O tratamento psiquiátrico usual e entendido como adequado recorre ao estabelecimento de comportamentos cerimoniais antes ou depois de procedimentos de coerção física ou social para manutenção de implicações práticas do modelo teórico em psiquiatria tradicional e manicomial. Uma vez que o definidor da determinação do prognóstico de saúde é o seguimento do "tratamento médico adequado" justificado pela confiança nas instituições médicas, é necessário supor a interpretação de disfunção a qualquer "desvio" daquilo que supostamente é uma imposição com origem nos fenômenos da natureza. No entanto, tais suposições implicam em negação de fenômenos biológicos do comportamento e fatos da sociedade. É discutível o quanto o tratamento psiquiátrico involuntário mantido por controle cerimonial e coercitivo funciona por controle tecnológico de variáveis biológicas orgânicas apenas, como prevê que seja o "tratamento adequado", uma vez que o modelo teórico justifica e recorre defensivamente aos controles de comportamento mencionados.
"O controle cerimonial pode ser exemplificado pela afirmativa: "Faça isso porque eu disse!" (Glenn, 1986). [As] [...] metacontingências cerimoniais [são usadas] para garantir a manutenção do status quo da sociedade."
"O controle tecnológico pode ser exemplificado pela afirmativa: Faça isso porque resultará numa melhoria das condições sanitárias e conseqüentemente na melhoria da saúde (Glenn, 1986). As metacontingências tecnológicas propõem um trabalho de determinação de regras específicas, de providenciar conseqüências imediatas para a observância dessas regras, e de avaliação dessas regras e das conseqüências (Todorov, 1987). "
TODOROV, J. C.; MOREIRA, M.. Análise experimental do comportamento e sociedade: um novo foco de estudo. Psicologia: Reflexão e Crítica, v. 17, n. 1, p. 25–29, 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário