Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

terça-feira, 30 de junho de 2020

Positividade como ideologia (Marcuse)

Trechos:

A comunicação funcional é apenas a camada externa do universo unidimensional, no qual o homem é treinado para esquecer - para traduzir o negativo em positivo de modo a poder continuar funcionando, reduzido, mas adequado, e razoavelmente bem.

A Consciência Feliz - a crença em que o real seja racional e em que o sistema entrega as mercadorias - reflete o novo conformismo, que é uma faceta da racionalidade tecnológica traduzida em comportamento social. O conformismo é novo porque é racional em grau sem precedente. Sustenta uma sociedade que reduziu - e em seus setores mais avançados eliminou - a irracionalidade mais primitiva das fases precedentes, que prolonga e aprimora a vida mais regularmente do que nunca. 

O poder sobre o homem, adquirido por essa sociedade, é diariamente absolvido por sua eficácia e produtividade. Se ela assimila tudo o que toca, se absorve a oposição, se brinca com a contradição, demonstra sua superioridade cultural. E, do mesmo modo, a destruição de recursos e a proliferação do desperdício demonstram sua opulência e o "alto nível de bem-estar"; "a Comunidade vai demasiado bem para que nos preocupemos com ela!"

Tal relação dialética de opostos na proposição, e por ela, é possibilitada pelo reconhecimento do sujeito como agente histórico cuja identidade se constitui na prática histórica e contra esta, em sua realidade social e contra ela. A locução se desenvolve e enuncia o conflito entre a coisa e sua função, e esse conflito encontra expressão linguística em sentenças que unem predicados contraditórios numa unidade lógica - similar conceptual da realidade objetiva, Em contraste com toda a linguagem orwelliana, a contradição é demonstrada, explicitada, explicada e denunciada. 

A linguagem rito-autoritária se dissemina pelo mundo contemporâneo, pelos países democratas e não-democratas, capitalistas e não-capitalistas. 2: . Segundo Barthes, é a linguagem "propre a tous les regimes d'autorité (própria a todos os regimes de autoridade) , estará presente, hoje em dia, na órbita da civilização industrial avançada, uma sociedade que não está sob regime autoritário? Visto que a substância dos vários regimes não mais aparece em formas alternativas de vida, repousa em técnicas alternativas de manipulação e controle. A linguagem apenas reflete esses controles mas torna-se, ela própria, um instrumento de controle até mesmo onde não transmite ordens, mas informação; onde não exige obediência, mas escolha, onde não exige submissão, mas liberdade. Essa linguagem controla reduzindo as formas linguísticas e dos símbolos de reflexão, abstração, desenvolvimento, contradição; substituindo conceitos por imagens. Nega ou absorve o vocabulário transcendente; não investiga, estabelece e impõe a verdade e a falsidade. Mas esse tipo de locução não é terrorista. Parece arriscado supor que os receptores acreditam ou sejam levados a acreditar no que lhes é dito. O novo toque da linguagem mágico-ritual é, antes, o de as pessoas não acreditarem nela ou não se importarem com ela, mas, não obstante, agirem em concordância com ela. Não se "acredita" no enunciado de  um conceito operacional, mas este se justifica em ação - em realizar o trabalho, em vender ou comprar, na negativa de ouvir os outros etc. 

Livro: A IDEOLOGIA DA SOCIEDADE INDUSTRIAL 
Autor: HERBERT MARCUSE 

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Transtorno factício (Münchhausen) (Vídeo)

Minha mãe gostava mais de mim quando eu estava doente (especialmente psicologicamente) (pt-BR)

https://www.youtube.com/watch?v=elEnFPiK0pI

Daniel Mackler

Artigo da Wikipedia sobre o "paciente identificado": https://en.wikipedia.org/wiki/Identif... 
 
 Também vale a pena conferir o artigo da Wikipedia sobre Síndrome de Munchhausen por procuração: https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%AD... 
 
Se você deseja doar: http://wildtruth.net/donate/


sexta-feira, 26 de junho de 2020

Lógica e análise do comportamento

Em algum lugar: O formalismo não considera os antecedentes e consequentes do comportamento verbal. Lógica não controla comportamento. O que controla comportamento (verbal ou não) é a contingência de reforçamento.

Referências:

Livro: Comportamento verbal. Autor Skinner.
Algum outro lugar da internet 

Lógica e esquizofrenia

Logo, o problema tem que ser resolvido com base em considerações de caráter empírico, pela experiência. Por tal método, parece possível constatar-se que a regra de modus ponens (das proposições "Se A, logo B", e "A", conclui-se "B") vale no discurso analítico. Gostaria de mencionar, no entanto, que, nos poucos contatos com pessoas psicóticas que tive, parece que elas não utilizam, como deveriam, a regra em apreço. Muitas vezes tive a impressão de que um psicótico aceita que A implica B, aceita A, mas que aparentemente não é forçado a aceitar B.

Márcio - E que B tem aí o valor de C.

Newton C.A. da Costa: - Sem a regra de modus ponens, a lógica seria muito mais complicada. Um esquizofrênico que conheci parecia às vezes não tirar as conseqüências óbvias das premissas que admitia. Ele aceitava uma série de coisas, embora não deduzisse. Tenho a impressão de que a lógica de um psicótico é tão patológica, que não permite que se tire certas conseqüências óbvias.

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Esquizofrenia, pseudoexplicação circular (comportamentalismo)

Outro exemplo de explicação fictícia III é o seguinte: Roberto fala fora de contexto, diz coisas que não estão relacionadas ao que está acontecendo, ele grita dizendo que há uma baleia debaixo da cama, ele diz que seu melhor amigo quer bater nele. Os mágicos o diagnosticam: "esquizofrenia" e rotulam Roberto como "esquizofrênico". Se perguntarmos à maioria dos psicólogos atuais por que Roberto é "esquizofrênico", eles nos respondem: "porque ele tem esquizofrenia". Se perguntarmos como eles percebem que Roberto tem esquizofrenia, eles nos dirão: "porque ele fala fora de contexto, ele diz coisas que não estão relacionadas ao que está acontecendo, porque ele grita dizendo que há uma baleia debaixo da cama, porque ele diz que seu melhor amigo quer machucá-lo. " A circularidade na explicação (pseudoexplicação) é óbvia.

Livro: Trece trucos de magia. El origen verbal de los mitos en psicología. Explicaciones fictícias o seudoexplicaciones acerca del comportamiento humano

Autor: J. A. Robinson (Comunidad  Los Horcones)

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Classe geral tratar de modo psicossocial


Classe geral tratar de modo psicossocial

Contexto antecedente

Ação

Contexto consequente

Determinantes políticos e biopsicosocioculturais


Importância atribuída ao sujeito


Sujeito inserido num contexto familiar e social


Sofrimento como parte da existência


Existência-sofrimento


o simbólico englobando o psíquico e o sociocultural


subjetivo e sociocultural


CAPS, NAPS, Hospital-Dia, Ambulatórios de Saúde Mental, equipes multiprofissionais nos centros de saúde e nos hospitais gerais e demais componentes da RAPS.


Conjunto amplo de dispositivos (psico/labor/socioterapias)


Desospitalizar


desmedicalizar


escutar


falar


implicar-se


reposicionar


participar


reinserir


atender




autogerir


integrar


horizontalizar


territorializar


singularizar

livre transito do usuário


Reposicionamento subjetivo


sujeitos implicados subjetiva e socioculturalmente


sujeitos singularizados


grupos sociais e familiares incluídos no tratamento


sujeito reinserido socialmente


Sujeito fala, participa do diálogo e trabalha na e pela fala


Ponto de fala e de escuta da população


Espaços de interlocução


Práticas de intersubjetividade horizontal


autogestão e troca horizontal e interdisciplinar de saberes


Reposicionamento do sujeito: agente implicado no sofrimento e agente da possibilidade de mudanças


atenção à saúde no território local e aproveitando recursos desse território


equipe interdisciplinar


Instituição a serviço da ética e da técnica


interdisciplinaridade


atenção integral à saúde


Relações horizontais entre trabalhadores e entre estes e a população


Relações de poder e saber horizontalizadas entre trabalhadores e entre estes e a população




Tríplice contingência montada com base na tabela da dissertação de Lívia Maria Fontana

quarta-feira, 17 de junho de 2020

Biopolítica, biossegurança e cérebro (trechos)

A emergência do cérebro como dispositivo para a gestão dos riscos e da vida

Marcos Adegas de Azambuja e
Neuza Maria de Fátima Guareschi

http://www.mediafire.com/file/6nj0aqztj8d1v3m/Biopol%25C3%25ADtica_e_bioseguran%25C3%25A7a-_c%25C3%25A9rebro_como_dispositivo_de_gest%25C3%25A3o_da_vida_e_dos_riscos.pdf/file

No entanto, além de considerarmos o incremento da produção discursiva do cérebro no século XXI, gostaríamos de incluir outro aspecto na discussão, relativo à reflexão de que há um modo de condução do sujeito que está em jogo. Como veremos, são regimes de verdade que levariam à formação de um sujeito que conhece a si mesmo por procedimentos e técnicas de lógica cerebral, estabelecendo, assim, uma forma de governo de seu corpo, sua mente, sua moral. A pessoa trabalha seu cérebro por meio de uma complexa rede de conduta da vida. Com o cérebro no centro, todas as instâncias da vida têm um efeito neste órgão. A qualidade dele vai refletir na nossa qualidade de vida. O modo de viver é alterado em função de um cérebro com saúde (Azambuja, 2012).

Entender o cérebro como enunciado que atravessa e compõe diversos discursos – clínica, psicologia, medicina, psiquiatria, pedagogia, entre outros – nos parece insuficiente, justamente porque ele se torna um aliciador nas formas de existir. Não só um atrator, mas torna-se a própria manifestação da verdade sobre o sujeito contemporâneo. O dispositivo do cérebro exprime-se pelos novos modos que passamos a falar da vida e de nós mesmos, das novas formas de experiência e conduta, somente capazes de existir quando ocorre tal variação do cérebro como o ‘marcador’ das políticas de subjetivação. Passa-se a produzir uma nova existência, uma nova rede de significações e sentidos, de maneiras de se comportar, de pensar e governar o ser humano e o mundo. Surge um novo modo de organizar a sociedade, de tratar da economia, de constituir as leis, de discorrer sobre a vida e a morte, de cuidar da saúde e olhar para a doença.

O dispositivo do cérebro parece ser o grande agregador, o enlace e a força de mudança entre esses atravessamentos em nossa sociedade, tornando-se um alvo privilegiado tanto das biopolíticas, quanto das tecnologias específicas de modelagem subjetiva. Hoje o cérebro determina ‘o que você é’. Mesmo que se busquem no código genético as respostas sobre a vida, é no cérebro que encontramos a porta da revelação. O aclarar dos segredos de todas as determinações – nos corpos, nas almas e nas populações – estava muito mais ligado às técnicas analógicas do exame e da observação nas Ciências Humanas e Sociais. Porém, o cérebro encontra seus engates na era digital, na biomedicina, na biologia molecular, na aparelhagem teleinformática e toma conta da verdade e condução do sujeito. O que Foucault já indicava com a produção biopolítica parece se aguçar na atualidade: os avanços tecnocientíficos levam às possibilidades de se reprogramar e de se fabricar o novo. Trata-se, sem dúvida, de importantes redefinições em termos de normalidade, saúde e doença (Rose, 2007; Sibilia, 2002).

