Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Smart drugs não existem!

http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=6486&secao=487

Smart drugs não existem!

Ahmed Dahir Mohamed é crítico contumaz à ideia de “drogas inteligentes”. Para ele, são medicamentos para outros fins que acabam tendo outros usos por pressão social

Por: Ricardo Machado | Edição João Vitor Santos | Tradução Moisés Sbardelotto

O professor Ahmed Dahir Mohamed, da Universidade de Nottingham, acredita que discutir o conceito de smart drugs é como construir um castelo de areia, passível de vir abaixo com qualquer brisa. Ele vai direto ao ponto: “Não há tais coisas chamadas de “drogas inteligentes” [smart drugs], porque elas não existem”. Sua crítica começa desde a conceituação semântica. “O problema é que as pessoas usam a expressão smart drugs na mídia e na literatura. Como jornalista, você sabe que a linguagem é importante, por isso temos de ter cuidado ao usar as palavras erradas para descrever um fenômeno”, dispara, na entrevista concedida por e-mail à IHU On-Line.
Na perspectiva de Mohamed, “o que as pessoas têm chamado de smart drugs são drogas que são medicamente reguladas para o tratamento de problemas clínicos”. Entretanto, por uma espécie de pressão social, essas drogas passam a ser administradas por indivíduos saudáveis a fim de potencializar sua capacidade cognitiva. “Esses medicamentos podem ajudar pessoas com problemas clínicos, o que é uma coisa inteligente que eles se destinam a fazer, mas não fazem coisas ‘inteligentes’ em prol ou para a pessoa saudável”, explica. “Há um potencial considerável para a coerção indireta resultante de uma ‘sociedade 24/7’ [24 horas, sete dias por semana] altamente exigente, em que indivíduos saudáveis se sentem compelidos a tomar esses medicamentos, a fim de atender as demandas sociais e do trabalho”, completa.
Para o pesquisador, é preciso não ceder a esse apelo, pois “o indivíduo ainda tem a escolha de participar ou não dessa cultura”. Além disso, seus estudos comprovam que o uso desses remédios sem necessidade clínica pode causar efeito contrário, comprometendo capacidades cognitivas. É o caso dos trabalhos com o modafinil. “Tomar modafinil parece reduzir a criatividade ou o pensamento ‘fora da caixa’ em pessoas saudáveis que normalmente são criativas”, aponta.
Ahmed Dahir Mohamed é psicólogo licenciado e registrado no Reino Unido e membro associado da Sociedade Britânica de Psicologia. Atualmente, é membro do pós-doutorado e professor adjunto de Psicologia (Neurociência do Desenvolvimento Cognitivo e Afetivo) na Escola de Psicologia no campus da Malásia da Universidade de Nottingham. Ainda possui licenciatura em Psicologia pela Universidade de Reading, Reino Unido. Obteve seu doutorado no Departamento de Psiquiatria da Escola de Medicina Clínica da Universidade de Cambridge. Também é professor visitante de Neurociências e Ética no Centro de Bioética da Universidade de Otago, Nova Zelândia. Tem publicações na área de neurociências e neuroética do melhoramento cognitivo e do bem-estar subjetivo. Acaba, agora em 2015, de completar a coedição de um livro pela Oxford University Press, intitulado Rethinking Cognitive Enhancement: The Neuroscience of Cognitive and Physical Enhancement, com o professor Wayne Hall (Universidade de Queensland, Austrália) e o professor Ruud Ter Meulen (Universidade de Bristol, Reino Unido). 

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que são as smart drugs?
Ahmed Dahir Mohamed – Não há tais coisas chamadas de “drogas inteligentes” [smart drugs], porque elas não existem. O que as pessoas têm chamado de smart drugs são drogas que são medicamente reguladas para o tratamento de problemas clínicos, tais como a narcolepsia, o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e assim por diante. Quando as pessoas usam essas drogas medicamente reguladas para outros fins, tais como tentar ficar acordado por mais tempo ou tentar fazer mais festa, a mídia e o público desinformado, assim como os pesquisadores, que têm uma agenda, rotulam essas drogas como “drogas inteligentes”.
Um exemplo disso é a droga chamada de Modafinil . Esta é uma droga sobre a qual eu fiz uma extensa pesquisa. É uma droga clinicamente regulada e está licenciada para o tratamento da narcolepsia. Muitas pessoas pensam que é uma droga inteligente, porque elas pensam que, se ela deixa uma pessoa com narcolepsia acordada, ela vai ajudar a me manter alerta e focado como uma pessoa saudável. Então, rotulam essa droga e outras como ela como smart drugs, mas elas não são realmente “drogas inteligentes”, são apenas medicamentos controlados que já existem há muito tempo.
Esses medicamentos podem ajudar pessoas com problemas clínicos, o que é uma coisa inteligente que eles se destinam a fazer, mas não fazem coisas “inteligentes” em prol ou para a pessoa saudável. Então, para responder a suas perguntas, eu não sei o que são smart drugs dentro do contexto que você está me pedindo para descrevê-las, como a melhoria da cognição em pessoas saudáveis, simplesmente porque elas não existem.

