O conceito e prática ou comportamento de tutelar pessoas em tratamento de saúde mental definido como um gerenciamento externo parte do conceito segundo o qual esse grupo de pessoas é organicamente impossibilitado de aprendizagem operante, a qual é a aprendizagem efetiva, e portanto não tem capacidade de autonomia e independência. A análise experimental do comportamento e sua prática de ensino-aprendizagem correspondente não prevê que o uso de categorias (diagnósticas) como explicação justifique a atribuição de impossibilidade orgânica de aprendizagem operante, autonomia e independência. De forma geral, a análise experimental do comportamento prevê que a qualidade e efetividade do planejamento de condições de ensino-aprendizagem de desenvolvimento de comportamentos é o principal responsável pelo repertório de comportamentos operantes entendido como insuficiente. O fato de que a pessoa em tratamento de saúde mental não corresponde a certas expectativas, padrões e regras sociais é interpretado pelo modelo de Kraeplin como explicado por disposições ou traços internos de origem genética. Do ponto de vista do processo de ensino-aprendizagem a aprendizagem operante só é efetiva quando o sujeito aprende a emitir comportamento em contato direto com a situação de exigência ambiental sem gerenciamento externo. Em outras palavras, a aprendizagem efetiva ocorre quando repertório operante em termos de classes de comportamento operante é empregado para obtenção de sucesso na satisfação ou mudança de contingências de reforçamento. O organicismo prevê que tais fatos contingentes e circunstanciais são irrelevantes como determinantes dos comportamentos apresentados ou ausentes. Portanto, o gerenciamento externo e monitoramento contínuo de pessoas em tratamento de saúde mental proposto pela prática tradicional de psiquiatria biológica e pensamento manicomial correspondente é uma consequência dessa predição de que as disposições internas do organismo e intervenções biológicas correspondentes são prioridade absoluta para explicação de problemas de comportamento ou comportamentos bem-sucedidos.
Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsias entre psiquiatras conservadores e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
quarta-feira, 20 de agosto de 2025
O conceito de tutela e a aprendizagem
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
O sucesso psiquiátrico por coerção
A partir dos conceitos de análise experimental do comportamento, o fato de o tratamento psiquiátrico tradicional e manicomial utilizar coerção como meio de obtenção do que entende como sucesso terapêutico implica que processos de aprendizagem operante são desconsiderados e desrespeitados para de forma substitutiva criar através da conformidade uma negação de consequências das maneiras de impor os tratamentos biológicos e negação das consequências do tratamento biológico e social. Do ponto de vista do fenômeno do comportamento operante é uma falsa imagem de sucesso. O uso em larga escala de internação psiquiátrica e em estabelecimentos de características análogas segue o mesmo padrão.
segunda-feira, 30 de junho de 2025
Série: Saúde mental e equilíbrio de Nash
Estabilidade de saúde mental e equilíbrio de Nash nas teorias dos jogos
ChatGPT
https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/estabilidade-de-saude-mental-e-equilibrio
Estabilidade Comportamental e Tratamento Psiquiátrico Contínuo: Uma Leitura Analógica com o Equilíbrio de Nash
ChatGPT
https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/estabilidade-comportamental-e-tratamento
Análise do comportamento habitual em tratamento psiquiátrico contínuo como equilíbrio de Nash e os efeitos do desmame
ChatGPT
https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/analise-do-comportamento-habitual
quarta-feira, 12 de março de 2025
Estruturalismo, funcionalismo e tratamentos biológicos
Tratamentos biológicos em saúde mental são uma forma de "forçar" as funções dos comportamentos operantes ou repertório de comportamentos que as pessoas pensam que deveriam ocorrer (regras normativas) de forma estruturalista (funções fixas e iguais para todos). O estruturalismo e as regras normativas estão em contradição com o funcionalismo, o externalismo e a análise funcional sistemática e implica em uma leitura de teoria da degeneração (ou doença mental) para circunstâncias e funções de comportamentos operantes onde as expectativas do estruturalismo se mostram insuficientes. A coerção no cotidiano, equivalente a forçar, é uma forma complementar dos tratamentos biológicos que inclusive também a utilizam para estabelecimento de "adesão ao tratamento".
