Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/
Mostrando postagens com marcador ritalina. Mostrar todas as postagens
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sábado, 11 de janeiro de 2020

Ritalina para TDAH (cochrane)

Conclusão dos autores: 
Os resultados das metanálises sugerem que o metilfenidato pode melhorar os sintomas do TDAH e o comportamento avaliados pelos professores e a qualidade de vida avaliada pelos pais de crianças e adolescentes com a doença. Porém, a baixa qualidade das evidências encontradas significa que não se pode ter certeza sobre a magnitude dos efeitos. Dentro do período de acompanhamento curto dos estudos incluídos na revisão, há alguma evidência de que o uso do metilfenidato se associa com aumento do risco de eventos adversos não graves, como problemas do sono e diminuição do apetite, mas não há evidências de que aumente eventos adversos graves.
Estudos mais bem desenhados são necessários para se avaliar os benefícios do metilfenidato. Dada a frequência de eventos adversos não graves associados com a droga, a dificuldade de cegar os participantes e avaliadores aponta para a vantagem de se realizar estudos controlados grandes com um "comprimido nocebo", ou seja, uma substância semelhante ao placebo que cause eventos adversos no grupo controle semelhantes aos que ocorrem com os participantes que usam a droga real. Entretanto, por razões éticas, esses estudos deveriam primeiro ser conduzidos com adultos, que podem fornecer o consentimento informado.
Estudos futuros deveriam publicar os dados individualizados sem identificação para todos os desfechos, incluindo eventos adversos. Isso permitirá que os autores de revisões sistemáticas possam avaliar as diferenças entre os efeitos das intervenções conforme o sexo, idade, comorbidades, tipo de TDAH e dosagem. Finalmente, os resultados desta revisão sistemática apontam para a necessidade urgente de se realizarem ensaios clínicos randomizados grandes sobre tratamentos não farmacológicos para o TDAH.

quinta-feira, 2 de agosto de 2018

glaucoma (cegueira) e drogas para atenção

https://mauriciodesouzalima.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/o-glaucoma-pode-surgir-na-adolescencia-por-causa-de-remedios-para-a-atencao/
O glaucoma pode surgir na adolescência por causa de remédios para a atenção... - Veja mais em https://mauriciodesouzalima.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/o-glaucoma-pode-surgir-na-adolescencia-por-causa-de-remedios-para-a-atencao/?cmpid=copiaecola
O glaucoma pode surgir na adolescência por causa de remédios para a atençã... - Veja mais em https://mauriciodesouzalima.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/o-glaucoma-pode-surgir-na-adolescencia-por-causa-de-remedios-para-a-atencao/?cmpid=copiaecola
O glaucoma pode surgir na adolescência por causa de remédios para a atençã... - Veja mais em https://mauriciodesouzalima.blogosfera.uol.com.br/2018/08/01/o-glaucoma-pode-surgir-na-adolescencia-por-causa-de-remedios-para-a-atencao/?cmpid=copiaecola

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Using ADHD drugs to control 'non-compliant' pupils is 'inhumane',

Usar drogas para TDAH para controlar estudantes 'desobedientes' é 'desumano', segundo especialistas. O uso de drogas como Ritalina para controlar essas crianças é “politicamente totalitário e fisiologicamente desumano”, um reminiscente da Rússia de Stalin, declararam importantes psicólogos educacionais.
 
https://www.tes.com/news/school-news/breaking-news/using-adhd-drugs-control-non-compliant-pupils-inhumane-say-experts

Teachers should monitor the use of medication like Ritalin as part of their safeguarding duties, says British Psychological Society
The use of ADHD drugs like Ritalin to control "non-compliant" pupils is “politically totalitarian, physiologically inhumane” and reminiscent of Stalin’s Russia, leading educational psychologists have said.
They add that such treatment should be considered the safeguarding responsibility of all professionals involved in the affected child’s care – including teachers.

segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Ritalina Gazeta do Povo

http://www.gazetadopovo.com.br/saude/ritalina-e-usada-em-criancas-por-reacoes-adversas-e-nao-pelos-efeitos-terapeuticos-1u420hsfmgz4h38lrhtdpwfwi

“Ritalina é usada em crianças por reações adversas e não pelos efeitos terapêuticos”

