Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Psiquiatria evolucionaria (Blog)




Sunday, January 27, 2013


Is Schizophrenia an Autoimmune Disease?

Psychopathology and particularly psychosis has had a bit of a research dance with immunology over the past several years. For example, women with post-partum psychosis are more likely than controls to have anti-thyroid antibodies. And folks with schizophrenia and bipolar disorder are more likely to have strange anti-wheat protein antibodies than controls. In the recent, very large CATIE trial,23.% of those with schizophrenia had IgA anti-AGA antibiodies (anti-gliadin) compared to 3.1% of a comparison group, and 5.4% had high levels of tTG antibodies compared to 0.8% of the comparison group.

Brahms Violin Concerto (very long, really famous bit begins at around minute 35)

No one is sure what these immune reactions mean. But it would be interesting to see how immune modulators might affect psychosis in a clinical trial. In evolutionary medicine, immune and inflammatory modulators could include a dietary intervention, probiotics, or even helminth therapies. To my knowledge, none of these have been applied to schizophrenia or post-partum psychosis in a clinical trial of any kind.

This week, a paper came out in the renamed Archives of General Psychiatry (Now JAMA Psychiatry) linking schizophrenia to a set of autoantibodies. The findings in this paper lend more credence to the idea that a subset of schizophrenia may be caused by an immune attack on the brain.  Blood from a group of unmedicated, hospitalized schizophrenics was compared to blood from people admitted with major depressive disorder, borderline personality disorder, and healthy controls.

9.9% of the actuely ill schizophrenics were found to have anti-NMDA receptor antibodies, compared with 2.8% of those with major depressive disorder, 0.4% of controls, and 0 of those with borderline personality disorder. The NMDA receptor (glutamate is the key neurotransmitter at this receptor) is known to be associated with psychotic symptoms. PCP and ketamine are NMDA receptor antagonists that rather famously cause agitation and psychosis.

Now there is already an illness of anti-NMDA receptors called "NMDA-R encephalitis." It affects  young women with a rare type of ovarian tumor called a teratoma, and presents with psychosis, agitation, memory problems, and seizures. It tends to progress to problems with the autonomic nervous system (which can control breathing, temperature and blood pressure regulation) and cause a catatonic state. It is treated, like many life-threatening autoimmune conditions, with high dose steroids and plasmaphoresis (or plasma exchange, which can clear the blood of the offending autoantibodies). The autoantibodies in the cases of NMDA-R encephalitis are to a different specific protein subunit of the receptor and tend to be in much higher concentrations than the folks with autoantibodies who had acute schizophrenia, so it is not exactly the same disease.  In this trial, however, two of the patients originally diagnosed with schizophrenia were re-diagnosed as NMDA-R encephalitis due to the type of antibodies they had. They also had some intriguing physical symptoms and CNS and blood  inflammatory markers that aren't typically found in schizophrenia.

But it is fascinating and needs to be studied in more populations at greater length. Is there a time coming when 10% of our first break psychosis patients might be getting plasma exchange and steroids? Would they be maintained on autoimmune dietary protocols (if effective for blood titres of antibodies) and relatively benign chronic immune modulators (again, just hypothesizing in an exciting sort of way) such as pig whipworm or killed M vaccae?

As always, more questions than answers, but getting one step closer to the bottom of the pathology of mental illness and brain diseases is always interesting, and always gives me hope. And what about the healthy control and the patients with major depressive disorder who had anti-NMDA-R antibodies? Are they more likely to have problems with psychosis or psychopathology? I suppose we will have to wait and see.

domingo, 27 de abril de 2014

Sobre os sentidos sócio-técnicos da interação entre o metilfenidato e o conhecimento neurológico do TDA/H


ANTROPOLOGIA DA CIÊNCIA E DA
TECNOLOGIA

Sobre os sentidos sócio-técnicos da interação entre o metilfenidato e o
conhecimento neurológico do TDA/H

Introdução
O objetivo deste trabalho é oferecer uma análise sobre a crescente ênfase dos estudos
sobre o Transtorno de Déficit de Atenção/Hipercinético (TDA/H) acerca das causas
neurológicas do transtorno relacionada com o crescimento de tratamentos que envolvem
a administração de fármacos. Diante desse contexto, busca-se interpretar como o
conhecimento científico das neurociências e sua relação com a terapia farmacológica
configura um ponto de encontro de relações sóciotecnicas. O fármaco, ou a sua
composição química que opera mudanças físicas no cérebro e inscreve maneiras
específicas de atuar no corpo, é interpretado como um nexo entre a ciência produzida
sobre o cérebro e as empresas farmacêuticas, que investem em pesquisa e na produção
de fármacos para o tratamento do TDA/H.
A neurociência é um dos ramos científicos que vem causando profundos impactos na
psiquiatria brasileira nos anos recentes. Em um levantamento de artigos científicos
publicados no SCIELO sobre o TDA/H, entre os anos de 2007 e 2012, constatamos que
a maioria dos estudos foi produzida por psiquiatras e neurocientistas que investigam as
causas neurológicas do transtorno. Hegemonicamente, tais estudos são financiados por
indústrias farmacêuticas e no horizonte de suas discussões é preponderante o debate
sobre os efeitos fisiológicos da terapia farmacológica com o metilfenidato para o caso
de crianças diagnosticadas pelo transtorno.
Sugere-se que a legitimidade neurocientífica da patologia é dotada de sentido pelos
atores sociais e instituições que estão ladeados na (con)formação das fronteiras
“biológicas” do déficit de atenção. Legitimidade que é interpretada como um fenômeno
social e cultural fundamental para a produção, divulgação e prescrição do metilfenidato.


http://4react.files.wordpress.com/2013/08/rodrigo-saraiva-cheida-e-marko-monteiro-gt-corpo-sac3bade-e-tecnocic3aancia.pdf

sábado, 26 de abril de 2014

Vale a pena ir no psicologo?

Superinteressante

Nunca tanta gente consultou um psicólogo para falar de sua vida no divã. Mas será que vale a pena gastar tempo e dinheiro contando nossa intimidade a alguém que mal conhecemos?
A cura pela palavra: http://abr.ai/1rmNsh1


Psicólogos: a cura pela palavra

Nunca tanta gente consultou um psicólogo para falar de sua vida no divã. Mas será que vale a pena gastar tempo e dinheiro contando nossa intimidade a alguém que mal conhecemos?

