Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/
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sexta-feira, 5 de setembro de 2025

O organicismo como causa suficiente

O organicismo é entendido culturalmente como explicação suficiente para a saúde plena, vida produtiva e satisfação com a vida. Como consequência intervenções sobre o corpo são prioridade e são incorporadas como soluções para outros tipos de fenômenos biológicos e sociais. O fato de que o organicismo seja adjacente aos outros fenômenos é bem-vindo pois induz o fomento do uso de suas intervenções.

Ler mais:

Alternativas ao organicismo e orgânico como adjacente

https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/alternativas-ao-organicismo-na-saude

A política da ciência técnica pura

A ciência clássica tem grande valor. No entanto, seus defensores a conceituam como um núcleo de valores cognitivos imparcial, o qual deveria ser o único critério para o conhecimento científico. A ciência descrita dessa maneira desconhece os valores dos sistemas sociais de sua justificação e  fomento, os quais participam da construção de ciência. O mercado é capaz de ser flexível politicamente mas há uma política de crescimento de mercado que define posicionamentos. A crítica à uma ciência politizada e social é uma defesa da técnica alienada de seus determinantes sociais e impactos. Posicionamento limitado em relação à capacidade crítica e de contrafactualidade social. A ciência politizada e social geralmente tem perspectiva temporal de longo prazo e passa por decisões governamentais assim como aumenta as chances de inadaptação mercadológica. Então é de se esperar que os defensores da técnica pura tenham suas indisposições políticas.

sábado, 23 de agosto de 2025

Psiquiatria biológica: cerimônica ou tecnológica?

O tratamento psiquiátrico usual e entendido como adequado recorre ao estabelecimento de comportamentos cerimoniais antes ou depois de procedimentos de coerção física ou social para manutenção de implicações práticas do modelo teórico em psiquiatria tradicional e manicomial. Uma vez que o definidor da determinação do prognóstico de saúde é o seguimento do "tratamento médico adequado" justificado pela confiança nas instituições médicas, é necessário supor a interpretação de disfunção a qualquer "desvio" daquilo que supostamente é uma imposição com origem nos fenômenos da natureza. No entanto, tais suposições implicam em negação de fenômenos biológicos do comportamento e fatos da sociedade. É discutível o quanto o tratamento psiquiátrico involuntário mantido por controle cerimonial e coercitivo funciona por controle tecnológico de variáveis biológicas orgânicas apenas, como prevê que seja o "tratamento adequado", uma vez que o modelo teórico justifica e recorre defensivamente aos controles de comportamento mencionados.

"O controle cerimonial pode ser exemplificado pela afirmativa: "Faça isso porque eu disse!" (Glenn, 1986). [As] [...] metacontingências cerimoniais [são usadas] para garantir a manutenção do status quo da sociedade."

"O controle tecnológico pode ser exemplificado pela afirmativa: Faça isso porque resultará numa melhoria das condições sanitárias e conseqüentemente na melhoria da saúde (Glenn, 1986). As metacontingências tecnológicas propõem um trabalho de determinação de regras específicas, de providenciar conseqüências imediatas para a observância dessas regras, e de avaliação dessas regras e das conseqüências (Todorov, 1987). "

TODOROV, J. C.; MOREIRA, M.. Análise experimental do comportamento e sociedade: um novo foco de estudo. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 17, n. 1, p. 25–29, 2004.

domingo, 10 de agosto de 2025

Psicologia cognitiva como ideologia

Sampson, E. E. (1981). Cognitive psychology as ideology. American Psychologist, 36(7), 730–743. https://doi.org/10.1037/0003-066X.36.7.730

Psicologia cognitiva como ideologia

Resumo

Apresenta uma análise crítica de alguns dos principais trabalhos em psicologia cognitiva social, da personalidade e do desenvolvimento. Argumenta-se que o cognitivismo, em virtude da primazia que confere ao conhecedor individual, aos determinantes subjetivos do comportamento e às operações cognitivas formais, representa um conjunto de valores e interesses que reproduzem e reafirmam a natureza existente da ordem social. No entanto, a junção da psicologia cognitiva com a ideologia não visa simplesmente desmascarar os valores transmitidos pela abordagem cognitivista. A questão dos valores também levanta sérias questões sobre a natureza da ciência psicológica. Quatro exemplos de casos são examinados como base para as afirmações feitas no presente artigo: (1) as deficiências do interacionismo, (2) a negação da realidade pelo cognitivismo, (3) as reificações psicológicas e (4) o interesse teórico e técnico da teoria cognitiva e do desenvolvimento em conhecimento. Um comentário de conclusão defende uma psicologia nova e transformativa, não do que existe, mas do que poderia ainda existir. 

Cognitive psychology as ideology.

Abstract

Presents a critical analysis of some of the major work in cognitive social, personality, and developmental psychology. It is argued that cognitivism, by virtue of the primacy it gives to the individual knower, to subjective determinants of behavior, and to formal cognitive operations, represents a set of values and interests that reproduce and reaffirm the existing nature of the social order. However, the joining of cognitive psychology with idealogy is not intended simply to unmask the values carried by the cognitivist approach. The issue of values also raises serious questions about the nature of psychological science. Four case examples are examined as the basis for the claims made in the present article: (1) the deficiencies of interactionism, (2) cognitivism's denial of reality, (3) psychological reifications, and (4) cognitive/developmental theory and the technical interest in knowledge. A concluding comment calls for a new and transformative psychology, not of what is, but of what may yet be. (71 ref) (PsycINFO Database Record (c) 2016 APA, all rights reserved)

[Comentário: Aplicável para a psicologia baseada em evidências já que é principalmente uma forma de cognitivismo com estratégia discursiva semelhante.]

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

O sucesso psiquiátrico por coerção

A partir dos conceitos de análise experimental do comportamento, o fato de o tratamento psiquiátrico tradicional e manicomial utilizar coerção como meio de obtenção do que entende como sucesso terapêutico implica que processos de aprendizagem operante são desconsiderados e desrespeitados para de forma substitutiva criar através da conformidade uma negação de consequências das maneiras de impor os tratamentos biológicos e negação das consequências do tratamento biológico e social. Do ponto de vista do fenômeno do comportamento operante é uma falsa imagem de sucesso. O uso em larga escala de internação psiquiátrica e em estabelecimentos de características análogas segue o mesmo padrão.

O espantalho da "indústria ABA" do autismo

A crítica à medicalização do diagnóstico de autismo pelas áreas socialmente críticas costuma ser direcionada à construção de uma indústria da análise do comportamento aplicada no Brasil. No entanto, essa área de conhecimento é a parte menos problemática da cadeia produtiva em torno do autismo. Enquanto a disputa ocorre em torno da preferência de tratamento e suas implicações para o financiamento de saúde, é menos discutido sobre os fundamentos teóricos do diagnóstico de autismo sem uma distinção necessária de ser feita a respeito de compromissos com o organicismo e a psiquiatria biológica das áreas de neuropsicologia, neurociência cognitiva e cognitivismo de um lado e o comportamentalismo de outro lado. Os responsáveis pelo diagnóstico em parceria com a psiquiatria biológica são pessoas da vertente cognitivista e portanto os responsáveis pela introdução das pessoas no sistema de saúde e seu contato com possíveis aspectos problemáticos do mesmo. A análise do comportamento aplicada tem potencial de ser resolutiva independentemente de diagnóstico ou medicamentalização já que seu referencial é o comportamento operante sem necessidade de compromisso com o modelo biomédico em saúde mental. Basicamente, a crítica que está sendo feita é um argumento de espantalho que se aproveita do mau entendimento público da área de análise experimental do comportamento.