sexta-feira, 7 de março de 2025
O conformismo e a necessidade de alternativas
Um dos estágios do conformismo é defender que o comum e habitual está correto pela facilidade ou pela implicação de ausência de conhecimento e habilidades. Em um segundo estágio há o contato com demonstrações de que há opções superiores ao comum e habitual e nessa ocasião ocorre a defesa do erro por ser comum e habitual. O conformismo transmite a imagem de que não há responsabilidade na defesa do comum e habitual e que destoar implica em maior responsabilidade. Possivelmente por esses motivos há o medo de destoar do comum e habitual.
quarta-feira, 11 de dezembro de 2024
Discriminação de efeitos de injeções depot
Comprimidos tem grau de discriminabilidade de efeitos maior já que a percepção de introdução e de efeito ocorre rapidamente e diariamente. Injeções de depósito, principalmente as mais prolongadas, tem grau de discriminabilidade menor de efeitos já que as variações da curva de dosagem ao longo de 1 mês, 3 meses e 6 meses são mais facilmente confundidas como cognições sobre efeitos de condições de vida. Isso tem implicações para adesão de tratamento farmacológico que estão além da praticidade de administração.
Para aumentar a discriminação dos efeitos das injeções de depósito é possível mensurar o nível basal de variabilidade da frequência cardíaca todo dia pela manhã após acordar, ir no banheiro e esperar alguns minutos para passar o efeito de exercício de ter ido ao banheiro. O aplicativo HRV4Training tem um preço acessível e utiliza a câmera do celular e o dedo como sensor. O aplicativo tem uma seção de análise de gráficos e tags. Sabendo o valor basal de VFC/HRV no início do dia a discriminação dos efeitos das injeções de depósito é facilitada.
sábado, 16 de novembro de 2024
Os filtros nos sistemas privado e público de saúde mental
Os sistemas privado e público de saúde mental tem filtros diferentes de pacientes/usuários os quais são capazes de acolher. O sistema privado tem o filtro de capacidade ou desejo de pagamento. Segundo o pensamento do sistema público de saúde o critério de capacidade de pagamento é uma restrição da cidadania (acesso a direitos sociais) e do acesso a tratamentos de saúde (direito à saúde). Sob o ponto de vista do capitalismo ou mercado livre, a condição de capacidade ou desejo de pagamento é uma forma de acesso sem quaisquer tipo de distinções e discriminações além da econômica. Apesar disso, o sistema público também tem filtros. Os centros de atenção psicossocial adotam a prática de exigência de adesão ao tratamento farmacológico, obediência e cordialidade com os funcionários públicos, desejo de acessar um serviço de público popular, sem os quais os funcionários públicos de saúde mental concluem sobre a impossibilidade de tratamento e decidem pela alta administrativa. A capacidade ou desejo de pagamento também tem seus problemas pois os médicos respondem às necessidades de famílias que nem sempre são saudáveis para dizer em linguagem de eufemismo.
sábado, 7 de janeiro de 2023
"Irresponsável"
"Assim como os sacerdotes medievais proibiam que os não-clericais curassem, também os clínicos modernos (os médicos) proíbem que os não-clínicos (psicólogos, assistentes sociais) pratiquem independentemente a psicoterapia. 22 Como antes, os psicoterapeutas médicos usualmente não dizem que os terapeutas não-médicos sejam incompetentes; ao contrário, afirmam que é "irresponsável" e, portanto, inadequado, que qualquer pessoa que não seja médica trate "pacientes doentes".*
Fabricação da loucura - Thomas Szasz (p. 119)
sexta-feira, 2 de abril de 2021
Estabilidade de dose: grande avanço terapêutico?
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021
Loucos desaparecidos - Análise do discurso
Rapper de São José, Leonardo Irian é encontrado após cinco dias desaparecido
Trechos:
Sofre de esquizofrenia
(linguagem passiva)
está bem de saúde, em casa e medicado
(É preciso medicar para evitar a progressão da doença. Deve estar com a família sem autonomia. Só pode estar bem seguindo o tratamento psiquiátrico.)
Ele teria se perdido na volta.
(Ele se perdeu por estar desorientado)
Análise: A linguagem da matéria toda é na linguagem passiva, com o paciente psiquiátrico sofrendo de algo passivamente, sem capacidade de decisão e sem agência. Outras pessoas fazem algo ativamente mas o paciente não. Ele precisa que algo seja feito a ele. Ele é basicamente um objeto em deterioração e desorientado.