IHU On-Line – Que tipo de pesquisa tem sido feito sobre esse tema?
Ahmed Dahir Mohamed – Têm sido realizados estudos para investigar se as substâncias médicas que estão licenciadas para distúrbios clínicos podem, de fato, melhorar ou aumentar a cognição e a emoção em indivíduos saudáveis. Essa pesquisa é feita mediante ensaios duplo-cego controlados com placebo. No entanto, a maior parte dessa pesquisa, se não toda ela, é feita com uma dose única, de modo que os participantes tomam uma substância ativa uma vez, e, depois, os pesquisadores avaliam seus desempenhos em várias tarefas.
É importante saber que os resultados da pesquisa, quando avaliados objetivamente, mostram que essas drogas não melhoram a cognição e a emoção em indivíduos saudáveis. A pesquisa também mostra que os estudos que são realizados são de fraca potência. Isso significa que os próprios estudos não são grandes o suficiente para gerar resultados que sejam significativos no mundo real e que não se pode confiar nos resultados. Mesmo quando você olha para esses estudos, os resultados não são promissores. Essas drogas não ajudam indivíduos saudáveis, muito menos os tornam “inteligentes”. Esses resultados não são surpreendentes, porque essas drogas são feitas para distúrbios clínicos, não para o indivíduo saudável que quer ficar “inteligente”.

IHU On-Line – De acordo com essa pesquisa, quais são os medicamentos mais usados como drogas inteligentes?
Ahmed Dahir Mohamed – Entre os indivíduos saudáveis, as drogas mais populares que as pessoas relatam que estão tomando incluem o metilfenidato (Ritalina)  e a dextroanfetamina (ou Adderall) , que são ambos medicamentos controlados e licenciados para o tratamento da ADHD [transtorno do déficit de atenção com hiperatividade], e o modafinil (ou rProvigil), que também é um medicamento controlado e licenciado para a narcolepsia.

IHU On-Line – O que faz as pessoas usarem smart drugs?
Ahmed Dahir Mohamed – Em primeiro lugar, o problema é que as pessoas usam a expressão smart drugs na mídia e na literatura. Como jornalista, você sabe que a linguagem é importante, por isso temos de ter cuidado ao usar as palavras erradas para descrever um fenômeno. Como eu disse anteriormente, as smart drugs não existem. O que existe são substâncias médicas controladas que são reguladas e licenciadas para problemas clínicos ou médicos particulares.
Agora, respondendo à sua pergunta sobre por que as pessoas (saudáveis) tomam tais substâncias: é porque elas querem obter uma vantagem — isso significa que elas querem obter um melhor desempenho em uma determinada tarefa. Por exemplo, há uma forte evidência para sugerir que jovens saudáveis que não têm um bom desempenho no colégio ou na universidade tomam essas drogas porque pensam que o fato de tomá-las vai fazer com que eles tenham um melhor desempenho academicamente. Outros tomam esses medicamentos porque querem fazer festa por mais tempo e sentem que vão receber um impulso de energia.
Há todos os tipos de razões pelas quais as pessoas tomam essas drogas, mas quando você olha para as evidências, não é bem o caso de que elas fazem uso dessas drogas porque querem ser “inteligentes” ou “ficar mais inteligentes”. Ao longo da história, o caso é que camadas da população tomam drogas para fins recreativos, e isso não mudou. A sociedade e a natureza humana não mudaram de repente de modo que as pessoas estão pensando que vão ficar mais inteligentes “tomando comprimidos”. É provável que as pessoas tomem esses medicamentos para ficarem “chapadas” [get “high”]. Essa é a prova que é atualmente disponibilizada pelas pesquisas feitas nos EUA. A evidência de que pessoas saudáveis que já têm um bom desempenho querem tomar essas drogas para ficarem “mais inteligentes” simplesmente não existe.

IHU On-Line – Quais são os efeitos reais das drogas contra a narcolepsia, como o Modafinil?
Ahmed Dahir Mohamed – O Modafinil é uma droga médica controlada, que é licenciada para o tratamento da narcolepsia, mas não está muito claro como ela funciona no cérebro e no corpo. Vários estudos indicam que o modafinil aumenta vários neurotransmissores no cérebro, incluindo a dopamina , a noradrenalina , a serotonina  e o glutamato , e em várias regiões do cérebro, incluindo o córtex pré-frontal, o hipocampo, o hipotálamo e o corpo estriado.
Essas são grandes áreas no cérebro que estão associadas com muitas funções, incluindo o aumento da atenção e da vigilância, a recompensa, o prazer e outras diversas ações complexas. É provável que essa droga esteja melhorando alguns déficits em pacientes narcolépticos ao melhorar algumas funções cerebrais que já não estão funcionando bem nesses pacientes. No momento, não sabemos como isso afeta a pessoa saudável.

IHU On-Line – Podemos dizer que as “vantagens” que os usuários de modafinil atribuem à droga são efeitos placebo?
Ahmed Dahir Mohamed – Talvez, embora eu não esteja certo disso. O que eu sei, a partir da minha pesquisa, é que o modafinil é outra forma de psicoestimulante e que, pelo fato de aumentar a dopamina – que é um neurotransmissor produtor de recompensa –, o modafinil pode ter um efeito psicoestimulante e pode gerar uma sensação recompensadora para indivíduos saudáveis que o tomam, mesmo que, na realidade, ele não os torne melhores na realização de tarefas laboratoriais objetivas. Isso é o que demonstramos nos nossos estudos de pesquisa.

IHU On-Line – Qual é o funcionamento químico-cerebral desse tipo de medicamento?
Ahmed Dahir Mohamed – Vários estudos indicam que essas drogas aumentam diversos neurotransmissores no cérebro, incluindo a dopamina, a noradrenalina, a serotonina e o glutamato, em várias regiões do cérebro. Existem evidências de que essas drogas também têm um efeito sobre o corpo e, como sempre há uma conexão corpo e mente, não está claro como essas drogas têm um efeito sobre o corpo.