Em entrevista à Gazeta do Povo, Maria Aparecida Affonso Moysés, do Departamento de Pediatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp, diz que o TDAH não é comprovado

terça-feira, 11 de abril de 2017

A Ritalina não deu certo

http://www.comportese.com/2012/04/a-ritalina-nao-deu-certo


A Ritalina não deu certo


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O artigo que se segue é uma tradução do artigo Ritalin Gone Wrong [1], publicado no jornal The New York Times em 28 de janeiro de 2012. Ela foi realizada e gentilmente concedida ao Comporte-se pelo Prof. Dr. Roosevelt Starling [2]. Escrito por Alan Sroufe, professor emérito de Psicologia no Instituto de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Minnessota – USA, o texto trata do uso de fármacos como Ritalina e Aderall para o tratamento de problemas de atenção  e concentração em crianças. Apresenta e discute resultados de estudos em larga escala em que se verificou a efetividade destes medicamentos e traz a opinião do pesquisador sobre o assunto.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Baixa evidência Ritalina TDAH


A Cochrane lançou uma revisão sistemática concluindo que o metilfenidato (RITALINA, CONCERTA) possui baixo nível de evidência para tratamento da suposta síndrome TDAH

A revisão sistemática intitulada "Methylphenidate for children and adolescents with attention deficit hyperactivity disorder (ADHD)" concluiu que não há certeza de que o metilfenitado tenha benefícios no tratamento da suposta "TDAH" , além de estar associado ao aumento do risco de eventos adversos, tais como problemas de sono e diminuição do apetite. O estudo pode ser lido através do link: http://bit.ly/1Rx4uX8

A Cochrane é uma instituição que reúne diversos pesquisadores no mundo para realizar revisões sistemáticas com o objetivo de disponibilizar a melhor evidência possível sobre determinado assunto. Os profissionais de saúde utilizam essa base de dados como apoio a tomadas de decisões.

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

CUIDADO COM A RITALINA

http://www.compartilhandosaberes.com.br/ministerio-da-saude-adverte-muito-cuidado-com-a-ritalina/

MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: MUITO CUIDADO COM A RITALINA!

No dia 1º de outubro de 2015 o Ministério da Saúde publicou um documento denominado “Recomendações do Ministério da Saúde para adoção de práticas não medicalizantes e para publicação de protocolos municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato para prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes”.
Neste documento são apresentadas análises detalhadas e bem fundamentadas sobre a fragilidade do diagnóstico de TDAH, a inconsistência metodológica da maior parte dos estudos realizados que recomendam o uso do metilfenidato (sem contar o fato de que muitos destes estudos foram financiados por indústrias farmacêuticas que fabricam o medicamento), os indícios que apontam para a veiculação de índices superestimados de prevalência do suposto transtorno, os questionamentos acerca da eficácia e segurança do tratamento que apresenta alto potencial de abuso e dependência além de reações adversas e graves efeitos colaterais, o aumento crescente do consumo (o Brasil já é o segundo país onde mais se consome o metilfenidato!) e destaca ainda a existência de denúncias de abuso do medicamento em creches, escolas e centros de assistência social.
Em defesa do rompimento com o processo de medicalização que transforma problemas produzidos socialmente em questões médicas, responsabilidade dos indivíduos e suas famílias, o documento afirma a necessidade do uso racional e cauteloso e afirma categoricamente que “do ponto de vista clínico é muito complexa a diferenciação dos casos de TDAH, da maioria das dificuldades de escolarização decorrentes de modelos pedagógicos inadequados ao contexto atual das crianças, das dificuldades familiares, cada vez mais complexas e do contexto sócio-cultural altamente competitivo, estigmatizante e excludente”.
Ao final recomendam “a publicação de protocolos municipais e estaduais de dispensação de metilfenidato, seguindo recomendações nacionais e internacionais para prevenir a excessiva medicalização de crianças e adolescentes”
Com certeza, este documento representa um grande avanço e pode ser utilizado como um instrumento importante para fomentarmos um amplo processo de discussão sobre a medicalização em todos os municípios brasileiros.
Vamos defender nossas crianças e jovens!
Para ler o documento na íntegra clique aqui
Recomenda—-es-para-Prevenir-excessiva-Medicaliza—-o-de-Crian–a-e-Adolescentes

quinta-feira, 28 de julho de 2016

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Como a Guerra Fria deu origem à ritalina, a droga da 'concentração infantil'

http://www.bbc.com/portuguese/geral-36497492?ocid=wsportuguese.chat-apps.in-app-msg.whatsapp.trial.link1_.auin