Paciente com esquizofrenia desaparece após fugir de hospital na Serra
Trechos:
Fugiu e desapareceu.
já que, em função do transtorno psiquiátrico, caracterizado principalmente por alucinações visuais e auditivas, Marcos tornou-se muito agressivo. Por isso, ele pode representar um risco não só para si próprio como também para outras pessoas.
Ela mostrou que ele era incapaz. Ou seja, todos ali corriam perigo. Eu falei pra médica que eles foram irresponsáveis porque todos estavam correndo perigo, porque ele é capaz de matar. Isso é um perigo para a população
Eu tenho medo de ficar com ele. Ele vive em uma casa gradeada e, quando ele está bem, com a medicação, a gente solta ele, então ele circula pelo quintal, dentro da casa dele, faz o que ele quer
Análise: família com linguagem completamente manicomial (“incapaz e perigoso”) e a família é tão manicomial que até faz cárcere privado. A única razão para agressividade é a entidade patológica e a única razão para ele ficar bem e ter um pouco de liberdade é a medicação. Quem não segue tratamento é um grande risco para si e para os outros.
Linguagem na voz ativa mas agressivo. Não tem condições de ser autônomo por ser incapaz e perigoso (linguagem manicomial). Afirmar a própria autonomia é uma afronta agressiva. É possuído passivamente por uma entidade patológica que desorienta. A família lida com a entidade patológica e não com a pessoa por inteiro enquanto humana (desumanização). Com essa linguagem a família parece estar invalidando as necessidades do paciente enquanto ser humano pois não respeita os direitos humanos do paciente como mostra a linguagem manicomial e o cárcere privado.
Mulher está desaparecida em Marcelino Ramos
Trechos:
Senhora com esquizofrenia (A senhora tem uma entidade patológica externa a ela que a possui).
já saiu outras vezes, devido sua doenças (A moradora de residência terapêutica só usufrui da própria autonomia sem avisar outras pessoas por conta de uma entidade patológica).
Fugiu (Então devia estar muito bom na residência terapêutica mas como ela tem uma entidade patológica externa a ela não conseguiu perceber isso. A linguagem desresponsabiliza os responsáveis pela qualidade de vida na residência terapêutica.)
Marcos Alexandre Cruz, de 38 anos, saiu de casa no sábado (9) e não voltou mais; segundo a família, homem tem esquizofrenia
Trechos:
Ainda segundo Leila, essa não é a primeira vez que Marcos sai de casa. Em outros episódios ele chegou a ir para as cidades de Valinhos e Porto Feliz. No entanto, diferente desta vez, Marcos sempre retornava para a casa no mesmo dia.
Ainda de acordo com ela, os desaparecimentos acontecem em virtude da esquizofrenia. "Ele tem que tomar remédio, mas nega o tratamento. Foi diagnosticado ainda na adolescência. Ele está há 4 meses sem tomar a injeção", disse.
Análise: Sem seguir o tratamento psiquiátrico não é seguro sair de casa e ter autonomia.
Jovem com esquizofrenia que estava desaparecido é encontrado em Alumínio
Trechos:
"Ele estava muito confuso e só soube responder falando da clínica aonde ele estava em tratamento. Foi o que morador fez, pesquisou nas redes sociais e encontrou o telefone da clínica, eles já estavam ciente do desaparecimento dele", explicou.
O rapaz foi resgatado pelos funcionários da clínica e, segundo a irmã, vai retomar o tratamento.
Análise: A única razão pela qual ele fugiu da clinica (a palavra fugiu nem é usada) é porque ele estava confuso. A qualidade da clínica não tem relação nenhuma com os pacientes fugirem. A internação também foi apenas devido a confusão e a família não tem relação nenhuma com isso.
Os heróis da clínica resgataram o rapaz e ele voltou a fazer tratamento involuntário/forçado. O que é irregular segundo a Convenção da ONU de pessoas com deficiência.
Jovem com esquizofrenia é encontrada após desaparecer por oito dias
Trechos:
Ela teria fugido de casa após sofrer um surto.
Em casa, Érica deixou uma carta para a família, dizendo que estava indo para o interior, à procura de emprego, e que voltaria quando estivesse estabilizada.