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Estados fisiológicos e comportamento externo

O entendimento de senso comum é que os fenômenos do comportamento operante e suas classes de comportamento são mero subconjunto de estados fisiológicos (reducionismo). No entanto, uma nuance conceitual maior é necessária já que não há relação tão direta e inequívoca entre operar sobre o ambiente e processos fisiológicos alterados. Um tipo de circunstância ilustra bem essa falta de precisão conceitual. Se considerarmos as perspectivas da pessoa sob interesse de tratamento e a externa, nem sempre haverá concordância sobre o estado de saúde mental da pessoa sob interesse de intervenção de saúde mental e não seria justo ou completo considerar apenas a perspectiva externa. Circunstâncias de relativa distinguibilidade maior entre estados internos de saúde mental e comportamentos de operar sobre o ambiente seriam estar com estado de saúde mental insatisfatório sem manifestação em comportamentos abertos e estar com estado de saúde mental satisfatório sob a perspectiva da própria pessoa e manifestar comportamentos operantes que tensionam com os parâmetros exigidos e esperados pelo ambiente. Se não presumirmos com pretensão que esse reducionismo descrito acima não tem limitações, abrimos possibilidades de interpretação com mais nuances e mais produtivas que não recorreriam a explicações circulares.

domingo, 13 de julho de 2025

Leis singulares do comportamento e internação psiquiátrica

Um raciocínio clínico presente na psiquiatria biológica é a criação de leis especiais e singulares do funcionamento do comportamento ou "mente" da pessoa como um subproduto de suas características orgânico-genéticas cerebrais. Nessa perspectiva cada constructo diagnóstico ou pessoa tem suas leis próprias do comportamento e não há generalidade na explicação do comportamento além de singularidades especiais. Uma decorrência disso é a proposta de protocolos de tratamento de acordo as características especiais e singulares correspondentes de cada constructo diagnóstico. Outra decorrência desse tipo de pensamento é a criação de perfis de características orgânico-comportamentais ou orgânico-mentais. O significado disso é compatível com a suposição de imprevisibilidade e incontrolabilidade de comportamentos sem as intervenções biológicas entendidas como imprescindíveis. Em circunstâncias de inviabilidade de administração de tratamento biológico, a dedução é de risco imprevisível e incontrolável associado a impossibilidade de intervenções diferentes de internação psiquiátrica, a qual é entendida como imprescindível.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Discurso anti-ABA e mudança de ênfase

O discurso político e clínico contra a análise do comportamento aplicada considera que condições ótimas de aprendizagem que a área implementa são compensações para condições sociais adversas. Um fato da análise experimental do comportamento é que quanto mais adversa uma circunstância maior é a probabilidade de surgirem "comportamentos-problema". Em sociedades de pensamento biomédico em saúde mental hegemônico a primeira reação e primeira linha de tratamento são a medicação psiquiátrica. Então o discurso crítico é uma defesa da mudança de ênfase explicativa de forma semelhante a defesa da mudança epistemológica para as ciências humanas e sociais segundo o tradicional em reforma psiquiátrica. O que parece ser uma crítica a análise experimental do comportamento, e essa crítica é feita por pessoas que desconhecem a área, é uma defesa de outras áreas que promoveriam condições sociais menos adversas. Nada impediria que, dadas as condições sociais sejam favoráveis para uso da análise experimental do comportamento, essa fosse utilizada também para reduzir condições sociais adversas. A área é associada erroneamente a um subproduto da neurociência de base para a psiquiatra biológica ou modelo médico em saúde mental. No entanto, essa associação é um estereótipo pois a base mais tradicionalmente correta da análise experimental do comportamento é a crítica ao modelo médico (ver em Ullman e Krasner e textos de medicina comportamental).

A natureza político-ideológica desse discurso é a defesa de uma mudança política da organização da sociedade. O discurso anti-ABA seria na verdade uma crítica ideológica à sociedade de mercado e ao potencial de uso que a área tem para a adaptação ideológica. Então a área de conhecimento não é, mais uma vez, a foco da crítica. Para fins de defesa antecipada, essa análise não é uma defesa da neutralidade ideológica e política da sociedade de mercado e da ciência.

domingo, 6 de julho de 2025

Neurotípicos e neurodiversos (releitura)

