Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

A Epidemia das Drogas Psiquiátricas 2

2º Seminário Internacional | A Epidemia das Drogas Psiquiátricas - 29/10/2018 - Manhã


--- 10:00h | Um panorama do debate e da confrontação da corrupção no cenário institucional --- :: Robert Whitaker (Mad in America) Coordenação: Paulo Amarante (Coordenador do LAPS/ENSP/Fiocruz) --- 11:00h | Como o modelo biomédico causa estigma e preconceito --- :: John Read (University of East London) Coordenação: Luiz Vianna (Observatório de Medicina/ENSP/Fiocruz)

2º Seminário Internacional | A Epidemia das Drogas Psiquiátricas - 29/10/2018 - Tarde


--- 14:00h | O debate atual sobre a qualidade e a validade na pesquisa em psicofarmacológica --- :: Sidarta Ribeiro (UFRN e Plataforma Brasil sobre Drogas) :: Irving Kirsch (Harvard Medical School) :: Antônio Ivo de Carvalho (Diretor do CEE/Fiocruz) Coordenação: Ana Paula Guljor (LAPS/ENSP/Fiocruz)

2º Seminário Internacional | A Epidemia das Drogas Psiquiátricas - 30/10/2018 - Manhã



--- 9:00h | Antidepressivos e a epidemia da depressão --- :: Irving Kirsch ( Havard Medical School ) Coordenação: Fernando Freitas ( LAPS/ENSP/Fiocruz ) --- 10:00h | Experiências internacionais de resistência e alternativa à Psiquiatria --- :: John Read ( University of East London ) :: Laura Delano (Movimento dos Sobreviventes da Psiquiatria/EUA) Coordenação: Maria Goretti Rodrigues (UFF)

2º Seminário Internacional | A Epidemia das Drogas Psiquiátricas - 30/10/2018 - Tarde


--- 14:00h | A desmedicalização da infância --- :: Maria Aparecida Moysés ( UNICAMP e Movimento Despatologiza ) :: Biancha Angelucci ( USP ) :: Ricardo Lugon ( IENH e CAPSi Novo Hamburgo ) Coordenação: Cecília Collares ( UNICAMP )

2º Seminário Internacional | A Epidemia das Drogas Psiquiátricas - 31/10/2018 - Manhã



--- 9:00h | COMUNICAÇÃO: Pesquisa sobre perspectivas de desenvolvimento de tecnologias de retirada das drogas psiquiátricas --- :: Fernando Freitas ( LAPS/ENSP/Fiocruz ) Coordenação: Bernardo P. Cabral ( CEE/Fiocruz ) --- 10:00h | Experiências brasileiras com a retirada de drogas psiquiátricas --- :: Eduardo Caron ( USP ) :: Holmes A. V. Martins ( Justiça Federal do RJ ) Coordenação: Nelson Goldenstein ( IPUB/UFRJ )

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Justiça social na psicologia

“Um erro generalizado na psicologia é que a falha em reconhecer a força constitutiva de nossas instituições sociopolíticas e econômicas levou a fixar características das pessoas à natureza humana, e não às instituições em que elas se tornam pessoas”.

“O apoio dos psicólogos à justiça social pode não apenas disfarçar as fontes sociais e políticas de muitos problemas de saúde mental”, eles escrevem, “mas também reforçar o ideal neoliberal dos indivíduos como auto-responsáveis, competitivos, empreendedores, arriscados, adaptáveis. indivíduos que são os únicos responsáveis pelas suas circunstâncias, que não exigem ou mesmo evitam o apoio do governo, e cuja liberdade se manifesta pela sua capacidade de escolha. ”

Thrift e Sugarman apontam que os psicólogos se beneficiam de uma promoção individualizada da justiça social. A psicologia como um campo está “embutida na economia de mercado”, escrevem, de modo que enquadrar os problemas como decorrentes do indivíduo pode aumentar a demanda por serviços psicológicos. “Consequentemente, pode haver pouco incentivo profissional ou econômico para os psicólogos conceituarem dificuldades pessoais, exceto em termos individuais”.

Eles argumentam que a resposta do campo deve ir além de simplesmente promover e aumentar o acesso a serviços psicológicos. A justiça social exige uma reformulação em larga escala dos serviços psicológicos para resolver, em vez de solapar, as questões sociopolíticas e econômicas.

“Se os psicólogos devem servir aos interesses da justiça social, eles não podem assumir sua responsabilidade simplesmente como ajudar os indivíduos a administrar sua ansiedade em uma ordem econômica injusta”, escrevem Thrift e Sugarman. “Serviços psicológicos que apenas ajudam indivíduos a se ajustarem a circunstâncias de pobreza e desigualdade, sem fazer nada para mudar essas condições, são um desserviço à justiça social. Ela perpetua o papel dos psicólogos como “arquitetos do ajuste” que preservam e protegem o status quo, em vez de defenderem a reforma sociopolítica “.


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Observatorio da medicina

http://observatoriodamedicina.ensp.fiocruz.br/

Problematizar questões da Medicina atuais, suas origens e consequências, o ousar prever seus futuros caminhos da Medicina. Se o tema central do Observatório é a medicina, o que se pretende é olhar atento, para além de seu próprio plano conceitual e prático. Não se trata de concentrar o estudo sob o viés público ou privado, sob olhar ético ou técnico. Sem se furtar ao debate, por vezes volátil e pontuais, de cada um destes e outros tópicos em que se sentir provocado, a intenção do Observátório é escalar o complexo monte multicultural, político e econômico de onde possa observar, estrategicamente, o território onde ocorrem as interrelações que constroem a Medicina. Mesmo com foco na realidade brasileira, as motivações transnacionais deverão ser motivo de análise. Não se limita, assim, aprioristicamente, temas a serem tratados pelo observatório. Serão consequência da Observação.

Paz - Paulo Miklos

A paz é feita de pequenos crimes
A paz com todas as forças
Prá deixar tudo como está
Não se deve perturbar a paz

Paulo Miklos

https://www.youtube.com/watch?v=eSKm86E-7gg


Fontes de saúde e descarte da psicologia

Há concepções culturais que ao confrontarem-se com concepções de senso comum levam a não compreender a "lógica da sociedade".