por Texto Denize Guedes

Jean de Oliveira Leite batia na namorada. De repente, por causa de uma discussão ou por terem esquecido uma das sacolas de compras no supermercado, ele dava tapas e pancadas na mulher que amava. Dois anos de namoro e algumas situações de violência depois, ela deu queixa na delegacia e terminou com ele. Os dois estariam separados até hoje se Jean não tivesse procurado um analista e ingressado num grupo de reflexão de homens com o mesmo problema. Na terapia, entendeu por que, em um de seus sonhos que tinha a namorada como personagem, ela assumiu a forma de um arame que ele dobrava sem parar. “Eu não podia dobrá-la metendo a mão”, diz. Depois das sessões de psicoterapia, os dois voltaram. Estão juntos – e em paz – há 3 anos.
No ano passado, a bancária Tatiana Dória não queria mais viver. No fundo de uma depressão, não se interessava por nada nem ninguém. Raramente saía: passava os dias na cama, dormindo ou assistindo filmes. Foi quando decidiu bater à porta de um psiquiatra. Saiu de lá com uma receita de antidepressivos e um encaminhamento à psicoterapia. Durante 6 meses, passou por dois terapeutas de abordagens diferentes, até o convênio médico cortar o benefício. Insistiu por dois meses, pagando as sessões do próprio bolso, mas resolveu abandonar o tratamento por achá-lo inútil. “Procuro o autoconhecimento há muito tempo, mas realmente não sei se um terapeuta tem algo a me acrescentar”, diz Tatiana, que preferiu seguir com os remédios e se dedicar a práticas como meditação.
Assim como Jean e Tatiana, milhares de pessoas estão insatisfeitas com o que são ou como estão. Querem se livrar de fobias, manias obsessivas, conseguir dormir direito, ter forças para sair da cama pela manhã, deixar para trás dificuldades sexuais ou simplesmente achar a vida mais interessante. Cada vez mais gente resolve desbravar a torre de Babel que é o mundo das terapias, habitado por mais de 400 modelos. O número de psicólogos deu um salto de 48% desde 2000, de 123 mil para 182 mil. Sem contar o crescimento do número de psicanalistas, psiquiatras e outros profissionais, como os filósofos clínicos. A quantidade de pessoas que procuram terapia também deve aumentar, já que, em abril, o governo tornou obrigatório aos planos de saúde oferecer 12 sessões anuais de psicoterapia a todos os conveniados. Se antes ir a psicólogos era coisa de “problemáticos”, hoje falar da expe­riência parece ser um bom jeito de engatar conversas com amigos no bar.
A palavra vem do grego therapeúein, que carrega significados como assistir e cuidar. Desabafar no ombro do amigo e conversar com um médico atencioso pode até ser terapêutico – mas não é um método que afasta o sofrimento por meio de técnicas apoiadas em fundamentação teórica, as psicoterapias, todas, de um modo ou de outro, baseadas no tratamento pela fala. Entre quem freqüenta um psicoterapeuta e quem está pensando em procurar um, é comum haver dúvidas do tipo: vale a pena gastar tempo e dinheiro com isso? Não é besteira contar detalhes da intimidade a alguém que mal conhecemos e que não oferece nenhuma garantia de eficácia? Afinal, terapia funciona?
Sim e não. Dezenas de pesquisas neurológicas provam que sessões de psicoterapia modificam conexões neurais e padrões de comportamento, como aconteceu com Jean­. Apesar disso, é grande a possibilidade de você conhecer terapia e, como Tatiana, achar o método inútil – e até bizarro.
Por dentro da terapia
A primeira pessoa tratada pela terapia da palavra se chamava Bertha Pappenheim, mas ela ficou conhecida como Anna O. Foi assim que os médicos Josef Breuer e Sigmund Freud a chamaram na hora de narrar o caso clínico que germinou a psicanálise. Anna O. sofria de alucinações histéricas, sonambulismo e se recusava a beber água. Já levava 6 semanas ingerindo somente a água de frutas quando os sintomas começaram a desaparecer – sempre após falar em voz alta sobre o que a atormentava. “Depois de ter desabafado energicamente a raiva que ficara dentro dela, pediu para beber e bebeu sem inibição uma grande quantidade de água, acordando da hipnose com o copo nos lábios. Com isso, o distúrbio desapareceu para sempre”, escreveram os dois no livro Estudos sobre a Histeria, de 1895.
Anna O. fez Freud ter uma sacada genial: expressar em voz alta pensamentos opressores e resgatar lembranças traumáticas causam efeitos benéficos ao corpo. Isso parece óbvio hoje em dia, mas não naquela época. As pessoas então enxergavam o corpo e a alma (o pensamento e o sentimento) como elementos que se opunham ou pelo menos não se comunicavam. Tratavam-se doenças mentais com procedimentos físicos, como eletrochoques ou incisões no cérebro. Com a criação do tratamento pela fala, Freud revolucionou a psiquiatria, criando uma nova área de estudo – a psicanálise.
Primeiro, ele afirmou que todos temos problemas mentais de menor ou maior grau. Cada pessoa, para Freud, monta sua identidade em cima de conflitos do inconsciente – local dos traumas e desejos reprimidos na infância. Depois, para chegar a esses desejos e impulsos que operam abaixo do nível da consciência, ele criou todo um conjunto de técnicas. Colocou um divã para dentro do consultório (e do nosso imaginário), onde o paciente deveria sentar e falar fazendo associações livres, de modo que o psicanalista pudesse desvendar as reais motivações por trás daquela fala e dos sonhos que a pessoa narrava ter vivido. “Não apenas Freud inventou sozinho o campo da psicoterapia mas o fez de uma só vez”, afirma, no livro Os Desafios da Terapia, o psiquiatra Irvin D. Yalom, professor emérito de psiquiatria da Universidade Stanford (EUA) e autor de Quando Nietzsche Chorou.
Nesses mais de 100 anos, a psicanálise se multiplicou em diferentes teorias e abordagens, dando origem a uma área mais abrangente, a psicologia. Mas a criação de Freud permanece a fonte onde, de alguma forma, todas as correntes da psicoterapia ainda bebem. “Dá para considerar a psicanálise como o berço de todo o campo, pelo menos em relação à maioria das linhas de psicologia profunda”, diz Franklin Goldgrub, professor de psicologia da PUC-SP. De modo geral, o terapeuta com alguma influência de Freud tenta provocar no paciente um processo de autoconhecimento, ou seja, de descoberta da raiz das suas motivações e traços de personalidade. Um processo que envolve passos como estes:
Rever o passado. Entre psicólogos, é comum ouvir a frase “o passado muda todo dia”. A idéia é que podemos voltar aos fatos do passado que mais nos atormentam e reavaliá-los, dando a eles outro significado. Fazer uma “arqueologia da alma”, como dizia Freud, passa por descobrir como nossos pais e os desejos deles influenciaram a nossa vida. Uma passagem de Cartas a um Jovem Terapeuta, do psicanalista Contardo Calligaris, explica por que a infância assume papel tão importante na terapia: “Não é porque os eventos da infância sejam mais marcantes do que os de hoje, mas porque os eventos de hoje tomam relevância e sentido a partir de nosso passado e, portanto, de nossa infância”.
Tomar consciência. É quando o paciente descobre o que faz com a própria vida e tenta vislumbrar o motivo por trás de suas ações. Geralmente a tomada de consciência provoca descobertas revolucionárias sobre si próprio, do tipo: “Minha mulher morreu há 3 anos e desde então vivo fingindo que ela está viva” ou “Sou ranzinza e intolerante com as pessoas da mesma forma como ajo comigo mesmo”.
Responsabilizar-se. Depois que a pessoa se dá conta de seus traços de comportamento, vem a hora de tomar para si a responsabilidade pelos problemas e deixar de culpar os outros – os pais, o chefe, a sociedade ou o marido que decidiu ir embora. Como diz o psiquiatra Yalom no livro O Carrasco do Amor: “Se a pessoa não se sente responsável pelas próprias dificuldades, como, então, ela será capaz de modificar sua situação?” Não significa se culpar pelos infortúnios da vida. “Culpar-se é querer se castigar. Responsabilizar-se é querer mudar. O objetivo é fazer a pessoa perceber o que quer e como ela própria se sabota”, diz Goldgrub.
O problema é que esse roteiro inspirado nas idéias de Freud pode demorar anos para se desenvolver – e ninguém garante que produza os resultados que o paciente espera. Tem mais: muitas das teorias de Freud e outros grandes psicanalistas não nasceram do método científico tradicional – aquele em que um cientista delimita um universo de pesquisa, faz análises e a partir dela tira conclusões. Suspeita-se até que Freud tenha exagerado histórias de seus pacientes para comprovar sua teo­ria. “Do nascimento da psicanálise até hoje, várias idéias de Freud foram descartadas”, diz o neurocientista Renato Sabbatini, da Unicamp. “A neurociência, por exemplo, descobriu que os sonhos têm mais a ver com a memória do dia anterior do que com desejos reprimidos.”
À medida que as idéias de Freud foram sendo questionadas, novos tratamentos surgiram. Das mais de 400 técnicas diferentes que existem hoje, a maioria apareceu a partir da década de 1960, quando a revolução sexual fez as pessoas dar mais importância ao bem-estar do corpo e da mente. Enquanto a terapia baseada na psicanálise tradicional permaneceu um processo demorado, onde falar de cura e eficácia soa estranho, sua hegemonia foi dando lugar a modelos mais curtos e focados, as psicoterapias breves dinâmicas. Uma das correntes mais fortes é a terapia cognitivo-comportamental (TCC), recomendada sobretudo a quem sofre de fobias, como medo de dirigir, ou transtornos obsessivos, como o hábito de lavar as mãos várias vezes por hora. Bem diferente das terapias baseadas em Freud, a TCC quer saber pouco do passado ou dos desejos reprimidos do paciente. O tratamento costuma ser mais curto e se concentra no que a pessoa pensa sobre si mesma e como esse pensamento se reflete nas ações. “Para a terapia cognitiva, os sintomas depressivos vêm de pensamentos e crenças negativas sobre si e sobre o mundo”, diz o psiquiatra Aristides Volpato Cordioli, organizador de um catatau de quase 900 páginas chamado Psicoterapias – Abordagens A­tuais.­ Assim como a TCC, existem técnicas mentais que fazem você se acostumar a ter pensamentos tranqüilizantes, levando esse sentimento a situações de ansiedade.
Freud também vem perdendo terreno porque se restringiu aos conflitos interiores de um indivíduo, dando pouca importância a influências sociais nos sentimentos dele. “O sofrimento psíquico varia de acordo com o contexto sociocultural”, diz o psiquiatra e psicanalista Mário Eduardo Pereira, professor de psiquiatria da Unicamp. Se na época de Freud os casos de histeria proliferavam, provavelmente em resposta à repressão sexual do século 19, a sociedade atual pode nos deixar mais narcisistas, competidores e ansiosos por ter prazer. “Vive-se hoje em uma sociedade nada solidária e muito competitiva, onde as posições conquistadas são sempre incertas. Isso está fortemente relacionado aos casos, cada vez mais comuns, de pânico, insônia, ansiedade, estresse e depressão”, diz Mário Eduardo Pereira. Se a raiz desses problemas está no tipo de vida que levamos hoje em dia, eles não podem ser tratados apenas pelas técnicas de Freud.
Por dentro do cérebro
Tantas correntes diferentes de psicoterapia impõem uma questão: como saber qual é a mais eficaz ou pelo menos se alguma delas é eficaz? É aqui que entra uma outra área da ciência que está se interessando pelo que acontece no divã. Pesquisas com neuroimagem funcional, método que fotografa o fluxo sanguíneo no cérebro, estão provando que a terapia baseada na fala causa, sim, efeitos permanentes no nosso sistema de aprendizagem, na memória e no processamento de emoções.
O último estudo da área, feito na Universidade de Amsterdã no ano passado, analisou 20 pessoas com transtorno do estresse pós-traumático, distúrbio que geralmente atinge quem passa por traumas como seqüestro, acidentes graves e abuso sexual. Elas foram submetidas a uma sessão semanal de psicoterapia breve – inspirada em Freud, porém focada e mais curta – durante 4 meses. Enquanto isso, outras 15 pessoas com o mesmo diagnóstico ficaram num grupo sem tratamento. No final, o cérebro de quem fez terapia mudou. Houve mais atividade em regiões do córtex pré-frontal, área relacionada a cálculos, pensamentos práticos e ações que tomamos conscientemente. Na prática, o tratamento deu alívio a sintomas que têm tudo a ver com traumas, como hipervigilância (estado de alerta permanente) e recordações aflitivas, que se manifestam em pesadelos e pensamentos recorrentes.
Alguém pode logo dizer que não é privilégio da psicoterapia alterar redes neurais. E não é mesmo. Com maior ou menor intensidade, as experiências da nossa vida provocam mudanças na atividade cerebral – como na hora em que ouvimos a seleção de músicas da nossa banda favorita, recebemos a notícia triste da morte de alguém ou damos uma boa caminhada no parque. “O que é bastante recente é o reconhecimento da comunidade científica sobre a intensidade e a permanência das mudanças alcançadas pela psicoterapia. Não se imaginava que o funcionamento do cérebro pudesse ser alterado tão dramaticamente pelo tratamento, e com benefícios tão duradouros”, diz o psicólogo e neurocientista Marco Montarroyos Callegaro.
É como se o pensamento alterado pela terapia fosse a tabuada que a gente não esquece mais. “Os sistemas de memória e aprendizagem constituem a base de todas as psicoterapias. Como o cérebro é uma estrutura plástica, que se modifica de acordo com nossas experiências, o tratamento consegue atuar em determinados circuitos”, diz Jesus Landeira-Fernandez, diretor do Laboratório de Neuropsicologia Clínica e Experimental da PUC-RJ.
Meses antes da pesquisa holandesa, uma outra, realizada pela USP, mostrou resultados parecidos. O estudo envolveu 16 pacientes também com transtorno do estresse pós-traumático. Eram pessoas que tinham vivido eventos como a morte de parentes, seqüestro e assalto. Em dois meses, elas passaram por sessões semanais de uma psicoterapia chamada exposição e reestruturação cognitiva, que consiste em revisitar o evento para então dar a ele um significado menos traumático. Outros 11 pacientes com o mesmo distúrbio ficaram numa lista de espera. Resultado: aqueles que foram às sessões tiveram mais atividade no córtex pré-frontal e menos na amígdala. Como esta parte do cérebro regula nossa sensação de medo, a relação é direta: a terapia reduziu o medo e a ansiedade dos pacientes. Já quem ficou no grupo de controle não teve mudanças relevantes. “Novos arranjos das sinapses ocorrem durante o aprendizado promovido pela psicoterapia”, diz o psicólogo Julio Perez, o autor do estudo. “O tratamento modifica as redes associativas que antes estavam relacionadas à situação que causava dor e dificuldade.”
Quer mais? Há ainda estudos provando a eficácia da terapia para problemas específicos, como as fobias. Na Alemanha, em 2006, 28 voluntárias perderam o medo de aranha em sessões semanais, de 5 horas, de TCC. Elas tiveram menor atividade da ínsula e do giro do cíngulo anterior direito, áreas ligadas àquelas reações que nós não controlamos, como ficar assustado e com o coração batendo rápido logo depois de ver uma aranha. No Japão, também em 2006, 12 pacientes com síndrome do pânico se livraram do mal em 10 sessões de terapia comportamental ao longo de 6 meses. O cérebro deles também deu uma recauchutada nas áreas ligadas ao medo, à memória e ao pensamento consciente. “Há indícios de que as psicoterapias promovem o fortalecimento das funções executivas, ligadas ao córtex pré-frontal”, diz Landeira-Fernandez. Em outras palavras, a terapia fez as pessoas pensar melhor.
As pesquisas de neuroimagem indicam que quem completa o tratamento sai, em geral, 80% melhor do que os pacientes fora do consultório. É um resultado tão positivo que já está provocando mudanças na saúde pública de alguns países. Na Inglaterra, o governo anunciou um investimento de 170 milhões de libras para treinar 3 600 profissionais em terapia cognitivo-comportamental. “O valor inicial do tratamento com antidepressivos é inferior ao da psicoterapia. No entanto, no médio e no longo prazo, a melhor relação é a do tratamento psicoterápico, que tende a apresentar menor reincidência da depressão e efeitos mais duradouros”, diz Callegaro. O resultado também fez até os mais céticos admitir as vantagens da terapia. “Uma coisa é a teoria ultrapassada de Freud, outra são os efeitos comprovados da prática”, diz o neurocientista Sabbatini.
Por fora da terapia
Mas tem um probleminha. A neuroimagem também levanta questões que incomodam a psicologia. Em grande parte das pesquisas, há um paradoxo aterrador: não importa se o paciente passou por uma tratamento inspirado em Freud ou uma prática mais nova. No fim, o efeito de todas é muito parecido. Ou seja: em eficácia, abordagens distintas não fazem diferença nenhuma entre si. Inconformados com isso, pesquisadores da Universidade de Leeds, na Inglaterra, tentaram recentemente pôr fim ao mistério. Durante 3 anos, eles estudaram 5 500 pacientes que passaram por 3 tipos de terapia: cognitivo-comportamental, psicodinâmica e centrada na pessoa. Conclusão publicada em 2007: equivalência de novo.
O fato de terapias diferentes funcionarem igualmente cria uma hipótese: talvez a psicoterapia não funcione pelo motivo que os terapeutas apontam, mas por razões não tão confortáveis à psicologia. Dylan Evans, pesquisador da Universidade de Cork, na Irlanda, especializado em psicologia evolutiva, defende uma dessas razões incômodas: “Se as diferentes técnicas não têm qualquer impacto na recuperação, então é plausível que os benefícios se devam à única coisa que todas as abordagens têm em comum. A crença do paciente de que está recebendo ajuda médica de boa-fé”. Ou seja: efeito placebo – o mesmo que faz as pessoas se sentir melhor depois de tomarem um remédio de farinha ou passarem por um benzimento.
Evans conta em seu livro Placebo (sem tradução para o português) que essa possibilidade teria assombrado Freud até a morte. O Pai da Psicanálise acreditava na supremacia do seu método e, tão logo diferentes linhas se formaram dentro da escola psicanalítica, passou a atribuir os efeitos provocados por essas dissidências à pura sugestão. “Logo se tornou claro que seus próprios pacientes não diferiam em recaídas daqueles tratados por heréticos como Jung e Adler”, afirma Evans.
Assim se desenrola um novelo de pontos fracos dos tratamentos psicológicos. Apesar de as pesquisas neurológicas provarem os efeitos da terapia, não há provas de que isso acontece pelos motivos que os terapeutas apontam. “Na área da saúde mental, é difícil até saber qual é o distúrbio que a pessoa apresenta”, diz Sabbatini. Distúrbios mentais não são como dores de cabeça – não há certeza do que o paciente tem e nem se o tratamento vai ser eficaz como um analgésico. A falta de fundamentação faz das terapias um serviço estranho: elas oferecem um tratamento sem saber se ele vai dar certo. Por causa disso, “a psiquiatria é uma das últimas áreas da medicina que ainda não conseguiu o status de ciência”, diz Sabbatini.
É o que os especialistas chamam de fase empírica não científica: quando se descobriu, pela prática, que uma erva ou uma atitude ajudam a prevenir ou curar uma doença, mas sem ninguém saber exatamente por quê. Por exemplo: no século 18, o médico italiano Giovanni Lancisi acreditava que a malária era contraída ao se respirar o ar fétido de pântanos – daí o nome da doença, que vem de “maus ares”. De fato, deixar de circular em pântanos evita malária, mas não por causa dos maus ares, e sim porque o lugar é cheio de mosquitos – estes, sim, a verdadeira origem da doença. As psicoterapias podem estar nesse nível. Baseiam-se numa crença forte e têm alguma eficiência, mas ninguém sabe exatamente como a melhora acontece. E mais: pode haver uma causa e um tratamento mais acertados, porém não descobertos.
Um exemplo é a genética. Por muito tempo, acreditou-se que a esquizofrenia era um mal psicológico que deveria ser tratado no divã. Quando vieram à tona suas raízes genéticas e químicas, a psicoterapia para tratar esquizofrenia virou coisa do passado. Do mesmo modo, cada vez mais pesquisas ligam os genes à predisposição ao comportamento depressivo. E uma pesquisa de biólogos evolutivos dos EUA acaba de mostrar que a hiperatividade tem laços genéticos. Psicólogos costumam explicar esse distúrbio como uma estratégia de filhos para chamar a atenção dos pais. Já os biólogos americanos descobriram que há uma razão evolutiva para a hiperatividade existir. Quando o ser humano vivia em grupos nômades, não conseguir parar quieto era uma vantagem competitiva para caçadores e pastores. Hoje, porém, a vida sedentária fez desse traço um problema. Pesquisas como essa mostram que, no futuro, os cientistas podem descobrir que tratar depressão ou hiperatividade no divã é tão equivocado quanto achar que os ares do lodaçal causam malária.
Trapalhadas no divã
Para os psicoterapeutas, porém, a história é outra. Se linhas diferentes de tratamento funcionam da mesma forma, não significa que o efeito da terapia seja placebo ou coisa parecida. E sim que a eficácia não depende do tipo de tratamento, mas da vontade do paciente em amadurecer, da habilidade do terapeuta e sobretudo da relação que os dois desenvolvem.
Pouca gente gostaria, por exemplo, de se tratar com quem se compromete mais com a doutrina em que se formou do que com o paciente. E passa as sessões tentando encaixar o pobre coitado na teoria. Críticos da psicanálise chamam essa prática de “cara eu ganho, coroa você perde”. É o caso do analista convicto de que o rapaz sofre do clássico complexo de Édipo, quer matar o pai para ficar com a mãe. Se ele concorda com a interpretação, perfeito. Se não, é porque está reprimindo impulsos sexuais. “Um dos desafios é não tornar o nosso fazer um leito de Procusto”, diz Julieta Quayle, um dos presidentes da Associação Brasileira de Psicoterapia. No mito grego, os hóspedes de Procusto não saíam vivos de sua casa, pois ele cortava ou esticava seus pés para que coubessem no tamanho exato da cama que oferecia.
Também há o problema da má formação. A cada ano, o Brasil ganha 17 mil novos psicólogos. Muitos saem de faculdades pouco prestigiadas, não fazem um curso de especialização num método ou num distúrbio e mesmo assim abrem seus ouvidos para tratar das razões individuais do ser humano – talvez o objeto de estudo mais complexo que existe. Além disso, terapeutas também têm seus problemas emocionais, que podem resvalar para o paciente. Nem todos mantêm uma necessidade básica: sua própria terapia. “Como é possível uma pessoa guiar os outros num exame das estruturas profundas da existência sem examinar a si mesmo?”, questiona Yalom. Entre os resultados da falta de análise do terapeuta, está o de seduzir ou deixar-se seduzir pelo paciente. Não raro terapeutas mal analisados têm relacionamentos amorosos com clientes.
“Se fôssemos submeter terapeutas a um controle estatístico, poucos sobreviveriam”, diz o neurocientista Sabbatini. Mas, como grande parte do sucesso do tratamento depende de quem está se tratando, é muito difícil avaliar um terapeuta. Para o profissional, fica fácil culpar o paciente pela ineficácia das sessões. Diante disso, faz sentido a metáfora que o psicólogo clínico americano Scott Miller usa para falar do paciente: cliente herói. “Quer o terapeuta funcione ou não, depende do cliente, e de suas habilidades heróicas, levantar-se contra as coisas horríveis que lhe aconteceram”, afirma ele.
A terapia no futuro
A falta de certeza do tratamento pelo menos tem uma vantagem: exigir terapeutas cada vez mais focados em resultados, que usem técnicas mais científicas para descobrir o problema do paciente. “No futuro, talvez possamos diagnosticar os transtornos através de exames de neuroimagem”, diz Landeira-Fernandez.
Na hora do tratamento, uma das tendências é que cada vez mais os profissionais se especializem no distúrbio e não numa doutrina intelectual. Um exemplo é o trabalho do psicólogo clínico Albert Rizzo, da Universidade do Sul da Califórnia. Bancado pelo Exército americano, ele adequou a terapia cognitivo-comportamental a um game de guerra e vem tratando soldados que sofreram traumas no Iraque. “Jovens acostumados à realidade virtual, eles se sentem incentivados a voltar aos eventos da guerra pelo computador”, diz Rizzo.
Mas também existe a tendência oposta: que algumas correntes fiquem ainda mais distantes da ciência e próximas da filosofia, criando sessões onde a cura seja um fator secundário. “Vivemos questões existenciais que acompanham o ser humano há séculos”, diz o filósofo Lúcio Packter, pioneiro da filosofia clínica no Brasil. Não à toa, o psiquiatra Irvin Yalom dedicou o livro A Cura de Schopenhauer aos filósofos clínicos – que ele chamou de terapeutas do futuro: “Nós [os psicólogos] fazemos parte de uma tradição que remonta não só aos nossos ancestrais imediatos da psicoterapia, começando com Freud e Jung, e todos os ancestrais deles – Nietzsche, Schopenhauer, Kierkegaard – mas também Jesus, Buda, Platão, Sócrates, Galeno, Hipócrates e todos os outros grandes líderes religiosos, filósofos e médicos que se ocuparam de cuidar do desespero humano”. Uma venerável agremiação.