Nós estamos enquanto sociedade elencando repertórios de comportamento operante de fácil adaptação social como norma, normais ou neurotípicos e classificando repertórios de comportamento operante com cuidados adicionais como anormais ou neurodiversos. Isso é científicamente incorreto com base na área de neurociência e comportamento pois repertórios de comportamento operante são formados pelo histórico de interação com o meio e não são redutíveis a meros subconjuntos de características cerebrais orgânicas. Essa é uma mudança de ênfase de explicação proveitosa e necessária de ser realizada ainda no âmbito das ciências naturais e que não é a mudança epistemológica para as ciências humanas e sociais que a reforma psiquiátrica tradicionalmente propõe. É provável que as pessoas classificadas como neurotípicas tenham alterações cerebrais orgânicas e as pessoas classificadas como neurodiversas tenham características cerebrais comuns. Repertórios de comportamento operante não são perfeitamente correlacionáveis com estado orgânico cerebral. Esse é o mesmo erro da redução da repertórios de comportamento operante a subconjuntos de características orgânicas do cérebro.


Ver mais:

Em postagem fixada no topo do blogue de série sobre hierarquia entre análise experimental do comportamento e modelo biomédico

segunda-feira, 30 de junho de 2025

Série: Hierarquia entre AEC e Modelo Biomédico

Implicações do Modelo biomédico e Análise do Comportamento

Resultado de análise em lógica adaptativa LATAr

 https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/implicacoes-do-modelo-biomedico-e

Pressupostos ontológicos e propriedades lógicas do texto Implicações da análise experimental do comportamento e modelo biomédico

ChatGPT

https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/pressupostos-ontologicos-e-propriedades

Axiomatização de “Implicações da Análise do Comportamento e Modelo biomédico”

https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/axiomatizacao-de-implicacoes-da-analise

Modelo biomédico como explicação fundamental e análise experimental do comportamento como auxiliar

ChatGPT - Esclarecimento de prática social usual

Contingências de reforço subordinadas: crítica behaviorista à hierarquia biomédica em saúde mental

ChatGPT



Modelo compatibilista cérebro e comportamento e o behaviorismo radical

ChatGPT


Formalização e axiomatização de Modelo de Organicismo Hierárquico versus Neurociência Comportamental Integrado

ChatGPT


https://eduardopopinhakfranco.substack.com/p/formalizacao-e-axiomatizacao-de-modelo
O papel da cognição nos modelos Organicismo hierárquico e neuro‑comportamental integrado: conceitos e axiomatização
ChatGPT


Dedução: de modelos científicos organicistas e neurocomportamental integrado a percepções sociais e discursos/atitudes eugenistas

ChatGPT



Modelo organicista hierárquico: conflitos de interesses no conceito de determinantes ambientais secundários

ChatGPT 

(pedir esse último por e-mail: crisedapsiquiatria.qma56@simplelogin.com)

A autonomia e a independência segundo os modelos organicista hierárquico e neurocomportamental integrado: dedução a partir de axiomas

ChatGPT



Modelo organicista-cognitivista, testes neuropsicológicos e diagnósticos medicalizantes em parceria com psiquiatria biológica

ChatGPT



O modelo organicista-cognitivista hierárquico, o modelo neurocomportamental integrado e o diagnóstico de autismo sutil: dedução

ChatGPT



Axiomatização da noção de remissão espontânea no modelo organicista

ChatGPT


Implicações Bioéticas dos Modelos Organicista Hierárquico e Neurocomportamental Integrado na Saúde Mental

ChatGPT


sábado, 21 de junho de 2025

Assimetria de sensibilidade e tolerância a padrões

As categorias nosológicas da psiquiatria tornam a sociedade altamente sensível a "desvios" de padrões almejados ou impositivos. Pessoas com características de comportamentos e fenômenos de aprendizagem diferentes dos padrões pré-estabelecidos de desvio tem um âmbito de liberdade que escapa ao escopo de avaliação. Por isso, a sociedade se torna altamente intolerante e reguladora de alguns padrões impositivos, por motivos e condições sociais não examinados, e são tolerantes e garantem a baixa regulação para pessoas para qual a sociedade não tem sistemas culturais de classificação sensíveis ou estereotipados a suas características de comportamento. A impositividade de certos padrões é determinante do grau de avaliação, controle, regulação, crítica, intolerância, discriminação, hostilidade, condições desfavoráveis, pressões sociais, exigência, etc.

