Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

sexta-feira, 29 de julho de 2016

The Myth of Schizophrenia as a Progressive Brain Disease

https://recoverynet.ca/2012/11/28/the-myth-of-schizophrenia-as-a-progressive-brain-disease/

The Myth of Schizophrenia as a Progressive Brain Disease

Psiquiatria, locura y sociedad. Saberes imperfectos | Laura Martin Lopez-Andrade | TEDxValladolid

https://www.youtube.com/watch?v=slQQQQSVyJw

Psiquiatria, locura y sociedad. Saberes imperfectos | Laura Martin Lopez-Andrade | TEDxValladolid

Canal Paulo Amarante youtube

https://www.youtube.com/channel/UCYonSb6o7hbT2vGCup6Ypkw

OLGA RUNCIMAN - 01- SOBREVIVENTE DA PSIQUIATRIA

OLGA RUNCIMAN - 01- SOBREVIVENTE DA PSIQUIATRIA

https://www.youtube.com/watch?v=nncdjbwkwvU

OLGA RUNCIMAN 02 - SOBREVIVENTE DA PSIQUIATRIA

https://www.youtube.com/watch?v=obuLAuuB7AQ

Coming Off Psych Drugs (English subtitles)

https://www.youtube.com/watch?v=5RSNBQ0YfLs

Coming Off Psych Drugs (English subtitles)