Terapia no cockpit da F-1

O mundo das terapias anda tão especializado que a SUPER ouviu até Jarno Trulli, piloto de Fórmula 1 da Toyota, e seu médico,Riccardo Ceccarelli. Calma, Trulli não sofre de nenhum distúrbio mental nem está passando por uma crise existencial. Ele só quer correr melhor – e usa psicoterapia para isso. No divã, pratica exercícios para ter um cérebro mais ágil na corrida.
Como assim terapia na F-1?
Trulli: Pratico algumas técnicas para trabalhar o cérebro. É que uma coisa é se concentrar o máximo possível em uma tarefa e outra é se concentrar em realizar diversas atividades ao mesmo tempo, o que um piloto de Fórmula 1 deve fazer. Trabalhamos para cultivar uma mente o mais elástica possível, preparada para lidar com todas as ações e informações da corrida, mesmo quando fisicamente você já está cansado. Como não há um treinamento específico que sirva para o nosso trabalho, nos valemos de diversas disciplinas.
Como funciona?
Ceccarelli: São duas sessões diárias, pela manhã e à tarde. Peço a Trulli que imagine que está correndo uma volta de um circuito, movendo seus braços, brecando e acelerando no ponto correto. Isso mostra a precisão do que ele está visualisando. Normalmente, completa a volta entre dois ou três segundos a mais ou a menos do tempo de uma volta real. Em uma outra técnica, peço que ele olhe para diversos objetos e tente se concentrar em todos ao mesmo tempo, vendo detalhes e movimentos. Isso treina o cérebro a lidar com várias tarefas.

