"É dessa visão, acrescida de uma politização da relação de poder exercida no contato da sociedade do "eu" com a sociedade do outro, que a crítica pós-formal vem dizer de uma visão às vezes alijadora, às vezes bárbara, de se perceber o outro - note-se o outro na e da educação - com uma visão monocular na qual carências, déficits e insuficiências marcadoras são o ponto de partida e de referência. Foi aqui que a prática da desreferencialização do outro se fez norma, foi aqui que a lavagem cerebral agiu sutilmente em forma de violência simbólica (Bordieu) nos espaço escolares. Subordinação inferiorizante passou a ser uma prática necessária e significativa para a condição do aprender. Nesse contexto, aluno e professor foram apreendidos consciente ou inconscientemente como "idiotas culturais" ou "idiotas especializados" (GARKINKEL, 1976; DEMO, 1985) pelos discursos representativos de uma sociedade do "eu", sustentados pelo ideal do ethos liberal colonizador do currículo". p.29
"No caso da educação e do currículo especificamente, o outro na e da educação ainda é um anúncio, porque as pedagogias, em geral, viraram as costas à diferença, por privilegiarem o que emerge como norma e homogeneização. Pensamos, portanto, que a construção do outro na educação e na pesquisa sobre a educação vem desalojar a confortável posição autocentrada das pedagogias do eu e das "tecnologias do eu", sempre despreparadas e de má vontade para pensar e interagir intercriticamente com as alteridades." p. 30
Do livro: Etnopesquisa crítica Etnopesquisa-formação
Nenhum comentário:
Postar um comentário