IHU On-Line – Que efeitos colaterais podem ser atribuídos ao uso desse tipo de drogas?
Ahmed Dahir Mohamed – Estudos experimentais mostraram que o modafinil, por exemplo, pode causar sérios efeitos colaterais, que incluem um prurido e reações alérgicas. Esses efeitos colaterais incluem boca seca, restrição do apetite, perturbações gastrointestinais, incluindo náuseas, diarreia, constipação e dispepsia, dor abdominal, taquicardia, vasodilatação, dor no peito, palpitações, dor de cabeça, incluindo enxaqueca, ansiedade, distúrbios do sono, tonturas, sonolência, depressão, confusão, parestesia, astenia, perturbações visuais, síndrome de Stevens-Johnson  e necrólise epidérmica tóxica.
As contraindicações dessas drogas incluem problemas cardíacos e deficiências hepáticas. Além disso, se alguém estiver tomando outros medicamentos, poderá haver interações farmacológicas, que poderiam ser perigosas em alguns casos. É importante notar que a Ritalina, por exemplo, tem sido associada com o crescimento atrofiado e a impotência em homens. Por favor, é sempre importante consultar o Formulário Nacional Britânico  e as bulas fornecidas pelos fabricantes. Elas vão dizer a você quais são os potenciais efeitos colaterais.

IHU On-Line – Até que ponto medicamentos como a Ritalina, dirigida aos vários tipos de déficit de atenção, também são considerados como drogas inteligentes?
Ahmed Dahir Mohamed – Eu já respondi à sua pergunta. Essas drogas são substâncias médicas. Não são, na minha opinião, “drogas inteligentes”. Elas são drogas médicas controladas que só podem ser acessadas através de um médico que tem a autoridade para prescrevê-las.

IHU On-Line – É a pessoa ou o modelo hegemônico de sociedade que, em última análise, precisa de medicamentos?
Ahmed Dahir Mohamed – Não tenho certeza se entendi a sua pergunta, mas, se você está perguntando se é o indivíduo ou a sociedade que está dirigindo esse novo fenômeno, então eu diria que tem a ver com ambos. Também há um potencial considerável para a coerção indireta resultante de uma “sociedade 24/7” [24 horas, sete dias por semana] altamente exigente, em que indivíduos saudáveis se sentem compelidos a tomar esses medicamentos, a fim de atender as demandas sociais e do trabalho. Por exemplo, estamos trabalhando mais horas. Temos filhos para criar e queremos fazer inúmeras coisas. Portanto, indivíduos saudáveis podem recorrer à automedicação por causa do sono inadequado ou do esforço excessivo no trabalho.
Por exemplo, 33% dos entrevistados de uma recente pesquisa feita pela prestigiada revista científica Nature indicaram que se sentiriam pressionadas a dar medicamentos para seus filhos se outras crianças na escola os estivessem tomando. Ainda pode haver pressões sociais para usar drogas médicas, particularmente entre os jovens. Uma recente pesquisa realizada nos EUA revelou que os estudantes universitários são mais propensos a tomar medicamentos se tais drogas forem eficazes e enquadradas como não ameaçadoras à sua individualidade, que as tomariam se elas os tornassem mais competitivos e lhes dessem uma vantagem. Portanto, isso levanta a questão ética que surge a partir do uso de medicamentos por causa da pressão social indireta da sociedade, que exige que constantemente nos demos bem em todas as tarefas em todas as áreas das nossas vidas. No entanto, o indivíduo ainda tem a escolha de participar ou não dessa cultura.

IHU On-Line – Há algo que você gostaria de acrescentar?
Ahmed Dahir Mohamed – Na Universidade de Cambridge, realizamos diversos ensaios clínicos controlados com placebo, randomizados, adequadamente potencializados e de efeito de tamanho para investigar os efeitos do modafinil em funções executivas, na memória de trabalho, na criatividade e na motivação em indivíduos “normais” saudáveis. Os resultados desses ensaios sugerem que o modafinil não melhora a cognição nesse grupo, mas faz com que eles respondam de forma mais lenta a tarefas que medem funções executivas (isto é, planejamento e tarefas de resolução de problemas) e de aprendizado por reforço motivacional.
Além disso, tomar modafinil parece reduzir a criatividade ou o pensamento “fora da caixa” em pessoas saudáveis que normalmente são criativas, ao mesmo tempo que aumenta a criatividade naquelas pessoas que são menos criativas. Tomados em conjunto, nossos resultados sugerem que o modafinil pode beneficiar pessoas que têm déficits cognitivos, mas pode prejudicar o funcionamento psicológico complexo naquelas que já são capazes. Como esses resultados são de uma única dose de ensaios de modafinil como medicamento psicoestimulante, o potencial aditivo do modafinil em pessoas saudáveis é desconhecido e precisa ser cuidadosamente investigado.
É importante notar que nós usamos algumas das mais sofisticadas e desafiadoras tarefas cognitivas e de criatividade disponíveis na neurociência. Os nossos resultados mostram que essas tarefas, que são altamente válidas e confiáveis, não foram impulsionadas pela administração do modafinil em indivíduos “normais” saudáveis. De fato, os nossos resultados mostram o oposto: que o modafinil prejudica a cognição e a criatividade em adultos jovens saudáveis. Também é importante notar que o modafinil é usado como medicamento substitutivo para pacientes com vício em cocaína, porque a droga ativa áreas do cérebro similares assim como a cocaína e possui propriedades semelhantes à cocaína. Portanto, os indivíduos saudáveis precisam ter cuidado e levar em consideração a sua segurança antes de tomá-lo. Dado esse ponto e a partir dos nossos resultados negativos, eu não recomendaria esse medicamento para pessoas saudáveis e não o rotularia como “droga inteligente”. ■

sábado, 25 de junho de 2016

Como assim a culpa é do cérebro?

http://psicologiadospsicologos.blogspot.com.br/2016/06/como-assim-culpa-e-do-cerebro.html

quinta-feira, 23 de junho de 2016


Como assim a culpa é do cérebro?