quinta-feira, 28 de julho de 2016

terça-feira, 26 de julho de 2016

O poder da psiquiatria Por Vladimir Safatle

https://vozesdavoz.wordpress.com/2016/07/26/o-poder-da-psiquiatria/


O poder da psiquiatria


O que está por trás do DSM-5 e sua tentativa de transformar a experiência do sofrimento em patologia a ser tratada
Quando confrontados a categorias como “saúde”, “doença”, “normal” e “patológico”, a maioria dos psiquiatras atuais tenderá a aceitar que tais definições são, basicamente, objetos de um “discurso científico”. Isso significa, grosso modo, que a pretensa objetividade de suas distinções deve estar assegurada por um discurso que privilegia fenômenos mensuráveis, quantificáveis e claramente diferenciáveis através de um conjunto finito e operacional de caraterísticas de base. Esta seria a melhor maneira de impedir que tais metaconceitos fossem tragados por uma interminável discussão ideológica, com suas querelas sem fim de escolas a respeito da natureza do que orienta nossa atividade na clínica do sofrimento psíquico.
Foi com essa crença em vista que a psiquiatria dos últimos quarenta anos desenvolveu um dos mais impressionantes esforços de classificação de doenças e homogeneização de diagnósticos que se tem notícia. Desde o advento do DSM-3, a psiquiatria teria, enfim, encontrado o caminho em direção a sua segurança ontológica, deixando para trás décadas de imprecisão. Uma imprecisão que seria fruto do uso de vocabulários extremamente valorativos, em vez de meramente descritivos, assim como da fascinação por etiologias fantasistas. Pois, ao invés de se preocupar com a definição de causas dificilmente observáveis (como, por exemplo, afirmar que certa fobia de animal é resultado de conflitos inconscientes com a figura paterna), melhor seria privilegiar um pensamento categorial que organiza distinções a partir de uma certa lógica de conjuntos no qual o esforço clínico fundamental consiste em definir sintomas e condições que, se colocados em relação, podem individualizar um comportamento patológico. Desta forma, nasceria o milagre de um saber, para além de disputas teóricas, observável, imune aos juízos subjetivos do médico-observador e, acima de tudo, eficaz.
Esta história da marcha irresistível da psiquiatria em direção à ciência é normalmente contada em tons edificantes. A partir do início dos anos 1970, vários psiquiatras começaram a fazer testes, demonstrando a incrível variação de diagnósticos entre os profissionais. Por outro lado, a própria psiquiatria era bombardeada de todos os lados por aqueles irresponsáveis que tentavam demonstrar que categorias clínicas eram mitos ou, no mais das vezes, mecanismos de exclusão e controle social. Neste ambiente hostil, psiquiatras como Robert Spitzer e John Feighner teriam sido capazes de tirar a psiquiatria da defensiva por meio de uma profunda reforma metodológica que, em um curto espaço de tempo, modificou radicalmente o que entendíamos até então por “clínica”.
Pois tal reforma metodológica teria sido acompanhada pelo desenvolvimento exponencial do saber neurológico, assim como do desenvolvimento de medicamentos capazes de combater com eficácia aquilo que, erroneamente, entendíamos fluidamente por “impasses existenciais” capazes de afetar nossa performance no trabalho, nossos papéis sociais e nossa autonomia do desejo. A clínica aparecerá, então, cada vez mais submetida a uma farmacologia em vias irresistíveis de aprimoramento. Neste sentido, não haveria razão alguma para se inquietar do fato de que por volta de 70% dos experts que trabalharam para o DSM-5 terem, em sua carreira recente, vínculos financeiros com a indústria farmacêutica. A comunidade entre indústria farmacêutica e comunidade psiquiátrica seria exclusivamente fundada nas promessas abertas pelo progresso da ciência.
Também não haveria razão alguma para se perguntar se não haveria uma articulação perversa entre o fechamento dos asilos, a redução dos gastos públicos em saúde mental e um triplo processo de reforço da posição da psiquiatria. Processo triplo marcado pela medicalização, pela institucionalização crescente das discussões através da hegemonia da American Psychiatry Association (APA) e pela tecnicização crescente dos diagnósticos.
Doença e política
Tudo isso poderia interessar apenas à uma comunidade limitada, composta por todos aqueles profissionais designados para tratar de problemas de saúde mental (psicólogos, psiquiatras, psicanalistas, entre outros). Mas talvez seja o caso de colocar algumas questões. Pois, e se categorias como “saúde”, “doença”, “normal” e “patológico”, principalmente quando aplicadas ao sofrimento psíquico, não forem meros conceitos de um discurso científico, mas definições carregadas de forte potência política?  Por um lado, uma sociedade organiza seus modos de intervenção nas populações, nos corpos e nos afetos por meio da definição do campo das doenças e das patologias. No interior desses modos de intervenção, não é apenas a experiência subjetiva do sofrimento do paciente que orienta a clínica, mas também padrões esperados de conduta social de forte conotação moral (ou mesmo estética e política). Por exemplo, quando o DSM-4 descrevia o transtorno de personalidade narcísica, ele não temia descrever tal transtorno, apelando, entre outras coisas, para quadros morais do tipo: “Eles esperam ser adulados e ficam desconcertados ou furiosos quando isto não ocorre. Eles podem, por exemplo, pensar que não precisam esperar na fila, que suas prioridades são tão importantes que os outros lhes deveriam mostrar deferência e ficam irritados quando os outros deixam de auxiliar em ‘seu trabalho muito importante’”. O mínimo que se pode dizer é que tal quadro nada diz sobre o sofrimento psíquico, mas diz muito a respeito dos padrões disciplinares e morais que nossa sociedade tenta elevar à condição de normalidade médica.
Exemplo ainda mais caricato são os oito critérios fornecidos para definir o transtorno de personalidade histriônica: 1) desconforto em situações nas quais não se é o centro das atenções; 2) comportamento inadequado, sexualmente provocante ou sedutor; 3) superficialidade na expressão das emoções; 4) constante utilização da aparência física para chamar a atenção sobre si próprio; 5) discurso excessivamente impressionista; 6) teatralidade e expressão emocional exagerada; 7) ser facilmente sugestionável; 8 ) considerar os relacionamentos mais íntimos do que realmente são. Em um manual que se vangloriava pela clareza de seus “critérios específicos”, impressiona exatamente a falta de especificidade de um quadro clínico tão amplo que poderia englobar praticamente qualquer pessoa com o mínimo de senso de autocrítica. Há de se perguntar se estamos diante de uma falha ou da exposição sintomática de uma lógica que perpassa, em maior ou menor grau, todo o poder psiquiátrico atual com sua tendência muda, como vemos no texto de Gilson Ianinni e Antonio Teixeira,  de “psiquiatrização da vida cotidiana”.
Se nos perguntarmos sobre a natureza de tal lógica, valeria a pena lembrar como a experiência da doença, ou seja, a experiência de se compreender como doente, não é apenas o resultado da descrição de variações em marcadores biológicos específicos. Nem é a doença a mera definição de situações de sofrimento. Há várias experiências de sofrimento que não vivenciamos como doença, mas como conflitos relativamente naturais em processos globais de transformação e de desenvolvimento. Na verdade, há uma dimensão na qual estar doente, no que diz respeito à saúde mental, aparece como o sofrimento advindo da limitação na capacidade de ação e da fixidez em certos comportamentos. O que não poderia ser diferente se aceitarmos que estar doente é, a princípio, assumir uma identidade com forte força performativa. Ao compreender-se como “neurótico”, “depressivo” ou portador de “transtorno de personalidade borderline”, o sujeito nomeia a si através de um ato de fala capaz de produzir performativamente efeitos novos, de ampliar impossibilidades e restrições. Uma patologia mental não descreve uma espécie natural (natural kind), como talvez seja o caso de uma doença orgânica, como câncer ou mal de Parkinson. Como nos lembra Ian Hacking, ela cria performativamente uma nova situação na qual os sujeitos se veem inseridos.
Neste sentido, há de se perguntar o que está por trás dessa tendência de psiquiatrização da vida cotidiana levada a cabo pelo DSM-5. Tendência que realiza uma progressão presente na própria base dos DSMs. A partir de agora, o número de patologias mentais se eleva a 450 categorias diagnósticas. Elas eram 265 no DSM-3, lançado em 1980, e 182 no DSM-2, de 1968.
De fato, com modificações, como as que diminuem o luto patológico de dois meses para 15 dias ou que cria categorias bisonhas como o transtorno disruptivo de desregulação de humor, o vício comportamental (behavioral addiction) ou o transtorno generalizado de ansiedade, dificilmente alguém que passa por conflitos psíquicos e períodos de incerteza entrará em um consultório psiquiátrico sem um diagnóstico e uma receita médica.
Por trás desta estratégia clínica, com sua negação de perspectivas etiológicas, há a tentativa equivocada de transformar toda experiência de sofrimento em uma patologia a ser tratada. Mas uma vida na qual todo sofrimento é sintoma a ser extirpado é uma vida dependente de maneira compulsiva da voz segura do especialista, restrita a um padrão de normalidade que não é outra coisa que a internalização desesperada de uma normatividade disciplinar decidida em laboratório. Ou seja, uma vida cada vez mais enfraquecida e incapaz de lidar com conflitos, contradições e reconfigurações necessárias. Há de se perguntar se tal enfraquecimento não será, ao final, o resultado social dessas modificações no campo da saúde mental patrocinadas pelo DSM. Há de se perguntar também a quem tal situação interessa.
Por Vladimir Safatle, professor livre-docente no Departamento de Filosofia da USP

