Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/
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domingo, 3 de novembro de 2024

Bem-estar corporal e cuidados com químicos

É possível aperfeiçoar a sensação de bem-estar ou prazer corporal com alguns cuidados com elementos químicos em produtos para cuidado pessoal, aditivos alimentares, utensílios de cozinha, etc. Estamos como sociedade banhados em um coquetel tóxico como afirma um livro com esse título. Utilizando alguns métodos como leitura de base teórica, o aplicativo Desrotulando e Ingred em conjunto para descontinuar o uso de elementos químicos agressivos com disruptores endócrinos, imunotoxicidade e alguns casos produtos cancerígenos o efeito possível é que as relações corporais e físicas com o mundo sejam mais satisfatórias à medida que os efeitos sejam acumulados na saúde física. Existem produtos alimentares e de cuidados pessoais que imaginamos serem inofensivos mas que numa avaliação mais cuidadosa se mostram agressivos. Tais efeitos são testáveis e demonstráveis e sua discriminabilidade depende de um acúmulo de efeitos de variáveis somados em um período de tempo necessário para recuperação do corpo.

Esse efeito é mensurável como um aumento na variável RMSSD da variabilidade da frequência cardíaca. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC) é um indicador de saúde física e mental que é sensível por exemplo a alterações de inflamação, equilíbrio hormonal e estresse. 

Obs.: Fazer alegações de efeitos não é confortável. Apesar de envolverem possíveis riscos às finanças pessoais, como os cuidados envolvem redução de riscos à saúde não vejo porque omitir informações.

domingo, 13 de agosto de 2023

Antidepres., ansiedade, depressão e predisp. a compto

Um mecanismo de ação dos antidepressivos que considere a predisposição alterada para se comportar como efeito do psicofármaco, a respeito de seus efeitos na ansiedade e depressão e portanto não trata o mecanismo de neurotransmissão como a natureza total do fenômeno, levaria à possibilidade de que os antidepressivos aumentem a predisposição ao comportamento ativo que é condição favorecedora de aprendizagem. Aprendizagem que consiste em comportamentos de fuga e esquiva para o desamparo aprendido (extinção da fuga) que é modelo de depressão e a aprendizagem de comportamentos de fuga e esquiva para ansiedade que reduziria a ansiedade definida como aversividade condicionada. Um estudo estatístico indicaria um efeito de diferença entre médias de grupo placebo e com o fármaco, mas que não necessariamente seria replicado sempre ou teria um tamanho de efeito até certo ponto, porque nem sempre a predisposição ao comportamento ativo leva às aprendizagens necessárias de comportamentos de fuga e esquiva ou comportamentos de reforço positivo incompatíveis.

Obs: A intenção do texto é mostrar a relevância do comportamento ativo e dos processos comportamentais de aprendizagem e interação com o ambiente. Possíveis imprecisões poderão ser corrigidas no futuro.

quinta-feira, 15 de junho de 2023

Depressão: Fatores de risco e proteção

Fatores de risco e proteção para sintomatologia depressiva e comportamento suicida em população geral

[Epidemiologia]

Giovanna Vallim Jorgetto

João Fernando Marcolan

Jorgetto GV, Marcolan, JF. Risk and protective factors for depressive symptoms and suicidal behavior in the general population. Rev Bras Enferm. 2021;74(Suppl 3):e20201269. https://doi.org/10.1590/0034-7167-2020-1269

No que tange aos fatores de risco para a sintomatologia depressiva, emergiram, nos discursos, problemas em sua maior parte relacionados à dificuldade quanto aos vínculos e relacionamentos na família, agravados pelo uso de álcool e outras drogas e desemprego; tristeza e solidão relativas a questões sobre a ausência física de pessoas significativas e decepção concernente à relação afetiva; perdas reais e antecipatórias, sendo verbalizadas morte de pessoas significativas; retroalimentação dos sintomas depressivos; inabilidade para vivenciar frustrações ao longo da vida; e problemas com a espiritualidade.

No que se refere à solidão, constata-se que os discursos estiveram relacionados à incapacidade de viver só, atrelada a sentimento de culpa, prejuízo na interação social, ter família e não ter contato próximo com familiares, acentuado pela depressão instalada. 

Emergiram dos discursos problemas nas relações familiares quanto ao uso de drogas por familiares próximos, separação e  frustração de expectativas nos relacionamentos afetivos, problemas dos filhos e de relacionamentos com eles e problemas de saúde dos familiares.

No conteúdo das falas abaixo, se destacam as perdas reais e antecipatórias ocasionadas pela morte (morte do filho, morte do marido por câncer, suicídio do pai, morte violenta do irmão, assassinato do ex-marido, medo de perder um ente querido). 

Questões relacionadas ao desemprego ou a dificuldades financeiras ou a ambos emergiram relacionados ao sofrimento psíquico, evidenciando-se preocupação com o sustento da família, contas atrasadas e privação de contato com filhos devido a dificuldades financeiras.

Houve também discursos que revelaram a falta de habilidade para vivenciar frustrações ao longo da vida.

Se as coisas não saem como eu quero, fico muito mal. Aí me deprimo. (E44)

Quando quero as coisas e não consigo. Quando quero ter alguma e também não consigo, me sinto mal. (E49)

O que me deixa depressiva é quando não consigo ter as coisasque quero e resolver meus problemas. (E70)

Quanto à percepção dos participantes sobre os fatores de proteção para a sintomatologia depressiva, emergiram relatos referentes sobretudo à importância dos vínculos e relacionamentos familiares e afetivos saudáveis, contato social e exercício da fé. As falas relacionadas à família e relacionamentos afetivos como fatores de proteção expuseram a necessidade de convívio harmonioso entre os membros da família, filhos presentes no convívio diário, relacionamento prazeroso com o parceiro, estabilidade familiar e conseguir prover sustento da família.

