Imagine duas sociedades em que uma privilegia o certinho ou fechado com o sucesso e outra que privilegia o malandro e o aberto com o sucesso. Essas características seriam semelhantes a nichos sociais de obtenção de recursos. Os valores sociais sobre o que é produtivo nessas sociedades ou nichos são opostos. Numa sociedade um tipo faz sucesso e o outro tipo fracassa, inclusive econômicamente. Qual dos dois tipos tem características biológicas superiores? Isso seria relativo ao sucesso ou fracasso em cada tipo de sociedade com seus valores sociais. A partir disso, talvez fique mais claro o entendimento de que áreas biológicas sobre saúde mental pelo menos não são separáveis de fatores sociais como se fossem biologia pura. Fica mais claro também que aspectos biológicos e sociais tem interrelação mútua em suas consequências. Por isso, uma área de conhecimento que se diz pura está sendo ideológica de forma não transparente e sub-reptícia.
Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsias entre psiquiatras conservadores e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
terça-feira, 5 de novembro de 2024
Liberdade, determinantes e reforma psiquiátrica
A questão da dificuldade de apoio público aos equipamentos de álcool e drogas da reforma psiquiátrica está relacionado com a simplicidade que envolve o modelo de coerção manicomial, a percepção de que louco e drogado não tem real liberdade ou capacidade de liberdade e a ausência de uma resposta na reforma psiquiátrica dentro de uma base naturalista de explicação dos comportamentos. Intuitivamente, a grande maioria das pessoas entende que a noção de determinantes, mesmo que de forma paternalista, do comportamento tem validade maior do que a liberdade para pessoas em situação precária ou a todo custo. A direita e o modelo manicomial obtém influência política porque esse reconhecimento dos determinantes, apesar de serem modelos precários de influência sobre o comportamento, obtém ganhos segundo a sociedade ou evita riscos percebidos pela sociedade. Se as leis sociais e biológicas conservadoras não forem substituídas por propostas de maior qualidade e sofisticação de forma que inclua a diversidade de valores e preocupações sociais a reforma psiquiátrica dificilmente vai obter apoio além dos gabinetes políticos e de gestão da saúde.
quinta-feira, 12 de setembro de 2024
Tradição, conformidade, neutralidade e estabilidade
Tradição e conformidade são formas de aparentar neutralidade. Humor, comportamento, identidade e pensamento neutro são formas de aparentar naturalidade em relação ao modo como as coisas são. Logo, a estabilidade como critério de saúde mental implica em "não posicionamento", não intensidade, ou na verdade formas de adequar-se aparentando naturalidade.
sexta-feira, 17 de maio de 2024
Reforma psiquiátrica: comunidades multiculturais versus incorporação
A reforma psiquiátrica e luta antimanicomial analisada do ponto de vista sociopolítico é a busca da criação de uma comunidade multicultural da loucura com subsídios públicos, um padrão de esquerda.
A crítica que se faz à adaptação é a rejeição da incorporação à sociedade majoritária por ser vista como opressora e excludente para pessoas diferentes (fobia ao diferente).
A concepção de direita da loucura é que deve ser corrigida para possibilitar incorporação na sociedade majoritária. Por isso a ênfase nos tratamentos biológicos. Uma vez que possa haver dificuldade de incorporação recorre a formas de lidar com a exclusão.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Psiquiatrização e ideologia
O termo ou nomeação "loucura" expressa uma relação negativa de julgamento com a cultura. É uma categoria social que tanto pode ser utilizada de acordo com a tradição manicomial como também ser problematizada. O uso da palavra loucura pelas pessoas sem conhecimento em reforma psiquiátrica antimanicomial, ciências humanas e sociais induz pensar as causas dos fenômenos e medidas sociais em termos manicomiais, isto é, inclusão de fatos e informações em suas categorias de forma a reforçá-las mutuamente com a sua ideologia social e valores.
A área da história mostra como o conhecimento psiquiátrico é uma cientifização da marginalização e do preconceito. Quando se enfatiza a crítica social de que as minorias padecem de medicalização e patologização injusta, anteriormente a isso houve conquista de certa influência social desses grupos.
