logicamente falhas de descobertas psicológicas pode render graduandos - mas não especialistas em neurociência - significativamente mais propensos a achar essas interpretações persuasivas (ver também McCabe & Castel, 2008). Se tais achados forem generalizáveis ​​ao público em geral, eles sugerem que os achados de imagens cerebrais podem freqüentemente ser mantidos com certa reverência nas mentes dos leigos. Crítica para compreender os perigos de uma visão neurocêntrica da psicologia - aquela que considera a neurociência como inerentemente o nível mais importante de explicação para compreender o comportamento - é a distinção entre reducionismo constitutivo e eliminativo, o último denominado reducionismo ganancioso por Daniel Dennett ( 1995, p. 82). O reducionismo constitutivo, um credo relativamente não controverso subscrito por virtualmente todos os psicólogos científicos, postula apenas que todas as "coisas da mente" são, em última análise, "coisas do cérebro" (ou pelo menos coisas do sistema nervoso central) em algum nível e que tudo o que é mental é essencialmente material . Em contraste, o programa muito mais radical de reducionismo eliminativo propõe que o nível neural de explicação acabará engolindo todos os níveis superiores de explicação, incluindo o psicológico, bem como um Pac-Man computadorizado ganancioso canibalizando tudo em seu caminho. Do ponto de vista do reducionista eliminativo, a psicologia acabará sendo considerada supérflua como assunto, porque os avanços da neurociência um dia permitirão que os cientistas traduzam todos os pensamentos, emoções e comportamentos para uma linguagem estritamente neural. De acordo com os princípios do reducionismo eliminativo, alguns céticos do status científico da psicologia foram mais longe, argumentando que este campo oferece poucos insights que não podem ser reduzidos a níveis mais fundamentais de análise. Como G. A. Miller (2010) observou em uma análise provocativa repleta de dezenas de exemplos vívidos, tais pronunciamentos tornaram-se habituais na imprensa popular. Como ilustração, Miller citou um artigo de opinião do New York Times sobre a depressão de Abraham Lincoln: “Lincoln sofria de episódios recorrentes do que agora seria chamado de depressão desde a infância. À luz do que sabemos hoje, um esforço para vinculá-los a decepções emocionais ao invés de um desequilíbrio químico parece estranho, ao invés de científico ”(Schreiner, 2006, p. A19). O raciocínio aqui implica que a depressão é necessariamente melhor vista no nível de um desequilíbrio químico do que no nível de uma disfunção psicológica. Mesmo deixando de lado questões científicas incômodas sobre o modelo de desequilíbrio químico da depressão (ver Kirsch, 2010; Lacasse & Leo, 2005), a noção de que a depressão é um desequilíbrio químico em um nível de análise de forma alguma exclui a possibilidade de que seja um transtorno psicológico em um nível diferente (Lilienfeld, 2007). Fevereiro-março de 2012 ● O endosso do psicólogo americano ao reducionismo eliminativo (ver também Guze, 1989) também negligencia a possibilidade de propriedades emergentes, capacidades de nível superior que resultam de interações entre elementos de ordem inferior (Chalmers, 2006; Meehl & Sellars, 1956) . Engarrafamentos e cristais, por exemplo, são fenômenos emergentes que não podem ser reduzidos inteiramente a seus constituintes de ordem inferior: O todo difere da soma de suas partes (Calvin, 1996). Mesmo que as propriedades emergentes não existam na psicologia - e alguns estudiosos duvidam que existam (Churchland, 1984) - ainda estamos muito longe de uma redução explicativa completa das capacidades psicológicas humanas ao nível neural de análise. Em um futuro previsível, o nível psicológico de explicação oferecerá contribuições indispensáveis ​​para a compreensão científica do pensamento, sentimento e ação (Lilienfeld, 2007).

Public skepticism of psychology: why many people perceive the study of human behavior as unscientific

https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/21668088/

quinta-feira, 18 de março de 2021

NUDEDH (Defensoria) e internações involuntárias

É possível reclamar de internações involuntárias irregulares no Núcleo de Defesa de Direitos Humanos (NUDEDH) do seu estado. O encaminhamento provavelmente vai ser um Termo de Ajuste de Conduta com a instituição que pratica internações irregulares.


terça-feira, 16 de março de 2021

Neurolépticos, acatisia e suicídio

 “Com o advento dos antipsicóticos, as pessoas com esquizofrenia se matam a taxas iguais às taxas de doença maníaco-depressiva ... É principalmente devido à acatisia ... de drogas como a olanzapina, que parece ter a maior taxa de suicídios na história de ensaios clínicos” D. Healy

segunda-feira, 15 de março de 2021

Divulgação versus artigo científico

 O meu artigo sobre o efeito do neuroléptico Socian na variabilidade da frequência cardíaca tem quase 600 acessos e está publicado nesse blogue. O resto das minhas postagens de divulgação tem bem menos. É um erro dizer que divulgação  acessa mais pessoas. Por outro lado, conhecimento disponível de qualidade no blogue é acessado por poucas pessoas e é conhecimento científico acessível.

domingo, 14 de março de 2021

Raciocínio kraepliano

 O raciocínio kraepliano, base da psiquiatria tradicional, de desconsiderar uma avaliação do contexto ou usá-lo apenas para rotular uma degeneração do organismo leva a diagnósticos absurdos, injustiças e tratamentos prejudiciais.

sábado, 13 de março de 2021

Certeza em medicina

 https://www.youtube.com/watch?v=R1Tn9cFE6rI

CBT is a scam and a waste of money

 https://www.dailymail.co.uk/health/article-2828509/CBT-scam-waste-money-Popular-talking-therapy-not-long-term-solution-says-leading-psychologist.html

Os psiquiatras acreditam muito em terapia cognitiva porque usam métodos de pesquisa parecidos com os da medicina.

Atenção como comportamento (Skinner)

 Um estudante no meu colóquio ontem achou que eu estava negligenciando a atenção. Era preciso atentar para se comportar com sucesso. Eu tentei mostrar como as contingências que explicam o comportamento bem-sucedido poderia explicar o atentar também, mas ele se manteve convencido de que a pessoa primeiro olha a situação antes de agir e que se não fizer isso, o comportamento fracassa. Sem dúvida situações novas e complexas nas quais isso é verdade, mas "olhar alguma coisa" é se comportar, não atentar.

Enquanto ao período de atenção, eu citei o mongolóide [deficiente intelectual] no filme de Ellen Reese Vencido para fazer sucesso (Born to Succeed) cujo período de atenção foi estendido quase sem limite quando o comportamento da tarefa era habilmente reforçado.

Notebooks, Skinner (1980, p. 344) 

quinta-feira, 11 de março de 2021

Eletrochoque, lobotomia e tranquilizantes (Skinner)

O homem inteiro/são

Um dos psiquiatras que eu conheci num hospital local se manteve afirmando a complexidade do homem [ser humano] comparado com os pombos. Ele não conseguia entender (porque eu não estava tomando tempo para explicar) como os princípios operantes poderiam ser aplicados. De uma maneira ele tentou ajudar. Ele se referiu à lobotomia e terapia por choque (não terapia aversiva) como maneiras de fazer o homem [ser humano] menos complexo e então ameno para terapia. Eu adicionei que tranquilizantes severos tem um efeito similar. Eu não sabia se ele estava propondo simplificar o psicótico com a finalidade de aplicar princípios comportamentais, mas eu resumi minha posição chamando tais medidas de "eutanásia fracionária".

Notebooks, Skinner (1980) p. 356