terça-feira, 17 de junho de 2025

A crítica ao complexo industrial do autismo

Nunca impliquei com psicanalistas mas quando desenvolvem uma tese sobre a perniciosidade das contribuições da análise experimental do comportamento para o desenvolvimento de crianças com autismo temos um problema grave. A psicanálise tem um hábito arraigado de fazer críticas sociais em interface com áreas das ciências humanas e sociais como uma forma de propaganda velada dos méritos da psicanálise. Portanto, a crítica ao complexo industrial do autismo na verdade é um discurso de campanha a favor dos méritos da psicanálise. O problema da crítica ao complexo industrial do autismo é a natureza de textualidade que aceita qualquer configuração de articulação de conceitos com pressupostos nem sempre explícitos. Enquanto que na análise experimental do comportamento o critério é o sucesso da aprendizagem e isso não significa aceitar qualquer coisa. As ideologias de tratamento e de sociedade não são uma responsabilidade da análise experimental do comportamento. São uma realidade social. O exame das ideologias é bem vindo mas é complemento. A crítica às ideologias sociais não deve ser o centro do tratamento em saúde mental se o tratamento não for bem sucedido a partir do critério de sucesso de aprendizagem. Negar a capacidade de contrafactualidade da análise experimental do comportamento é o maior prejuízo desse tipo de campanha comercial com pretenso objetivo de interesse social.

sábado, 31 de maio de 2025

Conhecimento acadêmico e mov. de usuários da saúde mental

Médicos manicomiais sabem que familiares e pacientes tem um impacto maior nos depoimentos. Por isso incentivam também através de dinheiro para esse tipo de atividade ser feita.

Esse aspecto tem uma relação com as realidades produzidas por tipos de conhecimentos e pela influência social e política que um bom impacto na prática permite conquistar.

Depois de um tempo de implantação conhecimentos se tornam um senso social, realidade, experiência. É uma relação bidirecional e de diálogo contínuo. Quando um usuário fala de certa forma está falando em um resultado cultural e na experiência de algo com antecedentes históricos, culturais e de conhecimento formal.

O problema de ter um movimento só de usuários é a dificuldade de conseguir dialogar com o patrimônio de conhecimento e instituições. Assim como ser reconhecido como válido para as instituições.  Ter alguém com domínio da tradição e patrimônio na saúde mental é útil para se posicionar. Não é que os usuários da saúde mental não conseguem contribuir. É que ter alguém para formalizar isso ajuda muito no reconhecimento e posterior implantação.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Admirável Mundo Novo, tecnologias polêmicas e as difundidas

Linhares & da Cunha (2023), Neurath's Utopianism Revisited

Exemplo de argumento relevante para a compreensão do significado da crítica e da defesa do uso de tecnologias decorrentes de aprendizagem operante e psicofarmacologia. Aplicável também a outras formas de conhecimento e intervenções menos polêmicas, bastante difundidas e menos problematizadas. As realidades de cada contexto de uso de conhecimento são observáveis e descritíveis.

Exemplo. Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley

T: certos princípios tecnológicos, como a engenharia genética, o condicionamento psicológico, a organização da sociedade em castas, ..., são desejáveis

C: o cenário descrito por Huxley em Admirável Mundo Novo

W: se as técnicas científicas são desejáveis no planejamento social, então a sociedade do Admirável Mundo Novo seria desejável

Não W: No entanto, a narrativa de Huxley nos leva a concluir que não é bem assim, Admirável Mundo Novo é uma distopia

 Linsbichler & da Cunha (2023), Neurath's Utopianism Revisited

Há uma contradição entre as consequências utópicas W e as distópicas não W.

Diante de uma inconsistência, temos que fazer alguma coisa...