Durante a década de 1960, era comum, nos Estados Unidos, que crianças hiperativas recebessem um medicamentopara ajudá-las a se concentrar nas aulas.
A chamada "pílula da matemática", a ritalina, continua sendo um dos tratamentos mais usados em vários países para tratar o transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Seu principal componente, o metilfenidato, da família das anfetaminas, tem a propriedade de estimular a concentração e reduzir a impulsividade.
Essas qualidades eram consideradas necessárias dentro da transformação, durante a década de 1960, do sistema escolar dos EUA, que queria competir com a União Soviética no contexto da Guerra Fria, de acordo com o historiador Matthew Smith, da Universidade de Strathclyde (Escócia) e autor do livro Hyperactive: The Controversial History of ADHD ("Hiperativos: a controversa história do TDAH", em tradução livre).

Image copyright Science Photo Library
Image caption Atualmente, Ritalina é usada em diversos países para tratar o transtorno de hiperatividade e outras condições
"Havia uma corrida científica e espacial com a União Soviética, e por isso o novo sistema educativo exigia que as crianças permanecessem sentadas em suas carteiras fazendo tarefas", disse.
Quando a droga foi sintetizada, em 1944, pelo químico italiano Leandro Panizzon, não estava previsto que crianças pudessem tomá-la.
Então como ela acabou virando a solução predileta dos pais e psiquiatras para os pequenos hiperativos?

Fármacos no pós-guerra

Existe uma lenda de que Panizzon batizou o medicamento de "ritalina" em homenagem a sua mulher, Margarida, que chamava pelo apelido carinhoso de Rita.
"Ela tomava o comprimido antes de jogar tênis. Aparentemente, sofria de pressão baixa e isso lhe dava um empurrão na partida", destacou Smith.
O laboratório onde ele trabalhava, Ciba, começou a comercializar o fármaco para adultos com a mensagem de que era mais forte que uma xícara de café, mas não tão intenso, nem com os efeitos secundários de outras anfetaminas mais potentes.

Na época de seu surgimento, o mercado de medicamentos passava por várias mudanças e avanços.
No pós-guerra, começaram a ser tratadas doenças como tuberculose, e teve início a vacinação contra a pólio.
"As pessoas começaram a recorrer a fármacos como solução para tudo", disse Smith, acrescentando que drogas psiquiátricas também geraram otimismo e que isso se manteve por mais duas décadas até a descoberta de efeitos secundários e de seu potencial viciante.

Fórmula para crianças

Em uma pesquisa de 1937, o psiquiatra Charles Bradley fez uma descoberta: depois de administrar anfetaminas a um grupo de crianças para tratar dores de cabeça, ele notou que elas tinham o surpreendente efeito de estimular sua concentração.

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Image caption A chamada "pílula da matemática" continua sendo um dos tratamentos mais usados nos EUA e outros países para regular o TDAH
Sua descoberta foi investigada duas décadas depois, quando o psicólogo clínico Keith Conners, em 1964, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore (EUA), fez o primeiro ensaio clínico aleatório com ritalina em crianças com "transtornos emocionais".
O jovem pesquisador estava intrigado com a possibilidade do tratamento com drogas, porque os baseados em terapia não pareciam dar resultado.
O estudo mediu concentração, níveis de ansiedade e impulsividade.
A resposta das crianças foi imediatamente positiva.

"Estavam emocionadas de tomar um remédio que ajudava com suas tarefas. Sentiam que já não eram crianças problemáticas ou más", disse Conners à BBC.
Depois que Conners e seus colegas publicaram os resultados, a ritalina começou a ser usada com mais frequência para tratar hiperatividade em crianças americanas.
Segundo o historiador Matthew Smith, os professores começaram a indicar crianças com problemas de conduta a psiquiatras, que quase sempre diagnosticavam transtorno de hiperatividade.
"O sistema escolar pressionava as crianças a se sentarem quietas nas carteiras e se concentrarem", disse Smith.

Consumo 'excessivo'

Apesar de haver ajudado a popularizar o medicamento na sociedade americana, Conners acredita que hoje ele é usado em excesso.