No dia 21 de Junho a revista Galileu publicou a seguinte notícia em seu site: "Comportamento antissocial é culpa do cérebro". Gostaria de fazer algumas considerações sobre esta matéria e também sobre a pesquisa lhe que serviu de base. Pois bem, um grupo de pesquisadores de diversos países, encabeçados pelo psicólogo inglês Graeme Fairchild, colocou 58 adolescentes diagnosticados com "transtorno de conduta" (grupo experimental) em uma máquina de ressonância magnética e mediu a espessura de 68 partes do córtex de seus cérebros, comparando-as com a de 25 adolescentes da mesma faixa etária não diagnosticados com o "transtorno" (grupo controle). E o que encontraram? De forma bem resumida, os pesquisadores apontaram para importantes diferenças entre os dois grupos no que diz respeito à estrutura cerebral. Mais especificamente, afirmaram ter encontrado significativas "diferenças quantitativas na organização estrutural" do cérebro tanto entre o grupo experimental e o grupo controle quanto dentro do próprio grupo experimental - que foi dividido em dois grupos: transtorno de conduta (1) com início na infância e (2) com início na adolescencia. Segundo os pesquisadores, o grupo experimental (1) apresentou mais semelhanças na espessura de diversas partes do córtex do que o grupo experimental (2) e do que o grupo controle, o que aponta para o entendimento de que adolescentes que desenvolveram transtorno de conduta quando crianças possuiriam um cérebro menos especializado ou diverso do que aqueles que desenvolveram o transtorno mais tarde e, especialmente, do que aqueles que não desenvolveram o transtorno. Os pesquisadores, entretanto, não compreendem ainda qual a relação entre menor especialização cortical e comportamento antissocial. E o que a revista Galileu, e até certo ponto o próprioFairchild neste texto, concluem dos resultados deste estudo? Que o "desvio de conduta" é um trantorno psiquiátrico real (e não uma uma "forma exagerada de rebelião adolescente") porque é causado pelo cérebro - que seria, então, o verdadeiro "culpado" pelo problema. Especialmente a revista, em sua ânsia de criar uma manchete bombástica, mas também o pesquisador ao tentar "traduzir" os resultados de sua pesquisa, cometem uma série de erros, que analisarei abaixo.

Em primeiro lugar, a revista e o pesquisador atribuem realidade somente àquilo que possuiria uma "realidade cerebral" - e com isso cometem um equívoco que o pesquisador Eric Racine chama de "neurorealismo", que é a crença de que encontrar alterações cerebrais provaria a existência ou a realidade de determinados sentimentos ou transtornos. Na verdade, descobrir que existem diferenças entre pessoas diagnosticadas e não-diagnosticadas não prova que este ou aquele transtorno é real. Aliás, o que isto significa? O que seria uma transtorno irreal? A partir do momento em que a Associação Psiquiátrica Americana (APA) escolhe classificar determinados comportamentos como "transtornos" e os insere no DSM, o diagnóstico passa a ser real. Não é a pesquisa neurocientífica que confere realidade ao transtorno, mas o consenso entre as "autoridades" de que se trata "realmente" de um transtorno. Esta ideia de que é o consenso que cria a realidade vale não só para transtornos psiquiátricos, mas para muitas outras coisas. Por exemplo: o amor é real? E o dinheiro? E as leis? A resposta para todas estas perguntas é sim, são reais, pois acreditamos que sejam. O amor, por exemplo, não tem qualquer realidade física, mas ninguém duvida de sua existência. Da mesma forma  o dinheiro: uma nota de 10 reais não tem qualquer valor em si; seu valor é consequência de um consenso social de que aquilo possui de fato algum valor. O mesmo vale para as leis: elas existem porque acreditamos e agimos como se elas existissem. Tudo isto aponta para o fato de que a referida pesquisa não teria como conferir realidade ao transtorno de conduta, sendo possível apenas concluir que as pessoas previamente diagnosticadas com tal transtorno e que participaram do experimento, possuem determinadas caracteristicas cerebrais semelhantes - embora não exatamente iguais. Mas mesmo tal conclusão não pode ser generalizada para todas as pessoas com tal diagnóstico (e muito menos para todas as pessoas antissociais, tímidas ou problemáticas do mundo), em função do pequeno número de pessoas pesquisadas, apenas 58. 
De toda forma - e este é o segundo e mais importante erro - isto não significa que são estas características cerebrais que causam determinado comportamento, por exemplo, o comportamento antissocial. É bem possível aliás, que ocorra o contrário: que o comportamento antissocial cause ou contribua para a constituição de determinadas características cerebrais. Peguemos uma outra situação: imaginemos que cientistas coloquem pessoas anoréxicas em um equipamente de ressonância magnética e encontrem, comparativamente com um grupo não-anoréxico, uma maior "ativação" de determinadas áreas do cérebro. Isto significa que são estas áreas que causam a anorexia ou que, por exemplo, a falta de uma alimentação adequada afeta a "ativação" de tais áreas? Ou então imaginemos que cientistas coloquem pessoas apaixonadas em um moderno equipamento de tomografia e constatem, após exibir para elas uma série de imagens da pessoa amada, que determinadas áreas são "ativadas". Isto significa que são estas áreas que causam a paixão? Ou quer dizer, pelo contrário, que a ativação destas áreas é consequência desta paixão? Dizer que o cérebro causa tal ou qual comportamento ou, pior, que "a culpa é do cérebro", é um erro primário, que cientistas costumam evitar (nem sempre), mas que jornalistas e divulgadores científicos cometem todos os dias. Este argumento simplista de que a "culpa é do cérebro" também tem sido constantemente usado nos tribunais por advogados de defesa na criação de justificativas para determinados crimes (este video do Porta dos Fundos, embora trate da utilização da astrologia no tribunal, ironiza justamente estas explicações que tentam anular a responsabilidade do indivíduo por suas ações). Em comum entre advogados e divulgadores científicos está, neste caso, o entendimento de que é o cérebro que causa a mente e o comportamento. O grande problema destas explicações supostamente neurocientíficas é que elas ignoram a própria neurociência e os neurocientistas contemporâneos, que tem disseminado um entendimento muito menos determinista e mais dinâmico do cérebro e da mente. A ideia de plasticidade cerebral aponta justamente para o entendimento de que não só o cérebro "causa" a mente e o comportamento, mas também que estes "causam" mudanças no cérebro. Isto significa que, exceto em casos muito graves e raros, não é o cérebro o único responsável por nossas ações. Como afirmam Sally Satel e Scott Lilienfeld, no sensacional livro Brainwhashed: the seductive appeal of mindless neuroscience, "nossas decisões são inevitavelmente produto de uma vasta gama de influências - nossos genes (e a história evolucionária que eles representam), os mecanismos dos nossos cérebros, nossa criação, assim como o ambiente  físico e social em que vivemos". Todas estas forças convergem para a produção de nossos pensamentos e ações. O cérebro é "apenas" mais um elemento em cena.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