A necessidade de estabelecer contato com outras pessoas é um dos mais fortes e constantes impulsos humanos, atrelados a sentimentos de inclusão, controle e afeição. Essa interação social com outros seres humanos é de extrema importância para a pessoa se desenvolver e sobreviver de forma psiquicamente saudável, uma vez que gera nela o sentimento de pertencimento(1,3). 

No que tange à relação entre a rejeição e depressão, o sentimento de  rejeição ou o medo de ser rejeitado é uma das experiências mais fortes  e dolorosas que as pessoas enfrentam durante sua vida e tem o poder de comprometer a qualidade de vida(1,9).

Ressaltamos também que, pelas escalas, tivemos um terço dos participantes acima de 61 anos com sintomas depressivos, e mais da metade deles referiu doenças pré-existentes, tais como diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica e cardiopatia, experiências traumáticas repetitivas, estados de estresse crônicos (emocionais ou físicos ou ambos), perdas emocionais, perdas materiais, rejeição emocional, relacionamentos entre pais e filhos ou entre cônjuges com dinâmica disruptiva, desemprego, isolamento social, entre outros. Tudo isso é compatível com a literatura sobre a relação entre envelhecimento e rejeição, visto que, na atualidade, o envelhecimento associa-se a doenças e perdas, relacionando-se à deterioração do corpo, ao declínio e à incapacidade, o que gera a base da rejeição ou da exaltação acrítica da velhice, pela representação da morte, doença, afastamento e dependência(1-2,10). 

Sobre a questão da percepção de sintomas depressivos atrelada a problemas nos relacionamentos familiares, o convívio do participante com familiares usuários de álcool e drogas é desgastante, servindo de gatilho para quadros depressivos(13).

Conflitos conjugais, relações conflituosas, falta de apoio do companheiro e insatisfação conjugal apresentam também relação importante com altos índices de depressão e, por consequência, comportamento suicida(14).

Quanto às perdas afetivas, estas são eventos traumáticos vivenciados pelos participantes ao longo da vida e que necessitam de tempo para serem elaborados, porém existem situações em que elas se tornam mais traumáticas a quem as vivencia, a exemplo de morte de familiares por suicídio e assassinatos, que acabam por acentuar a intensidade do trauma e do sofrimento psíquico(14-15). As perdas afetivas relacionadas à morte de familiares por suicídio desencadeiam no ente enlutado sentimento de culpa e questionamentos internos, sem respostas lógicas, e o forte estigma social com muita frequência domina o imaginário de pessoas próximas ao suicida, levando a intenso sofrimento psíquico(15). 

No tocante à percepção de que o desemprego desencadeia depressão, essa relação é bem estabelecida na literatura, em que se constata relação de forma causal do desemprego prolongado,  perda de status econômico e social, extrema pobreza e insegurança alimentar com estados depressivos crônicos bem como crises de depressão grave e comportamento suicida(13). Em nosso estudo, vimos nos participantes, de modo significativo, o desemprego associado a baixa renda familiar (entre dois e cinco salários mínimos). Estudo realizado evidenciou que pessoas com renda inferior a três salários mínimos mensais ou desempregadas  apresentaram cerca de 70% maior ocorrência de depressão comparativamente àqueles de maior renda(16). Ressaltamos que a maioria dos participantes com sintomatologia depressiva detectada pelas escalas psicométricas referiu estar sem renda ou com esta de até dois salários mínimos. 

Relativamente à percepção dos participantes acerca dos fatores de proteção para sintomatologia depressiva e comportamento suicida, a família surgiu como matriz da experiência social e escola de formação de vínculos afetivos que ocupa na psique dos participantes deste bloco o cerne do qual o significado existencial emana e o bem-estar emocional depende(18). Estudos apontam que indivíduos com melhor suporte social ou familiar estariam menos predispostos a apresentar sofrimento ou transtornos mentais quando submetidos a eventos estressantes(3,18-19); autores afirmam que famílias nas quais há estímulo para conversas sobre os problemas de seus membros e mais abertas a mudanças de opinião apresentam aspectos mais protetivos em relação à ocorrência de depressão e, por sua vez, do suicídio(18). Isso, porque tais famílias atendem aos pré-requisitos de possuir alguém confiável para conversar sobre as dificuldades diárias e seus sentimentos, permitindo a eles acolhimento e crescimento pessoal(19). 

Houve relatos consensuais dos participantes acerca da relação entre sintomatologia depressiva e comportamento suicida.

Estudos evidenciam que a dificuldade de percepção adequada diante das causas da depressão e a falta de recursos internos emocionais para lidar com situações estressantes e difíceis são características de indivíduos depressivos e pioram conforme a intensidade do quadro, a gerar alteração da autocrítica e piora da sensação de sofrimento psíquico(1-2,6). Como esses indivíduos retardam a busca por atendimento, então apresentam piora do quadro, com aumento considerável das chances de surgimento do comportamento suicida(6). 

Com relação à morte ser verbalizada como solução ante o intenso sofrimento psíquico desencadeado pelos sintomas vivenciados, deve-se destacar que tal perspectiva de morte surge nos quadros moderados e graves da depressão(3). Entre os sentimentos característicos da depressão grave, temos o sentimento de impotência perante a vida e de que não há saída para a agonia psíquica sofrida, e isso é um gatilho para o  comportamento suicida(1-3).

Quanto à relação entre desesperança e comportamento suicida, esta é compreendida como um importante fator de risco(1), pois configura-se por pensamentos autoderrotistas e uma visão pessimista e negativa diante do futuro, estando interligada à depressão(18). 

O que observamos nos participantes de nosso estudo é o intenso efeito que a ausência de significado ou propósito de vida causa, com seu impacto corrosivo sobre o estado emocional, cognitivo e comportamental, a corroborar um estudo(20). Por outro lado, é bem conhecida a associação entre transtornos de ansiedade e depressão(1-3): pesquisas têm apontado que, em média, 70% dos indivíduos com depressão sofrem concomitantemente de ansiedade e cerca de 80% dos que têm ansiedade apresentam quadro associado à depressão(16,20), uma vez que formam um circuito de retroalimentação entre ansiedade e depressão, servindo de gatilho à desesperança e desejo de morrer. 