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Reclaiming Humanity: Building a Post-Psychiatry, Post Mental Health World

https://www.youtube.com/watch?v=b6ZljUs4Xos

Laura Delano plenary talk "Reclaiming Humanity: Building a Post-Psychiatry, Post Mental Health World" from 2014 UCLA/ISEPP Conference "Transforming Mad Science" in Los Angeles, CA.

domingo, 17 de julho de 2016

Psiquiatria vive crise por falta de provas científicas, diz Nobel

http://abp.org.br/portal/clippingsis/exibClipping/?clipping=14944

Psiquiatria vive crise por falta de provas científicas, diz Nobel
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A psiquiatria está em crise porque falta comprovação biológica para seus conceitos. Essa é a opinião do neurobiólogo Eric Kandel, 81, ganhador do Prêmio Nobel de Medicina de 2000.

O cientista da Universidade Columbia, de Nova York, premiado por seus estudos com memória, desembarca nesta semana no Rio de Janeiro para participar do Congresso Brasileiro de Psiquiatria.

Em entrevista à Folha, Kandel condenou o uso de remédios como a ritalina (droga para tratar deficit de atenção) para melhorar a concentração de pessoas saudáveis.

Ele falou também sobre a validade da psicanálise, que pode cobrir lacunas da psiquiatria, caso adote padrões científicos mais rígidos. O pesquisador comentou também sobre sua nova invenção: um camundongo "esquizofrênico" para testar medicamentos.

