Um
filosofia do ser empobrecida
A
lista prévia de dano se relacionam com o impacto da psiquiatria na
sociedade no âmbito médico. Corrupção institucional levou a
prática da medicina numa maneira que violou os padrões do
consentimento informado, e também danificou nossa sociedade como
medido pela piora dos resultados na saúde mental, entre ambos
adultos e crianças. Mas a instituição da psiquiatria também tem
tido um profundo impacto como a criadora de uma filosofia moderna, a
qual afeta o nosso entendimento do que significa ser “normal”,
nossas narrativas internas, nossa resposta societal a injustiças
sociais, e mesmo nossos valores democráticos.
Em
cada sociedade, estórias são contadas que proveem um entendimento
da “natureza humana” e se há um tema que permanece nessas
estórias, é de que humanos são criaturas extremamente emocionais.
O velho testamento conta de humanos frequentemente tomados por
ganância, inveja, luxúria, amor e – ao mais extremo – impulsos
homicidas. Nesse contexto, a luta essencial para uma pessoa está
dentro do próprio eu. As emoções que produzem comportamento
pecador deveria ser prevenidas, e dessa maneira uma pessoa pode ter a
esperança de se comportar de maneiras que são agradáveis a Deus.
Os épicos Gregos pintam esforços similares, e se nós irmos adiante
na história literária nós rapidamente pousamos em Shakespeare,
cujos personagens são regularmente adequadamente tomado por emoções
hostis, sejam as dores do desejo não satisfeito em Romeu e Julieta,
ou as raivas assassinas de Macbeth. Novelas nos proveem com uma
similarmente rica tapeçaria, e em toda essa literatura, desde os
tempos gregos adiante, nós vemos variações do mesmo tema: humanos
sofrimento com suas mentes e emoções, as quais são raramente
habitualmente bem organizadas.
A
concepção Freudiana de mente encontra esse tema. Seu brilhantismo
foi colocar dramatizações literárias do caráter humano num
paradigma psicológico, com os diferentes elementos da mente – o
id, ego e superego – regularmente em guerra (e com muito desse
esforço ocorrendo fora da do âmbito da consciência). Seu retrato
psicológico da mente refletem a fisiologia do cérebro humano, com
seu centro reptiliano antigo, sobreposto por um córtex cerebral
mamífero, e finalmente com os lobos frontais exagerados, com essa
parte do cérebro regulamente dada a tarefa de criar uma narrativa
para o “eu” que faz algum sentido, sem considerar o quanto
precisa essa narrativa pode na realidade ser.
A
beleza de tal literatura, e porque ultimamente pode ser tão
consolador para um indivíduo, é que provê uma concepção
expansiva da natureza humana. Nós todos nos esforçamos com nossas
emoções e nossas mentes, e é raro o ser humano que nunca fez papel
de tolo, e que não teve suas emoções fora de controle. Esse é um
entendimento que nutre empatia, tanto para outros e para si. Também
nos provê com um senso do que esperar da vida. A felicidade pode nos
visitar agora ou outro momento, mas conte suas graças quando vem.
Ansiedade, luto, raiva, ciúme, melancolia – espere tais emoções
visitarem também.
A
APA, com seu DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico) provê a
sociedade com uma visão diferente na “normalidade” humana e o
que nós podemos esperar das nossas mentes. Normalidade – como
definida pelo construtos diagnósticos que falam de “doença” - é
um lugar muito constrito. Emoções extremas, emoções dolorosas, e
comportamentos difíceis todos se tornam “sintomas” de doenças.
A mente, de acordo como o DSM-III, -IV, e -5, não deve ser um lugar
caótico. Mesmo um sentimento comum de distresse, ansiedade, deve ser
visto como “anormal”. Dessa maneira, o DSM prove a sociedade com
uma filosofia do ser acentuadamente empobrecida.