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Depressão não é doença, o que é?

Se a depressão não é uma doença, o que é?

Em outra parte deste site , argumentei que a depressão não é uma doença, mas sim um mecanismo adaptativo que nos encoraja a fazer mudanças em nossos hábitos ou circunstâncias.

Escrevi sobre o que chamo de sete antidepressivos naturais: boa nutrição; ar fresco; sol (com moderação); atividade física; atividade proposital; bons relacionamentos; e sono adequado e regular.

Mas muitas vezes a pergunta é feita: por que esse mecanismo adaptativo aparentemente não funciona em alguns casos? Por que é que, para algumas pessoas, o sentimento desagradável não age como um estímulo para fazer mudanças e, em vez disso, a pessoa afunda ainda mais no desânimo e na inatividade?

Minha resposta geral a esse argumento é que, em geral, fazemos o que fomos treinados para fazer. Estou usando a palavra “treinado” aqui em um sentido muito amplo para incluir não apenas os hábitos instilados por nossos pais e outros adultos significativos, mas também os hábitos que nos foram “ensinados” por nossas experiências.

Achei que seria útil ilustrar isso esboçando o progresso de uma pessoa que me procurou há vários anos em busca de ajuda para a depressão. Para proteger a privacidade da pessoa, seu nome e vários detalhes foram alterados.

Jean tinha 34 anos, era casada, mãe de três filhos e gerente de um restaurante popular e bem-sucedido. Ela vinha se sentindo cada vez mais desanimada por alguns anos e, finalmente, por recomendação de um amigo, foi consultar um psiquiatra em outra cidade. Ele conversou com ela por trinta minutos e receitou um antidepressivo (Paxil). Sua próxima consulta seria em duas semanas. Ela disse ao psiquiatra que não estava se sentindo muito melhor. Ele disse para dar um tempo. Duas semanas depois, ela estava de volta ao consultório e disse ao psiquiatra que estava tão deprimida que não via sentido em continuar. Ele providenciou para que ela fosse internada involuntariamente em um hospital psiquiátrico particular.

Ela ficou no hospital psiquiátrico por quatro semanas. Sua dose de Paxil foi aumentada e, adicionalmente, ela recebeu um medicamento anti-ansiedade. Ela recebeu arteterapia, que consistia em sentar em uma sala com outros residentes pintando quadros, e musicoterapia, que envolvia ouvir música. Todos os dias ela fazia terapia de grupo. Isso consistia em sentar em um grupo com oito ou dez outros residentes e “apenas conversar”.

Em nenhum momento durante as quatro semanas alguém perguntou por que ela estava deprimida.

Na alta, o hospital a encaminhou para mim porque eu trabalhava no centro comunitário de saúde mental em sua cidade natal.

Marquei duas horas para a primeira visita de Jean e conversamos. Ou, mais corretamente, encorajei-a a falar e ouvi. Aqui está a história dela.

Jean foi criada em uma pequena cidade do meio-oeste, a mais velha de quatro irmãos, no que ela chamou de família “convencional”. Sua mãe era dona de casa e seu pai trabalhava como gerente em uma loja de rações. Não eram ricos, mas com a frugalidade que era comum na época, também não eram pobres.

Em casa, seu pai era o chefe a quem sua mãe se submetia rotineiramente. Sua mãe era dedicada ao marido e aos filhos e trabalhava incansavelmente praticamente o dia todo.

Jean disse que sua infância teve altos e baixos normais, mas que não houve grandes traumas ou incidentes horríveis. Como filha mais velha, ajudava muito a mãe nos cuidados com os filhos dos irmãos mais novos e nas tarefas domésticas em geral.

Na escola ela se saiu bem, terminando com um GPA de 3,5. Ela havia considerado a faculdade, mas decidiu contra isso. Ela conseguiu um emprego de garçonete em um restaurante e, aos 20 anos, casou-se com seu namorado do colégio, George. Ele trabalhava como mecânico.

Cerca de dois anos depois, George recebeu uma oferta de um emprego melhor como mecânico em uma cidade a cerca de 160 quilômetros de distância. Eles conversaram e decidiram ir. Jean não teve dificuldade em encontrar um emprego como garçonete. Eles se adaptaram muito bem ao novo ambiente, mas Jean sentia falta da família (especialmente da mãe) e, embora se desse bem com as pessoas, descobriu que não era muito hábil na área de fazer novos amigos. (Até então ela morava em sua cidade natal e seus amigos já estavam prontos, por assim dizer.)

Eles alugaram uma casa, mas em um ano conseguiram dar entrada em uma casa própria. A hipoteca era alta, mas com os dois trabalhando, eles poderiam se virar.

Dois anos depois, Jean foi promovido a subgerente do restaurante e se adaptou às novas responsabilidades sem dificuldade.

A essa altura, a vida havia se estabelecido em uma rotina. George trabalhava como mecânico e, quando voltou para casa, considerou que seu dia de trabalho havia terminado. Duas ou três noites por semana ele ia ao bar para “relaxar” com os amigos. Ele cortava a grama e fazia algumas outras tarefas ao ar livre, mas toda a cozinha, lavanderia, limpeza etc. coube a Jean. Ela aceitou isso como seu destino feminino e nunca reclamou - ou mesmo pensou em reclamar.

Um ano depois de comprarem a casa, nasceu o primeiro filho, seguido de mais dois em intervalos de dois anos. Jean adorava os bebês e se sentia terrivelmente dividida por ter que deixá-los com babás e creches quando ia trabalhar.

Em seguida, ela foi promovida a gerente do restaurante e, às vezes, se havia problemas, ela tinha que trabalhar até tarde.