terça-feira, 21 de junho de 2016

Solução para esquizofrenia

A única coisa que uma pessoa considerada esquizofrênica precisaria fazer para ser considerada racional seria viver as crenças do próprio círculo social pois esse círculo social é fonte do reconhecimento de racionalidade ou de capacidade para racionalidade. Basicamente as crenças são maneiras de governar as pessoas. Quando alguém não aceita ser governado é chamado de esquizofrênico. Não pode ser livre conforme a própria forma de organizar outra racionalidade sub-hegemônica.

Outra consequência disso é não abrir em público as próprias crenças se estas estão contrárias ou são diferentes do ambiente social. Apenas seria confissão desnecessária de irracionalidade. O que mostra que o direito humano de liberdade de crença não é respeitado.

Infelizmente, uma vez considerado diferente e bizarro não tem mais volta por causa do pensamento psiquiátrico em relação à incurabilidade das consideradas como doenças psiquiátricas.


sexta-feira, 10 de junho de 2016

Como a Guerra Fria deu origem à ritalina, a droga da 'concentração infantil'

http://www.bbc.com/portuguese/geral-36497492?ocid=wsportuguese.chat-apps.in-app-msg.whatsapp.trial.link1_.auin

Durante a década de 1960, era comum, nos Estados Unidos, que crianças hiperativas recebessem um medicamentopara ajudá-las a se concentrar nas aulas.
A chamada "pílula da matemática", a ritalina, continua sendo um dos tratamentos mais usados em vários países para tratar o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Seu principal componente, o metilfenidato, da família das anfetaminas, tem a propriedade de estimular a concentração e reduzir a impulsividade.
Essas qualidades eram consideradas necessárias dentro da transformação, durante a década de 1960, do sistema escolar dos EUA, que queria competir com a União Soviética no contexto da Guerra Fria, de acordo com o historiador Matthew Smith, da Universidade de Strathclyde (Escócia) e autor do livro Hyperactive: The Controversial History of ADHD ("Hiperativos: a controversa história do TDAH", em tradução livre).

Image copyright Science Photo Library
Image caption Atualmente, Ritalina é usada em diversos países para tratar o transtorno de hiperatividade e outras condições
"Havia uma corrida científica e espacial com a União Soviética, e por isso o novo sistema educativo exigia que as crianças permanecessem sentadas em suas carteiras fazendo tarefas", disse.
Quando a droga foi sintetizada, em 1944, pelo químico italiano Leandro Panizzon, não estava previsto que crianças pudessem tomá-la.
Então como ela acabou virando a solução predileta dos pais e psiquiatras para os pequenos hiperativos?

Fármacos no pós-guerra

Existe uma lenda de que Panizzon batizou o medicamento de "ritalina" em homenagem a sua mulher, Margarida, que chamava pelo apelido carinhoso de Rita.
"Ela tomava o comprimido antes de jogar tênis. Aparentemente, sofria de pressão baixa e isso lhe dava um empurrão na partida", destacou Smith.
O laboratório onde ele trabalhava, Ciba, começou a comercializar o fármaco para adultos com a mensagem de que era mais forte que uma xícara de café, mas não tão intenso, nem com os efeitos secundários de outras anfetaminas mais potentes.

Na época de seu surgimento, o mercado de medicamentos passava por várias mudanças e avanços.
No pós-guerra, começaram a ser tratadas doenças como tuberculose, e teve início a vacinação contra a pólio.
"As pessoas começaram a recorrer a fármacos como solução para tudo", disse Smith, acrescentando que drogas psiquiátricas também geraram otimismo e que isso se manteve por mais duas décadas até a descoberta de efeitos secundários e de seu potencial viciante.

Fórmula para crianças

Em uma pesquisa de 1937, o psiquiatra Charles Bradley fez uma descoberta: depois de administrar anfetaminas a um grupo de crianças para tratar dores de cabeça, ele notou que elas tinham o surpreendente efeito de estimular sua concentração.

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Image caption A chamada "pílula da matemática" continua sendo um dos tratamentos mais usados nos EUA e outros países para regular o TDAH
Sua descoberta foi investigada duas décadas depois, quando o psicólogo clínico Keith Conners, em 1964, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore (EUA), fez o primeiro ensaio clínico aleatório com ritalina em crianças com "transtornos emocionais".
O jovem pesquisador estava intrigado com a possibilidade do tratamento com drogas, porque os baseados em terapia não pareciam dar resultado.
O estudo mediu concentração, níveis de ansiedade e impulsividade.
A resposta das crianças foi imediatamente positiva.

