Medicalização Tarja Preta Marcia Kedouk
"Às vezes me pergunto se não desejamos, mesmo que inconscientemente, essa rotina livre demais de imperfeições e contradições. “Acabaram com a chateação, a insegurança, os altos e baixos. Todos querem estar sempre bem e corresponder às expectativas”, me disse o psiquiatra e psicanalista Miguel Chalub, professor das universidades Federal e Estadual do Rio de Janeiro. Estávamos falando sobre por que recorremos a cada vez mais remédios ao menor sinal de desconforto emocional.
Isso acontece porque, desde a década de 1990, somos pautados ao mesmo tempo pela homogeneização e pelo direito à diferença.
Nós cedemos a essas pressões e queremos caber nos moldes, mesmo que para isso seja preciso tomar um remédio desnecessário. Quando um médico não dá a receita, encontramos outro que dê. Mas é essencial desenvolver senso crítico. “As empresas farmacêuticas têm de virar objeto de questionamento, como acontece com a indústria do tabaco. me disse o psiquiatra americano Allen Frances.
Talvez a gente precise mesmo passar um tempo distante da obrigação de ser perfeito e deixar que cada um encontre a própria sanidade. Longe das soluções fáceis, das promessas milagrosas e da pressão social para um estilo de vida doente."
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