Enquanto isso, as crianças cresciam e suas necessidades se tornavam mais complexas. Jean descobriu que rotineiramente acordava às cinco da manhã e raramente ia para a cama antes da meia-noite. Às vezes, ela lavava roupa à uma da manhã. Bebia uma quantidade enorme de café.

Em seu trigésimo aniversário, Jean percebeu que estava muito infeliz. Isso a fez se sentir culpada. Afinal, ela tinha um bom marido, três filhos lindos e saudáveis, um ótimo emprego e uma bela casa. O que mais ela poderia esperar com razão? Ela resolveu parar de sentir pena de si mesma (como ela disse) e se esforçar mais. Ela continuou assim por mais quatro anos. Durante esse tempo, seus dois filhos mais velhos começaram a ter problemas na escola e seu marido começou a “olhar” para uma das secretárias de seu local de trabalho. Com relação a este último, Jean decidiu que estava negligenciando sua aparência e resolveu prestar mais atenção à maquiagem, vestir-se, etc., e trabalhar mais para manter o afeto de George.

A essa altura, para Jean, o sentido da vida era simples: tentar se manter unido; tente passar o dia.

Ela tinha uma amiga íntima, Betty. Eles se reuniam para conversar cerca de uma vez por semana e, durante uma dessas sessões, Jean começou a chorar desconsoladamente. Betty, que havia consultado um psiquiatra alguns anos antes, recomendou que Jean fizesse o mesmo. E assim para as pílulas, o hospital psiquiátrico - e meu escritório.

Não era preciso muita inteligência ou discernimento para entender por que Jean estava deprimida. O que é surpreendente sobre o caso dela, no entanto, é que nem o psiquiatra nem a equipe do hospital se preocuparam em perguntar por que ela estava se sentindo deprimida. A razão para isso é que, no que lhes dizia respeito, eles já sabiam o motivo. Ela tinha uma doença cerebral e precisava tomar pílulas “assim como um diabético precisa tomar insulina”. (Sim, eles realmente disseram isso!)

No final da primeira sessão, eu disse a Jean que, dada a carga que ela carregava, não era de surpreender que ela estivesse se sentindo deprimida; em vez disso, o surpreendente era que ela estava conseguindo lidar com tudo. Ela me disse que não achava que as pílulas estivessem fazendo bem a ela, mas que tinha medo de parar de tomá-las por medo de que “eles” a mandassem de volta para o hospital psiquiátrico. Ela explicou que aquela não tinha sido uma experiência positiva e que ela não pertencia àquele lugar.

Sugeri que ela voltasse para me ver semanalmente por algumas semanas e me certifiquei de que ela tivesse nosso número de telefone caso precisasse de ajuda fora do horário comercial. Quando ela saiu do escritório, ela parecia mais leve do que parecia inicialmente e afirmou que foi útil apenas falar sobre as coisas. Sugeri que ela trouxesse o marido para a próxima sessão, se ele quisesse.

Na semana seguinte ela apareceu pontualmente com George. Perguntei a George qual era sua perspectiva, e ele disse que sabia que as coisas não iam bem desde o ano passado. Ele não tinha ideia do que estava errado, mas agora que sabia que Jean tinha uma doença cerebral (e as pílulas para tratá-la), tudo ficaria bem.

Alguém – não sei quem – disse uma vez que a terapia é a arte de apresentar os fatos a uma pessoa de uma forma que ela possa aceitar. Assim, passei a hora seguinte tentando fazer com que George ouvisse a mensagem que recebera em alto e bom som de Jean na semana anterior. Ficou claro, entretanto, que Jean estava relutante em ser particularmente conflituosa a esse respeito, e tive o cuidado de respeitar sua liderança. No final da sessão, no entanto, observei que Jean estava trabalhando o equivalente a mais de 100 horas por semana.

George também foi criado em uma família convencional. Papai saiu para trabalhar. A mãe era uma dona de casa. Ele sentiu que se sua mãe podia fazer isso, sua esposa também deveria ser capaz. Ressaltei que a situação de sua esposa não era exatamente a mesma, pois ela trabalhava em tempo integral como gerente do restaurante. Ao que George expressou a opinião de que isso não era trabalho real, porque tudo o que os gerentes fazem é sentar e dizer às outras pessoas o que fazer. Jean ouviu tudo isso em silêncio e respeitosamente.

Na semana seguinte, Jean veio sozinha. Ela me perguntou o que eu achava que ela deveria fazer. Eu disse que não poderia tomar as decisões dela por ela, mas que a meu ver estava claro que algo tinha que mudar. Expliquei que todos nós precisamos de algumas atividades em nossa vida que gostemos e/ou que nos dêem uma sensação de sucesso. Expressei a opinião de que sua vida havia se tornado tão cansativa que até mesmo as atividades que de outra forma poderiam ser agradáveis ​​e gratificantes não o eram mais. Jean concordou com isso.

Passamos as sessões seguintes explorando opções – procurando maneiras pelas quais Jean poderia reduzir sua carga de trabalho e encontrar mais alegria e significado em sua vida. A cada semana, ela me atualizava sobre o que havia conseguido. Ela começou a se sentir melhor. Ela começou a sorrir e seu comportamento geral parecia mais brilhante e positivo.

Na oitava semana, ela veio e me disse que havia dito a George que não iria mais lavar roupa – que de agora em diante este era o trabalho dele. “Uau,” eu disse. “Como ele reagiu?” “Ele não gostou no começo, mas depois concordou.”

E assim foi. Na décima semana, ela me disse que havia diminuído as pílulas e não tomaria mais. Na décima segunda semana, expressei a crença de que ela provavelmente não precisava mais vir. Ela concordou. Ela me telefonou vários meses depois e me disse que ainda estava bem.

E Jean não é um caso isolado. Até cerca de 1950, a maioria das mães eram donas de casa. Então, por várias razões, isso começou a mudar. As mulheres entraram na força de trabalho em grande número e começaram a desenvolver carreiras em um grau sem precedentes. Tudo bem, mas levou várias décadas para que nosso ethos cultural se ajustasse a essa enorme mudança demográfica. Ao longo de minha carreira, trabalhei com dezenas, talvez centenas, de mulheres que, como Jean, tinham um emprego completo no local de trabalho e um segundo emprego em tempo integral em casa. Não conheço ninguém que não ache isso deprimente e debilitante.