A produção social dos acontecimentos negativos se torna silenciada quando os mesmos são entendidos como fenômeno manicomial (individual, puramente orgânico). Isso é uma forma de ideologia pois tem funções sociais não explícitas úteis a certas pessoas e grupos com poder. Essas pessoas e grupos utilizam estratégias discursivas (conforme análise crítica do discurso) que induzem ocultar as características centrais dos acontecimentos em suas relações de determinação social, cultural, econômicas, políticas, históricas, etc. ("a medicalização atua na periferia do fenômeno"). A indústria da loucura é altamente lucrativa e uma de suas práticas é a difusão de estigmas contra pessoas facilmente atacáveis e sem influência social ou poder.
Para ler mais:
O espelho do mundo - Maria Clementina Pereira Cunha (livro)
História da psiquiatria no Brasil - Jurandir Freire Costa (livro)
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023
Biologia/ciência e ideologia
quinta-feira, 28 de outubro de 2021
Contenção, tratamento involuntário e concepções sociais
quarta-feira, 23 de junho de 2021
Ideologia e ciência psiquiátrica
A psiquiatria continua fraca em termos científicos mas hoje em dia ela tem um verniz de cientificidade maior. Com esse verniz de cientificidade, a mistificação técnica atual também cumpre uma função ideológica de defesa da norma social. Mesmo com ciência melhor a psiquiatria crítica não tem tanto poder social acredito que por não ter o mesmo apelo ideológico. Parece que desmistificar a psiquiatria como ideológica seria colocar a norma social em escrutínio e defender ao invés disso os anormais. O que parece absurdo para muita gente.
(Uma tentativa de reescrever e se apropriar de algumas ideias de Basaglia.)
terça-feira, 22 de junho de 2021
Ideologia psiquiátrica, bode expiatório e psicoterapia
Basaglia defendia que a psiquiatria e suas categorias positivistas são ideologias (falsa consciência) e uma das finalidades dessa ideologia é exorcizar as contradições sociais e limitações da sociedade. Com isso, a pessoa diagnosticada se torna um bode expiatório da sociedade.
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Liberdade - Tocqueville
Nunca será dizer demais: não há nada mais fecundo em maravilhas do que a arte de ser livre;
mas não há nada mais difícil do que o aprendizado da liberdade.
Tocqueville - Democracia na América.
segunda-feira, 12 de outubro de 2020
Trabalho, feminismo e pacientes psiquiátricos
segunda-feira, 28 de setembro de 2020
Comportamento politicamente indesejável
segunda-feira, 31 de agosto de 2020
Caridade prejudicial / incapacidade / socialismo
Caridade. A inerente coercitividade da competição está sufi-
cientemente clara. Um resultado de competitividade desenfreada é o
nosso mundo partido em possuidores e despossuídos, uma estrutu-
ra que agora se prova instável. A caridade institucionalizada e priva-
da e as "redes de segurança" governamentais tentam prover níveis
mínimos de apoio para os mais severamente privados, mas eles nem
impediram o alargamento da lacuna econômica nem reduziram a
ameaça de instabilidade social.
Uma solução muito defendida para o problema de uma socie-
dade dividida em dois é impor a igualdade por meio da redistribui-
ção de toda a riqueza e recursos. Esta proposta toma uma de duas
formas, ambas coercitivas: uma é simplesmente tomar todas as pos-
ses das duas metades e dividi-las entre os despossuídos; a outra é a
pesada taxação pelo governo, o suficiente para prover estabilidade
para todos. Aqueles que exigem uma destas soluções não as pensa-
ram até seus resultados finais.
Redirecionar o desequilíbrio atual confiscando e redistribuin-
do, embora possa apelar para o sentido de justiça de alguns, não
produzirá estabilidade. Dada a continuidade da competitividade,
apenas veríamos ciclos repetitivos de concentração e subseqüente
redistribuição forçada de riqueza. Quais são as contingências aqui?
Vencer, embora seja recompensado de início, é finalmente punido;
perder, embora punido de início, é finalmente recompensado. Uma
conseqüência destas contingências serão ondas crescentes de opressão severa
crescente por parte daqueles que ganharam tudo e desejam mantê-lo e
contramedidas crescentemente violentas por parte daqueles que nada têm a
perder.
Tais ciclos de ganho e perda, perda e ganho simplesmente manteriam
eternamente os grupos em disputa, primeiro um dominando e, então, o outro.
Quão freqüentemente vimos este processo se repetindo no terreno da
propriedade? O governo se apropria de toda a terra e a devolve para "o
povo" — os pequenos agricultores. Não demora muito e alguns agricultores
ganharam tudo para si e mais uma vez o governo e os ricos experienciam
ataques violentos de proponentes revolucionários da reforma agrária.