Geralmente, os proponentes de um experimento mental sugerem que rejeitemos a concepção de fundo T (o uso das tecnologias)

Mas também podemos afirmar

que C não é possível

que C é uma exceção irrelevante que não implica na consequência no mundo especificada W

que as vantagens de C compensam as desvantagens

Referência:

"Neurath's Utopianism between Science and Activism", Ivan Ferreira da Cunha.
https://www.youtube.com/watch?v=CD8J2dsWwPc

sexta-feira, 23 de maio de 2025

A falsa segurança corretiva em saúde

Comportamentos corretivos de saúde e corretivos em geral tem aspectos emocionais de possível falsa segurança que num exame mais aprofundado poderiam se demonstrar prejudiciais e irracionais.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Probl. saúde mental como dificuldade relativa

Em termos de aprendizagem operante, saúde mental seria definida como questão de dificuldade/desafio relativo de resolver circunstâncias de modo satisfatório. A pessoa com saúde mental é aquela que não se deparou com desafios grandes em termos de sofisticação necessária de repertório operante ou não teve boas condições de desenvolvimento de repertório operante. Outros fatores são as condições e processos de interferência na aprendizagem gradual e progressiva e a mudança repentina de repertório operante necessário que cria circunstâncias de se encontrar despreparado para resolução satisfatória de desafios.

Análises metafísicas: saúde mental e comportamentalismo

O ideal científico comportamentalista no tratamento de conceitos é semelhante com o contextualismo de conceitos citado abaixo com forte dependência material realizado através de operacionalização de experimental de conceitos. É um programa científico louvável. No entanto, o diálogo integrativo com o campo de saúde mental e sociedade que busquei fazer segue o caminho de contato imersivo e longitudinal com o ambiente da saúde mental, e com as diferentes formas de conhecimento acadêmico. Isso é uma flexibilização da forte dependência material experimental dos conceitos no comportamentalismo. O quanto isso é levado a sério e considerado um bom método de conhecimento é discutível. O esclarecimento disso não é necessariamente uma recomendação. É antes uma forma de tornar legítimo no sentido de não absurdo.

O exame crítico do conceito de tipos naturais feito no vídeo referenciado abaixo é útil para a discussão de saúde mental. A crítica ao forte compromisso ontológico do essencialismo (como os diagnósticos psiquiátricos) com limites claros de pertencimento e não pertencimento de indivíduos a uma classificação é um dos pontos interessantes. A possibilidade de desconstrução de tipos naturais na sociedade uma vez que os determinantes contingenciais dessas categorias de pensamento são revertidas contrafactualmente é outra reflexão interessante suscitada.

"VAGUEZA E A DEPENDÊNCIA NO CONVENCIONALISMO

Podemos constatar que a afinidade do convencionalismo às teses contextualistas da linguagem introduz a vagueza como um fator que determina características dos tipos produzidos.

Dependência material: Referente às condições materiais muito específicas produzidas pela prática científica. Quão controlado deve ser o meio para ser caracterizado como científico?

Dependência causal: É a crença compartilhada que traz à existência os tipos. Aspecto interativo que envolve graus, permitindo formulação de vagueza de propriedades ôntica e semântica."

WORKSHOP UFRJ - UNICAMP | METAFÍSICA ANALÍTICA

quarta-feira, 14 de maio de 2025

A crítica da PBE aos campos críticos

Eu vejo psicólogos com afinidade por métodos científicos (psicologia baseada em evidências) criticando iniciativas críticas construtivas e produtivas por descrença puramente baseada em validação metodológica. Validação metodológica não é tudo o que importa, tem fins principalmente de financiamento e vendas. Na minha opinião isso é alienação oriunda de restrição da formação a critérios de metodologia e falta de contato com experiências e conhecimentos mais amplos.

Experiência vivida reconhecida na Lancet Psychiatry

Experiência vivida vai contar como adicional de validade de artigos científicos e ausência de experiência vivida como limitações. A nova política editorial propõe descrever a qual a relação do artigo com a experiência do autor.

Setting the research agenda for mental health

The Lancet Psychiatry

https://www.thelancet.com/journals/lanpsy/article/PIIS2215-0366(25)00103-8/fulltext?fbclid=IwQ0xDSwKRqjZjbGNrApGqJmV4dG4DYWVtAjExAAEeR0hVNJy1h8Q-1c13SzXrOpKD9uZtjTDdorCmF9vt0bPYQRwYhRr7BvC-9vM_aem_u6fcEAZUI-z8uR54V4YDmQ


Via instagram @sobreviventesdapsiquiatria