Por outro lado, a "lógica da sociedade" ou o senso comum não admite discussão. Isso leva à um fechamento quase completo para qualquer ideia que vise superar o senso comum. O senso comum não necessariamente é racional como os psiquiatras biológicos
presumem.

A psicologia é descartada porque existem outras fontes ou caminhos de produção de saúde como defende o modelo de saúde pública. A produção de saúde envolve trabalho intersetorial e muitas vezes o impacto do trabalho em saúde é limitado pelos fatores de risco em outras áreas fora da saúde.

A experiência comum de vivência de saúde mental é encontrar outras fontes de saúde. Por outro lado, o senso comum ou a "lógica da sociedade" de que gostam os psiquiatras biológicos está repleto de ideias irrefletidas ou assumidas sem exame rigoroso.

A pessoa que se restringe ao senso comum repete as mesmas ideias diariamente e nunca aprende ou admite algo novo e diferente. Essa repetição de ideias comuns leva à uma profunda incompreensão e incapacidade de assimilar a diferença. É a pessoa que não assume que o senso comum é perfeito que precisa fazer malabarismos para se adaptar a esse comum medíocre. A dificuldade profunda em superar o senso comum é gerada por mediocridade intelectual e preguiça.

Devido a esses processos se entende que a saúde deve ocorrer naturalmente e serão considerados defeituosos aqueles que não forem saudáveis sem planejamento.

Não planejar é em qualquer área, seja da saúde ou não, um risco para a saúde.

domingo, 28 de outubro de 2018

Conformismo e o descarte do campo psi

conformismo     Datação: 1909

 substantivo masculino
1    atitude ou tendência de se aceitar uma situação incômoda ou desfavorável sem questionamento nem luta; resignação, passividade
Ex.: as religiões, de maneira geral, contribuem para o c. da população
2    Uso: pejorativo.
tendência ou atitude de se acatar passivamente o modo de agir e de pensar da maioria do grupo em que se vive

O descompasso entre conformistas e não conformistas pode gerar medicalização e patologização. Conformistas são inflexíveis e fechados. Geralmente a pessoa patologizada e medicalizada é uma não conformista. É uma exigência dos familiares que os pacientes que se comportem de maneira conformista. Isso pode economizar muita psicoterapia e consultas com psiquiatras e permite reduzir doses excessivas de drogas psicoativas e polifarmácia (coquetéis).

Esse é o segredo de adaptação das pessoas rotuladas como normais e funcionais.

Psicólogos, psiquiatras, familiares e sociedade muitas vezes não são capazes de entender porque alguém não seria conformista. Por isso, a diferença do não conformista é considerada um defeito individual.

Um exemplo é alguém que se identifica com os hippies ou mesmo a superação intelectual do senso comum numa família conformista.

O campo psi é descartado como desnecessário porque o conformismo é um atalho para a adaptação social e benefícios sociais.

sábado, 27 de outubro de 2018

Definição Violência OMS

"O termo violência é definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o uso de força física ou poder, em ameaça ou na prática, contra si próprio, outra pessoa ou contra um grupo ou comunidade que resulte ou possa resultar em sofrimento, morte, dano psicológico, desenvolvimento prejudicado ou privação."



Medicalização na Medicina do trabalho

"Portanto, a reversão da hipertrofia do monitoramento biológico em detrimento do monitoramento do ambiente de trabalho é urgente e imprescindível"

A medicalização do risco na medicina do trabalho


http://www.anamt.org.br/site/upload_arquivos/revista_brasileira_de_medicina_do_trabalho_volume_7_-_dez_2009_20122013133720814490.pdf

Violação de direitos e Saúde Mental


No dizer de Piovesan (2006, p.8):
[...] a chamada concepção contemporânea de direitos humanos, marcada pela universalidade e indivisibilidade destes direitos. (...) Indivisibilidade porque a garantia dos direitos civis e políticos é condição para a observância dos direitos sociais, econômicos e culturais e vice-versa. Quando um deles é violado, os demais também o são. Os direitos humanos compõem, assim, uma unidade indivisível, interdependente e inter-relacionada, capaz de conjugar o catálogo de direitos civis e políticos ao catálogo de direitos sociais, econômicos e culturais. [grifos nossos]
 De acordo com Ana Marta Lobosque (2001, p. 24), esses usuários “não tinham acesso a qualquer posse de si próprios, a qualquer construção coletiva; nenhum projeto de futuro, nenhum acesso à decisão, nenhuma chance de tomar a palavra”.

Daí a necessidade de lutar por uma vida digna, livre e independente para essas pessoas, com o respeito às suas escolhas e o incentivo às suas produções, assegurando sua presença e atuação no espaço social. Nesse caso, o próprio reconhecimento do paciente como sujeito e igual faz parte dos princípios que norteiam os direitos humanos.

É como se tais pessoas, por não terem voz nem visibilidade, por sua impotência e fragilidade, precisassem de um interlocutor, no caso, os profissionais da área de saúde mental. 
Uma outra característica importante: busca assegurar direitos que
garantam a possibilidade de expressão e de diferenciação desses sujeitos. A
assistência deve ser voltada para o indivíduo, respeitando as peculiaridades,
desejos e expectativas próprias.

Ademais, o Movimento defende o acesso ao trabalho, ao lazer, à saúde, à
educação, à cultura, que constituem direitos legítimos e inalienáveis de todas as
pessoas. Também visa garantir direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos a estas pessoas.
Assim, como bem sublinha Franco Rotelli (1988, p. 66, apud NICÁCIO,
1989, p. 100), o trabalho terapêutico que deve ser desenvolvido é um trabalho
de desinstitucionalização, voltado a reconstruir as pessoas como atores sociais,
a impedir seu sufocamento sob o rótulo, o comportamento, a identidade
estereotipada e introjetada que é a máscara que se sobrepõe ao doente.