Na frenologia digital do cérebro dos dias de hoje, as imagens coloridas dos PET scan fazem as vezes do crânio e do tato no mapeamento dos processos mentais, respondendo quem somos nós. “essas imagens, na lógica cultural e visual, persuadem os observadores a igualar a pessoa com o cérebro, o cérebro com o scan e o scan com o diagnóstico” (Joseph Dumit, 2003, p. 36). Publicadas em diferentes fontes de acesso, essas imagens retratam tipos de cérebros, que se referem a tipos de pessoas, a diferentes categorias, principalmente levantando a questão de ser ou não normal. As relações genéticas e os exames do fluxo sanguíneos pelos PET scan reforçam os aspectos biológicos da doença mental, constituindo uma inversão do sujeito com a doença. Não é o sujeito que está doente, mas sim seu cérebro. Na relação que o paciente estabelece com a anormalidade neuroquímica visualizada na tela do computador, com os medicamentos que terá de tomar e a questão orgânica que enfrentará, o indivíduo alivia-se da responsabilidade de ter adquirido a doença por contingências de sua história de vida. Como um self farmacológico, o indivíduo monitora a doença no cérebro que é vivida por ele, mas também contra ele.

Dos muitos momentos históricos do século oitocentista apresentados por Francisco Ortega (2009) em seu artigo “Elementos para uma história da neuroascese”, fica marcado o entrelaçamento do plano moral e médico, como também o reaparecimento dessas práticas em nosso cotidiano nos livros de autoajuda, com suas propostas de reprogramações de pensamentos negativos para positivos, e na ginástica para o cérebro, denominada neuróbica. Apesar das diferenças nos processos contemporâneos de subjetivação, nesse caso é possível acompanhar certa continuidade histórica. “Trata-se de processo duplo: por um lado, a ciência produz fatos que definem objetivamente quem somos; por outro, os indivíduos formam seus próprios modelos de self a partir dos fatos científicos” (Ortega, 2009, p. 634).

Localização, performance e individuação cerebral: não somente a função original de identificar nos relevos do crânio as faculdades mentais, mas basicamente a invenção de um diagrama de moralização do sujeito. O mapeamento de determinadas formas de agir e pensar encontra ressonância com atividades cerebrais, levando à intervenção não somente em casos diagnosticados, mas também no espaço da pessoa comum. O que se come, a medicação que se toma, a qualidade do sono e do trabalho, os exercícios físicos, o lazer, as relações familiares, esse espaço infindável da micropolítica pode ser esquadrinhado e justificado pelo desempenho cerebral. É um rebatimento direto entre a atividade na vida e a atividade da vida cerebral. No entanto, se um tempo atrás se pensava em uma generalização dos processos cerebrais, atualmente, com os avanços nos estudos em neuroplasticidade, produz-se um discurso de um cérebro único para cada indivíduo. Dentro de uma lógica neoliberal, cada um deve cuidar de seu próprio cérebro em sua individualidade 3 .

São processos de subjetivação diferenciados que se inscrevem no modo de relação entre os indivíduos. O sujeito neuroquímico lida com seus comportamentos e sentimentos na ligação direta com o mundo orgânico dentro de sua cabeça. Intervém na sua conduta pela ingestão química e pelo monitoramento cerebral. O cérebro ganha adjetivos: infantil, jovem, adulto, idoso, violento, esquizo, etc. O cérebro contém modos de existir.

A variável ‘humano’ parece sempre ser o grande problema científico. Desfazer o eu humano para fabricar um eu científico e, nesse caso, um eu biodigital torna-se um dos tipos de produções das ciências do cérebro.