Mas o sistema de saúde mental raramente se preocupa em fazer a pergunta crítica: “O que o deixa para baixo?”   Em minha experiência, a maioria das pessoas pode fornecer respostas claras e convincentes a essa pergunta e, com um pouco de incentivo, encontrar soluções.

Nada é tão bem-sucedido quanto o sucesso. Quando uma pessoa percebe que resolveu um problema, ela tem o poder de enfrentar os outrosAs pílulas, por outro lado, com sua mensagem implícita de desamparo, enfraquecem as pessoas e encorajam a dependência excessiva.

Jean não estava doente.   Ela estava apenas sobrecarregada e subestimada. Suas circunstâncias mudaram drasticamente, e as habilidades, atitudes e hábitos que ela desenvolveu em seus anos de formação não eram mais suficientes para lhe trazer uma sensação de alegria, realização ou sucesso.

Existem milhões de mulheres como Jean na América. Muitos deles foram sistematicamente enganados, destituídos de poder e drogados por psiquiatras.

Depressão não é uma doença

Depressão não é uma doença: é um mecanismo adaptável

Post editado e atualizado em 9 de março de 2013, para refletir pensamentos adicionais como resultado de interações com as muitas pessoas que deixaram comentários. Agradeço a eles por sua contribuição.

DEPRESSÃO – UM MECANISMO ADAPTIVO

Ao contrário da afirmação da APA, a depressão não é uma doença. De fato, a depressão é um mecanismo adaptável que serviu bem à humanidade por milhões de anos. Quando as coisas estão indo bem em nossas vidas, nos sentimos bem. Esse bom sentimento é a maneira da natureza nos dizer para continuar fazendo o que estamos fazendo. Quando nossas vidas não estão indo bem, nos sentimos deprimidos. Essa é a maneira da natureza nos dizer para fazer algumas alterações.

Isso é muito parecido com a dor. A dor é um sinal de que o tecido está sendo danificado e que é necessária uma ação urgente. Por exemplo, se você tocar em um fogão quente, a dor induz uma reação imediata para afastar sua mão. Geralmente isso é realizado com danos mínimos à pele. Sem dor, não responderíamos tão rapidamente a esse tipo de situação e sofreríamos muito mais danos nos tecidos do que realmente é o caso.

Depressão ou desânimo não é uma sensação tão aguda quanto a dor. É mais generalizado e sinaliza – não dano tecidual iminente – mas problemas de natureza mais geral. Para nos sentirmos bem, os oito fatores a seguir devem estar presentes em nossas vidas.

– boa nutrição
– ar fresco
– sol (com moderação)
– atividade física
– atividade intencional com experiências regulares de sucesso
– bons relacionamentos
– sono adequado e regular
– capacidade de evitar envolvimentos sociais destrutivos, permanecendo receptivo a encontros positivos *

FONTES DE DEPRESSÃO

Quando algum desses fatores está ausente, ou está presente apenas em um grau leve, começamos a nos sentir desanimados ou deprimidos. Quando muitos desses fatores estão ausentes em grande parte, ficamos muito deprimidos. Ao longo dos anos, trabalhei com centenas de pessoas que estavam deprimidas. Para todas essas pessoas – sem exceção – eu poderia dizer: “Se eu estivesse no seu lugar, vivendo a vida que você está vivendo, também estaria deprimido”.

Muitos desses indivíduos viviam com uma dieta geralmente pobre. Outros bebiam enormes quantidades de álcool. Poucos comiam frutas ou vegetais regularmente. Muitos ficavam dentro de casa boa parte do tempo. A atividade física era baixa. Atividade proposital – ou seja, atividade direcionada para algum tipo de objetivo – raramente estava presente, e relacionamentos bons, honestos e abertos frequentemente inexistentes.

O ponto aqui não é menosprezar ou castigar as pessoas que estão deprimidas, mas sim apontar que a depressão é essencial e fundamentalmente uma função do que estamos fazendo – como estamos vivendo nossas vidas. Não é uma doença. É o sistema de feedback natural do corpo. É a forma da natureza tentar induzir em nós alguma motivação para fazer mudanças no nosso estilo de vida – comer melhor; abster-se de substâncias tóxicas; sair ao ar livre e ao sol; identificar objetivos e persegui-los; e falar honesta e abertamente com amigos e familiares sobre as coisas que nos incomodam. Se fizermos essas coisas de forma consistente e regular – se integrarmos essas coisas em nossas rotinas diárias, começaremos a nos sentir bem. Se não fizermos essas coisas, nos sentiremos deprimidos. Ou como Peter Breggin, MD, coloca em Antidepressivos causam suicídio e violência em soldados : “Os princípios para superar a depressão são exatamente os mesmos princípios necessários para viver uma vida boa e feliz.”

Todo mundo experimenta um dia ocasional para baixo. Mas também sabemos o que fazer a respeito – sair para uma caminhada; iniciar um projeto; fale com um amigo ou ente querido, etc. Pessoas com depressão crônica, no entanto, são indivíduos que negligenciam essas áreas há anos. Eles passam a maior parte de suas vidas dentro de casa. Eles geralmente estão acima do peso, não têm objetivos além do próximo programa de TV e, embora possam ter muitos conhecidos, tendem a não compartilhar suas preocupações e preocupações de maneira aberta e honesta.

Claro, nem todas as pessoas deprimidas são deficientes em todas essas áreas. Algumas pessoas deprimidas comem bem, mas nunca compartilham suas preocupações ou preocupações com ninguém. Outros compartilham suas preocupações, mas não têm atividades com propósito. Outros têm empregos com propósito e gratificantes, mas nunca saem de casa e nunca se envolvem em atividades físicas, e assim por diante.