Um dos idealizadores da Reforma italiana, Franco Basaglia (1975, p. 16,
apud NICÁCIO, 1989, p. 99), afirmava que o mal obscuro da Psiquiatria está em ter separado um objeto fictício, a doença, da existência complexa e concreta do paciente e do corpo social; sobre esta separação artificial se construiu um conjunto de aparatos legislativos, científicos, administrativos, de códigos de referência cultural, de relações de poder, todos referidos à doença.

Desse modo, o dito “paciente” não é considerado sujeito de direitos, mas, mero objeto a ser manipulado nas instituições manicomiais. E isso influencia nas possibilidades de atuação desse sujeito nas lutas por mudanças na sua realidade.

Ainda de acordo com Basaglia (1985, p. 107), Analisando a situação do paciente internado num hospital psiquiátrico [...] podemos afirmar desde já que ele é, antes de mais nada, um homem sem direitos, submetido ao poder da instituição, à mercê, portanto, dos delegados da sociedade (os médicos) que o afastou e excluiu. Neste sentido, pode-se afirmar que é a partir da percepção do “doente
mental” como pessoa diferente e sujeito de direitos, que não só a Psiquiatria,
mas, principalmente, o Direito passa a compreender que somente com o
respeito às diferenças e com o reconhecimento desse sujeito poderá existir uma
convivência na diversidade.

 Ainda mais porque priorizou o envolvimento da comunidade, que foi de extrema importância para a quebra dos preconceitos e para a superação da cultura manicomial, baseada na exclusão, na violência e no isolamento. Nesse caso, trouxe à tona um aspecto importante: a visibilidade desse ator social, a pessoa com transtornos mentais.


https://jus.com.br/artigos/30616/os-direitos-humanos-garantidos-aos-portadores-de-transtornos-mentais-e-a-contrastante-condicao-a-que-sao-submetidos



Direitos na saúde mental

http://www.cchr.pt/about-us/mental-health-declaration-of-human-rights.html

Sob o lema da Declaração de Saúde Mental dos Direitos Humanos, dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo juntaram–se à CCHR e foram para as ruas protestar contra a administração de drogas psiquiátricas e outras práticas desumanas de saúde mental.  


Estagnação e sociedade

A cronicidade do suposto transtorno significa estagnar na vida
As atitudes sociais não ajudam o diagnosticado a mudar de vida
Pouco se espera do diagnosticado além de tomar medicação.
Os psiquiatras ganham um salário previsível com a manutenção da cronicidade.

Uma vida baseada em conversar sobre sofrimento e problemas
A maior dificuldade do paciente não é a suposta doença
A maior dificuldade do paciente é refundar a própria vida em outros termos
E o que mais confere mudança para uma identidade saudável são as habilidades profissionais
O que as atitudes sociais dificultam
Mas principalmente o diagnosticado internaliza
E deixa de querer trabalhar

O maior problema do diagnosticado é uma vida fundamentada no diagnóstico psiquiátrico
Com interações socais relacionadas a esse assunto
Poucas expectativas ou pressões para mudar de vida
Apoio econômico da previdência para não mudar de vida
Apoio social para não precisar corresponder a exigências sociais

A estagnação não é sinal de doença
A estagnação é falta de recursos sociais e planejamento
A psiquiatria ajuda a estagnar
E lucra com isso

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Internalismo e ideações suicidas

Durante toda a sua carreira, B. F. Skinner ressaltou enfaticamente os problemas oriundos de uma análise mentalista do comportamento humano (grosso modo, atribuição da causa do comportamento a agentes internos). No estudo qualitativo da minha tese de doutorado (Interpretative Phenomenological Analysis), é impressionante ver o impacto da noção mentalista sobre o desenvolvimento de ideações suicidas. Apesar de relatarem os contextos relacionados às suas vulnerabilidades, todos os participantes (n = 10) atribuíram as causas de seus "insucessos" na vida às suas "características de personalidades", ao seus "problemas de caráter", aos "defeitos do cérebro", resultando em processos de auto-culpabilização intenso e no desespero por fugir "de si mesmos" - já que o problema estava dentro deles.
Uma ciência (ou campo do saber) que retira seu foco dos processos *interacionistas* está fadada à contribuir para o aumento da vulnerabilidade daqueles que sofrem de ideações suicidas. Isso também me faz lembrar do livro fantástico do Prof. Luiz Antonio Baptista (UFF) intitulado "A fábrica de interiores - A formação psi em questão" - leitura mais do que obrigatória para estudantes e profissionais de saúde mental.

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Desmame e clínico geral/médico de família

Parece que o clínico geral ou médico de família é a pessoa mais indicada para entender que a descontinuação de drogas psicoativas produz sintomas de abstinência e não o retorno da "doença mental".


Ele observa que as pessoas que estão em processo de retirada devem receber o apoio de seus clínicos gerais:

“As pessoas podem sair das drogas, mas precisam fazer isso devagar e com cuidado, e precisam do apoio de seus médicos.”

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Antipsicóticos e placebo

Antipsicóticos prescritos a milhões de pacientes não funcionam: Estudo revela que as pílulas não tem efeito melhor do que o placebo - mas tem efeitos tóxicos e aumentam o risco de morte.

Estudos biomédicos e outros fatores: disputas e implicações

[Comentário: O ponto de partida é o uso social e pragmático dos modelos biomédico e psicossocial, suas disputas e implicações levadas ao máximo. Não é intenção do texto demonstrar a conciliação possível dos modelos. Caso houvesse coerência com o caráter probabilístico do modelo médico os prognósticos da psiquiatria tradicional não seriam categóricos sobre impossibilidades e predição de ruína, pois as probabilidades de baixo valor ainda seriam possibilidades.]

Introdução

Em saúde mental e reforma psiquiátrica há uma disputa entre os fatores determinantes dos transtornos mentais: modelos biológicos e modelos psicossociais. Os primeiros afirmam que a fisiologia é o mais relevante que precisa ser explicado e o segundo afirma que é preciso conhecimento interdisciplinar em ciências humanas e sociais. O que fiz foi tentar esclarecer essa disputa pelas implicações de cada modelo. Os "estudos biomédicos" se baseiam na negação de outros fatores explicativos, os quais poderiam invalidar diagnósticos fisiológicos. A área psicossocial afirma que os problemas sociais são medicalizados e por isso o tratamento da fisiologia não é imprescindível em muitos casos.