Terapia para a guerra

Ela foi chamada de “coração de soldado” na Guerra de Secessão, de “choque da bomba” na 2ª Guerra e de “fadiga do combate” na Guerra do Vietnã – quando foi batizada de transtorno do estresse pós-traumático. Com a Guerra do Iraque, o distúrbio reapareceu. Para tratar os soldados que voltam traumatizados do Iraque, os americanos usam até videogames. Bancado pelo Exército, o psicólogo clínico Albert Rizzo, da Universidade do Sul da Califórnia, adequou a terapia cognitivo-comportamental a um game de guerra, tratando os soldados com realidade virtual.
Como o tipo de tratamento começou?
No início, todos imaginavam que a Guerra do Iraque seria rápida – e que por isso não haveria soldados com transtorno do estresse pós-traumático. Em 2004, porém, uma revista médica publicou um artigo com números assustadores de gente traumatizada voltando do Iraque e do Afeganistão. Os militares reconheceram o problema e vieram até nós. Tínhamos adaptado o game Full Spectrum Warrior, que se parece muito com o ambiente de guerra do Iraque, para incluir nele elementos úteis à terapia.
Como a realidade virtual contribui para o tratamento?
Trata-se de uma simulação em 3D em que o paciente, com um headset, pode dirigir um tanque humvee ou andar por uma vila. É quando o terapeuta faz coisas acontecer. No começo, muda o número de pessoas na rua. Depois, conforme o paciente fica mais confortável e sua resposta ao medo diminui, adiciona coisas como o barulho de uma arma a distância ou de uma bomba. Um helicóptero que sobrevoa um veículo que explodiu. Tudo bem gradual. Montamos um simulador do ambiente de guerra que inclui até o cheiro de combustível, pólvora, lixo, borracha queimada, todo tipo de cheiro da guerra. Quando uma bomba explode, eles sentem o chão tremer.
Qual o papel da fala no tratamento?
É o elemento principal. A tecnologia não cura ninguém. O paciente não fica simplesmente sentado olhando o que acontece no mundo virtual. Eles são encorajados a falar da experiência, a chorar e a contar os detalhes. O mundo da realidade virtual os ajuda a ter condições de voltar para aquele evento e a processar a memória emocional. Nós ouvimos a sua história repetidas vezes, a gravamos e a entregamos em uma fita no final da sessão. Todo o processo é desenhado para ampliar a habilidade do terapeuta em aplicar a terapia de exposição, não para substituí-lo.
Que tipos de sintomas os soldados estão eliminando?
Os principais são o que chamamos de re-experiências. Elas aparecem em pesadelos e flashbacks, que talvez sejam os piores sintomas. Basicamente, o transtorno consiste em ter atitudes extremas quando não é necessário. Por exemplo: o sujeito está sentado do lado de fora de um café e o escapamento do carro dá um estrondo. De repente, ele volta ao Iraque. Eles também evitam acontecimentos associados ao trauma. Voltam para casa e não querem ir a canto nenhum, porque acham que uma bomba vai explodir. Ou, se estão dirigindo e vêem uma pilha de lixo ao lado da estrada, relembram a guerra e, eventualmente, não dirigem mais. De 15 veteranos que completaram o programa desde 2005, 12 mostraram melhoras impressionantes. Não pretendemos eliminar a memória de ninguém, mas ajudá-los a não ser assombrados pelos sintomas do TEPT, que fazem a guerra continuar dentro de cada um.

10 grandes linhas do autoconhecimento

Desde que Freud inventou a terapia pela palavra, seu método foi questionado, derrubado, reerguido e reformado. Hoje, sua influência está dispersa em centenas de correntes – algumas mais, outras menos freudianas. Veja abaixo como 10 grandes linhas da psicoterapia funcionam.
Alta influência de Freud
Psicanálise
O analista acredita que os problemas vêm de impulsos reprimidos na infância do paciente, que passa a maior parte da sessão falando por meio de associações livres. O terapeuta geralmente fala pouco, sem emitir juízo, tentando analisar a fala e os sonhos. Modelo mais antigo, foi ampliado e modernizado com os estudos de Jacques Lacan (1901-1981).
Psicanálise junguiana
Também chamada de psicoterapia analítica, foi criada por Carl Jung, discípulo de Freud, que introduziu na psicanálise o conceito de inconsciente coletivo – as imagens e as experiências comuns a todos os seres humanos. Por isso, o método junguiano leva em conta, além das questões individuais do paciente, as influências externas e coletivas que podem atormentá-lo.
Psicodinâmica?
Chamada de psicanálise light, baseia-se em noções tradicionais da psicanálise, só que é mais breve, com o terapeuta tentando ativamente engajar o paciente em um diálogo que o faça reconhecer e resolver conflitos antigos. É também mais focada para atingir objetivos concretos preestabelecidos entre paciente e terapeuta.
Média influência de Freud
Gestalt
Usando o teatro e outras expressões artísticas, explora técnicas dramáticas para construir pensamentos e atitudes criativas. Com blocos de espuma, bonecos ou almofadas, o paciente é encorajado a adotar novos papéis e expressar sentimentos, com o objetivo de compreendê-los melhor.
Terapia de grupo
Abriga teorias e práticas de outras correntes, com a diferença de ser praticada em grupo. O convívio com os outros pacientes funciona como um microcosmo social – um ambiente seguro para um novo comportamento. É indicada para quem sofre de problemas comuns do seu ambiente e tem dificuldade de se relacionar com os outros.
Interpessoal
Recomendada a quem passa por depressão leve ligada a conflitos pessoais, luto ou mudança repentina de papéis (um casamento ou um novo cargo profissional). O tempo da terapia é predeterminado, e as sessões se concentram no tempo presente, sem ligar experiências atuais ao passado.
Centrada na pessoa
Foca na relação entre paciente e o profissional. Sem interpretar pensamentos e comportamentos, o terapeuta cria um clima de empatia que permite ao paciente explorar questões que o perturbam e desenvolver a auto-estima. Por isso, é indicada a quem se sente oprimido pelo mundo e tem baixa aceitação de si próprio.
Baixa influência de Freud
Terapia comportamental
Linha bem distante de Freud, é indicada para quem sofre reações indesejáveis do corpo diante de manias e fobias (como medo de aranha ou de avião). Utiliza técnicas básicas de aprendizagem, como exposição e condicionamento, na tentativa de trocar o comportamento usual por reações mais agradáveis. Para os críticos, esse tipo de terapia tenta fazer um adestramento do paciente.
Terapia cognitiva
Baseada na idéia de que “os homens se perturbam não pelas coisas, mas pela visão que têm delas”, como disse o pensador romano Epíteto (60-117). A terapia cognitiva tenta reconhece e alterar padrões de pensamento que incomodam o paciente, para ensiná-lo a vigiar idéias automáticas e corrigi-las. Indicada a quem sofre de depressão e precisa mudar o que pensa sobre si próprio.
Terapia cognitivo-comportamental
Utiliza técnicas das duas correntes ao lado para tentar fazer o paciente identificar pensamentos e crenças distorcidas que tem de si próprio. A idéia é fazer a pessoa perceber seus pensamentos e procurar corrigi-los, gerando novos padrões de raciocínio. Indicada para quem sofre de depressão, ansiedade e perturbações relacionadas a traumas.

Para saber mais

Os Desafios da Terapia
Irvin Yalom, Ediouro, 2007.
Placebo
Dylan Evans, Oxford, EUA, 2004 .
Psicoterapias – Abordagens Atuais
Aristides Volpato Cordioli, Artmed, 2008.
Estudos sobre a Histeria
Sigmund Freud, Imago, 2006.

terça-feira, 22 de abril de 2014

INTERDIÇÃO, DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E DIREITOS HUMANOS

INTERDIÇÃO, DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E DIREITOS HUMANOS.



