Limitações da psiquiatria biomédica Controvérsia entre psiquiatras farmacológicos e reforma psiquiátrica Psiquiatria não comercial e íntegra Suporte para desmame de drogas psiquiátricas Concepções psicossociais Gerenciamento de benefícios/riscos dos psicoativos Acessibilidade para Deficiência psicossocial Psiquiatria com senso crítico Temas em Saúde Mental Prevenção quaternária Consumo informado Decisão compartilhada Autonomia "Movimento" de ex-usuários Alta psiquiátrica Justiça epistêmica
Pacientes produtores ativos de saúde (prosumo)
Aviso!
quarta-feira, 31 de agosto de 2022
Medicalização e padrões (com realismo)
domingo, 28 de agosto de 2022
Drogas ilegais e estigma
Substâncias que alteram o corpo e comportamento costumam ser consideradas a causa de maus comportamentos e o estigma surge em parte disso. Mas há um determinante anterior do uso de drogas que determina comportamentos vistos como errantes ou típicos de usuário de drogas: condições de reforço livre.
sábado, 27 de agosto de 2022
Manicomial e antimanicomial: natureza e sociedade
segunda-feira, 22 de agosto de 2022
Psicodiagnostico de Rorschach (Anos 40)
CAPITULO XXIV
Psicodiagnostico de Rorschach
O psicodiagnostico de Rorschach é uma das provas que fornecem um corte transverso da personalidade total, permitindo ver seus diversos planos e suas relações." Comentando o valor do método, já se escreveu:
"Não ha discrepancia entre os conhecedores do assunto sobre o valor do processo. Cada dia é maior sua difusão e enorme os entusiasmos despertados entre os novos adeptos. As criticas ao seu emprego, particularmente as baseadas na dificiculdade de sua metodologia, estão a pique de serem destruidas. Os esforçados pesquizadores, do grupo norte-americano, que fundaram o Rorschach Instituto de Nova York e aos quais se agregando os interessados dos demais centros, sistematicamente metodo de protocolar e de interpretar os resultados. Ficam portanto, apenas os obices decorrentes do elevado espaço de tempo necessário para registo e apuração. Esses não devem porem, ser exagerados e, si realmente os informes colhidos na investigação atingem os fins colimados, vale o esforço dispendido."
MATERIAL- É constituido por 10 lâminas de cartolina. Em cada uma delas se vê uma mancha de tinta que tem as caracteristicas de imagem simples, simetrica, oferecendo certo ritmo afim de que não se veja nela apenas a mancha de tinta. Tais imagens se pódem obter deixando cair sobre uma folha de papel um pouco de tinta. Logo em seguida se dobra o papel e a tinta se extenderá simetricamente sobre as duas superficies.
Laminas apropriadas podem ser adquiridas na Editorial Hans Huber, de Berna.
As imagens das laminas I, IV, V, VI e VII variam da cor cinzenta claro ao negro intenso. Nas II e III tambem se vê a côr vermelha. E as VIII, IX
I são multicores.
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APLICAÇÃO-Entregam-se ao paciente, que se encontra sentado as laminas, uma após outra, obedecendo uma ordem rigorosa, da primeira à decima, de maneira que o número de ordem esteja na margem superior.
Deve incidir iluminação igual e direta sobre a lamina.
O paciente mantem a lamina a uma distancia aproximada de 50 ctm., podendo afasta-la, aproxima-la ou vira-la, sem, comtudo sola-la.
Ao entregar a lamina ao paciente, perguntamos:
- Que pode ser isto? - Que pode representar?
Estas ou outras perguntas semelhantes não devem conter qualquer sugestão. Entrega-se uma nova lamina quando o paciente já houver esgotado todas as respostas sobre a que tem diante de si.
APURAÇÃO:
a) Avaliação quantitativa (número de respostas e tempo de reação).
1- O numero de respostas tem pequeno valor diagnostico. Oscila, nas pessoas normais, entre 15 e 50.