O cérebro é uma agência, diríamos com Deleuze e Guattari (1976). Ele não é um dado natural, mas uma agência que remete o indivíduo à educação, como nos exercícios neurocognitivos; à justiça, como nos casos de avaliações criminais; à saúde, como no uso de psicofármacos ou tratamento de transtornos mentais; à família, que cuida dos vínculos afetivos fortalecendo, assim, as redes neurais da criança. O cérebro é uma agência que conecta o indivíduo a corpos robóticos e digitais, conecta a outras máquinas. É uma agência em rede que faz as ligações da história do indivíduo e da coletividade, da história singular e da espécie.

segunda-feira, 15 de junho de 2020

Conceito de psicose é pura engenharia social

Como a psiquiatra crítica Joanna Moncrieff afirma, o conceito de psicose como uma doença é pura engenharia social. É uma forma de praticar controle social sobre as pessoas diferentes. Do ponto de vista de uma sociedade que preza o pluralismo de ideias, de costumes e de comportamentos isso é um absurdo. Principalmente porque as pessoas que se julgam "normais" e saudáveis tem a mentalidade limitada e são conformistas. Fazem qualquer coisa para ser igual à maioria. Também porque pais camaradas que toleram a diferença não produzem diagnóstico de psicose mesmo que o filho seja alternativo a ponto de psiquiatras julgarem que isso seria um transtorno do pensamento. Enquanto algumas pessoas entram na malha fina da psiquiatria outras são deixadas à vontade. As citações do sociólogo Bordieu no blogue também sustentam essa afirmação. A psiquiatria biológica faz questão de defender que essas pessoas são irrecuperáveis, marcá-las para sempre como desviantes e que são incapazes de adotar papeis sociais de maneira apropriada, ou seja, praticar engenharia social através da indução da exclusão social.

Ler mais:
Esquizofrenia não é doença biológica
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2019/06/esquizofrenia-perspectiva-critica-em.html

Citações do livro Reprodução do autor Bordieu no blogue

sábado, 13 de junho de 2020

Classe geral tratar de modo asilar



Obs: Minha tentativa de colocar a tabela da dissertação da Lívia Maria Fontana numa tríplice contingência. Não sei se serve para alguma coisa ou se deixa mais claro. Uma parte grande dos verbos são cognitivos.

liberdade, opressão e saúde (Basaglia)

Certamente uma das terapias mais importantes para combater a loucura é a liberdade. Quando um homem é livre tem a posse de si mesmo, tem a posse da própria vida, e, então, é mais fácil combater a loucura. Quando eu falo de liberdade, falo de liberdade para a pessoa trabalhar, ganhar e viver, e isto já é uma luta contra a loucura. Quando há possibilidade de se relacionar com os outros, livremente, isso torna-se uma luta contra a loucura. Certamente, a loucura evidencia-se mais facilmente sob essa nossa vida agitada, assustadora, opressiva e violenta (Basaglia, 1982 p. 72).

BASAGLIA, Franco. Psiquiatria Alternativa: contra o pessimismo da razão, o otimismo da prática. São Paulo: Ed. Brasil Debates, 1982.

quinta-feira, 11 de junho de 2020

Uma crítica contracultural à definição de habilidades sociais

A definição de habilidades sociais inclui um elemento de valorização social que não incorpora críticas às limitações da cultura hegemônica e também em incorporar a diversidade cultural e naturaliza essa limitações como padrões pelos quais se define habilidades sociais e saúde. Essa definição parece ser cúmplice da medicalização do diferente ao não incorporar a crítica histórica da contracultura e da luta antimanicomial que reconhece o potencial opressor da cultura hegemônica. Na medida em que a cultura hegemônica e manicomial possui limitações invisibilizadas a definição de habilidade social e saúde vai utilizar o critério real de adesão à cultura hegemônica. Nesse sentido, a pessoa que adere acriticamente à cultura hegemônica vai ser considerada habilidosa e saudável enquanto que a pessoa com habilidades críticas ou culturalmente diversa irá ser considerada como não habilidosa e não saudável, isto é, como tendo um déficit de habilidades sociais e um transtorno psiquiátrico ou psicológico. A experiência de opressão fará com que a pessoa vitimizada se comporte de maneira não valorizada pela cultura opressora tomada como padrão de saúde e virtude. A valorização ou desvalorização vai ser relativa ao grupo social tomado como referência.