Imagem publicada- A foto colorida de um homem sorridente, inglês, que completou uma maratona após 41 dias, percorrendo apenas 1,5km por dia, com auxílio de um apoio especial para caminhar e uma equipe de amigos e familiares ao seu redor. A matéria não tem a ver diretamente com interdição, mas se pode supor o que teria acontecido com ele, caso fosse interditado, após o acidente que o levou a um quadro psicomotor semelhante a uma paralisia cerebral grave. Podemos dizer que, após um acidente, como o de Eddie Kidd, perdemos todas as nossas habilidades e capacidades? E, quando se trata de uma criança ou jovem com Síndrome de Down ou Paralisia Cerebral? A eles não é permitido, depois de diagnosticados/julgados "incapazes", de correr a corrida da Vida Livre e sem Interdições?

EU NÃO INTEDITO, NÓS NÃO OS INTERDITAMOS, PORÉM ELES AINDA INTERDITAM.

No dia 03 de maio será realizada uma audiência sobre a Interdição Legal total de pessoas com deficiência intelectual e pessoas com paralisia cerebral severa. Ocorrerá um debate proposto pelos deputados Mandetta (DEM-MS) e Rosinha da Adefal (PTdo B-AL).

O tema é de meu total interesse/dedicação há muitos anos. Já participei há mais de 15 anos atrás de um debate promovido no Centro Cultural Banco do Brasil, RJ, de uma acirrada discussão sobre a interdição total de pessoas com deficiência intelectual. Há época já manifestava minhas inquietações bioéticas e sociais sobre o tema.

A palavra interdição, para além de seu sentido legal, implica, para o senso comum, a restrição de alguns direitos fundamentais. É a proibição para os atos da vida civil por aqueles que forem considerados “incapazes”. Nessa perspectiva é que sempre interrogarei sua possibilidade, necessidade e sua aplicabilidade. Continuo sendo apenas um defensor ativista de direitos humanos ao refletir sobre ela.

Já há uma visão mundial sobre o tema. Foi expresso na Declaração de Montreal sobre a Deficiência Intelectual, em 2004, na cidade de Montreal, Canadá. Tive a oportunidade de traduzi-la para o português. Venho difundindo-a desde então para que possamos aprofundar e rever nossos preconceitos sobre as deficiências intelectuais e os sujeitos que as vivenciam.

E, lá fica claro que o paradigma que irá sustentar essa declaração que foi proposta pela OPAS/OMS, ambas no âmbito da medicina e da saúde, é o que irá ser o eixo principal do que se estabeleceu dois anos depois com a Convenção (ONU-2006). Em ambos os documentos os princípios fundadores são os Direitos Humanos. Mas que princípios norteariam uma interdição legal total?

Em princípio a palavra interdição vai de encontro com um dos direitos fundamentais, quando escolhe ou elege um ou mais sujeitos, a partir de sua condição de saúde, idade ou situação de vulnerabilidade. Os que estão, no momento, sendo o alvo dessa audiência são as pessoas com síndrome de Down e as com paralisias cerebrais graves.
No campo da Síndrome de Down já escrevi sobre sua autonomia e os exemplos de sua inclusão social só tem comprovado que são "cidadãos e cidadãs". No caso de pessoas com Paralisias Cerebrais ainda temos um campo nebuloso e confuso sobre sua classificação. O conceito de grave vai até onde?

É aí que há sempre o perigo do preconceito pela manutenção do paradigma biomédico. As pessoas com paralisias cerebrais são vistas, objetivadas, assujeitas e judicializadas como "doentes" ou "deficientes mentais".

Há sim quadros ou condições de saúde que levam a um maior número de restrições ou perdas de funcionalidade. Porém são em número muito menor a cada dia que passa. E, para o direito, na visão reducionista, são as pessoas “portadoras”, incapazes com “necessidades especiais”. Ainda não há uma abertura para os novos conceitos e visões sobre estes cidadãos/ãs, principalmente em algumas instâncias do Judiciário.

A noção de severidade dos quadros foi e é a maior justificativa também para o processo de institucionalização de pessoas com paralisias cerebrais ou síndrome de down. Ambos os quadros formaram o que se conceituava na CID-10 quadros de "retardamento mental". Há ainda muitos operadores do direito e profissionais da saúde que se baseiam nessas visões e conceitos arraigados erroneamente.

E para tais graves, moderados ou leves, ou então, historicamente, os imbecis, os débeis, os cretinos, ou, reducionisticamente, os retardados mentais, a melhor forma de cuidado e reabilitação só poderia ocorrer em espaços especializados e sob internação.

A maior defesa que já vi da interdição sempre foi direcionada por entidades que cuidam ou prestam assistência contínua a esses cidadãos e cidadãs sob reclusão. E a mais veemente foram as que famílias, principalmente mães, defendiam no sentido de “preservar o futuro” de seus filhos com deficiência considerada como “invalidez total”.

Mas o que é essa interdição judicial? Em pesquisa na Internet encontrei um dos documentos mais recentes sobre o tema. É do Chile (2011) e trata da “interdicción, proteción patrimonial y derechos humanos” (interdição, proteção patrimonial e direitos humanos). Nele se esclarece que a interdição é uma sentença judicial cujo efeito principal é a substituição das escolhas e decisões de uma pessoa com deficiência pelas de outra pessoa, que no direito recebe o nome de curador.

Esta figura está prevista também na Declaração de Montreal. Ressalta-se nela que “todas as pessoas com deficiências intelectuais são cidadãos plenos, iguais perante a lei e como tais devem exercer seus direitos com base no respeito nas diferenças e nas suas escolhas e decisões individuais”. Portanto, como na Convenção, estão garantidas as suas capacidades de decisão e escolha.

Então, considerando-se esta afirmação, em que condições poderiam ser solicitadas as interdições? Para a Declaração de Montreal: “A. As pessoas com deficiências intelectuais têm os mesmos direitos que outras pessoas de tomar decisões sobre suas próprias vidas. Mesmo que algumas pessoas possam ter dificuldades de fazer escolhas, formular decisões e comunicar suas preferências, elas podem tomar decisões acertadas para melhorar seu desenvolvimento pessoal, seus relacionamentos e sua participação nas suas comunidades;...”

É, então, o Estado que deverá proporcionar a proteção e a garantia de que estes cidadãos e cidadãs possam exercer, com os avanços legais e sócio-políticos, o acesso e utilização de serviços adequados que sejam baseados nas necessidades, assim como no direito ao consentimento informado e livre.

Com os avanços em ajudas técnicas, tecnologias assistivas e outros recursos das novas tecnologias quem são os que não seriam “capazes” da expressão de suas vontades e decisões?

No presente e no futuro sabemos que ainda teremos muitos excluídos do mundo digital e das novas tecnologias de informação, e entre estes estarão muitos sujeitos com deficiência intelectual. Porém o nosso dever será o de, caminhando no desenho universal, atender todas as suas necessidades, especificidades, “disfuncionalidades” ou incapacidades, e, principalmente as suas singularidades.

Tanto para a Declaração de Montreal como em outros documentos de cunho universalista encontraremos que o exercício da curatela deve ser relativizado. Porém o que encontramos é uma dura realidade de manutenção de pessoas com deficiência intelectual ou com paralisia cerebral em regimes de cativeiros, hospitais ou espaços de segregação. Muitos deles promovidos pelas próprias famílias desses sujeitos assujeitados.

É, dentro dessa realidade, brasileira em especial, que precisamos garantir que“as pessoas com deficiências intelectuais devem ser apoiadas para que tomem suas decisões, as comuniquem e estas sejam respeitadas ...”

Com a recente tomada de posição do nosso Governo com o Plano Viver sem Limites, e a decisão de subsidiar as pesquisas e desenvolvimentos em tecnologias assistivas, deveremos olhar para o futuro na tomada de uma decisão legal de interdição.
Aqueles ou aquelas que, hoje, não estão podendo se expressar por meios já conhecidos, em futuro não muito longínquo, utilizará meios avançados e nada onerosos para a comunicação de suas opiniões, ideias, sentimentos e decisões.