Nos casos de psicopatias organicas o número de respostas, embora dentro dos limites normais, tende a se aproximar do limite inferior, salvo nos casos de fabulação.
Os deficientes intelectuais e epileticos costumam dar um número maior.
Nos casos de depressão não se contam mais de 5 respostas. Havendo euforia ou excitação pode-se contar mais de 50.
Os esquizofrenicos dão um número muito variavel de respostas.
É impossivel se registrar uma falta de respostas nas pessões normais, fenomeno que pode ocorrer com frequencia nas neuroses.
Nos esquizofrenicos tipicos, latentes ou mesmo considerados curados é comum se observarem as "falhas": o paciente que vinha fornecendo numerosas e variadas respostas com várias laminas, detem-se, repentinamente, diante de uma que é das mais faceis.
2- O tempo de reação é obtido dividindo-se o tempo total de duração de prova pelo número de respostas. É maior nos casos de psicoses organicas, epileticas e deprimidos. É menor nos casos de excitação maniaca e muito curto na esquizofrenia.
b) Avaliação qualitativa - Consideram-se o modo perceptivo, as sucessões, as sensações determinantes, o conteúdo e a originalidade.
1 - Percepção e sucessão - AS respostas referindo-se às imagens são assinaladas pelo pesquisador com letra e assim se enumeram:
Interpretação global da imagem G
Interpretação parcial da imagem (detalhe) D
Pequeno detalhe Dd
Detalhe oligofrenico (fragmento de detalhe) De
Resposta correspondente aos espaços brancos DZw
As respostas DZw significam tendencia a oposição ao ambiente, frequente nos esquizofrenicos negativistas.
A ordem segundo a qual aparecem os diferentes tipos de interpretação para cada lamina denomina-se "sucessão".
Normalmente aparecem as respostas G seguidas de D e de Dd.
A sucessão "rigida e ordenada" significa o predominio das funções logicas. Sem oferecer uma rigidez absoluta, as respostas seguem, em linhas gerais, a ordem habitual
(G-D-Dd-DZw).
A sucessão é "hipotonica" quando desaparece, em grande parte, a ordem. Havendo "hipotonia" acentuada, a sucessão denomina-se "dissociada", como nos esquizofrenicos.
A sucessão é "invertida" quando segue uma ordem contraria à habitual (Dd-D-G). É própria dos fabuladores.
2 - Sensações determinantes - De acordo com as sensações experimentadas ao se examinar as laminas, assim se classificam as respostas:
Respostas condicionadas pela "forma" (F).
Respostas de "movimento" (B).
Respostas condicionadas pela "côr", primárias ou secundárias (Fb).
As interpretações F (forma) são as mais comuns. Constituem a maioria, tanto para individuos normais como doentes. As "formas" bem vistas se designam por F+; as mal
vistas por F-.
A percentagem das formas bem vistas (F + %) se determina segundo a formula:
F % = (F+) X 100 / (F+)+ (F-)
O F normal oscila entre 80 e 100, significando precisão de associação e capacidade de manter ativa a atenção. Um F + % elevado tambem significa boa capacidade de concentração.
Ha "resposta cinetica" quando predominam na interpretação "respostas de movimento" (B). Para qualificar tal resposta procura-se verificar nela a existencia de um verbo. Rorschach, entretanto, adverte que muitas respostas que contem verbo não são "respostas de movimento" sinão quando se referem a homens e animais plantigrados visto como depois de interpretar uma forma é comum o paciente juntar uma serie de considerações de maneira a ampliar ou a ilustrar sua resposta, o que pode resultar de tendencia à fabulação.
As laminas coloridas costumam provocar o "choque cromatico", assim descrito por Rorschach: "Certos pacientes experimentam um verdadeiro choque no momento em que entregamos a lamina colorida VII, substituindo as negras; trata-se de um estupor associativo e afetivo, de duração variavel. Subitamente se tornam perplexos, mesmo aqueles indivíduos que até aquele momento haviam interpretado de maneira corrente. Comprovam com assombro que a interpretação das laminas coloridas é mais dificil que a das negras. Os indivíduos que sentem o "choque cromatico" são sempre neuroticos com tendencias instintivas muito fortes, reprimidas. Nos pacientes que não reprimem seus impulsos afetivos ou que os dominam, o fenomeno tambem se produz; revela-se, entretanto sob a forma de hipotonia nas respostas.