Análise: A única razão pela qual ela fugiu de casa foi a entidade patológica. A entidade patológica mesmo que seja duvidosa na pesquisa psiquiátrica possui realidade social. Aparentemente tentar ser independente é sinal de surto psicótico para a família (paciente psiquiátrica desacreditada socialmente).
Família procura por mulher com esquizofrenia que desapareceu em Belo Horizonte
Trechos:
Estudante, Mariana é portadora de esquizofrenia e recebe tratamento psiquiátrico no Hospital Espírita André Luiz na região Oeste de Belo Horizonte, como conta a tia dela, Vânia de Freitas Drumond. “Ela ficou internada por dois meses no André Luiz e recebeu alta uma semana antes de desaparecer, no dia 17. No dia em que ela desapareceu, ela estava falando coisas desconexas com o pai e com a mãe. Saiu e não voltou mais, era o dia do atendimento com o psiquiatra”. À data em que desapareceu, Mariana chegou a dizer à família que iria até a polícia e saiu sem levar quaisquer documentos e até mesmo o celular.
Análise: Por ter falado que ia na polícia e ter sido internada provavelmente estava ruim a situação com a família. Mencionar coisas desconexas é relativo à interpretação da família. Alguém que sabe escutar consegue encontrar algum significado contextual. Provavelmente estava insatisfeita com o tratamento psiquiátrico involuntário – o que é irregular segundo a Convenção da ONU sobre pessoas com deficiência.
Família procura por idosa desaparecida há 12 dias em Sorocaba
Trecho:
Sem os remédios, se comporta de forma agressiva.
Análise: A única razão possível para ela ficar agressiva é a falta de remédios, isto é, o desequilíbrio químico. Desequilíbrio químico é uma hipótese que nunca foi provada.
Conclusão geral
Poucas reportagens se referem à perspectiva do paciente e todas enfatizam o discurso médico e da família. Portanto, isso indica o silenciamento da perspectiva do paciente psiquiátrico. Conclui-se que seria necessário fazer reportagens com foco em discurso psicossocial e que o discurso psiquiátrico empregado torna uma questão sensível e potencialmente constrangedora num assunto aparentemente impessoal: a condição médica da pessoa. É tanto possível ter um repertório inapropriado generalizado quanto melhorar de saúde mental em um contexto menos complicado. Mas as reportagens assumem que os comportamentos inapropriados nomeados como a entidade esquizofrenia tem origem dentro da pessoa (internalismo). Isso é modelo médico em saúde mental. Jornalistas comprometidos com a reforma psiquiátrica enfatizariam o lado humano e contextual/cultural.
quinta-feira, 30 de julho de 2020
Adesão ao tratamento psiquiátrico (ABPMC)
É possível entender a não adesão ao tratamento psiquiátrico como sinal de uma intuição da pessoa de que o tratamento psiquiátrico não está sendo benéfico e que as pesquisas da psiquiatria crítica confirmam.
É preciso levar em conta que as drogas psiquiátricas causam abstinência e que o discurso da psiquiatria crítica é que a interrupção das drogas não exacerba o transtorno subjacente mas os sintomas de abstinência.
terça-feira, 11 de junho de 2019
Adesão ao tratamento
sábado, 2 de fevereiro de 2019
Palestra Gestão Autônoma da Medicação
"Eu sou uma pessoa não uma doença" - O Guia da Gestão Autônoma da Medicação (GAM)
https://www.youtube.com/watch?v=BXyYa72AW9s
sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019
Gestão autônoma medicação
Guia GAM: Pacientes discutem o uso de medicamentos a eles receitados
https://www.youtube.com/watch?v=t5GTKOs78gc
quinta-feira, 31 de agosto de 2017
Falta de insight (atualizado)
Crenças causais de pessoas diagnosticadas 'esquizofrênicas'
Num estudo internacional 297 de 306 'esquizofrênicos típicos' (97%) não acreditava que tinham uma doença.
Descartado como 'falta de insight', um 'sintoma' da doença 'esquizofrenia'
(Murray e Dean 2008: 285)
Agora chamado de 'Anosognosia':
"Anosognosia, ou falta de consciência da doença, tem uma base anatômica e é causada por dano no cérebro pelo processo da doença"
http://www.treatmentadvocacycenter.org/key-issues/anosognosia
(sem crítica da doença psiquiátrica)