Já em 2004, em Montreal se afirmava: “B. Sob nenhuma condição ou circunstância as pessoas com deficiências intelectuais devem ser consideradas totalmente incompetentes para tomar decisões baseadas apenas em sua deficiência. Somente em circunstâncias mais extraordinárias o direito legal das pessoas com deficiência intelectual para tomada de suas próprias decisões poderá ser legalmente interditado.”

Há, portanto uma expressão afirmativa do direito de pessoas com deficiência intelectual, ou mesmo com paralisia cerebral, que não devem ser sinônimos ou equivalências. A maioria das pessoas com paralisias cerebrais NÃO SÃO pessoas com deficiências intelectuais. Apenas uma porcentagem pequena poderá apresentar alterações cognitivas ou restrições de funcionalidade psicomotora que prejudicará sua interação e expressão ao meio ambiente.

Ambas as condições devem ser expressão de direitos humanos. Portanto direitos que são inalienáveis, indivisíveis, interdependentes, interelacionados e universais. E, se fundamentarmos, nesses princípios, a prática legal das interdições, a partir desse encontro e debate na Câmara dos Deputados, terá de abandonar o paradigma biomédico.

Surgirá, inclusive com a presença, que espero não falte de nossa ministra Maria do Rosário Nunes, da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, a efetivação dos Direitos Humanos como linha mestra de todos os novos modelos legais para pessoas com deficiência, sejam intelectuais ou não.

Lembrando a temporalidade vertiginosa em que vivemos, assim como as necessárias mudanças legais, os processos de interdição não devem ficar restritos aos laudos de peritos forenses ou psiquiatras. O nosso olhar médico nos leva para os ‘’mutirões’’ de ações de interdição, onde a Síndrome de Down está no mesmo nível que as pessoas com Doença de Alzheimer.Ainda trabalhamos com a CID-10 e desconhecemos a CIF-2006.

E as curatelas deverão ser de uma curta duração, principalmente aquelas que envolvem interesses patrimoniais ou alegações unicamente prestadas pelos familiares. Portanto, nesse campo é indispensável que o Estado e o Poder Judiciário observem que: “Qualquer interdição deverá ser por um período de tempo limitado, sujeito as revisões periódicas e, com respeito apenas a estas decisões, pelas quais será determinada uma autoridade independente, para determinar a capacidade legal”.

Finalmente, reforçando o que já foi declarado em Montreal, afirmar que: “C. A autoridade independente, acima mencionada, deve encontrar evidências claras e consistentes de que apesar dos apoios necessários, todas as alternativas restritivas de indicar e nomear um representante pessoal substituto foram, previamente, esgotadas. Esta autoridade independente deverá respeitar o direito a um processo jurídico, incluindo o direito individual de ser notificado, ser ouvido, apresentar provas ou testemunhos a seu favor, ser representado por um ou mais pessoas de sua confiança e escolha, para sustentar qualquer evidência em uma audiência, assim como apelar de qualquer decisão perante um tribunal superior”.

Era esse olhar para o futuro dos direitos humanos de pessoas com deficiência intelectual que há 08 anos se declarou. HOJE, como parte de um movimento para a afirmação política das pessoas com deficiência, qual visão futurista devemos criar em relação ao nosso próprio futuro?

Excelências, Meritíssimos, Ilustríssimos Senhores e Senhoras, que já conseguiram afirmar o direito sexual e reprodutivo das mulheres com a recente decisão do STJ sobre anencefalia, lhes faço um único pedido: - Eu, aqui cidadão brasileiro, desejo de coração que suas mentes continuem no processo evolutivo e transformador de todas as nossas leis.

Então, os “cida-downs” e os chamados de “paralíticos” poderão se orgulhar de um novo papel a exercer: serão os respeitados auto defensores dos seus direitos humanos. Não há como exercitar a cidadania sem um exercício de nossas autonomias e desejos mais profundos.

Comemorei, com minha família reunida, o 102º (centésimo segundo) aniversário de meu pai. Alguns devem se perguntar sobre sua capacidade de decisão, ou sua interdição. Com sua lucidez, garantida pelo desejo de vida, ainda é e será respeitado em suas decisões, mesmo as que nos pareçam estarem erradas ou contra nossa vontade.

Eu lhe perguntei se ainda irá acompanhar a sua querida Romaria a pé até Aparecida do Norte, distante mais de 300 km de minha cidade natal, ponderando sobre as baixas temperaturas e o risco de saúde de um ancião, e ele afirmativamente me respondeu: - “E por que não iria? Eu ainda não morri ...”.Ele irá como o maratonista com Paralisia Cerebral até o fim de sua jornada, seguindo sua fé e sua determinação/decisão.

E podem ter certeza de que ele, se interrogado for, afirmará como um desembargador que negou uma interdição recentemente noticiada: “De qualquer sorte, não se pode considerar a idade avançada do apelado (74 anos, atualmente) ou a preferência deste por um estilo de vida mais simples como motivos para interditá-lo. Veja-se, além disso, que velhice não se confunde com senilidade"...

Assim não podemos continuar confundindo a situação de deficiência com a noção de incapacidade total, para sempre, decretada. A interdição total deverá ser a exceção da exceção, e, ainda assim respeitar, antes que velhos códigos, a urgente ativação, transversalidade e implementação dos Direitos Humanos.

E, muito raramente, muito poucos, quase nenhum sujeito com deficiência intelectual ou com paralisia cerebral dita severa estará sendo submetido à perda de suas liberdades...

EU, NO FUTURO, ESPERO NÃO ME INTERDITAREI, NÓS NÃO SEREMOS INTERDITADOS, E ELES, TORNADOS MAIS JUSTOS E SÁBIOS, APRENDERÃO O QUE É SER/ESTAR INTERDITADO... POIS TODOS/TODAS, UM DIA, APRENDEMOS A VIVER/CONVIVER COM LIMITES...


Copyright jorgemarciopereiradeandrade 2012/2013 (favor citar o autor e as fontes em republicações livres pela Internet e outros meios de comunicação de massa)

NA INTERNET – Fontes e notícias

Interdição legal de pessoas com deficiência intelectual será discutida em audiência 
http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITO-E-JUSTICA/416052-INTERDICAO-LEGAL-DE-PESSOAS-COM-DEFICIENCIA-INTELECTUAL-SERA-DISCUTIDA-EM-AUDIENCIA.html

DECLARAÇÃO DE MONTREAL SOBRE A DEFICIÊNCIA INTELECTUAL 
http://www.defnet.org.br/decl_montreal.htm

PLANO VIVER SEM LIMITES - Plano beneficia 45,6 milhões com deficiênciahttp://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2011/11/17/plano-beneficia-45-6-milhoes-com-deficiencia

Tribunal nega pedido de interdição: velhice não se confunde com senilidade
http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=visualiza_noticia&id_caderno=20&id_noticia=82239

Homem com paralisia cerebral completa Maratona de Londres após 51 diashttp://www.estadao.com.br/noticias/internacional,homem-com-paralisia-cerebral-completa-maratona-de-londres-apos-51-dias,cional,homem-com-paralisia-cerebral-completa-maratona-de-londres-apos-51-dias,729002,0.htm

LEITURA INDICADA:

Derechos de las Personas com Discapacidad Mental *Chile (em PDF)http://www.senadis.gob.cl/descargas/centro/tematicos/manual_dicapMental.pdf

LEIA TAMBÉM NO BLOG: sobre Deficiências Intelectuais

DEFICIENTES INTELECTUAIS - Encarcerar é a solução final?http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/01/deficientes-intelectuais-encarcerar-e.html

O MELHOR É A JAULA OU O GALINHEIRO? Deficientes intelectuais e o seu encarceramento
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/05/o-melhor-e-jaula-ou-o-galinheiro.html

INCLUSÃO/EXCLUSÃO - duas faces da mesma moeda deficitária?http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/02/inclusaoexclusao-duas-faces-da-mesma.html

NÃO SOMOS ANORMAIS, SOMOS APENAS CIDA-DOWNS.... http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/03/nao-somos-anormais-somos-apenas-cida.html

VULNERAÇÃO E MÍDIA NO COTIDIANO DAS DEFICIÊNCIAS 
http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2011/04/vulneracao-e-midia-no-cotidiano-das.html

http://infoativodefnet.blogspot.com.br/2012/05/interdicao-deficiencia-intelectual-e.html


eficiência não é razão para negar às pessoas o direito de decisão

Ouvir / Baixar
Comissão da ONU sobre o tema destaca que pessoas com deficiência têm o direito de escolher incluindo o de correr riscos e cometer erros; grupo divulgou, nesta terça, novas diretrizes de implementação da Convenção das Nações Unidas.