Image copyright Getty Images
Image caption Para psicólogo Keith Conners, há excesso no diagnóstico de TDAH
"Quando começamos, não conseguíamos convencer as pessoas de que havia crianças com TDAH. Agora parece que elas são encontradas até embaixo das pedras", disse ele à BBC.
O psicólogo considera que este transtorno está sendo diagnosticado de forma excessiva e que outros fatores são ignorados.
"Um número significativo de crianças em idade escolar é dignosticado com TDAH quando, na realidade, pode ser que sejam muito jovens para a série em que estão. Ou podem ter outras desordens parecidas com o TDAH", disse.
No Brasil, a discussão sobre consumo excessivo da droga entre crianças também ocorre.
Um boletim divulgado no ano passado pelo Ministério da Saúde diz que, segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos, o Brasil era, em 2010, o segundo maior consumidor de ritalina do mundo.
O ministério recomendou que os Estados aumentassem o controle sobre prescrição e distribuição da droga para evitar a "medicação excessiva" de crianças.
O documento diz que há estimativas discordantes sobre a ocorrência de TDAH em crianças e adolescentes no Brasil, que variam de 0,9% a 26,8%.

domingo, 3 de janeiro de 2016

ADHD Meds May Raise Risk for Psychotic Side Effects in Some Kids: Study

http://healthfinder.gov/News/Article.aspx?id=706533

Drogas estimulantes usadas no "tratamento" de TDAH podem aumentar o risco de surtos psicóticos.
Quase 2/3 das crianças e adolescentes "tratados" apresentaram reações adversas psicóticas, como alucinações, delírios, ouvir vozes.

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Consumo de Ritalina no Brasil cresce 775% em dez anos

Consumo de Ritalina no Brasil cresce 775% em dez anos

Droga é usada no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade.

Consumo de Ritalina no Brasil cresce 775% em dez anos  Emílio Pedroso/Agencia RBS
Na última década, a importação e a produção do medicamento também cresceram 373% no PaísFoto: Emílio Pedroso / Agencia RBS
Em dez anos, a importação e a produção de metilfenidato - mais conhecido como Ritalina, um de seus nomes comerciais - cresceram 373% no País. A maior disponibilidade do medicamento no mercado nacional impulsionou um aumento de 775% no consumo da droga, usada no tratamento do transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Os dados são de pesquisa do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

remédio é usado sobretudo em crianças e adolescentes, os mais afetados pelo transtorno. Para especialistas, a alta no uso do medicamento reflete maior conhecimento da doença e aumento de diagnósticos, mas também levanta o alerta de uso indevido da substância, até por pessoas saudáveis que buscam aumentar o rendimento em atividades intelectuais.

Em sua tese de doutorado pela UERJ, defendida em maio, a psicóloga Denise Barros compilou os dados dos relatórios anuais sobre substâncias psicotrópicas da Junta Internacional de Controle de Narcóticos, órgão vinculado às Nações Unidas. De acordo com o levantamento, o volume de metilfenidato importado pelo Brasil ou produzido em território nacional passou de 122 kg em 2003 para 578 kg em 2012, alta de 373%. A pesquisadora cruzou os dados da produção e importação e do estoque acumulado em cada ano, dado também disponível nos relatórios, para chegar aos prováveis índices anuais de consumo. De acordo com o levantamento, foram 94 kg consumidos em 2003 contra 875 kg em 2012, crescimento de 775%.

Dados mais recentes obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) confirmam a tendência de alta. Segundo o órgão, o número de caixas de metilfenidato vendidas no Brasil passou de 2,1 milhões em 2010 para 2,6 milhões em 2013.

— Houve um aumento da divulgação da doença e do número de pessoas que passaram a ter acesso ao tratamento, mas há outro fator importante, que é uma maior exigência social de administrar a atenção — afirma a especialista

Ela lembra ainda que há casos de adultos sem o transtorno que tomam o metilfenidato para melhorar a concentração e o foco nos estudos.

—Isso é comum entre concurseiros, vestibulandos, estudantes de Medicina. Pouco se fala sobre isso no Brasil, mas nos Estados Unidos e em algumas partes da Europa, esse uso inadequado já é tratado como um problema de saúde pública — declara.

Diagnóstico

Para o psiquiatra infantil Rossano Cabral Lima, professor da UERJ, a alta no consumo é motivo de alerta porque o diagnóstico de TDAH nem sempre é acompanhado de uma investigação aprofundada das possíveis causas do comportamento incomum da criança.