Estudos biomédicos, outros fatores: disputas e implicações

Na área de reforma psiquiátrica antimanicomial ou saúde mental seria impossível que:

Somente com tratamento biomédico e mantendo-se as condições psicossociais produtoras de sofrimento rotulado como "doença mental" a pessoa recupere a saúde. Estudos da psiquiatria biomédica recorrem a probabilidades. Mas se os estudos mostrarem dados em direções contrárias o significado disso pode ser que outros fatores mais relevantes estão sendo deixados de fora e que não é possível demonstrar uma relação necessária entre diagnóstico, tratamento biomédico e recuperação ou incapacidade. O modelo médico em psiquiatria tenta demonstrar relações necessárias entre o diagnóstico, o tratamento biomédico e o prognóstico. Se as relações necessárias no modelo biomédico em psiquiatria não podem ser demonstradas numa parcela dos estudos isso já é suficiente para desmontar ou desconstruir o modelo biomédico em psiquiatria.

A partir do modelo médico tradicional da psiquiatria seria impossível:

Não adotar o tratamento biomédico e se recuperar funcionalmente ou não piorar progressivamente (e outros indicadores de saúde)

Não ser diagnosticado por um psiquiatra biológico e não piorar progressivamente por falta de tratamento biomédico.

Ou inversamente seria impossível:

Adotar o tratamento biomédico e se tornar incapaz e aposentado.

Ser diagnosticado, adotar o tratamento biomédico e piorar bastante.

Adotar o tratamento biomédico e não melhorar por longos períodos de tempo.

Como disse o filósofo da ciência Karl Popper em sua autobiografia: Defender uma proposição científica implica logicamente em afirmar que algo é impossível. Se essa implicação for possível então há uma refutação da afirmação científica.

Karl Popper em lógica da pesquisa científica:1) "Assim, as leis naturais estabelecem certos limites para o que é possível. Eu acho que tudo isso é intuitivamente aceitável; na verdade, quando eu disse, em vários lugares em meu livro, que as leis naturais proíbem certos eventos de acontecer, ou que eles têm o caráter de proibições, eu dei expressão para a mesma ideia intuitiva."2) "É bastante claro que esta "falsificação prática" pode ser obtida apenas por meio de uma decisão metodológica de considerar eventos altamente improváveis como excluídos - como proibidos."

Discussão

Há menos resistência em incorporar o tratamento psicossocial no tratamento biomédico e mais resistência em incorporar a desmedicalização e despatologização. A psiquiatria biomédica consegue aproveitar o progresso no tratamento psicossocial enquanto que a reforma psiquiátrica precisa desconstruir o tratamento biomédico além de construir tratamentos psicossociais eficazes.

A avaliação das impossibilidades empíricas é uma tarefa para a reforma psiquiátrica mas já conhecida pelos profissionais. Somente o tratamento biomédico não consegue recuperar completamente enquanto que o tratamento psicossocial precisa ser feito de maneira consistente e eficaz para que se possa descartar a preponderância do tratamento biomédico em saúde mental. Há uma diversidade de tratamentos psicossociais e a possível falta de consistência no uso desses tratamentos pode ser usado contra a reforma psiquiátrica antimanicomial.

Refutar as impossibilidades implicadas no modelo médico em saúde mental já foi realizado mas precisa ser feito de forma ampla. Enquanto que as impossibilidades implicadas no modelo da reforma psiquiátrica antimanicomial são confirmadas em toda a rede de saúde mental por todas as pessoas que acreditam apenas em tratamento biomédico.

O tratamento biomédico leva o crédito pelos méritos da parcela de tratamentos psicossociais bem-sucedidos.

Complemento:

Há sobreposição entre diagnóstico, aspectos biomédicos e fatores psicossociais que psiquiatras biomédicos costumam desprezar. A questão é quais variáveis seriam necessárias ou suficientes serem manipuladas. Se é possível se recuperar dos impactos sociais do diagnóstico e dos efeitos do tratamento biomédico prescindindo desse tratamento esse trata-se de uma condição não necessária nem suficiente. Por outro lado, os outros fatores que permitem prescindir do tratamento biomédico seriam condições necessárias ou suficientes

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Estratégias para evitar Medicalização (atualizado)

- (item adicionado) Respeite as incapacidades das pessoas normais ou familiares pois são incapacidades profundas de pensar o diferente. É muito provável que os familiares medicalizadores acreditem em tradição e conformismo e isso implica em aceitação cega da psiquiatria biomédica e de concepções culturais comuns e naturalizadas. Exigir algo de pessoas incapazes de agir diferente, abrir a cabeça ou que não têm disposição para isso vai ser rotulado "loucura" ou "crise".

- (item adicionado) Não insista em mudar ninguém. Os familiares tem apoio da sociedade e por isso não vão querer mudar ou querer "se rebaixar". A calma surge quando se desiste de mudar os familiares e o "nervosismo" surge de insistir no impossível. Eles vão te acusar de intolerância e aumentar a dose da droga psicoativa. Adote o relativismo como método de aceitação da realidade social. Isto é, toda pessoa considera sua perspectiva particular superior e dificilmente está disposta a mudar isso em favor de outra pessoa. Somente com uma psicoterapia bem qualificada é possível fazer mudanças substanciais em comportamentos dos familiares ou outras pessoas.

- Não fale de suas preocupações ou sofrimentos para seus pais ou família. Provavelmente vão querer te enviar ao psiquiatria biológico

- Não discorde ou questione crenças naturalizadas pelo círculo social. Esconda que pensa diferente. Não argumente pois isso gera competição e conflito.

- Faça o esperado pela família. Isso economiza anos de psicoterapia e de tratamento psiquiátrico inútil e prejudicial

- Aceite ter o ambiente dominado pelas conversas das outras pessoas e aproveite isso para adotar respostas defensivas.