Direitos das Pessoas com Deficiências. Foto: ONU/Amanda Voisard
Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.
A Comissão da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências, Cdpd, emitiu um comunicado afirmando que a deficiência não é motivo para negar às pessoas o direito de decidirem por si próprias.
Uma das integrantes do grupo disse que o respeito à liberdade de escolha deve existir independentemente da quantidade de apoio que alguém precise. Em algumas situações, o direito ao voto, por exemplo, estaria sendo negado para pessoas com complicações mentais.
Novas diretrizes
Para Theresia Degener, indivíduos com deficiência psicossocial ou cognitiva devem ser apoiados em suas decisões e não ter alguém escolhendo por eles.
No comunicado, divulgado nesta terça-feira, em Genebra, o Comitê da ONU destacou as novas diretrizes na implementação da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiências. 
Os especialistas da Comissão lembraram que o artigo 12 do tratado prevê reconhecimento igual perante a lei. O artigo determina que "todos os países partes da Convenção devem reconhecer" a igualdade de direitos de pessoas com deficiência em todos os aspectos da vida.
Tecnologia
Mas na prática, segundo a Comissão, muitas pessoas têm esses direitos negados com base no diagnóstico mental, o que inclui o direito ao voto, ao casamento e à liberdade.
Para o grupo, existe um mal entendido sobre as obrigações do país na hora de aplicar o artigo. Em algumas situações, a decisão da pessoa que tem deficiência é tomada por terceiros.
Os especialistas defendem ainda a provisão de produtos, instalações apropriadas, tecnologia e serviços para atender quem tem deficiências e facilitar também o processo de decisão.
http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/2014/04/deficiencia-nao-e-razao-para-negar-as-pessoas-o-direito-de-decisao/#.U1cLQ1VdVjI

Uma outra visao


http://www.umaoutravisao.com.br/#

Bem vindos ao site UMAOUTRAVISAO

Espaço reservado para aqueles que buscam informações que são dificilmente são encontradas na mídia  de informação habitual. Os artigos  que constam aqui tem como fonte de pesquisa  vários órgão de informação da internet, e seus links dos artigos originais são sempre apontados. Obviamente qualquer pessoa que tenha acesso a internet poderia chegar aos mesmos artigos e informações, graças a liberdade da rede mundial. Em última análise o site apenas facilita a informação por oferecer o conteúdo traduzido ou disponibilizar os links de pesquisadores, instituições e portais informativos alinhados.

ADVERTÊNCIA:

O site UMAOUTRAVISAO  não é um site médico, não faz propaganda, e não vende quaisquer tipo de produto, e seus artigos não servem de base para qualquer tipo de tratamento para qualquer tipo de problema de saúde.
As informações até podem ser consideradas sem o respaldo científico oficial, mas de certa forma o objetivo do site é abrir espaço para informações não alinhadas à "versão tradicional"  mas disponíveis a partir de  fontes idôneas, mas não publica artigos apócrifos.
Há a cautela de que se um artigo publicado for considerado fraude da internet, ele será imediatamente retirado do site.
O site aceita artigos enviados que tenham identidade com o "core" da proposta, mas sua publicação será ou não aceita por critérios exclusivos do site.
A sabedoria convencional costuma ser simples, conveniente, cômoda e confortadora, ..., mas não necessariamente verdadeira. (J. K. Galbraith).

Se você não quer ser perturbado com informações muito diferentes de suas convicções por favor vá a qualquer outro site, visite seu facebook, acompanhe aqueles que agradam seus ouvidos. Se você está satisfeito com o conhecimento que tem e entende que não existe nenhum pesquisador que seja válido ouvir se pensar diferente daqueles que você acredita, por favor NÃO entre no site.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Crise de inovacao



Psiquiatras dos EUA estão preocupados com crise de inovação em remédios Laboratórios preferem investir em câncer, doenças cardiovasculares e diabetes, cujos objetivos biológicos para os tratamentos estão bem definidos


France Presse
Publicação: 15/11/2013 11:39 Atualização:

Washington - Psiquiatras nos Estados Unidos veem com preocupação a queda dos investimentos na maioria dos laboratórios para o desenvolvimento de novos medicamentos para tratar doenças mentais, que afetam 25% da população. "Parece que as companhias farmacêuticas concluíram que o desenvolvimento de novos tratamentos psiquiátricos é arriscado e caro demais", disse à AFP Richard Friedman, professor de psiquiatria da Faculdade de Medicina Weill Cornell em Nova York. Esta redução dos investimentos ocorreu depois de uma série de fracassos de testes clínicos com antidepressivos e antipsicóticos, destacou.

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Esta situação ficou conhecida na conferência da Sociedade Americana de Farmacologia Clínica e Terapêutica (ASCPT, na sigla em inglês) em 2011: só 13 das 300 apresentações se concentraram em psicofármacos e nenhuma informou uma nova medicação, disse Friedman. "O resultado é que há muito poucos remédios novos em desenvolvimento" e que todos os antidepressivos e antipsicóticos atualmente no mercado se dirigem às mesmas estruturas moleculares que seus protótipos nos anos 1950.

Doenças mentais: um desafio para os laboratórios

Os laboratórios preferem investir em câncer, doenças cardiovasculares e diabetes, cujos objetivos biológicos para os tratamentos estão bem definidos e são mais fáceis de estudar do que os transtornos mentais, disse Friedman, destacando que "é necessário um bilhão de dólares para desenvolver um novo fármaco".

"O cérebro é extremamente complexo e as doenças mentais ocorrem tanto por transtornos neuroquímicos e de circuitos nervosos, quanto por interações complexas de genes e sistemas ambientais", explicou Paul Summergrad, diretor do departamento de Psiquiatria da Universidade Tufts em Boston e presidente da Associação Americana de Psiquiatria (APA, na sigla em inglês). "Por isso é mais difícil estudar estas doenças, cientificamente falando", contou à AFP.

Summergrad destacou o desenvolvimento nos últimos 20 anos de novas ferramentas de pesquisa como a optogenética - técnica que torna os neurônios sensíveis à luz -, a genômica e as células-tronco, que aportam uma nova visão sobre as funções fisiológicas destas patologias.

Apesar disto, "penso que as doenças mentais continuam sendo um desafio para a indústria farmacêutica e esta é uma das razões pelas quais se deixou de lado a pesquisa" na área, acrescentou.

"Patologias mais rentáveis e menos arriscadas"

Summergrad destacou os custos elevados dos cuidados médicos que, segundo ele, são calculados em centenas de bilhões de dólares, e considerou "muito preocupante que muitos grandes laboratórios se retirem deste campo de pesquisas porque outras patologias são potencialmente mais rentáveis e menos arriscadas".

O psiquiatra também destacou a redução dos recursos outorgados aos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos, essenciais para a pesquisa básica.

Só Merck, um dos cinco grandes laboratórios, respondeu no último fim de semana a uma consulta da AFP sobre seus investimentos em pesquisa psiquiátrica. "Como fazemos muito pouca (pesquisa) nesta área, nos absteremos de fazer comentários", escreveu em um e-mail um porta-voz do grupo americano, ao mesmo tempo em que afirmou que "Merck se concentrou no mal de Alzheimer".

Além de Merck, a AFP consultou os laboratórios Pfizer e Bristol-Myers Squibb, o francês Sanofi e o britânico GlaxoSmithKline.

Para Liza Gold, professora de psiquiatria clínica da Universidade de Georgetown, em Washington, "a inexistência de novos medicamentos é um problema médico real quando os tratamentos mais antigos não são mais eficazes" ou seus efeitos colaterais são importantes em alguns pacientes. "É difícil explicar para um paciente que não temos nada mais para oferecer a ele", disse à AFP.

Estes psiquiatras baseiam suas expectativas no projeto de pesquisas iniciado em 2013 pelo presidente Barack Obama para desvendar os mistérios do cérebro que, como afirmou Friedman, "é uma grande promessa para a compreensão dos mecanismos básicos das doenças, mas também do que é normal".