O
escritor Sam Kriss brilhantemente iluminou esse fato aos escrever uma
resenha do DSM-5 como se fosse um romance. Há, ele nota, um senso de
“solidão que satura o seu trabalho”, o livro escrito por um
narrador sem habilidade de “apreciar outras pessoas”. Essa é uma
estória sem quaisquer dos elementos que tradicionalmente sustentam
uma trama. Poucos personagens fazem uma aparição, mas eles são sem
nome, formas espectrais, os quais se movem enquanto a estória
progride, curtamente corporificando suas várias doenças antes de
desaparecer rapidamente como vieram – figuras comparáveis com
cacofonia de vozes em A terra perdida ou as figuras universalmente
anonimas da Cegueira de Jose Saramago. Um sofredor de depressão ou
hipocondria pode ser revelado ser a mesma pessoa, mas para a maior
parte dos limites entre os diagnósticos mantém seus personagens
separados um do outro… A ideia emerge de que cada doença da pessoa
é de alguma maneira sua própria culpa, que isso vem do nada além
de si mesmos: seus genes, suas adicções, e seu insuficiência
inerente humana. Nós entramos um mundo estranho de sombras onde para
alguém se envolve com prostituição não é o resultado de fatores
ambientais de diferente setores (relações de gênero, classe
econômica, relacionamentos familiares e sociais) mas um sintoma de
“transtorno de conduta” junto com “mentir, falta à escola e
fugir”. Uma pessoa louca é como uma máquina defeituosa. A
observação pseudo-objetiva apenas vê o que eles fazem, aos invés
de o que eles pensam ou como eles se sentem. Uma pessoa que defeca no
chão da cozinha porque isso dá a elas prazer erótico e uma pessoa
que defeca no chão da cozinha para extirpar demônios são ambos
agrupados por encopresis. Não é de que o processo de pensamento não
importa, é como se não existissem. O ser humano é uma rede de
carne sobre um vazio.
Kriss
entitulou a sua resenha de “Livro das Lamentações”. Finalmente,
ele concluiu, que o DSM apresenta aos leitores com uma descrição da
normalidade que horroriza:
Se
há normalidade aqui, é um estado de quase catatonia. DSM-5 parece
não ter definição de felicidade a não ser a ausência de
sofrimento. O indivíduo normal nesse livro é tranquilizado e parece
um bovino, mudamente aceitando tudo num às vezes mundo doloroso sem
nunca sentir muito que atrapalhe isso. Os excessos vastos e absurdos
de paixão que formam a matéria bruta da arte, literatura, amor, e
humanidade são muito estressantes; é mais fácil parar de ser
humano de uma vez só, e simplesmente se mover como uma coleção de
diagnósticos sobrepostos com um corpo vagamente anexado.
Esse
é o livro que provê nossa sociedade com um paradigma para julgar
aos outros, e a nós mesmos. Emoções e comportamentos que, nos
trabalhos literários do passado, teriam sido apresentados como bem
normais são ao invés disso descritos como “transtornos mentais”.
A criança mal comportada – olá Tom Sawyer – é agora revista
como uma criança sofrendo de Déficit de Atenção, a qual precisa
ser tratada com estimulante. O adolescente mau humorado, o qual uma
pessoa teria sido visto como passando por “tempestade e estresse”
da adolescência, pode agora ser diagnosticado como deprimido e
tratado com antidepressivo. O adulto que faz o luto por muito tempo
sobre a morte de um esposo ou um dos pais agora tem “depressão
maior” (talvez Shakespeare hoje iria recomendar uma dose de
Cymbalta para Hamlet). E assim por diante.
[…]
Resumindo, o DSM – como um livro de filosofia para nossa sociedade
moderna – retira a poesia da vida. Ele nos diz para usar rédeas e
evitar sentir muito profundamente. E aqui está a ligação com
corrupção insitucional: a APA nos informou dos desequilíbrios
químicos e doenças cerebrais conhecidas e transtornos validados, os
quais são os tijolos construtores para a filosofia que criou, e
ainda esses tijolos construtores tem que ainda ser encontrados na
natureza.
[…]
O “Eu” é encorajado para sempre estar em alerta para signais de
anormalidade, com os pais tomando vigilância para suas crianças,
mesmo quando eles estão na pré-escola. Além do mais, essa
vigilância constante facilmente se transforma numa narrativa para a
vida mais ampla. Dessa maneira, o modelo da doença da APA encoraja a
narração interna que rouba o senso de responsabilidade e de
resiliência. A pessoa não é encorajada a examinar o contexto de
sua vida. O que aconteceu? O que pode ser mudado? Ou, ainda mais
radical: Existes momentos em que o sofrimento deve ser abraçado?
Robert Whitaker e Lisa Cosgrove - Psiquiatria sob Influência