- Não fale de assuntos delicados, difíceis ou constrangedores para as outras pessoas. Não haverá receptividade e podem usar isso contra você.

- Se não te entenderem você vai ser considerado "doente mental"

- Seja sempre conveniente para os interesses das pessoas à sua volta. Mesmo que considere injusto.

- Saiba que se você consultar um psiquiatra vai ser diagnosticado, considerado crônico, vai ser enxergado e tratado diferente pela sociedade e família, talvez tenha sintomas induzidos pela atitude social ou psicofarmacologia ou incapacidade induzida pela atitude social

- Não seja inusual, incomum, raro ou único em nada.

- Proteja-se atrás do que outras pessoas já dizem. Apenas repita o que já "se diz"

- Não faça nada em frequência ou intensidade excessiva ou "deficiente".

- Nunca expresse emoções fortes ou opiniões veementes

- Nunca reclame de ninguém. Reclamar de algo para alguém que já não está agindo bem é como pedir para o padre elogiar o demônio. As pessoas estão preocupadas com sua contribuição e não com suas reclamações.

- Caso seja diagnosticado por um psiquiatra biológico não questione o diagnóstico nem mencione psiquiatria crítica ou antipsiquiatria pois você pode ser internado involuntariamente para garantir que o tratamento evite "um grande risco". Também podem piorar seu prognóstico ou restringir sua autonomia.

- Saiba que é possível que após o diagnóstico nada do que você pensar, sentir ou fazer de diferente vai ser considerado ou ser validado como uma perspectiva válida e funcional. As pessoas em volta se tornarão paredes surdas. Se você tentar falar com a parede ou insistir em ser ouvido vai piorar a situação e provavelmente ser internado involuntariamente

- Não espere que alguém vai entender a perspectiva da psiquiatria crítica ou antipsiquiatria e nem permitir que você pare com o tratamento. Sua única saída é conseguir independência econômica

- Não comente para as pessoas que você é diagnosticado. Nem para potenciais parceiros. Provavelmente as pessoas vão comentar esse tipo de assunto de maneira negativa ou avaliar qualquer coisa que você fizer de diferente como sinal de "doença mental". Vai aumentar a probabilidade de você ser rejeitado para relacionamentos afetivos e ficar bastante tempo solteiro.

Inspirado em:

Benefícios por deficiência

Trabalhar em uma situação altamente pressionada, insegura e competitiva é ruim para todos. Aumento dos benefícios por incapacidade é um sinal de que precisamos fazer algo sobre as condições modernas de emprego. Precisamos oferecer mais oportunidades para trabalhar em um ambiente favorável e acolhedor. Isso é especialmente importante para pessoas com problemas de saúde mental, mas isso beneficiaria a todos nós.

Original:

What disability benefit trends tell us about psychiatric treatments and the economy


https://joannamoncrieff.com/2016/01/29/what-benefit-trends-tell-us-about-mental-disorder-treatment-and-the-economy/

Traduzido:

Quais tendências de benefícios por deficiência nos dizem sobre os tratamentos psiquiátricos e a economia?

Impacto econômico


Outra pessoa comenta que "Um economista do fundo Kings me disse uma vez pomposamente [sic] ... a chave para ser capaz de fornecer mais serviços (ele quis dizer assistência médica) era aumentar a produtividade na economia. Então eu perguntei a ele "e se as coisas que aumentam a produtividade ... mais horas e mais trabalho ... são as coisas que deixam as pessoas doentes?" Ele ficou com os olhos vidrados e se afastou para divulgar mais de seu evangelho de produtividade ..."

Another person comments that ‘An economist at the Kings fund said to me once pompously [sic]… the key to being able to provide more services (he meant health care) was to increase productivity in the economy. So I asked him “what if the things that increase productivity… longer hours and more work… are the things that make people sick?” He went glassy eyed and wandered off to spead [sic] more of his productivity gospel…’

domingo, 21 de outubro de 2018

Confusões conceituais e psiquiatria biológica

Questões ou confusões conceituais não se resolvem com psiquiatria biológica. Não funciona. Infelizmente, diz isso quem acredita que o psiquiatra biológico (ou farmacológico) tem o domínio absoluto da área de saúde mental, usando a psicofarmacologia como primeiro recurso.

Palestra Abolição tratamento forçado (legendado)

Abolição das intervenções coercitivas paternalistas do Estado nas vidas das pessoas com deficiência (psicossocial) [legendado]
Link:
https://youtu.be/YH9-Es7LHu8

Seminário Internacional de Capacidade Jurídica e Tomada de Decisão Apoiada (15 segundos de tela preta no início por erro de edição) A tradução está um pouco esquisita: chama transtorno ou problema de doença no final. O que é o contrário da perspectiva da palestrante. Título da palestra: Abolição das intervenções coercitivas paternalistas do Estado nas vidas das pessoas com deficiência (psicossocial) Palestrante: Tina Minkowitz O restante do evento está disponível no facebook e youtube da APAE São Paulo. Recursos da palestrante e-mail: tminkowitz@earthlink.net Sites: http://www.chrusp.org http://absoluteprohibition.org http://crpdcourse.org

Modelo caritativo de deficiência

O modelo caritativo percebe a pessoa com deficiência como vítima merecedora de caridade e de ajuda. A pessoa com deficiência é vista como tendo uma vida trágica e sofrida. Os cuidadores são os únicos responsáveis pelos serviços prestados, tendo plenos poderes no tipo de atendimento que a pessoa com deficiência receberá. Como a pessoa com deficiência é considerada diferente da normalidade, uma variedade de ações são tomadas. Ou seja, é fornecido à pessoa com deficiência transporte especial, prédios especiais, oficinas protegidas de emprego, instalações de convivência e escolas especiais. Ainda que sejam com bons intuitos, geralmente instituições especializadas oferecem serviços menos desafiadores intelectualmente, o que dificulta o ingresso da pessoa com deficiência no meio social, acadêmico ou no mercado de trabalho. Como a criação destes locais e serviços demandam recursos financeiros, o que é de responsabilidade governamental, as pessoas com deficiência acabam prejudicadas em detrimento de outras demandas para a maioria da população. 

