IDEOLOGIA, NEUTRALIDADE E OBJETIVAÇÃO OU OBJETO-CONSTRUÍDO:
Ideologia, definiu o marxista Louis Althusser, é nossa representação imaginária de nossas condições reais de existência. É uma falsa consciência, uma separação entre o que pensamos e o que as coisas são.
Toda ciência é ideológica, escreveu Pedro Demo[6]. O que a ciência deve pretender é a convivência crítica com a ideologia (DEMO, 1987, p. 33). As ciências sociais, acrescentou Cecília Minayo[7], são intrínseca e extrínsecamente ideológicas e seu objeto é essencialmente qualitativo (MINAYO, 1996, p. 21)
Não há neutralidade nas ciências, escreveu Japiassu. A ciência é um produto humano, processual, provisório. E as ciências humanas tem uma dificuldade específica, pois tratam de um objeto “que fala”. Para Minayo, as ciências humanas são históricas, situadas, e seu objeto é a intersubjetividade.
Se não são neutras, podem as ciências humanas e sociais ser objetivas?
Os metodólogos dizem que sim, através do que chamam de “objetivação”, ou “objeto construído”, ou seja, a construção do objeto. Embora o objetividade/neutralidade não seja realizável, a objetivação é possível, ou seja, um rigor de instrumental teórico e técnico adequado e explicitado (MINAYO, 1997, p. 35). A objetivação seria “um processo de construção do objeto da pesquisa que reconhece sua complexidade e especificidade”, repudiando o “discurso ingênuo ou malicioso da neutralidade” (MINAYO). Pedro DEMO acompanha: “não trabalhamos com a realidade, pura e simplesmente, de forma imediata e direta, mas com a realidade assim como a conseguimos ver e captar[...] Não captamos a realidade, mas a interpretamos [...] o dado não fala por si, mas pela boca de uma interpretação.” (DEMO, 1987, p. 45-46).
http://pesquisasocialaulas.blogspot.com/2011/04/
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