quarta-feira, 10 de junho de 2020

Não existe doença do cérebro?

https://www.youtube.com/watch?v=2Nwd7rdrfiI&t=1s

Cultura, loucura e saúde mental https://www.youtube.com/watch?v=F0WuT... #NavegaUFRJ Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ Vamos discutir como diversos projetos de arte e cultura, surgidos a partir do processo da reforma psiquiátrica, vem se constituindo como “possibilidades de invenção de novos modos de vida que produzem cidadania, circulação social e ampliação do conhecimento e da liberdade, para os sujeitos em sofrimento mental, profissionais e familiares envolvidos nos processos inovadores”, como é defendido pelo psicólogo e pesquisador da Fiocruz, Eduardo Torre, um de nossos convidados. ⠀ Com mediação de Míriam Starosky (FCC), o debate também vai contar com o médico e pesquisador da Fiocruz, Paulo Amarante e a psicóloga Ariadne Mendes, fundadora do Loucura Suburbana, bloco carnavalesco que reúne usuários e profissionais da rede municipal de saúde mental do Rio de Janeiro.

sábado, 6 de junho de 2020

Psicólogo da Fiocruz sobre modelo biomédico na saúde mental


TV MIB Comenta
https://www.youtube.com/watch?v=dTUp2Si8mAM

A TV MIB entrou em uma nova fase. Às sextas, estaremos realizando comentários sobre alguma publicação do site Mad in Brasil. Essa semana escolhemos a entrevista de Ana Florence ao relator da ONU, Dainius Pūras. Está imperdível!

Não se esqueça de inscrever-se no nosso canal e compartilhar com os amigos! Sua divulgação é essencial para a manutenção do nosso projeto.

sexta-feira, 5 de junho de 2020

Prevenção de psicose com remédios é prejudicial

A prevenção de psicose com neurolépticos/antipsicóticos é análoga a retirar os seios antes de ter câncer por ter feito testes genéticos já que o tratamento com neurolépticos encolhe o cérebro e aumenta a probabilidade de invalidez.

Se está se discutindo bastante que o tratamento com neurolépticos faz mais mal do que bem a pessoas diagnosticadas, a prevenção de psicose com remédios é simplesmente a extensão do raciocínio para pessoas que demonstram problemas leves de ajustamento e portanto o custo-benefício é pior ainda. 

Quem afirma que neurolépticos são neuroprotetores provavelmente nunca leu nada que não fosse propaganda de remédios ou pesquisas financiadas pela indústria farmacêutica. Ou talvez nem leia artigos científicos em geral.

No livro São e Salvo o autor afirma que a prevenção justifica qualquer coisa.

Há uma vontade muito grande de introduzir clientes no tratamento psiquiátrico e uma resistência muito grande a parar o tratamento psiquiátrico. A sociedade acredita ingenuamente que isso acontece de forma inocente. O sanitarista Carlos Gentile de Melo já demonstrava que quando há ganho para fazer um diagnóstico específico, a quantidade desse diagnóstico aumenta bastante.

Aquilo que favorece a indústria ganha muita visibilidade e apoio, apesar da fundamentação científica fraca e ruim. Aquilo que está correto cientificamente mas não favorece a indústria muitas vezes tem dificuldade em obter influência social. Por esse tipo de coisa que já não me esforço muito com o blogue pois o trabalho necessário é desproporcional: o profissional ruim obtém muito ganho por um trabalho medíocre enquanto que o trabalho em psiquiatria crítica e alternativa é muitas vezes desacreditado. De qualquer forma, não cabe a mim fazer esse trabalho.

Ler mais:
Crítica a hipótese de neuroproteção dos neurolépticos
https://crisedapsiquiatria.blogspot.com/2020/03/critica-hipotese-de-neuroprotecao-dos.html