Para nos sentirmos sempre bem, precisamos ter todos esses fatores presentes em nossas vidas em um grau substancial e significativo. Nem é uma proposta tão assustadora. Uma pessoa que come moderadamente dos cinco principais grupos de alimentos; quem controla a ingestão de açúcar e álcool; quem não fuma; que tem um trabalho ou hobby que oferece desafios e sensação de realização; quem fica ao ar livre na maioria dos dias para se exercitar ou até mesmo para uma caminhada rápida; e quem tem pelo menos uma outra pessoa com quem é aberto e honesto, se sentirá geralmente positivo. Uma pessoa cuja vida carece de uma ou mais dessas áreas se sentirá geralmente negativa. Este último não é uma doença – não é um exemplo de algo errado em nossos corpos. Pelo contrário, é uma instância de algo dando certo . A depressão é uma mensagem do organismo pedindo mudançaA indução de sentimentos negativos é a única linguagem de que o organismo dispõe para expressar a necessidade de mudanças.

DEPRESSÃO POR PERDA

Perdas severas podem, é claro, precipitar a depressão mesmo em vidas de outra forma muito organizadas e funcionais. Mesmo quando todos os oito fatores estão presentes em grau substancial, a perda de um ente querido geralmente resulta em profundos sentimentos de depressão. Da mesma forma, a perda da carreira, saúde, casa, etc., gerará alguma medida de depressão, independentemente do estilo de vida anterior. As pessoas que têm vivido estilos de vida funcionais e produtivos, conforme descrito acima, no entanto, normalmente aceitarão a perda em um período de tempo razoável. Eles vão falar sobre a perda para as pessoas em quem confiam; eles continuarão a comer bem e a se exercitar, e continuarão com as várias atividades intencionais que sempre buscaram. Gradualmente, a sensação de perda diminuirá e a capacidade de aproveitar a vida retornará. São as nossas rotinas que nos salvam – desde que tenhamos estabelecido boas rotinas funcionais que incorporem os oito fatores mencionados acima.

No entanto, para pessoas cujo estilo de vida é deficiente, ou apenas marginal, em termos dos oito fatores mencionados anteriormente, uma grande perda pode colocá-los “no limite” e eles afundam em um estado de desânimo crônico de longo prazo. A este respeito, vale a pena notar que todas as vidas humanas são, mais cedo ou mais tarde, afetadas por grandes perdas trágicas. O que importa é: quão preparados estamos, em hábitos e estilo de vida, para lidar com essas perdas. Quando uma pessoa vai a um centro de saúde mental e pede ajuda para a depressão, a primeira prioridade deve ser uma avaliação detalhada do estilo de vida, hábitos, relacionamentos, história etc. da pessoa, para determinar a origem dos sentimentos depressivos. A partir dessa avaliação, um programa corretivo deve ser desenvolvido e suporte e assistência ativos fornecidos ao cliente na implementação desse programa.

Na prática isso quase nunca acontece. O cliente que menciona depressão é rotineiramente encaminhado ao psiquiatra. Ele recebe uma receita de antidepressivo e é informado (falsamente) que sua depressão é uma doença “como diabetes” e que ele deve tomar os comprimidos da mesma forma que um diabético deve tomar insulina. Se a terapia de suporte ou adjuvante for fornecida, geralmente assume a forma de tapinhas nas costas ou lembretes para tomar a “medicação”.

DEPRESSÃO E DEFICIÊNCIAS NEUROQUÍMICAS

Apesar de décadas de pesquisas altamente motivadas por parte de empresas farmacêuticas e departamentos universitários financiados por empresas farmacêuticas, nenhuma evidência foi apresentada de que a depressão seja causada por um problema físico no cérebro. No entanto, essa afirmação é rotineiramente apresentada aos clientes e seus familiares como justificativa para a prescrição de medicamentos. Elliot Valenstein, professor emérito de psicologia e neurociência da Universidade de Michigan, depois de revisar as várias teorias biológicas da depressão, resume os resultados da seguinte forma em seu livro Blaming the Brain :

“Embora a afirmação muitas vezes repetida de que os antidepressivos agem corrigindo a deficiência bioquímica que é a causa da depressão possa ser uma tática promocional eficaz, ela não pode ser justificada pelas evidências”. (pág. 110)

O fato é que os antidepressivos são drogas que alteram o humor (essencialmente na mesma categoria geral do álcool, cocaína, anfetaminas, etc.). Todas essas drogas têm em comum o fato de alterarem o humor das pessoas. Eles fazem as pessoas se sentirem melhor. É por isso que as pessoas os levam! Mas isso não significa que eles são uma boa ideia. Existem duas maneiras de obter drogas nos Estados Unidos. Você pode ir até a esquina e comprá-los ilegalmente; ou você pode ir a um médico e dizer-lhe que está deprimido, ou ansioso, ou ambos. De qualquer forma, você obterá algo que lhe dará uma “solução” temporária para quaisquer sentimentos negativos que o estejam incomodando. Mas você não receberá nenhuma ajuda real com seu problema. A este respeito, vale a pena notar que os antidepressivos são tão eficazes quanto os placebos (pílulas de açúcar).

EXAMES GRATUITOS DE DEPRESSÃO

Nos últimos anos, muitos hospitais e clínicas têm oferecido exames gratuitos de depressão. Se você for a uma dessas exibições, é óbvio que está passando por alguma depressão, e o entrevistador estabelecerá rapidamente (através de questionários simplistas e insultuosos) que, sim, você está realmente deprimido e que se beneficiaria de um dos muitos antidepressivos maravilhosos atualmente disponíveis, e se você não gostaria de marcar uma consulta com nosso psiquiatra. Essas triagens “gratuitas” são quase invariavelmente pagas por uma empresa farmacêutica. Eles são uma forma de marketing e têm sido um fator importante na promoção de drogas psicotrópicas. Os funcionários do hospital que participam dessas charadas são bem-intencionados, mas na verdade são meras engrenagens em um enorme esquema de marketing de drogas.