Consideramos que as interpretações são determinadas pela "côr" (Fb) quando tal caracteristica é a unica determinante da resposta. Trata-se, então, de "interpretação primária de côr".
Quando aparece inicialmente a interpretação de "côr", temos a resposta "forma - côr" (FFb). Em caso contrário, é a resposta "côr forma" (FbF).
Enquanto as interpretações B se consideram como indice das tendencias introversivas da personalidade, as FFb, FbF e F indicam tendencias extroversivas.
A relação entre o total de elemento B e Fb permite estabelecer o "tipo de vivencia".
3 - Conteúdo - Segundo o conteúdo, se classificam as respostas em Zoomorficas (T), de partes de animal (Td), antropomorficas (M), de parte do corpo humano (Md), de paisagem (L), anatomicas (Anat), objetos (Obj), abstratas (Abs), arquitetonicas (Arq), geograficas (Geo), etc.
A percentagem de formas de animais vistas denomina-se "indice de esteriotipia" e se estabelece segundo a formula:
T % = (T + Td) X 1000 / número total de respostas
O indice de esteriotipia cresce com a idade e com o desenvolvimento das tendencias a atividades práticas. A esteriotipia tambem pode se apresentar em relação a outra classe de respostas, principalmente M e Anat.
4 - Originalidade - As respostas tambem se dividem em "originais", "individuais" e 'vulgares". Respostas originais são aquelas que aparecem uma vez num grupo de três. As individuais são peculiares a um determinado individuo.
A percentagem de respostas originais nos individuos normais varia entre 10 e 30 % e se obtem usando a formula do indice de esteriotipia.
c) Tipos vivencia (*) - Determina-se dividindo o número total de elementos B pelo número total de Fb (compreendendo aqui Fb, FbF, FFb).
Para Fb puro dá-se o valor de 1,50, para FbF de 1,00 e, finalmente, para FFb apenas 0,50.
Podemos obter os seguintes tipos de vivencia:
1 - Coartado - Encontram-se somente as interpretações F, faltando B e Fb.
O T % é elevado, as formas são bem vistas e a sucessão é rigida. As funções lógicas estão hipertrofiadas, chegando a determinar uma inibição afetiva.
É comum nos deprimidos e melancolicos.
2 - Extrovertido - Revela uma predominancia de interpretações de côr.
3- Introvertido - Apresenta uma predominancia de elementos B.
4- Equilibrado - Encontram-se na mesma proporção os elementos B e Fb.
(*) - Vivencia é a tonalidade afetiva própria a uma idéia.
Exame das funções mentais (Semiologia psiquiatrica) - Dr. Joubert T. Barbosa
(Livro dos anos 40). Apenas interesse histórico. O teste foi reformulado e modernizado depois.
domingo, 21 de agosto de 2022
Esquizofrenia progressiva não existe
“A esquizofrenia, quando entendida como uma doença cerebral discreta, sem esperança e em deterioração, não existe.” — Jim van Os, Professor e Presidente do Departamento de Psiquiatria e Psicologia, Holanda
quarta-feira, 17 de agosto de 2022
Herdabilidade - Erros de interpretação e suposições
Herdabilidade: Qual é o ponto? Para que não serve? Uma perspectiva da genética humana
Heritability: What's the point? What is it not for? A human genetics perspective
Em 1960, Falconer mostrou que a herdabilidade pode ser simplesmente estimada a partir da diferença entre as taxas de concordância MZ e DZ, desde que as seguintes suposições sejam válidas:
(1) a variação ambiental é idêntica para gêmeos MZ e DZ e permanece a mesma vida,
(2) a variação da interação pode ser negligenciada.
