A crítica à medicalização do diagnóstico de autismo pelas áreas socialmente críticas costuma ser direcionada à construção de uma indústria da análise do comportamento aplicada no Brasil. No entanto, essa área de conhecimento é a parte menos problemática da cadeia produtiva em torno do autismo. Enquanto a disputa ocorre em torno da preferência de tratamento e suas implicações para o financiamento de saúde, é menos discutido sobre os fundamentos teóricos do diagnóstico de autismo sem uma distinção necessária de ser feita a respeito de compromissos com o organicismo e a psiquiatria biológica das áreas de neuropsicologia, neurociência cognitiva e cognitivismo de um lado e o comportamentalismo de outro lado. Os responsáveis pelo diagnóstico em parceria com a psiquiatria biológica são pessoas da vertente cognitivista e portanto os responsáveis pela introdução das pessoas no sistema de saúde e seu contato com possíveis aspectos problemáticos do mesmo. A análise do comportamento aplicada tem potencial de ser resolutiva independentemente de diagnóstico ou medicamentalização já que seu referencial é o comportamento operante sem necessidade de compromisso com o modelo biomédico em saúde mental. Basicamente, a crítica que está sendo feita é um argumento de espantalho que se aproveita do mau entendimento público da área de análise experimental do comportamento.
Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsias entre psiquiatras conservadores e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
O espantalho da "indústria ABA" do autismo
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Valor instável de fisiologia e comportamento
Valor instável de variável fisiológica é determinado por formação inexata de conceito e prática inconsistente correspondente. Em um entendimento experimental todos os momentos de variação de valor são considerados. Esse raciocínio é válido para relações entre variáveis determinantes ou independentes e variáveis determinadas ou dependentes na explicação de classes de comportamentos operante.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Estados fisiológicos e comportamento externo
O entendimento de senso comum é que os fenômenos do comportamento operante e suas classes de comportamento são mero subconjunto de estados fisiológicos (reducionismo). No entanto, uma nuance conceitual maior é necessária já que não há relação tão direta e inequívoca entre operar sobre o ambiente e processos fisiológicos alterados. Um tipo de circunstância ilustra bem essa falta de precisão conceitual. Se considerarmos as perspectivas da pessoa sob interesse de tratamento e a externa, nem sempre haverá concordância sobre o estado de saúde mental da pessoa sob interesse de intervenção de saúde mental e não seria justo ou completo considerar apenas a perspectiva externa. Circunstâncias de relativa distinguibilidade maior entre estados internos de saúde mental e comportamentos de operar sobre o ambiente seriam estar com estado de saúde mental insatisfatório sem manifestação em comportamentos abertos e estar com estado de saúde mental satisfatório sob a perspectiva da própria pessoa e manifestar comportamentos operantes que tensionam com os parâmetros exigidos e esperados pelo ambiente. Se não presumirmos com pretensão que esse reducionismo descrito acima não tem limitações, abrimos possibilidades de interpretação com mais nuances e mais produtivas que não recorreriam a explicações circulares.
quinta-feira, 19 de junho de 2025
Avaliação amadora de memória
É comum alegações de problemas de memória por erro de evocação verbal de controle de estímulos adequado para emissão de resposta esperada. O erro provavelmente está na evocação adequada e não necessariamente no estado orgânico do organismo.
quarta-feira, 25 de outubro de 2023
Cérebro e genes como parte do problema
Na atualidade o público leigo é muito impressionável com neurociência, medicina e biologia e parece assimilar somente o tipo de explicação física ou organicista (nature). Isso é parte do problema no desenvolvimento de problemas de comportamento ou de desenvolvimento (transtornos mentais) pois é presumido que apenas pessoas com problemas físicos desenvolveriam problemas e que por isso não é preciso promover desenvolvimento de forma pensada, planejada e ativa (nurture).
quinta-feira, 5 de outubro de 2023
Psiquiatria como área popular
O que é preciso para assimilar a psiquiatria?
Uma imagem ruim de uma pessoa, sentimentos ruins sobre uma pessoa, um nome ruim sobre uma pessoa e um medicamento ou tratamento físico que não requer aprendizagem.
Qualquer pessoa assimila isso.
sábado, 19 de agosto de 2023
Psicol.: ciência fundamental irredutível à fisiologia
domingo, 25 de junho de 2023
As promessas de desempenho da dopamina
Opinião sobre a comercialização de conteúdo sobre desempenho e dopamina
A suposta manipulação da produção de dopamina é muito utilizada comercialmente como a fonte do alto desempenho. A dopamina é produzida quando uma atividade que supera as expectativas de previsão do cérebro ativa o sistema de recompensa no nível cerebral e no nível do comportamento produz reforço positivo. A restrição à linguagem neurobiológica obscurece o tratamento do tema. Muito se fala na internet que a dificuldade para ter alto desempenho surge do excesso de dopamina e que seria preciso fazer jejum de dopamina ou fazer atividades não tão prazerosas para alterar a produção de dopamina para um nível mais saudável. O nível comportamental esclarece e torna mais intuitivo: evitar dopamina demais pode deprimir pois a pessoa terá baixa densidade de reforçadores na vida e iniciar o "hábito" de fazer atividades não prazerosas na verdade é fortalecer classes de comportamentos de autocontrole/autogerenciamento e classes de comportamentos que tenham persistência através do reforço intermitente (intercalado). Uma classe fortalecida aumenta o comportamentos que pertencem a essa classe. Isso é válido para todo tipo de classe de comportamento. Supostamente a pessoa estaria alterando seu cérebro para um cérebro capaz de fazer atividades difíceis. O uso da linguagem no nível comportamental permitiria estabelecer os comportamentos requisitos e desejados. Outro aspecto é que uma vez que a pessoa obtém consequências naturais reforçadoras de sua atividade o comportamento se torna muito forte e persistente. Mais ainda que pela intermitência (intercalação) gradual e progressiva das consequências. Então uma pessoa que tem dificuldades com certas atividade pode simplesmente não gostar da atividade e se escolhesse uma atividade de que gostasse (se obter consequências reforçadoras, ter um histórico de reforço ou ter importância para suas privações e aversivos) naturalmente estaria motivada. A dificuldade de fazer o que não gosta é questão de comportamentos de autocontrole que consiste em manejar o ambiente para evitar atividades concorrentes e aumentar a probabilidade de comportamentos produtivos e desejados no futuro. As consequências são atrasadas, improváveis e incertas e isso torna difícil a motivação. Por meio de descrições claras das consequências futuras, repertório adquirido para as atividades e um bom planejamento que realmente possibilite obter as consequências no futuro, os comportamentos produtivos e desejados se fortaleceriam. Logo, é mais complexo do que simplesmente utilizar a linguagem neurobiológica para manipular o cérebro e supostamente reduzir o excesso de dopamina no cérebro. Outros processos comportamentais ainda poderiam estar envolvidos num olhar holístico para as condições de vida da pessoa e suas necessidades de aprendizagem de repertório.