"Estavam emocionadas de tomar um remédio que ajudava com suas tarefas. Sentiam que já não eram crianças problemáticas ou más", disse Conners à BBC.
Depois que Conners e seus colegas publicaram os resultados, a ritalina começou a ser usada com mais frequência para tratar hiperatividade em crianças americanas.
Segundo o historiador Matthew Smith, os professores começaram a indicar crianças com problemas de conduta a psiquiatras, que quase sempre diagnosticavam transtorno de hiperatividade.
"O sistema escolar pressionava as crianças a se sentarem quietas nas carteiras e se concentrarem", disse Smith.

Consumo 'excessivo'

Apesar de haver ajudado a popularizar o medicamento na sociedade americana, Conners acredita que hoje ele é usado em excesso.

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Image caption Para psicólogo Keith Conners, há excesso no diagnóstico de TDAH
"Quando começamos, não conseguíamos convencer as pessoas de que havia crianças com TDAH. Agora parece que elas são encontradas até embaixo das pedras", disse ele à BBC.
O psicólogo considera que este transtorno está sendo diagnosticado de forma excessiva e que outros fatores são ignorados.
"Um número significativo de crianças em idade escolar é dignosticado com TDAH quando, na realidade, pode ser que sejam muito jovens para a série em que estão. Ou podem ter outras desordens parecidas com o TDAH", disse.
No Brasil, a discussão sobre consumo excessivo da droga entre crianças também ocorre.
Um boletim divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde diz que, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos, o Brasil era, em 2010, o segundo maior consumidor de ritalina do mundo.
O ministério recomendou que os Estados aumentassem o controle sobre prescrição e distribuição da droga para evitar a "medicação excessiva" de crianças.
O documento diz que há estimativas discordantes sobre a ocorrência de TDAH em crianças e adolescentes no Brasil, que variam de 0,9% a 26,8%.

quinta-feira, 9 de junho de 2016

If antidepressants don’t work well, why are they so popular?

https://www.newscientist.com/article/2093239-if-antidepressants-dont-work-well-why-are-they-so-popular/?utm_source=NSNS&utm_medium=SOC&utm_campaign=hoot&cmpid=SOC%7CNSNS%7C2016-GLOBAL-hoot



If antidepressants don’t work well, why are they so popular?

A bottle with pill spilling out

Antidepressants: not a pill for everyday sadness?

E+/Getty

Another day, another study casting doubt on antidepressants. The latest says that for children and teenagers, nearly all these drugs don’t work. So why do prescriptions for antidepressants in the UK continue to climb?
Previous research suggests that for adults too, the Prozac class of antidepressants – selective serotonin reuptake inhibitors (SSRIs) – is no better than a placebo, at least in people with mild or moderate depression.
Confusingly, other research finds that these drugs do work, for example, a recent study that found that SSRIs work better than placebo for major depression in adults.
But there’s reason to think that we may not be able to trust most studies unless the researchers have no links to pharmaceutical firms, and have access to all trial data.
..
Last year when GlaxoSmithKline had to reveal full data about one of its own studies in teenagers, the rate of side effects such as suicidal thoughts was much higher than it initially appeared.
Despite much criticism, though, the number of prescriptions written for these medicines rises every year. In the poorest areas of the UK a staggering one in six people is taking them. While these medicines can be life-savers for those with severe depression, they are being dished out too easily for people with everyday sadness, say critics. If they do so little good, why are they so popular?

Unknown cause

Family doctors, who write most of the prescriptions, may feel they have little else to offer a patient sitting in front of them. UK guidelines say that talking therapies should be the first option for people with mild depression, but waiting lists can be over a year long – not much help for someone who is struggling today.
What’s more, many patients feel these drugs are helpful. However, a large part of this could be the placebo effect, psychiatrist Joanna Moncrieff of University College London warned at a meeting of the UK’s All-Party Parliamentary Group for Prescribed Drug Dependence in May.
One factor behind the growing acceptance of antidepressant use could be the widespread belief – started by their manufacturers – that the drugs work by correcting a chemical imbalance in the brain. They are said to replenish levels of the feel-good chemical, serotonin.
This probably isn’t true. While the medicines do boost this chemical, it has never been proved that depression is caused by low serotonin levels. In fact, though theories abound, we still don’t know what causes depression.

Antidepressants do change the way we feel, in a way that some find helpful but others don’t. Users tend to describe them as flattening their emotions.
But that doesn’t mean antidepressants are correcting a chemical imbalance. After all, many people find that alcohol helps them relax and feel less shy, but that’s not because it’s correcting an alcohol deficiency in their brain.

Withdrawal symptoms

The “chemical imbalance” myth could encourage some people to take the drugs who otherwise wouldn’t. It is a decision that shouldn’t be taken lightly, because antidepressants can have downsides.
Unlike the benzodiazepines that were popular in the 1960s, the antidepressants that have largely replaced them are supposed to be non-addictive. In fact, some people do find it hard to stop taking them, and trying to do this can trigger withdrawal symptoms like anxiety and insomnia.
The official line is that this shows the person is still depressed and needs long-term treatment. But many can wean themselves off the drugs if they slowly reduce their dose over many months, with medical help.
The drugs can also have side effects, such as loss of sex drive, and weight gain. Most alarmingly, in a few people they trigger violent or suicidal thoughts. The latest study suggests that of all the antidepressants, one called venlafaxine was the most likely to make teenagers suicidal.
Because of a lack of data, the team behind the latest study complained that they couldn’t assess all the other drugs they looked at for this problem.
So the true balance of risk versus benefit for people taking these kinds of antidepressants will probably only emerge when independent researchers have access to all the data from clinical trials – something manufacturers of these drugs are still resisting.