O objetivo do DSM é promover a falsa noção de que a depressão é realmente uma doença e legitimar a prescrição de drogas que alteram o humor. O manual lista vários tipos diferentes de depressão. A depressão aguda e grave é chamada de Transtorno Depressivo Maior. A depressão persistente, embora menos grave, é chamada de distimia. A depressão que vem e vai e é intercalada com períodos de mania leve é ​​chamada de Transtorno Ciclotímico. E assim por diante. E, é claro, se um cliente não preenche os critérios para nenhum desses – há sempre Transtorno Depressivo Sem Outra Especificação: uma categoria residual para ampliar o escopo da rede diagnóstica. Para ser justo com a APA, todos os vários diagnósticos requerem um nível de gravidade bastante significativo. Na prática, porém, os critérios precisos são rotineiramente ignorados. Na verdade, a maioria dos profissionais que trabalham no sistema de saúde mental tem apenas uma vaga noção dos critérios. Um cliente que diz estar deprimido recebe um diagnóstico e recebe medicamentos antidepressivos.

Há, é claro, um pequeno número de profissionais de saúde mental que, embora constrangidos pelas agências reguladoras a trabalhar no contexto do DSM, ignoram as implicações do modelo de doença e fornecem ajuda real a seus clientes. Esses membros da equipe são uma minoria muito pequena e a grande maioria dos profissionais de saúde mental abraça a taxonomia do DSM de todo o coração e acredita inquestionavelmente na validade ontológica das categorias diagnósticas.

MENSAGEM DA DEPRESSÃO: LEVANTE-SE E VÁ EM FRENTE

Às vezes, argumenta-se que a depressão não pode ser um mecanismo adaptativo, encorajando-nos a fazer mudanças, porque muitas pessoas deprimidas, na verdade, mergulham em um desespero inativo e letárgico. O que está sendo esquecido aqui, no entanto, é que, em quase todos os casos, sentimentos de tédio, tristeza, depressão, etc., servem de fato como um estímulo para a ação. Uma pessoa sentada preguiçosamente em uma tarde chuvosa de sábado, por exemplo, começa a se sentir para baixo e se livra disso levantando-se e fazendo alguma coisa, ou ligando para a mãe, ou vestindo uma capa de chuva e dando uma caminhada, etc., etc. Todas as  mensagens que recebemos de nossos corpos podem ser ofuscadas por um treinamento contraproducente. Todos nós nascemos com um forte impulso para preservar nossas próprias vidas. Mas os soldados, por meio de treinamento e várias pressões, podem superar esse impulso e continuar lutando, embora a mensagem interna seja para correr. Da mesma forma, quando nossos estômagos estão cheios, recebemos uma mensagem de nossos corpos para parar de comer. É claro que esta mensagem muitas vezes é ofuscada.

O fato de a mensagem da depressão ser eclipsada ou não depende muito de nossas experiências na infância. Se crescermos em uma família em que os sentimentos depressivos são tratados levantando-se e seguindo em frente, provavelmente será assim que responderemos a esses sentimentos quando adultos. Mas, se crescermos em uma situação em que a cutucada depressiva é rotineiramente ignorada, então há grandes chances de continuarmos a ignorar essas cutucadas mais tarde na vida.

Quando a vida de uma pessoa é caracterizada por fortes rotinas funcionais, os episódios de depressão são raros, mas quando ocorrem, são respondidos de maneira positiva. Mas quando as rotinas funcionais estão praticamente ausentes e onde a mensagem de depressão é geralmente ignorada, as pessoas afundam ainda mais no desânimo.

Uma boa analogia aqui é nossa resposta ao clima frio. Se estou trabalhando ao ar livre no quintal e começa a esfriar, meu corpo me encoraja a tomar alguma atitude. Então, digamos que eu vá buscar uma jaqueta e continue com o trabalho. Se agora ficar bem mais frio, talvez eu entre e pegue um casaco pesado e depois continue o trabalho. Se a temperatura continuar caindo, posso simplesmente desistir e entrar. O que estou fazendo aqui é responder apropriadamente às mensagens do meu corpo, e está claro que a natureza precisa de minhas respostas foi moldada por meu treinamento e experiência anteriores. Se eu ignorar as mensagens do meu corpo, no entanto, e ficar do lado de fora enquanto a temperatura cai, fico hipotérmico e talvez morra. Mas ninguém concluiria disso que a sensação de frio é uma doença! A sensação de frio é um mecanismo adaptativo que nos encoraja a tomar as medidas adequadas em resposta à queda das temperaturas. Da mesma forma, a sensação de depressão é um mecanismo adaptativo que nos estimula a uma maior funcionalidade em nossas rotinas diáriasNão é uma doença.

* adicionado em 27 de agosto de 2013 por sugestão de Nadia, leitora do blog

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Serotonina e depressão: discurso de resposta

https://theconversation.com/depression-low-serotonin-may-not-be-the-cause-but-antidepressants-still-work-187477

O discurso respondendo o artigo numa das revistas da nature sobre serotonina é praticamente uma forma de manipulação psicológica: diz que e preciso tirar conclusões seguras, sábias e razoáveis que defendam a indústria farmacêutica.

sábado, 25 de junho de 2022

Antidepressivos causam disforia tardia

[Star*D foi uma pesquisa sobre antidepressivos financiada com dinheiro público nos EUA que deu resultados negativos e por isso foi manipulada].