Folha - Psiquiatras estão debatendo mudanças no manual de diagnósticos de transtornos mentais. Muitos acham que o livro não pode tentar ser muito objetivo. O que o sr. acha?

Eric Kandel - A preocupação com a objetividade foi introduzida há uns 20 anos quando houve uma tentativa de validar os critérios do manual para descrever transtornos. Isso foi extremamente importante para que diferentes psiquiatras pudessem dar o mesmo diagnóstico a um mesmo paciente.

O que é triste é que não houve muitos avanços desde então. Uma das razões para isso é que os psiquiatras não têm os chamados "marcadores biológicos" à disposição. Se você diagnostica diabetes ou hipertensão, pode usar medições objetivas, independentes. Não precisa se basear apenas naquilo que o paciente lhe conta. Nós, psiquiatras, ainda temos que recorrer à história do paciente.

O único grande avanço foi o trabalho de Helen Mayberg sobre depressão e a área chamada 25 do córtex cerebral. Ela descobriu que pessoas deprimidas tendem a ter hiperatividade nesta área. Quando os pacientes são tratados e os sintomas revertem, isso pode ser observado na área 25. Em pacientes para os quais drogas ou psicoterapia não haviam funcionado, ela descobriu que a estimulação cerebral [com sinais elétricos] poderia ter sucesso.

Mas, à exceção do trabalho de Mayberg, não temos outros exemplos.

Precisamos desesperadamente de bons marcadores biológicos. Sem isso, podemos publicar quantas edições quisermos do manual, que não chegaremos a lugar nenhum.

Algumas pesquisas pioneiras sugerem que vítimas de estresse pós-traumático poderiam se beneficiar de drogas que apaguem suas memórias ruins. Isso já foi feito em ratos. O que o sr. acha disso?

É assustador. Não gosto nem um pouco dessa idéia. Eu gosto da idéia de drogas que estimulem a memória. Se você tem problemas de memória, não há razões para não tomar algo para melhorar. Livrar-se de memórias é muito perigoso. Eu lido melhor com a idéia de que as pessoas tentem se acostumar com suas memórias. Há varios tipos de tratamento para essa dessensibilização. Acho OK tentarem se livrar da ansiedade associada à memória.

Acho aceitável também, que, em uma guerra, soldados tomem drogas betabloqueadoras para que não tenham uma reação excessivamente emocional com a experiência. Mas aniquilar memórias é uma coisa ruim. Você é quem você é por causa das memórias. O caráter das pessoas não deve ser submetido a cirurgias farmacológicas.

Houve progresso no entendimento dos mecanismos biológicos de algum outro transtorno psicológico?

Acho que houve no próprio caso do transtorno do estresse pós-traumático. Nós sabemos alguma coisa sobre a atividade da amígdala cerebral, que fica hiperativa nessas pessoas. Algumas pessoas estão desenvolvendo interessantes tratamentos de dessensibilização em conjunto com o uso de fármacos. É possível ver algum progresso nisso no futuro.

Isso é importante hoje, pois vivemos num momento em que há mais incidentes e mais vítimas entre soldados aqui nos EUA do que havia na Segunda Guerra Mundial. Por que o numero aumenta? Uma das razões pode ser a maior facilidade de se fazer diagnósticos, mas outra coisa é que, naquela época, havia um programa americano que enviava psiquiatras para servir nos campos de batalha. E eles estavam à disposição dos soldados quando estes precisavam. Isso pode ter feito diferença.

O sr. vei aqui para apresentar um camundongo geneticamente modificado que seu grupo criou para o estudo da esquizofrenia. A esquizofrenia afeta capacidades mentais humanas. Como é possível usar um camundongo para estudá-la?

A esquizofrenia tem três classes de sintomas. Há os "positivos" ilusões, alucinações e loucura, os "negativos" _reclusão, isolamento social e falta de motivação --e os "cognitivos"-- a dificuldade de organizar as ideias e trabalhar. É difícil criar um modelo para estudar os sintomas positivos em cobaias, mas podemos modelar os cognitivos e negativos.