O modelo caritativo da deficiência reforça a autopercepção da pessoa como necessitada, o que as pessoas sem deficiência enxergam na deficiência passa a fazer parte da sua autopercepção, fenômeno conhecido como “mirror effect” (HARRIS, 2003).

Modelo médico da deficiência

Esse modelo percebe a pessoa portadora de uma patologia. Ou seja, primeiramente está a deficiência da pessoa, e ela é relegada a um papel passivo de paciente. É um modelo de deficiência que busca um “padrão de normalidade”, de funcionamento físico, intelectual e sensorial. Este modelo indica que a pessoa com deficiência será dependente enquanto se busca a cura, o que pode nunca acontecer. O modelo vê a deficiência como um estado trágico 3 que ninguém, em sã consciência, gostaria de preservar, sem considerar as barreiras sociais, atitudinais e ambientais que envolvem essa condição (BONFIM, 2009. p. 41).

http://www.espanholacessivel.ufc.br/modelo.pdf

Modelo social da deficiência

O modelo social aponta criticamente para o modo como a sociedade se organiza, desconsiderando a diversidade das pessoas e excluindo pessoas com deficiência de meios sociais e políticos. Este modelo identifica três barreiras principais que a pessoa com deficiência enfrenta: barreiras de acessibilidade, institucional e atitudinais. Acredita-se que superando estas barreiras haverá um impacto benéfico para toda a comunidade. O modelo social tem permitido à pessoa com deficiência retomar o controle de sua própria vida e ainda ter o poder de tomar decisões nos meios sociais, participando ativa e politicamente de sua comunidade. Esta abordagem leva a compreender que o problema não está na pessoa ou na sua deficiência, mas que a deficiência assume uma dimensão social que leva à exclusão. Este modelo argumenta do ponto de vista sociopolítico, que a deficiência resulta da falha da sociedade, como explica Shakespeare (2006). Com uma perspectiva diferente sobre deficiência, este modelo apresenta paralelos entre as doutrinas de igualdade, buscando oportunidades numa base equitativa. Levada à sua conclusão lógica, não haveria deficiência dentro de uma sociedade plenamente desenvolvida.

A partir dos preceitos do Modelo Social, podem-se apontar modelos que surgem para auxiliar a compreensão de ocorrências econômicas e sociais frente à deficiência: Modelo baseado em Direitos – inspirado em estratégias de movimentos sociais em defesa dos direitos civis; Modelo da Capacidade / Empowering - a pessoa com deficiência e sua família definem o curso do seu tratamento e dos serviços prestados; Modelo de Mercado - foco no empoderamento econômico; Modelo Social Adaptado: apesar de a pessoa com deficiência ter limitações, a sociedade ainda é mais limitadora do que a deficiência em si. Modelo Spectrum de Deficiência: refere-se à audibilidade, visibilidade e sensibilidade da deficiência. Ou seja, a entidade ou a essência do que a deficiência revela na pessoa; Modelo Econômico – a deficiência é definida como um custo social causado pelos recursos voltados para pessoa com deficiência e pela sua produtividade limitada no trabalho, em relação às pessoas sem deficiência.

http://www.espanholacessivel.ufc.br/modelo.pdf

Deficiência psicossocial e percepção social

A deficiência psicossocial é socialmente percebida. Conforme o modelo social da deficiência o dano biológico não é suficiente para formar a deficiência. É preciso que a sociedade ofereça barreiras com atitudes sociais ou percepções sociais ou não esteja preparada para a diferença. As atitudes sociais em relação aos transtornos mentais são mais incapacitantes do que o alegado dano biológico. As sociedades são preparadas para as pessoas na média estatística.

Seminário Internacional de Capacidade Jurídica e Tomada de Decisão Apoiada

Seminário Internacional de Capacidade Jurídica e Tomada de Decisão Apoiada

Está disponível no youtube e facebook da APAE São Paulo.

Os links abaixo são apenas um dos vídeos do youtube e facebook.

Seminário Internacional de Capacidade Jurídica e Tomada de Decisão Apoiada (No facebook parece ser mais completo o registro do evento)

https://www.facebook.com/apaedesaopaulo/videos/semin%C3%A1rio-internacional-de-capacidade-jur%C3%ADdica-e-tomada-de-decis%C3%A3o-apoiada/1099312773567208/

Lista de palestras - Seminário Internacional de Capacidade Jurídica - 2018

https://www.youtube.com/watch?v=gGLLKaVg2C8&index=2&list=PLtgt8Wtm7Z3UQqPaVsBYOI6Bt1qqboDjc

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

DISTÚRBIOS DO MOVIMENTO INDUZIDOS POR DROGAS


A sintomatologia dos distúrbios de movimento induzidos por drogas é, geralmente, indistinguível das formas idiopáticas desta condição. 

Bradicinesia

POR EXTENSÃO
morosidade de reações físicas e mentais.

ACATISIA

Acatisia é um transtorno do movimento hipercinético caracterizado por uma inquietação interior, às vezes, descrita como ansiedade e um impulso irresistível de se mover, que faz com que os pacientes permaneçam em movimento praticamente constante.

O paciente tem dificuldade de permanecer sentado, costuma andar continuamente; balançar o corpo para frente e para trás enquanto sentado ou de pé; levantar o pé como se marchasse no lugar; cruzar e descruzar as pernas quando sentado ou realizar outras ações repetitivas e sem sentido.

A acatisia pode se apresentar como um fenômeno agudo, subagudo ou tardio e ocorre com medicações que alteram os níveis de dopamina no SNS, incluindo os neurolépticos típicos e atípicos, antieméticos, reserpina e tetrabenazina. Apresenta uma ocorrência estimada em 20% a 30% dos pacientes expostos a estas drogas7.

A primeira medida a ser tomada para o controle desta complicação é a redução da dose ou suspensão do agente causal.