Podemos ver um processo semelhante se iniciando em nossas cidades, onde
a falta de moradia popular está levando governos locais a impor pressões
confiscatórias contra proprietários de terra. A ferramenta coercitiva produzirá
apenas uma nova geração de monopolistas, aqueles que pegaram as menores
parcelas e a juntam novamente para seu próprio beneficio.
A política governamental de bem-estar, que pretende eliminar pelo
menos os extremos de riqueza e pobreza, acabará em uma sociedade dividida
em dois de um outro tipo, não mais satisfatória e produtiva e provavelmente
não mais estável que a atual. Já podemos ver os primeiros resultados da
segurança econômica, habitacional e de saúde que é provida
independentemente de qualquer coisa que o indivíduo faça ou deixe de fazer
— o que quer dizer, sem relação contingente entre conduta e conseqüência.
O que se supõe vir a ser uma sociedade sem classes está a meio caminho de
tornar-se uma nova estrutura de dois níveis, hospedeiro e parasita,
freqüentemente visto na natureza, mas raro, em grande escala, entre humanos.
Isto não é um julgamento de valor, nem um ataque ao liberalismo (nome do esquerdismo nos EUA).
É uma conclusão que a análise do comportamento torna inevitável. Um estado
de bem-estar viola a primeira lei da conduta: o que as pessoas fazem é ditado
pêlo que acontece. Naturalmente, outros fatores modulam esta primeira lei;
conseqüências não agem isoladamente. Mas, é freqüentemente revelador
examinar projeções que não reconhecem como fontes de interferência os
processos básicos de reforçamento. Tais análises podem ser úteis por nos
mostrar para onde nos dirigimos se não modificarmos as contingências.
N o futuro , sem intervenção , quais são os dois níveis a serem
esperados do compartilhar não-contingente de todos os recursos da
comunidade e como surairão estes dois níveis? Um lado da socieda
de do bem-estar conterá produtores, ou outro, parasitas. Pessoas da
classe trabalhadora irão se engajar interativamente em seu ambien-
te, mudando-o, deixando nele sua marca, construindo repertórios de
conduta variados em resposta às contingências naturais e sociais;
os trabalhadores levarão vidas produtivas e potencialmente satisfa-
tórias. Aqueles da classe de parasitas receberão tudo em troca de
nada, recostados com suas bocas abertas à espera de alimento, não
interagindo com e, até mesmo, alienados de seus ambientes; os
parasitas permanecerão infantis e não-produtivos. Este bem conhe-
cido problema familiar, a criança mimada, há de se generalizar para
toda uma sociedade.
Parasitas, com suas necessidades básicas satisfeitas, têm
pouco incentivo para mudar. Por que ser um produtor quando ou-
tros estão dispostos a fazê-lo por você? Por quanto tempo os produ-
tores vão se manter produtivos nestas circunstâncias? Por quanto
tempo vão se manter dispostos a dividir, quando virem os frutos de
seu trabalho desviado para aqueles que os obtêm simplesmente pa-
rando e esperando? A relação é inerentemente instável.
Problemas que se originam de acesso desigual aos recursos
do mundo não serão resolvidos aplicando-se medidas cada vez mais
severas para manter os despossuídos em seu lugar ou, simplesmen-
te, entregando-lhes uma parte. Ambas as soluções abordam o pro-
blema ao contrário, tentando impedir contra-reações, seja eliminan-
do os despossuídos, seja reforçando a passividade. Vimos que tenta-
tivas para eliminar comportamento são finalmente autoderrotadas.
Caridade não-contingente pode ser igualmente devastadora, tornan-
do doadores em hipócritas e recebedores em seres vegetativos.
A satisfação de nossas necessidades independentemente do
que quer que seja que façamos ou deixemos de fazer tornar-nos-á
essencialmente sem comportamento. Contingências ambientais ge-
ram novo comportamento; quando nossos atos produzem conse-
qüências, nós aprendemos. Quando essas conseqüências vêm inde-
pendentemente do que quer que seja que façamos ou deixemos de
fazer, nós ou não conseguimos aprender ou aprendemos, na realida-
de, a fazer nada.
Embora seja sensato e, freqüentemente, satisfatório compar-
tilhar os frutos do sucesso com os menos afortunados, está longe de
ser càritativo tornar este compartilhar não-contingente. Doar cega-
mente, em nome do humanitarismo, garante que aqueles que preci-
sam de caridade porque não têm capacidades produtivas manter-se-
ão incapazes. Não importa quão desagradável consideremos a noção
de controlar os outros por meio de doação contingente, nós os con-
trolamos de qualquer modo—inadvertidamente, mas da mesma forma efetivamente
—por meio de caridade que não está relacionada a qualquer coisa que eles aprendam
ou consigam fazer. A caridade não-contingente produz e perpetua a pobreza.
Portanto, a caridade em si mesma não prove solução para os problemas
que a coerção competitiva coloca. Manter as pessoas sem comportamento não é
um favor para elas, as destrói. Uma classe social definida por incompetência e
ignorância, com a conseqüente inabilidade de seus membros para deixar essa classe
ou mesmo para se sustentarem a si mesmos dentro dela, finalmente tornará o
restante da sociedade ressentido. Tendo sido forçados, em nome da humanidade, a
se manterem no mesmo estado que os torna objetos de caridade, eles finalmente se
tornam alvo de hostilidade e repressão.
Coerção e suas implicações - Sidman
domingo, 30 de agosto de 2020
Consciência forte, conservadorismo e rejeição da singularidade/criatividade
Assim como o animal de laboratório, que gasta todo seu tem-
po esquivando-se de choques, pessoas que têm uma consciência forte
podem andar em um curso estreito. Elas obedientemente fazem o
que é esperado, raramente tentando algo novo. Elas são confiáveis,
corajosas, transparentes e reverentes. Junto com estas inquestioná-
veis virtudes pessoais, entretanto, elas freqüentemente consideram
criatividade uma coisa perigosa, desaprovando-a em si mesmas e nos
outros. Elas freqüentemente consideram a singularidade perturbadora;
ação, crença ou aparência não-convencionais ameaçam sua seguran-
ça. E quando as condições mudam, quando a sociedade relaxa algu-
mas contingências e estreita outras, elas freqüentemente são incapa-
zes de adaptar-se; mudanças as ultrapassam. Estes subprodutos
infelizes de coerção "efetiva" também devem ser esperados quando a
comunidade constrói consciências individuais por meio de punição.
Se frutos proibidos continuam a nos atrair, a comunidade
haverá de nos considerar como tendo consciência fraca e sendo,
portanto, perigosos. Mesmo sem burlar a lei, podemos nos descobrir
com problemas. Simplesmente adotar um estilo de vida incomum
pode nos colocar em conflito com a comunidade mais ampla; ela
considera o diferente como não-confiável. Também podemos nos
sentir em guerra conosco quando somos fortemente tentados a fazer
coisas que aprendemos a chamar de "ruins" ou "perigosas", ou
quando nos descobrimos realmente "indo contra nossa consciência".
Não apenas a comunidade deixa de confiar em nós porque não
podemos nos controlar, mas é provável que não confiemos ou que
desprezemos a nós mesmos. Estas características distintivas de de-
sordens de personalidade e de neuroses são subprodutos adicionais
das práticas coercitivas que a comunidade usa para estabelecer a
consciência individual.
Coerção e suas implicações - Sidman
sexta-feira, 21 de agosto de 2020
Culto à perfomance
[É necessário se adaptar às ideologias]
O objetivo do livro é explicar que o culto à performance é uma
maneira de enfrentarmos as transformações ocorridas na noção
de igualdade. Em outras palavras: toda sociedade democrática
possui princípios para resolver a contradição entre o justo e o
injusto, entre igualdade de princípios e desigualdades reais: de
oportunidades, de renda e de acesso ao poder. A sociedade fran-
cesa do pós-guerra, por exemplo, baseava-se em um modelo de
igualdade que opunha concorrência e justiça, ou seja, era uma
sociedade que buscava limitar as conseqüências negativas da
concorrência, preservando a justiça na distribuição de recom-
pensas e sanções. No entanto, ao longo da década de 1980, a
sociedade francesa se converteu aos valores da concorrência, da
competição e da conquista. Esportistas, aventureiros, inventores,
profissionais autônomos, trabalhadores abrindo suas próprias
empresas e outros “combatentes” tornam-se figuras populares.
Um novo modelo de igualdade apareceu, um que fazia com que
o que era considerado “justo” era um produto direto da concor-
rência. Pois é exatamente isso que representa a competição es-
portiva: ela é a única atividade social que encena a união har-
moniosa da concorrência com a justiça. Ela é a própria imagem do
que é uma igualdade justa. Roberto da Matta mostrou muito bem
isso em relação ao futebol no Brasil. Os novos objetos de identifi-
cação e as novas normas tinham como elemento comum o fato de
que saímos do mundo da disciplina para entrar no da autonomia.