— Apesar de a medicação ser importante em alguns casos, o diagnóstico rápido de TDAH e o tratamento medicamentoso parecem ter se tornado a solução mais rápida e fácil de vários problemas, sem que a origem deles seja analisada a fundo. Não se questiona se a inquietude da criança pode estar relacionada a alguma questão da escola, se é uma resposta a algo que ela não está sabendo lidar — diz o especialista.

Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), Antônio Geraldo da Silva, afirma que, apesar da alta no consumo, ainda há milhares de brasileiros com TDAH sem tratamento.

— Com o crescimento do acesso à medicação, estamos talvez começando a adequar a proporção de pessoas com o transtorno e pacientes tratados. Mas hoje, infelizmente, ainda temos subtratamento de TDAH — declarou o presidente da ABP

O especialista cita também um estudo publicado em 2012 na Revista Brasileira de Psiquiatria que apontou que apenas 19% dos brasileiros com TDAH fazem o tratamento com medicação.

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

PRESIDENTE ABRASME FALA DA PORTARIA DA SMS-SP SOBRE RITALINA

Recentemente, a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS/SP) publicou portaria regulamentando o uso do medicamento metilfenidato no tratamento de crianças e adolescentes diagnosticadas com Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). A doença é caracterizada por sintomas como desatenção, inquietude e impulsividade e, de acordo com dados da Associação Braisleira do Déficit (ABDA), ocorre em 3 a 5% das crianças de diferentes regiões do mundo em que já foi pesquisada.

A utilização de psicofármacos é uma das formas de tratamento mais adotadas atualmente. O uso do medicamento metilfenidato em crianças menores de idade é cada vez mais frequente e os efeitos prejudiciais desse fenômeno vem sendo analisados e denunciados por cientistas de diversas áreas relacionadas à saúde pública.

Para entender melhor a questão, a ENSP TV conversou com o coordenador do Laboratório de Estudos e Pesquisa em Saúde Mental e Atenção Psicossocial da Escola (Laps/ENSP), e presidente da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), Paulo Amarante, que falou sobre algumas características do TDAH, as formas de diagnóstico e a medicalização, além da regulamentação do uso do metilfenidado no tratamento infantil.

Confira a entrevista em vídeo!

domingo, 27 de abril de 2014

Sobre os sentidos sócio-técnicos da interação entre o metilfenidato e o conhecimento neurológico do TDA/H


ANTROPOLOGIA DA CIÊNCIA E DA
TECNOLOGIA

Sobre os sentidos sócio-técnicos da interação entre o metilfenidato e o
conhecimento neurológico do TDA/H

Introdução
O objetivo deste trabalho é oferecer uma análise sobre a crescente ênfase dos estudos
sobre o Transtorno de Déficit de Atenção/Hipercinético (TDA/H) acerca das causas
neurológicas do transtorno relacionada com o crescimento de tratamentos que envolvem
a administração de fármacos. Diante desse contexto, busca-se interpretar como o
conhecimento científico das neurociências e sua relação com a terapia farmacológica
configura um ponto de encontro de relações sóciotecnicas. O fármaco, ou a sua
composição química que opera mudanças físicas no cérebro e inscreve maneiras
específicas de atuar no corpo, é interpretado como um nexo entre a ciência produzida
sobre o cérebro e as empresas farmacêuticas, que investem em pesquisa e na produção
de fármacos para o tratamento do TDA/H.
A neurociência é um dos ramos científicos que vem causando profundos impactos na
psiquiatria brasileira nos anos recentes. Em um levantamento de artigos científicos
publicados no SCIELO sobre o TDA/H, entre os anos de 2007 e 2012, constatamos que
a maioria dos estudos foi produzida por psiquiatras e neurocientistas que investigam as
causas neurológicas do transtorno. Hegemonicamente, tais estudos são financiados por
indústrias farmacêuticas e no horizonte de suas discussões é preponderante o debate
sobre os efeitos fisiológicos da terapia farmacológica com o metilfenidato para o caso
de crianças diagnosticadas pelo transtorno.
Sugere-se que a legitimidade neurocientífica da patologia é dotada de sentido pelos
atores sociais e instituições que estão ladeados na (con)formação das fronteiras
“biológicas” do déficit de atenção. Legitimidade que é interpretada como um fenômeno
social e cultural fundamental para a produção, divulgação e prescrição do metilfenidato.


http://4react.files.wordpress.com/2013/08/rodrigo-saraiva-cheida-e-marko-monteiro-gt-corpo-sac3bade-e-tecnocic3aancia.pdf