sábado, 4 de junho de 2016

alprazolam aumenta pânico

"O estudo internacional colaborativo sobre pânico, o qual comparou alprazolam com placebo, tinha duas partes. Primeiro, eficácia era avaliada sob 8 semanas de tratamento, com esse experimento conduzido em 8 locais. Então, em dois dos oito locais, houve um estudo sobre descontinuamento: ambos os grupos de alprazolam e placebo foram descontinuado de suas pilulas respectivas, num período de 4 semanas, e então seguido por duas semanas adicionais. Esse componente do descontinuamento refletiu o fato de que uma benzodiazepina, por causa de suas propriedades adictivas era para ser usados apenas a base de curto-prazo, e então qualquer regime de tratamento precisou incluir desmame da droga. A expectativa era de que os pacientes do alprazolam estariam se saindo melhor que o grupo placebo no final das oito semanas e também no final de 14 semanas, como iria ser mostrado que a droga era efetiva para conter sintomas de pânico e que pacientes poderiam seguramente descontinuar.
Benzodiazepinas são conhecidas por funcionar rápido, e isso provou ser o caso nesse estudo. O número de ataques de pânicos de que os pacientes do alprazolam sofreram diminuiram dramaticamente na primeira semana, e no final de 4 semanas, os pacientes do alprazolam estavam significativamente melhores, em termos de uma redução nos sintomas, de que os pacientes placebo. Apesar disso, durante as próximas quatro semanas, os pacientes placebo - ao menos esses que permaneceram no estudo - continuaram a melhorar, com sua melhora durante esse período mais pronunciada que a melhora nos pacientes do alprazolam, tal que no final de oito semanas, não houve "diferenças significativas entre os grupos" na maioria das escalas medidas. Isso incluiu total de ataques de pânico por semana, porcentagem de tempo sem pânico e várias medidas de qualidade de vida.
Como poderia ser esperado, dado que uma benzodiazepina deprime a atividade do sistema nervoso central, eventos adversos foram comuns no grupo alprazolam. Esses pacientes frequentemente sofreram sedação (50) por cento, fadiga, fala arrastada, amnésia e má coordenação motora.
Durante a fase de desmame, os pacientes do alprazolam pioraram dramaticamente, enquanto os pacientes do placebo continuaram a melhorar. Trinta e nova por cento do pacientes descontinuados de alprazolam "se deterioraram significativamente" e tiveram que ser colocados de volta na medicação. Trinta e cinco por cento sofreram rebote dos sintomas de "pânico" ou "ansiedade" mais severos de que eles tinham experimentados na linha de base. Uma porcentagem igual sofreram um conjunto de novos sintomas debilitantes, incluindo confusão, percepções sensórias intensificadas, depressão, um sentimento que insetos estavam rastejando sobre eles, cólicas musculares, visão borrada, diarréia, apetite diminuído, e perda de peso. No final do estudo de descontinuamento de 6 semanas, os pacientes do alprazolam estavam sofrendo, em média, 6.8 ataques de pânico por semana, enquanto os pacientes do placebo, que tinham continuado a melhorar durante esse período, estavam experimentando 1.8 ataques a cada semana.
Esses achados levaram a uma conclusão evidente. Uma vez que os resultados da fase do desmame foram considerados, o estudo internacional colaborativo sobre pânico disse de uma droga que, no todo, fez mais dano que beneficiou.

A estória na Literatura científica.

Mesmo antes que os resultados do estudo foram publicado, Klerman  notou, que "os achado iniciais da eficácia do alprazolam para ataque de pânico" já tinham sido "amplamente disseminados em vários encontros e simpósios". Esses relatórios iniciais informaram a comunidade médica de uma droga que era um tratamento "seguro e efetivo" para ataques de pânico, e então no número de maio de 1988  da revista Arquivos de Psiquiatria Geral, os "achados detalhados" foram apresentados. Upjohn tinham contratado o editor da revista Daniel X. Freedman como um consultor, e agora a revista devotou muito de seu número de maio para os relatórios do Xanax. Gerald Klerman escreveu um artigo introdutóriom enquanto os investigadores que levarama adiante os experimentos publicaram três relatórios separados: um sobre a eficácia a curto prazo, um sobre a segurança da droga e um sobre o aspecto de descontinuação da droga. Os autores relataram afiliação com membros da Universidade de Iowa, da Universidade de Califórnia em Los Angeles (UCLA), Univerisdade da Carolina do Sul e Escola Monte Sinai de Medicina de Nova Iorque, e em Instituições acadêmicas no Canadá e na Austrália. Como Klerman enfatizou na sua introdução, eram esses psiquiatras acadêmicos, em oposição a UpJohn, os quais foram responsáveis pelos achados publicados.
"Os investigadores participaram na análise estatística e tomaram responsabilidade pela apresentações profissionais e publicações científicas," Klerman escreveu. Os artigos que foram publicado nos Arquivos "
expressam as conclusões conjuntas dos principais investigadores e outros membros do comitê do governo e tem a licença dos investigadores".
 Apesar da eficácia a curto prazo ter sido desenhada para avaliar os resultados no final das oito semanas, os investigadores, ambos no resumo do seu artigo publicado e na seção da discussão, focaram ao invés disso nos resultados de quatro semanas, o qual, no resumo, eles se referiram como "o ponto de comparação primário". Nesse ponto intermediário no experimento, 82 porcento dos pacientes foram avaliados "moderadamente melhor ou acima" versus 43 por cento do grupo placebo. Como notado acima, em 8 semanas não havia diferença estatisticamente significativa nos sintomas de pânico e a maioria dos outros resultados entre os paciente de alprazolam e os pacientes do placebo que completaram o estudo, mas investigadores não incluíram esse resultado no resumo. Em essência, os investigadores muduram o ponto final do estudo e fazendo isso mudaram um resultado negativo em um resultado que falava da eficácia robusta do alprazolam.
Os investigadores então focaram sua atenção nos dados de segurança. Apesar dos pacientes do alprazolam experimentarem um número de eventos adversos, com 24 porcento experimentando "atividade mental prejudicada" no final de oito semanas, os pesquisadores concluiram que no todo, sujeitos eram relativamente livre de efeitos colaterais, e uma proporção substancial relataram nenhum.
Tais foram as limitações dos dois relatórios publicados sobre a eficácia de curto prazo do alprazolam e segurança. Mas o desafio real para os investigadores, se eles fossem manter uma racionalidade baseada em evidências para prescrever a droga, era apresentar os resultados sobre a fase de descontinuação de um jeito de não falaria do dano causado. O dado falou de pacientes descontinuados da droga que experimentaram piora da ansiedade e pânico que a linha de base. de pacientes que terminaram adictos ao Xanax. e de pacientes que estavam sofrendo 4 vezes mais ataques de pânico do que o grupo placebo ao final. Enquanto esse resultados pudera, ser encontrados nos dados publicados, no resumo de ser artigo, os pesquisadores relataram um achado diferente: no final do estudo sobre descontinuação, eles escrevera,. "os valores do resultados" para os pacientes descontinuado de alprazolam "foram não significativamente diferente do grupo tratado com placebo.
Para desenhar tal conclusão, os pesquisadores isolaram os valores de um subconjunto de paciente no grupo descontinuado de alprazolam: esses que completaram o estudo. Dessa maneira, eles deixaram de lado os valores dos 23 pacientes descontinuados de alprazolam que tinham se deteriorado tão severamente que tiveram que ser colocado de volta na droga. Então, quando os pesquisadores compararam os valores de 61 porcento dos pacientes descontinuados da droga que tinham completado o estudo ao grupo placebo em diversos resultados secundários - esses que mediram ansiedade, fobia, e a avaliação global do médico dos pacientes - eles encontraram que enquanto o grupo placebo de fato tiveram melhores valores nas três medidas, porque o pequeno número de pacientes que restou no estudo, as diferenças não foram estatísticamente significativas. Apesar disso, os pesquisadores ainda deixaram de fora a maioria do achado crítico: a diferença no número de ataques de pânico durante a semana final do estudo entre os dois grupos. Esse era a meta de sintoma a ser medido, e essa diferença era estatisticamente significativa. O resultado não foi mencionado no resumo ou discutido no texto; ao invés disso, teve que ser extraído da tabela.