Criamos um camundongo cujo corpo estriado [estrutura no núcleo do cérebro] produz em excesso uma proteína que os neurônios usam para captar o neurotransmissor dopamina. Essa é uma lesão genética que ocorre em parte dos pacientes com esquizofrenia e, funcionalmente, leva a uma característica compartilhada pela maioria dos esquizofrênicos. Nós obtivemos então camundongos que claramente têm problemas de memória de curto prazo e em funções cognitivas. Os mesmos roedores têm dificuldade de interação social e baixa motivação.

A falta motivação não é um sintoma mais característico da depressão do que da esquizofrenia?

É um sintoma compartilhado pelas duas doenças, mas é um aspecto muito importante da esquizofrenia. Nós encontramos um medicamento que supera essa deficiência e a restaura ao normal. Achamos que isso poderá ser útil para tratamentos de depressão também.

Quão longe essa droga está de chegar ao mercado?

Nós fizemos só os testes em camundongos. Estamos agora conversando com empresas farmacêuticas em busca de alguma que esteja interessada em experimentá-la em pessoas. Ainda é uma fase bem inicial.

O que o sr. acha de usar drogas, como a ritalina (receitada para deficit de atenção) para "turbinar" a inteligência, aumentando a concentração?

Não acho que seja boa ideia para pessoas saudáveis. Essas drogas devem ser prescritas para pessoas com problemas cognitivos. Não devem nunca ser vendidas sem receita. Não são vitaminas.

O sr. vem falar no Brasil, onde a psicanálise é relativamente bem aceita. Nos EUA, não é assim. Que papel o sr. vê para as ideias de Freud hoje?

Não vejo problema em ler Freud da mesma forma que lemos Nietzche, Dostoiévski ou Shakespeare --grandes pensadores que escreveram sobre a mente humana. Mas se você quer que a psicanálise seja uma terapia eficaz, é preciso ter estudos que mostrem resultado. É necessário explicar o que ocorre no cérebro. Isso seria e trabalhoso, mas é precisa ser feito.

O maior problema não é com Freud, mas com aqueles que o sucederam. Eles não desenvolveram uma tradição científica na psicanálise. O treinamento para psicanálise deveria mudar, de forma que uma parte das pessoas formadas se dedicasse exclusivamente à pesquisa.

Como será possível provar a eficácia da psicanálise em termos objetivos? Seria como comparar a eficácia de uma droga a um placebo?

Você conhece Aaron Beck? Ele era um psiquiatra da Universidade da Pensilvânia, uma pessoa incrível, que já estava interessado em testar as idéias de Freud 40 anos atrás. Freud afirmava que pessoas deprimidas têm uma grande carga de ira que se volta contra elas mesmas, de maneira inconsciente.

Ele ouvia então os relatos de sonhos dos pacientes --pois os sonhos são "a estrada de ouro" para se acessar o inconsciente-- e descobriu que esses pacientes não estavam mais irados que qualquer outra pessoa. Essas pessoas, porém, tinham uma distinção característica: elas se consideravam "perdedoras" na vida. Achavam que tinham falhado no casamento e no trabalho, que não eram bons pais etc.

Quando Beck tentou olhar para o que estava acontecendo, ele viu que muitos deles na verdade estavam se saindo bastante bem em suas vidas. Beck, então, apontou a discrepância entre como esses pacientes achavam que estavam se saindo e como eles realmente funcionavam na vida. Ele os ajudou a mudar a maneira de pensar e de funcionar, e isso foi possível com umas 20 sessões de terapia.

Ele escreveu então um livro com sua "receita", e outras pessoas seguiram seu método, com sucesso.

Depois disso Beck criou grupos para comparação: um grupo de pessoas que não recebiam nada além de medicamentos antidepressivos e um de pessoas que passaram por seu método, a terapia cognitivo-comportamental. Depois, comparou o desempenho de cada um com placebo.

Ele viu que em casos de depressão suave ou moderada, esse tipo de psicoterapia era tão bom quanto inibidores seletivos de recaptação de serotonina [principal classe de drogas antidepressivas]. Em casos de depressão severos a diferença não era tanta, mas o efeito da psicoterapia combinado com os medicamentos era melhor que o das pílulas sozinhas.

Isso foi um marco sobre como estudos podem avaliar os resultados da psicoterapia. É por isso hoje que o sistema de saúde britânico reembolsa gastos de pacientes de terapia cognitivo-comportamental, mas não os de outros tipos de psicoterapia.

É isso que precisa ser feito com a psicanálise. É preciso ter um grupo de controle, um grupo experimental, um placebo. É preciso comparar a psicanálise à terapia cognitivo comportamental.

Já existem algumas tentativas de se fazer isso hoje, e elas parecem encorajadoras. É possível imaginar que alguns pacientes precisem de uma abordagem que os ajude a olhar melhor para si próprios, algo que a terapia cognitivo-comportamental não faz. Ela é um tipo de terapia que não discute com você como sua mãe e seu pai te tratavam. Ela lida com o aqui e agora.

Em algumas circunstâncias, ela pode funcionar bem, mas em outras talvez seja preciso explorar melhor o passado da pessoa, onde a psicanálise ajudaria. É preciso descobrir quais são essas circunstâncias.

Não existe hoje uma aceitação maior de que a mente descrita por Freud possui estruturas correlatas no cérebro, como o id, o ego e o superego?

Sim. O córtex pré-frontal está muito relacionado à moralidade e ao julgamento de valores, por exemplo. Uma lesão nessa região do cérebro pode tornar uma pessoa amoral, um psicopata.

Mas acima disso, a ideia geral de Freud sobre processos mentais inconscientes é muito importante para nossas vidas. Boa parte de nossa atividade mental é inconsciente. Isso acabou se mostrando uma verdade universal.

Por que os EUA não se encorajaram com as idéias de Freud?

Há muitas razões. A principal delas é que psicanálise é absurdamente cara e leva muito tempo. Hoje, todos nós temos menos tempo do que dispúnhamos duas décadas atrás. Isso é verdade para acadêmicos, para homens de negócios e para pessoas que poderiam pagar pela psicanálise.

Um outro problema é que, nos círculos médicos, a psicanálise havia prometido algo que não poderia cumprir.

Greta Bibring, uma charmosa vienense discípula de Freud, foi chefe do departamento de psiquiatria na Escola Médica de Harvard entre as décadas de 1950 e 1960. Ela era muito admirada lá e convenceu as pessoas de que a psicanálise iria solucionar todos os problemas que a medicina não conseguia resolver naqueles dias.

Isso foi antes de existirem tratamentos eficientes para hipertensão, por exemplo, e outros tipos de problema que só vieram a ser mais bem compreendidas depois. A promessa de Bibring é que várias dessas doenças eram psicossomáticas e poderiam ser resolvidas com psicanálise.

Quando ficou claro que nenhuma dessas doenças reagia à psicanálise, houve uma grande decepção, e isso desencorajou muitos médicos acadêmicos que antes apoiavam Freud. Foi uma grande perda.

Depois disso veio a pressão do dinheiro, a pressão do tempo, vieram as psicoterapias de curto prazo e as vieram as drogas psiquiátricas _Prozac e companhia limitada. As pessoas começaram buscar a saúde mental de outras maneiras.

O sr. passou também passou a infância em Viena, quando Freud ainda vivia lá, e também teve de fugir do nazismo. Isso o influenciou em sua maior aceitação à psicanálise?

Isso teve efeitos positivos e negativos em mim. De um lado, parte de minha vida era superar o transtorno do estresse pós-traumático, porque foi uma experiência terrível. Mas eu fui influenciado pela cultura de Viena, tinha muitos amigos cujos pais eram psicanalistas, e tinha interesse nisso. Só desisti da psicanálise quando me apaixonei pela neurobiologia.

Eu deixei Viena aos nove anos com meu irmão de catorze. Nós cruzamos o Atlântico depois, cada um de nós sozinho. Talvez eu estivesse aterrorizado, mas não me lembro muito bem disso. Meus pais vieram para cá alguns meses depois. Houve um estranhamento. Eu era um forasteiro aqui nos EUA, usava roupas europeias não falava inglês, não tinha dinheiro...

Mas acho que a origem do meu interesse em transtorno pós-traumático é diferente. Eu me interessava por psicanálise e me interessei pelos mecanismos de armazenamento de memória porque é um assunto central da psicanálise.

