ANTROPOLOGIA DA CIÊNCIA E DA
TECNOLOGIA
Sobre os sentidos sócio-técnicos da interação entre o metilfenidato e o
conhecimento neurológico do TDA/H
Introdução
O objetivo deste trabalho é oferecer uma análise sobre a crescente ênfase dos estudos
sobre o Transtorno de Déficit de Atenção/Hipercinético (TDA/H) acerca das causas
neurológicas do transtorno relacionada com o crescimento de tratamentos que envolvem
a administração de fármacos. Diante desse contexto, busca-se interpretar como o
conhecimento científico das neurociências e sua relação com a terapia farmacológica
configura um ponto de encontro de relações sóciotecnicas. O fármaco, ou a sua
composição química que opera mudanças físicas no cérebro e inscreve maneiras
específicas de atuar no corpo, é interpretado como um nexo entre a ciência produzida
sobre o cérebro e as empresas farmacêuticas, que investem em pesquisa e na produção
de fármacos para o tratamento do TDA/H.
A neurociência é um dos ramos científicos que vem causando profundos impactos na
psiquiatria brasileira nos anos recentes. Em um levantamento de artigos científicos
publicados no SCIELO sobre o TDA/H, entre os anos de 2007 e 2012, constatamos que
a maioria dos estudos foi produzida por psiquiatras e neurocientistas que investigam as
causas neurológicas do transtorno. Hegemonicamente, tais estudos são financiados por
indústrias farmacêuticas e no horizonte de suas discussões é preponderante o debate
sobre os efeitos fisiológicos da terapia farmacológica com o metilfenidato para o caso
de crianças diagnosticadas pelo transtorno.
Sugere-se que a legitimidade neurocientífica da patologia é dotada de sentido pelos
atores sociais e instituições que estão ladeados na (con)formação das fronteiras
“biológicas” do déficit de atenção. Legitimidade que é interpretada como um fenômeno
social e cultural fundamental para a produção, divulgação e prescrição do metilfenidato.
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