Os resultados do estudo STAR*D mostram que a diretriz prática da Associação Psiquiátrica Americana que aconselha que “após a remissão, os pacientes que foram tratados com medicamentos antidepressivos na fase aguda devem ser mantidos com esses agentes para prevenir recaídas” é prejudicial. Os antidepressivos não curam as depressões e não as previnem; eles os causam. São agentes depressogênicos quando usados ​​a longo prazo (ver Capítulo 11). O estudo STAR*D fornece evidências convincentes da disforia tardia induzida por drogas que outros pesquisadores descreveram.177, 178
 
Do livro Psiquiatria mortal e negação organizada

sábado, 7 de maio de 2022

Depressão como experiência

Me chamou atenção na Conferência internacional sobre retirada de drogas psiquiátricas do IIPDW da Inglaterra a menção da depressão como uma experiência. Para mim, isso ressoa com uma forma de pensar que estou gostando recentemente: as múltiplas formas de realização do que está classificado sob um mesmo nome (fisicalismo de ocorrência em questões psicofísicas).

A depressão como experiência pode ter diversos mecanismos determinantes: dificuldades socioeconômicas, sociais, de gênero, culturais, econômicas, afetivo-sexuais, etc. Ou diversas dificuldades com a saúde física quando é o corpo. Qualquer coisa que não produza bem-estar e animação.

Obs: Posso ter roubado um pouco no uso do conceito de fisicalismo de ocorrência porque não sei o escopo do conceito.

quarta-feira, 13 de abril de 2022

Patentes, antidepressivos e psicodélicos

Post no twitter afirmando que um psiquiatra ligado à indústria farmacêutica que antes elogiava os antidepressivos de inibição de recaptação de serotonina como tratamentos incríveis hoje em dia está afirmando que os antidepressivos são pouco eficazes. Por que isso? Porque a inovação que está prometendo trazer muito lucro agora são os psicodélicos.

Quando as patentes acabam e param de trazer bastante lucro as drogas começam a ser mal faladas.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Antidepressivos e ambiente

 Companhias farmacêuticas destinam imensos orçamentos para o desenvolvimento e teste clínico de drogas antidepressivas. Alguns psiquiatras tornaram-se pouco mais que passadores de pílulas, prescrevendo drogas para ajudar a atenuar sentimentos de ansiedade que acompanham a depressão e, então, prescrevendo drogas adicionais na esperança de eliminar efeitos indesejáveis e mesmo perigosos dos agentes ansiolíticos.

Drogas que agem somente para reduzir estados fisiológicos de ansiedade podem fazer os severamente deprimidos relatarem que eles se sentem melhor, mas o remédio não necessariamente restaura atividade construtiva. Uma droga que acalma o sistema nervoso autônomo, embora deixando o paciente comportamentalmente deprimido, pode produzir um comentário como: "Oh sim, o remédio ajuda. Eu ainda estou deprimido, mas agora não me incomoda." Não mais trêmulo, sentindo dor, chorando, o paciente, entretanto, pode ainda passar todo o dia na cadeira de balanço, evitando com sucesso choques reais ou imaginários.

Se, em vez de tentar abrandar sua angústia interna, seu terapeuta se concentrasse em tentar identificar os choques e os reforçadores que estavam mantendo sua ausência de comportamentos, alguma coisa poderia ter sido feita para colocá-la de pé e movendo-se novamente.

Coerção e suas implicações - Sidman

domingo, 26 de abril de 2020

Medicalização da "depressão" (Szasz e moncrieff)

A medicalização da "depressão" como um fenômeno médico é generalizada. O psiquiatra Thomas szasz defendia que a depressão é uma ideia moderna recente que sugere que a vida deveria ser fácil e agradável. Existem maneiras plurais de ser infeliz e essa ideia é mais próxima da realidade para se fazer algo a respeito.

Mais recentemente a psiquiatra crítica Joanna Moncrieff defende que a depressão não é doença.

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Depressão é expressão limpa

A expressão depressão é usada de maneira a "limpar" o discurso de acontecimentos infelizes e perda de saúde geral.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

O delírio da depressão (livro)

Perigos das Drogas Psiquiátricas compartilhou uma publicação.

Sociedade Internacional para Ética na Psicologia e Psiquiatria - ISEPP

O ano de 2018 termina com uma grande realização da qual muito me orgulho: a tradução para o Português e publicação do livro Delírio da Depressão.

Este livro, do médico irlandês Terry Lynch, demonstra com fatos e provas contundentes como fomos levados a acreditar no mito de que a depressão é um desequilíbrio químico cerebral que necessita de medicamentos para ser corrigido.

Durante muito tempo a sociedade e até a medicina aceitaram essa teoria como verdade.

Meu interesse no livro veio do fato de não saber que as drogas receitadas para depressão vem com um alerta - podem causar ideação suicida - minha filha tomou essas medicações e as consequências foram desastrosas e infelizmente ela tirou a própria vida.

Ficou a pergunta: como podemos chamar de medicamento algo que provoca exatamente aquilo que estamos querendo evitar?

Já foi constatado que os suicídios e homicídios provocados por quem toma medicações psiquiátricas são violentos. A pessoa usa arma de fogo, se atira em baixo de um trem ou de um prédio. Ela entra num transe psicótico e provoca algo que é irreversível. Os atiradores das escolas nos EUA que matam e depois se suicidam praticamente todos haviam passado por tratamentos com drogas psiquiátricas.

O livro demonstra que a crença na falsa teoria da depressão é a causa da exagerada prescrição de drogas psiquiátricas.

Decidi traduzir o livro para que mais pessoas possam estar cientes de que a depressão tem muitas causas mas não é um desequilíbrio de neurotransmissores e não existe pílula da felicidade que a resolva.

O dr. Terry descreve no livro que a prescrição correta para a cura da depressão passa por psicoterapia e o entendimento de traumas e problemas para que a pessoa possa assumir responsabilidade por eles e os medicamentos, se usados, devem ser retirados em pouco tempo.

Assim que esse livro é de extrema importância para quem sofre ou tem algum familiar com depressão, leia e decida por si mesmo.

Lia Beatriz Fleck

Tradutora

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

Causas da depressão não estão no cérebro: entenda

https://danjosua.blogosfera.uol.com.br/2018/08/16/causas-da-depressao-nao-estao-so-no-cerebro-entenda/

Causas da depressão não estão no cérebro: entenda



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