Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)

Essa avalanche de informações e conhecimento relacionada à saúde e despejada todos os dias sobre os indivíduos sem a menor cerimônia varia muito em termos de objetividade e credibilidade. Porém, é preciso admitir que ela consegue atrair cada vez mais a atenção pública para assuntos de saúde - e muda o relacionamento tradicional entre médicos e pacientes, encorajando os últimos a exercer uma atitude mais participativa na relação. Ironicamente, enquanto os pacientes conquistam mais acesso às informações sobre saúde, os médicos têm cada vez menos tempo para estudar as últimas descobertas científicas ou para ler publicações da área - on-line ou não -, e mesmo para se comunicar adequadamente com especialistas de áreas relevantes e/ou com os próprios pacientes. Além disso, enquanto os médicos precisam dominar conhecimentos sobre as diferentes condições de saúde de um grande número de pacientes cujos rostos eles mal conseguem lembrar, um paciente instruído, com acesso à internet, pode, na verdade, ter lido uma pesquisa mais recente do que o médico sobre sua doença específica. Os pacientes chegam ao consultório com paginas impressas contendo o material que pesquisaram na internet, fotocópias de artigos da Physician's Desk Reference, ou recorte de outras revistas e anuários médicos. Eles fazem perguntas e não ficam mais reverenciando a figura do médico, com seu imaculado avental branco. Aqui as mudanças no relacionamento com os fundamentos profundos do tempo e conhecimento alteraram completamente a realidade médica. Livro: Riqueza Revolucionária - O significado da riqueza no futuro

Aviso!

Aviso! A maioria das drogas psiquiátricas pode causar reações de abstinência, incluindo reações emocionais e físicas com risco de vida. Portanto, não é apenas perigoso iniciar drogas psiquiátricas, também pode ser perigoso pará-las. Retirada de drogas psiquiátricas deve ser feita cuidadosamente sob supervisão clínica experiente. [Se possível] Os métodos para retirar-se com segurança das drogas psiquiátricas são discutidos no livro do Dr. Breggin: A abstinência de drogas psiquiátricas: um guia para prescritores, terapeutas, pacientes e suas famílias. Observação: Esse site pode aumentar bastante as chances do seu psiquiatra biológico piorar o seu prognóstico, sua família recorrer a internação psiquiátrica e serem prescritas injeções de depósito (duração maior). É mais indicado descontinuar drogas psicoativas com apoio da família e psiquiatra biológico ou pelo menos consentir a ingestão de cápsulas para não aumentar o custo do tratamento desnecessariamente. Observação 2: Esse blogue pode alimentar esperanças de que os familiares ou psiquiatras biológicos podem mudar e começar a ouvir os pacientes e se relacionarem de igual para igual e racionalmente. A mudança de familiares e psiquiatras biológicos é uma tarefa ingrata e provavelmente impossível. https://breggin.com/the-reform-work-of-peter-gotzsche-md/

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Um filosofia do ser empobrecida