SÍNDROME NEUROLÉPTICA MALIGNA

A síndrome neuroléptica maligna é uma grave complicação do tratamento com medicações que bloqueiam os receptores dopaminérgicos, sendo mais comumente observada com os neurolépticos típicos e atípicos, em especial com o haloperidol. Também pode ocorrer com o uso de lítio ou com a rápida suspensão das medicações dopaminérgicas no paciente com doença de Parkinson.

Na maioria dos casos, os sintomas se resolvem em 1 ou 2 semanas, sendo descrita uma taxa de mortalidade em torno de 10% a 20%.

Discinesia tardia

A fisiopatologia exata da discinesia tardia é desconhecida, porém, a hipersensibilidade dos receptores dopaminérgicos estriatais é a principal teoria. O bloqueio crônico dos receptores dopaminérgicos pré-sinápticos leva a um aumento da neurotransmissão glutamatérgica excitatória [agitação ao descontinuar tratamento induzida por drogas]. O aumento da liberação e dos níveis extracelulares de glutamato nos terminais corticoestriatais gera um estresse neurotóxico, com destruição dos impulsos neuronais, levando à hipersensibilidade dopaminérgica. Outras teorias incluem a destruição de neurônios gabaérgicos estriatais, produção de radicais livres em excesso e estresse oxidativo. [não é neuroprotetor] A resolução completa dos sintomas após suspensão do agente causal é incomum. Os movimentos coreicos costumam ser persistentes, podendo causar grande embaraço social e funcional ao paciente.

Em pacientes com discinesia grave, refratária aos diferentes tratamentos farmacológicos, deve-se considerar o tratamento cirúrgico, que consiste em palidotomia e estimulação cerebral profunda bilateral. Um estudo recente em 10 pacientes mostrou 40% de melhoria nos sintomas após 6 meses do tratamento3.

CONCLUSÃO

Os distúrbios do movimento induzidos por droga são comumente observados na prática clínica.

O melhor tratamento para um distúrbio do movimento induzido por droga consiste na eliminação do agente causal.

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Falácia Ad Hoc

"A falácia Ad Hoc é explicar um fato após ter ocorrido, mas sem que essa explicação seja aplicável a outras situações.

Freqüentemente a falácia Ad Hoc vem mascarada de argumento."

http://ateus.net/artigos/ceticismo/logica-e-falacias/

Vale a pena ler algumas listas de erro de raciocínio. Pensamentos normais ou comuns se mantém assim. A crença na psiquiatria biológica também.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

Desmedicalizar, Análise do Comportamento e Valentim Gentil

"Não tenho nada contra desmedicalizar problemas - desde que se encontre alguma ajuda melhor do que a abordagem médica para eles." Frase do psiquiatra biológico (ou farmacológico) Valentim Gentil

Em: A crítica à Reforma Psiquiátrica, da sua implantação e de seus fundamentos: os argumentos de Valentim Gentil* Entrevista a Mônica Teixeira 

É possível que haja um aspecto biológico ou cerebral nos transtornos mentais mas disso não se segue necessariamente que o melhor tratamento é o farmacológico e nem para vida toda. A análise do comportamento aplicada feita com qualidade é uma abordagem melhor do que a médica. Permite descrever com precisão porque certas pessoas não entendem a "lógica da sociedade" e mudar isso. Porque muitas vezes a "lógica da sociedade" é um ambiente hostil para uma das pessoas com menos poder.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Erro de raciocínio Coincidência

Correlação coincidente

Psiquiatras biológicos cometem esse erro de raciocínio ao interpretar o que acontece no ambiente em relação a ajustes de drogas psicoativas.

Se acontece depois é necessariamente causado pelo o que vêm antes.

Isto é, se confrontou a família enquanto estava sem droga psicoativa logo a causa foi desequilíbrio químico.

Exemplo:

O galo sempre canta antes do nascer do Sol. Logo, o Sol nasce porque o galo canta.

Estrutura lógica

* Ocorreu A, e depois ocorreu B.

* Logo, A é a causa de B.

Post hoc ergo propter hoc

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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A expressão latina post hoc ergo propter hoc ("depois disso, logo causado por isso") é o nome de uma falácia lógica, também conhecida como correlação coincidente, que consiste na ideia de que dois eventos que ocorram em sequência cronológica estão necessariamente interligados através de uma relação de causa e efeito[1].

Post hoc ergo propter hoc é um erro especialmente tentador, porque de fato a sequência temporal parece ser parte integrante de causalidade[2][3]. Entretanto, a falácia está em chegar a uma conclusão baseada unicamente na ordem dos acontecimentos, ao invés de tomar em consideração outros fatores que possam excluir, ou confirmar, tal conexão.

Estrutura lógica

* Ocorreu A, e depois ocorreu B.

* Logo, A é a causa de B.

Nas circunstâncias em que B é indesejado, a falácia toma a forma de "Evitando que A aconteça, B não acontecerá".

Exemplos

* O galo sempre canta antes do nascer do Sol. Logo, o Sol nasce porque o galo canta.

* Uma pessoa se muda para uma república. O fogão da república passa a apresentar problemas. Os antigos moradores da república então dizem: "Nós nunca tivemos problemas com o fogão até que você se mudou para cá. Logo você é a causa desse problema."

https://pt.wikipedia.org/wiki/Post_hoc_ergo_propter_hoc

sábado, 13 de outubro de 2018

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Danos à saúde na prevenção e promoção

Para Ernesto Venturini, da Itália, na segunda atividade sobre o mesmo tema, a psiquiatria é um grande simulacro. "A indústria de medicamentos mudou a imagem das drogas psiquiátricas. Envolveu as crianças e os adolescentes". 

Manuel Desviat, de Madri, completou com a análise de que está havendo um fenômeno de criação de enfermidades. "Mudam riscos e sintomas; vendem sintomas ocasionais como epidemias; precisamos dar a devida importância à iatrogenia, que é um grave problema de saúde pública. Não só das que surgem nas técnicas terapêuticas médicas ou cirúrgicas, mas também descobrir que pode se produzir ainda na promoção e prevenção em saúde", refletiu.

http://www.epsjv.fiocruz.br/noticias/reportagem/por-uma-saude-mental-menos-medicalizada

Antipsiquiatria Wikipedia

Está bem escrito esse verbete.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Antipsiquiatria

Tratamento forçado Fiocruz


Já a ideia de compulsório parte do princípio de que não é possível conversar com a pessoa, relacionar-se com a pessoa dita louca. O sistema necessita que as pessoas saibam se relacionar. Então, a ideia é deixar que as pessoas se relacionem bem e que venham para ajudar, dar suporte.