  
 Vendendo transtorno do pânico

Uma vez que os resultados do estudo foram publicado, o qual, Klerman escreveu, proveram uma "demonstração da eficácia do alprazolam em comperação  com o placebo no tratamento a curto prazo do transtorno do pânico" a APA e seus líderes ajudaram Upjohn construir um mercado para o Xanax. Para fazer isso, eles procuraram fazer os médicos e o público geral mais conscientes desse novo transtorno  e da efetividade do Xanax.
A APA primeiro alcançou os próprios membros. Em 1987, Roberto Pasnau, que tinha sido a cabeça da APA em 1987, enviou um folheto pomposo sobre as Consequências da ansiedade para os membros da APA, um esforço "educacional" pago por Upjohn. No ano seguinte, Upjohn patrocinou um simpósio no encontro anual da APA, onde o "painel de especialistas" enfantizaram os resultados de quatro semanas do estudo internacional colaborativo sobre pânico. Após isso, depois de o FDA ter aprovado Xanax como um tratamento para transtorno do pânico em 1990, Shevert Frazier e Gerald Klerman escrever uma letra "Caro Doutor" que Upjohn incluiu na literatura promocional enviada para os médicos, incluindo clínicos gerais, sobre prescrever Xanax para esse propósito. Finalmente, o Instituto Nacional de Saúde Mental patrocinou uma conferência sobre transtorno do pânico, onde um painel de especialistas descreveram " a alta potência das benzodiazepinas" - esse iria ser Xanax - um dos dois "tratamentos de escolha".
 A APA usou uma variedade de mídias para alcançar o público. Como notado no capítulo 3 - a APA - com financiamento de Upjohn - produziu dois filmes, Prisão do Pânico e Faces da Ansiedade, com o primeiro filme estreiando em 1989, pouco antes do FDA ter aprovado o Xanax para transtorno do pânico. A APA também usou uma bolsa Upjohn para desenvolver um "workshop sobre pânico para profissionais não psiquiátricos", e para conduzir uma campanha educacional geral, com a APA distribuindo "guias de conscientização para doença mental" para educadores e "profissionais de saúde não psiquiátricos" que disseram de como a ansiedade e o transtorno do pânico eram "sub-reconhecidos e subtratados". Numa carta para o New York Times, a APA descreveu esses esforços como "uma parceria ética responsável que usa os recursos de um parceiro [Upjohn] e a especialidade de outra para ajudar uma pessoa em cinco que precisa de ajuda e esperança em sofrer de doença mental.
Devido à parceria, quando o FDA aprovou Xanax como um tratamento para transtorno do pânico, o público aprendeu de uma nova droga notavelmente efetiva. "Num pânico? Ajuda está a caminho," um título de jornal anunciou. Xanax, o artigo relatou, funciona para "70 porcento a 90 por cento" desse que sofrem da doença. Quatro milhões eram ditos sofrer do transtorno, e cedo em 1992, o jornal de Machester, New Hampshire relatou que "não era até recentemente que os transtornos do pânico se tornaram amplamente reconhecidos," com clinicas agora abrindo que se especializaram em tratá-la.
 Tudo isso fez Xanax um sucesso comercial notável. Em 1993, se tornou a quinta droga mais frequentemente prescrita nos Estados Unidos."

Psiquiatria sob influência: corrupção institucional, danos sociais e proposições para a reforma -
Robert Whitaker and Lisa Cosgrove