Um filosofia do ser empobrecida

A lista prévia de dano se relacionam com o impacto da psiquiatria na sociedade no âmbito médico. Corrupção institucional levou a prática da medicina numa maneira que violou os padrões do consentimento informado, e também danificou nossa sociedade como medido pela piora dos resultados na saúde mental, entre ambos adultos e crianças. Mas a instituição da psiquiatria também tem tido um profundo impacto como a criadora de uma filosofia moderna, a qual afeta o nosso entendimento do que significa ser “normal”, nossas narrativas internas, nossa resposta societal a injustiças sociais, e mesmo nossos valores democráticos.
Em cada sociedade, estórias são contadas que proveem um entendimento da “natureza humana” e se há um tema que permanece nessas estórias, é de que humanos são criaturas extremamente emocionais. O velho testamento conta de humanos frequentemente tomados por ganância, inveja, luxúria, amor e – ao mais extremo – impulsos homicidas. Nesse contexto, a luta essencial para uma pessoa está dentro do próprio eu. As emoções que produzem comportamento pecador deveria ser prevenidas, e dessa maneira uma pessoa pode ter a esperança de se comportar de maneiras que são agradáveis a Deus. Os épicos Gregos pintam esforços similares, e se nós irmos adiante na história literária nós rapidamente pousamos em Shakespeare, cujos personagens são regularmente adequadamente tomado por emoções hostis, sejam as dores do desejo não satisfeito em Romeu e Julieta, ou as raivas assassinas de Macbeth. Novelas nos proveem com uma similarmente rica tapeçaria, e em toda essa literatura, desde os tempos gregos adiante, nós vemos variações do mesmo tema: humanos sofrimento com suas mentes e emoções, as quais são raramente habitualmente bem organizadas.
A concepção Freudiana de mente encontra esse tema. Seu brilhantismo foi colocar dramatizações literárias do caráter humano num paradigma psicológico, com os diferentes elementos da mente – o id, ego e superego – regularmente em guerra (e com muito desse esforço ocorrendo fora da do âmbito da consciência). Seu retrato psicológico da mente refletem a fisiologia do cérebro humano, com seu centro reptiliano antigo, sobreposto por um córtex cerebral mamífero, e finalmente com os lobos frontais exagerados, com essa parte do cérebro regulamente dada a tarefa de criar uma narrativa para o “eu” que faz algum sentido, sem considerar o quanto precisa essa narrativa pode na realidade ser.
A beleza de tal literatura, e porque ultimamente pode ser tão consolador para um indivíduo, é que provê uma concepção expansiva da natureza humana. Nós todos nos esforçamos com nossas emoções e nossas mentes, e é raro o ser humano que nunca fez papel de tolo, e que não teve suas emoções fora de controle. Esse é um entendimento que nutre empatia, tanto para outros e para si. Também nos provê com um senso do que esperar da vida. A felicidade pode nos visitar agora ou outro momento, mas conte suas graças quando vem. Ansiedade, luto, raiva, ciúme, melancolia – espere tais emoções visitarem também.
A APA, com seu DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico) provê a sociedade com uma visão diferente na “normalidade” humana e o que nós podemos esperar das nossas mentes. Normalidade – como definida pelo construtos diagnósticos que falam de “doença” - é um lugar muito constrito. Emoções extremas, emoções dolorosas, e comportamentos difíceis todos se tornam “sintomas” de doenças. A mente, de acordo como o DSM-III, -IV, e -5, não deve ser um lugar caótico. Mesmo um sentimento comum de distresse, ansiedade, deve ser visto como “anormal”. Dessa maneira, o DSM prove a sociedade com uma filosofia do ser acentuadamente empobrecida.
O escritor Sam Kriss brilhantemente iluminou esse fato aos escrever uma resenha do DSM-5 como se fosse um romance. Há, ele nota, um senso de “solidão que satura o seu trabalho”, o livro escrito por um narrador sem habilidade de “apreciar outras pessoas”. Essa é uma estória sem quaisquer dos elementos que tradicionalmente sustentam uma trama. Poucos personagens fazem uma aparição, mas eles são sem nome, formas espectrais, os quais se movem enquanto a estória progride, curtamente corporificando suas várias doenças antes de desaparecer rapidamente como vieram – figuras comparáveis com cacofonia de vozes em A terra perdida ou as figuras universalmente anonimas da Cegueira de Jose Saramago. Um sofredor de depressão ou hipocondria pode ser revelado ser a mesma pessoa, mas para a maior parte dos limites entre os diagnósticos mantém seus personagens separados um do outro… A ideia emerge de que cada doença da pessoa é de alguma maneira sua própria culpa, que isso vem do nada além de si mesmos: seus genes, suas adicções, e seu insuficiência inerente humana. Nós entramos um mundo estranho de sombras onde para alguém se envolve com prostituição não é o resultado de fatores ambientais de diferente setores (relações de gênero, classe econômica, relacionamentos familiares e sociais) mas um sintoma de “transtorno de conduta” junto com “mentir, falta à escola e fugir”. Uma pessoa louca é como uma máquina defeituosa. A observação pseudo-objetiva apenas vê o que eles fazem, aos invés de o que eles pensam ou como eles se sentem. Uma pessoa que defeca no chão da cozinha porque isso dá a elas prazer erótico e uma pessoa que defeca no chão da cozinha para extirpar demônios são ambos agrupados por encopresis. Não é de que o processo de pensamento não importa, é como se não existissem. O ser humano é uma rede de carne sobre um vazio.
Kriss entitulou a sua resenha de “Livro das Lamentações”. Finalmente, ele concluiu, que o DSM apresenta aos leitores com uma descrição da normalidade que horroriza:
Se há normalidade aqui, é um estado de quase catatonia. DSM-5 parece não ter definição de felicidade a não ser a ausência de sofrimento. O indivíduo normal nesse livro é tranquilizado e parece um bovino, mudamente aceitando tudo num às vezes mundo doloroso sem nunca sentir muito que atrapalhe isso. Os excessos vastos e absurdos de paixão que formam a matéria bruta da arte, literatura, amor, e humanidade são muito estressantes; é mais fácil parar de ser humano de uma vez só, e simplesmente se mover como uma coleção de diagnósticos sobrepostos com um corpo vagamente anexado.

Esse é o livro que provê nossa sociedade com um paradigma para julgar aos outros, e a nós mesmos. Emoções e comportamentos que, nos trabalhos literários do passado, teriam sido apresentados como bem normais são ao invés disso descritos como “transtornos mentais”. A criança mal comportada – olá Tom Sawyer – é agora revista como uma criança sofrendo de Déficit de Atenção, a qual precisa ser tratada com estimulante. O adolescente mau humorado, o qual uma pessoa teria sido visto como passando por “tempestade e estresse” da adolescência, pode agora ser diagnosticado como deprimido e tratado com antidepressivo. O adulto que faz o luto por muito tempo sobre a morte de um esposo ou um dos pais agora tem “depressão maior” (talvez Shakespeare hoje iria recomendar uma dose de Cymbalta para Hamlet). E assim por diante.
[…] Resumindo, o DSM – como um livro de filosofia para nossa sociedade moderna – retira a poesia da vida. Ele nos diz para usar rédeas e evitar sentir muito profundamente. E aqui está a ligação com corrupção insitucional: a APA nos informou dos desequilíbrios químicos e doenças cerebrais conhecidas e transtornos validados, os quais são os tijolos construtores para a filosofia que criou, e ainda esses tijolos construtores tem que ainda ser encontrados na natureza.

[…] O “Eu” é encorajado para sempre estar em alerta para signais de anormalidade, com os pais tomando vigilância para suas crianças, mesmo quando eles estão na pré-escola. Além do mais, essa vigilância constante facilmente se transforma numa narrativa para a vida mais ampla. Dessa maneira, o modelo da doença da APA encoraja a narração interna que rouba o senso de responsabilidade e de resiliência. A pessoa não é encorajada a examinar o contexto de sua vida. O que aconteceu? O que pode ser mudado? Ou, ainda mais radical: Existes momentos em que o sofrimento deve ser abraçado?

Robert Whitaker e Lisa Cosgrove - Psiquiatria sob Influência

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