Quando a pessoa não quer alguma ajuda, nós não temos que ficar aborrecendo. É possível que essa pessoa esteja querendo ficar sozinha e temos que respeitar isso. Quando se veem os sintomas - “Você está escutando vozes? Isso é uma coisa ruim”, “O que as vozes estão dizendo pra você?” - é possível conversar, entender e até mesmo buscar outras experiências que possam ser compartilhadas, mostrando como elas lidam com essas vozes. Esses problemas de saúde mental, psiquiátricos, podem desaparecer quando se começa a dar sentido às experiências que eles estão vivendo. É isso que eu gostaria de dizer a respeito de modelos de atenção.
Se essas pessoas tivessem um suporte social da família, talvez nunca mais precisassem voltar para esse lugar. Porque cada vez que você fica hospitalizado, piora a situação. Você vai perdendo tudo, perde apartamento, empregos... Cada vez fica mais difícil a pessoa recuperar e restabelecer uma vida.

Você faz a defesa pelo que chama de “tomada de decisões com apoio”. O que isso significa?

A ideia de capacidade legal é o direito de tomar decisões. Como quando nós temos 18 anos de idade e assumimos que podemos fazer várias coisas. Podemos casar, assinar um contrato, podemos tomar nossas próprias decisões. Mas algumas pessoas com alguma deficiência são tratadas tradicionalmente como incapazes. Na verdade, ninguém quer que a sua própria capacidade legal seja retirada. Isso vai tornar você vulnerável, porque alguém vai decidir por você. Nós queremos capacidade legal total, sem exceção.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

o mito da insulina para diabetes irreversível

Psiquiatras dizem que as drogas psicoativas são necessárias para a vida toda como insulina para diabetes. Mas é possível reverter diabetes com mudanças na dieta / estilo de vida. Drogas não são o único caminho para promoção de saúde.

http://www.resistencia-insulina.com.br/2016/07/howto-reverse-type-2-diabetes-quick.html
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Uma doença totalmente reversível

A maioria dos médicos, nutricionistas e especialistas em diabetes afirmam que o diabetes tipo 2 é uma doença crônica e progressiva. A American Diabetes Association, por exemplo, quase orgulhosamente, proclama isso em seu site. Depois de dado o diagnóstico, é uma sentença de prisão perpétua. Mas isso é realmente uma grande mentira. A diabetes tipo 2 é quase sempre reversível e isso é quase ridiculamente fácil de provar. Esta é uma grande notícia para os mais de 50% dos adultos norte-americanos que foram diagnosticadas com pré-diabetes ou diabetes. Reconhecendo essa verdade é o primeiro passo crucial para reverter sua diabetes ou pré-diabetes. Na verdade, é algo que a maioria das pessoas instintivamente já reconhece como sendo verdade.

Suponha que seu amigo é diagnosticado como diabético, e aí trabalha duro para perder 50 libras. Ele suspende todos os seus medicamentos e seu açúcar no sangue agora é normal. O que você diria a ele? Provavelmente algo como “Bom trabalho. Você está realmente cuidando de si mesmo. Continue!” O que você não diria que é algo como “Você é tão mentiroso sujo, imundo. Meu médico diz que esta é uma doença crônica e progressiva por isso você deve estar mentindo para mim”. Parece perfeitamente óbvio que o diabetes foi revertido, porque o seu amigo perdeu todo aquele peso. E esse é o ponto. A doença é reversível.

Nós sabemos tudo isso. Mas só dieta e mudanças de estilo de vida irão reverter issoNÃO medicamentosA coisa mais importante, é claro, é perder peso. Mas os medicamentos para diabetes não fazem isso. Muito pelo contrário. Insulina, por exemplo, é conhecida por causar ganho de peso. Os pacientes sentem intuitivamente que eles estão indo pelo o caminho errado. 

Eles sempre me dizem: “Doutor. Você sempre disse que a perda de peso é a chave para reverter diabetes. No entanto, você me receitou um medicamento que me fez ganhar 25 libras. Como isso é bom?” Eu nunca tinha uma boa resposta, porque não existia. Não era bom. A chave era a perda de peso, após a qual o diabetes muitas vezes vai embora, ou pelo menos fica significativamente melhor. Então, logicamente, a insulina não ajuda a reverter a doença, mas na verdade a agrava.

Outros medicamentos como metformina ou a classe de drogas DPP4 são neutras. Enquanto isso não vai piorar as coisas, também não vai fazer as coisas melhor. Uma vez que a perda de peso é a chave para reverter o diabetes tipo 2, a medicação não vai fazer as coisas melhores. Medicamentos melhoram o nível de açúcar no sangue, mas não o diabetes. Nós podemos fingir que a doença está melhor, mas isso não significa que seja verdade. Essa é a razão pela qual a maioria dos médicos acha que diabetes tipo 2 é uma doença crônica e progressiva. Temos utilizado o tratamento errado. Temos prescrito medicamentos para uma doença alimentar. Não admira que não funcione. "

"Doença mental" e segredos familiares

"Você está apenas tão doente quanto os seus segredos" Citado por Daniel Mackler

"You're only as sick as your secrets" Cited by Daniel Mackler

Family Secrets -- Analyzing a Taboo Topic
https://www.youtube.com/watch?v=iC6o4dBPSJ4

http://www.wildtruth.net Eu fui criado para tratar os segredos de família como sagrados - e para proteger o comportamento perturbador de meus pais acima de tudo. Mas o que aprendi e explorei aqui é que estamos tão doentes quanto nossos segredos ...

http://www.wildtruth.net I was raised to treat family secrets as sacred -- and to protect the disturbing behavior of my parents above all else. But what I have learned, and explore here, is that we are only as sick as our secrets …