Acabo de finalizar meu novo livro "The Age of Insight", que tenta combinar neurociência e arte, do século 19 até aqui. Está previsto para sair em março. É uma tentativa minha de passar isso a limpo.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Los cerebros esquizofrénicos tienen la capacidad de regenerarse

http://www.muyinteresante.com.mx/ciencia/16/05/31/cerebro-esquizofrenia-regeneracion-enfermedad-cura/

Los cerebros esquizofrénicos tienen la capacidad de regenerarse

 

Los cerebros esquizofrénicos tienen la capacidad de regenerarse
Ciencia 31/05/16
Científicos han encontrado nuevas pruebas de cómo los cerebros afectados por la esquizofrenia son capaces de reorganizarse y luchar contra la enfermedad. Es una nueva vía prometedora para nuestra comprensión de la esquizofrenia, y se podría hallar cura para una enfermedad que se estima que afecta a más de 21 millones de personas en todo el mundo.

El estudio encontró que, cuando se trata de volumen  gris de la materia, el efecto reparador con el tiempo en realidad hace que el cerebro de los pacientes esquizofrénicos llegue a ser más como el cerebro de las personas sin la enfermedad, lo que podría ayudar a encontrar nuevas formas de desarrollar tratamientos para la condición.

Durante éste, se analizó a 98 personas con esquizofrenia, y 83 personas que no tienen. Encontraron un pequeño aumento en el tejido en ciertas partes del cerebro en el grupo de la esquizofrenia después se tomaron imágenes por resonancia magnética. Esos pequeños incrementos se observaron junto con cantidades reducidas de materia gris en otras áreas. Este descubrimiento va en contra de la opinión establecida y generalmente aceptada de la esquizofrenia como una enfermedad que daña el tejido cerebral permanente en sus etapas iniciales, que no se puede revertir.

Si bien es sólo un pequeño estudio con una relativamente pequeña muestra de pacientes examinados, pero si los resultados pueden ser replicados, podría señalar un cambio serio en la forma en que los científicos y los médicos piensan en la enfermedad.

"Nuestros resultados ponen de manifiesto que a pesar de la gravedad del daño a los tejidos, el cerebro de un paciente con esquizofrenia está constantemente tratando de reorganizarse, posiblemente para rescatarse a sí mismo o limitar los daños", explicó Lena Palaniyappan del Instituto de Investigación de la Salud Lawson en Canadá.

Palaniyappan y sus colegas utilizaron una técnica llamada análisis de covarianza para estudiar los cerebros de esquizofrénicos más ampliamente de lo que se estudiaron en el pasado, encontrando que los cerebros dañados se desvían de la norma más importante desde el principio en el progreso de la enfermedad.

"Los resultados sugieren que en términos de volumen de materia gris, los cerebros de pacientes esquizofrénicos se vuelven " normales" son el tiempo," aseguró Rhodi Lee.

Todavía no se sabe qué causa la esquizofrenia, y la mayoría de las medicinas y terapias están diseñadas para reducir los efectos y permitir que los pacientes vivan una vida más normal.

 

terça-feira, 5 de julho de 2016

FALSAS PROMESSAS FARMACÊUTICAS

FALSAS PROMESSAS FARMACÊUTICAS

Acaba de surgir mais uma falsa promessa da indústria farmacêutica; o Modafinil, que prega conseguir uma melhor performance do cérebro e ainda não ter efeitos colaterais. Mais uma farsa para produzir consumidores em larga escala.

http://hypescience.com/remedio-que-melhora-cerebro/

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Psychiatric Drug Withdrawal A Guide for Prescribers, Therapists, Patients and their Families

Dr. Breggin's book, Psychiatric Drug Withdrawal, is the best resource he recommends for considering how to taper off psychiatric drugs and actions one can take to improve one's life and health. Dr. Breggin says: "Nothing in the field of mental health will do more good and reduce more harm than encouraging withdrawal from psychiatric drugs."

http://breggin.com/index.php?option=com_content&task=view&id=296&Itemid=129

Psychiatric Drug Withdrawal
A Guide for Prescribers, Therapists,
Patients and their Families
 
By Peter Breggin, M.D.
  

Springer Publishing Co. 2013