Hoje, empreender se tornou o único modelo de conduta possí-
vel. Em contrapartida, as desigualdades se mantêm, embora te-
nham mudado de estilo e de formato. Há hoje um novo debate
sobre as desigualdades, pois em um mundo que promete, antes
de qualquer coisa, o sucesso individual, as desigualdades são
cada vez mais encaradas como uma falha pessoal. As expectati-
vas aumentaram, mas não as possibilidades de realizá-las. Na
prática, sabemos que a realidade da vida social não funciona
com base em uma concorrência justa.
http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/gvexecutivo/article/download/34605/33411
terça-feira, 14 de julho de 2020
Normalidade como discurso ideológico
sábado, 11 de julho de 2020
Liberdade e família: questão complicada
A questão dos direitos dos pais é particularmente irritante para os libertários. Claramente, a doutrina libertária sugere que os pais devem ter o direito de tomar decisões sobre seus filhos, em vez de outros adultos ou o estado. Nos Estados Unidos, a jurisprudência constitucional tem, desde a década de 1920 (em Meyer vs. Nebraska e Pierce vs. Society of Sisters), amplamente sustentado esse princípio como uma questão de devido processo legal sob a 14ª Emenda. Ao mesmo tempo, também reconheceu argumentos centrados no "melhor interesse da criança" em 1944 em Prince v. Massachusetts. Reconhecer a primazia dos direitos dos pais, no entanto, levanta mais perguntas do que respostas; não nos diz em que ponto as crianças são "adultas o suficiente" para começar a tomar suas próprias decisões, independentemente das preferências dos pais, nem em que momento o exercício dos direitos dos pais transborda em abusos e negligências que podem justificar a intervenção do Estado ou de outros. .
Com relação à primeira pergunta, uma minoria de libertários defende fortemente os direitos das crianças e acredita que elas devem poder tomar mais decisões mais cedo do que se pensa. Se essa perspectiva é simplesmente parte de uma filosofia de criação de filhos ou de uma declaração política sobre os direitos individuais das crianças nem sempre é claro. Os libertários não têm uma resposta clara à questão da negligência. No entanto, na medida em que libertários adotam a visão de que o ônus da prova para a intervenção nos assuntos dos indivíduos recai sobre o Estado, segue-se que há uma presunção de que os pais têm tanto conhecimento quanto incentivo para fazer o que é certo para seus filhos. Além disso, o Estado deve demonstrar que, ao submeter as crianças a suas ações, não trará uma situação pior do que a obtida em casa. Assim como a existência de imperfeições no mercado não significa ipso facto, a intervenção estatal melhorará sobre elas, nem uma família imperfeita significa que a interferência nos direitos dos pais, especialmente removendo os filhos de uma casa, levará a uma melhoria na vida das pessoas. crianças. Também deve ficar claro que as reivindicações de "privacidade da família" (distintas dos "direitos dos pais") que nas gerações anteriores permitiram que os homens usassem a violência, incluindo o estupro, como uma maneira de "controlar" suas esposas, são totalmente contraditórias ao libertarianismo, na medida em que nenhum entendimento razoável do contrato de casamento possa anular a proibição libertária de iniciar a força física ou a ameaça dela contra adultos competentes.
O libertarianismo baseia-se na premissa de que o comportamento consensual entre adultos deve estar livre de interferências de outros. No entanto, essa visão é complicada pelo que constitui “consentimento” e “idade adulta”, que são desafiados pela presença de crianças e pela natureza dos entendimentos tácitos que compõem os relacionamentos familiares. Essas perguntas não se prestam a soluções simples e fornecem áreas contínuas de debate entre os libertários que as abordam. Dito isso, os libertários geralmente concordam que o estado deve permanecer ausente ou neutro no tratamento da multiplicidade de formas familiares que os humanos podem desenvolver e manter e que, quando se trata de questões de abuso e negligência, o ônus da prova está no estado. mostrar que a interferência nos direitos dos pais é justificada e que a solução alternativa é superior ao status quo.
terça-feira, 30 de junho de 2020
Positividade como ideologia (Marcuse)
A comunicação funcional é apenas a camada externa do universo unidimensional, no qual o homem é treinado para esquecer - para traduzir o negativo em positivo de modo a poder continuar funcionando, reduzido, mas adequado, e razoavelmente bem.