Falconer aplicou pela primeira vez o método a características quantitativas, como altura, peso e QI, usando dados de pares de 50 MZ e DZ de Newman et al. (1937). Pouco depois, Falconer (1965) propôs calcular a herdabilidade de doenças que não possuem um determinismo monogênico simples, baseando-se no modelo aditivo poligênico para responsabilidade. Cristiano et ai. (1974) lembra que, na prática, as estimativas de herdabilidade não podem ser feitas sem simplificar as suposições: as mais comuns são: (1) o efeito das influências ambientais sobre o traço são semelhantes para os dois tipos de gêmeos; (2) as influências hereditárias e ambientais não estão correlacionadas no mesmo indivíduo nem entre membros de um conjunto de gêmeos; (3) não há correlação entre os pais devido ao acasalamento seletivo; e (4) o traço em questão é distribuído continuamente sem dominância e sem efeito epistático (herdabilidade no sentido restrito).
Erros de interpretação da hereditariedade
Primeiro, a própria terminologia é enganosa. De fato, como discutido por Stoltenberg (1997), termos como “hereditário”, “herdado” ou “hereditário” têm significados populares que são diferentes das noções científicas que deveriam representar. Isso contribui para interpretações equivocadas. Em particular, o termo “herdabilidade” é usado na linguagem comum como sinônimo de “herança”, com a ideia de que algo hereditário é algo que passa de pais para filhos. Como vimos, a herdabilidade não é uma característica individual, mas uma medida populacional. Não diz nada sobre o determinismo genético da característica em estudo. Para evitar qualquer ambiguidade e insistir no fato de que o principal uso das estimativas de herdabilidade é prever os resultados da reprodução seletiva, Stoltenberg (1997) sugeriu a substituição do termo “herdabilidade” por “seleção”.
Em segundo lugar, muitas vezes há uma confusão entre a contribuição de fatores genéticos para o fenótipo e sua contribuição para a variabilidade do fenótipo. A herdabilidade não diz nada sobre as causas, os mecanismos na origem das diferenças entre as populações, nem sobre a etiologia das doenças. Como nos lembrou Lewontin (1974), há uma distinção crucial entre a análise de variância e a análise de causas. Uma herdabilidade forte não significa que os principais fatores envolvidos na característica sejam fatores genéticos. Em uma população onde não há variabilidade ambiental, a herdabilidade é de 100%. Da mesma forma, em um ambiente social homogêneo, as estimativas de herdabilidade podem ser altas para características que se devem principalmente a fatores socioambientais. Esse erro de interpretação também é prevalente na literatura sobre GWAS e na discussão em torno da chamada herdabilidade ausente. Está presente no famoso artigo de Manolio et al. (2009) quando listam uma série de doenças, para as quais a proporção de herdabilidade atualmente explicada pelos loci detectados pela GWAS é baixa e concluem que outros loci genéticos relevantes ainda precisam ser detectados (ver discussão de Vieneis e Pearce (2011).
Terceiro, a herdabilidade é frequentemente relatada como se fosse uma medida universal para a característica em estudo. Isso está errado, pois a herdabilidade é uma medida local no espaço e no tempo, específica para a população estudada. Dois grupos de indivíduos, com exatamente o mesmo background genético, terão, para uma determinada característica, uma herdabilidade diferente conforme estejam inseridos em um contexto onde o ambiente seja constante ou variável. A herdabilidade também pode variar ao longo do tempo com as mudanças ambientais. Diferenças na herdabilidade podem ser encontradas dependendo da idade dos indivíduos em estudo. Isso é bem ilustrado para o Índice de Massa Corporal (IMC) com estimativas que são sistematicamente maiores em crianças do que em adultos e também maiores quando derivadas de estudos com gêmeos do que de estudos familiares (Elk et al. 2012). Observe, no entanto, que nesta última meta-análise de estudos de herdabilidade do IMC, as estimativas variaram quase duas vezes, variando de 0,47 a 0,90 em estudos com gêmeos e de 0,24 a 0,81 em estudos familiares. Mostra claramente que a medida não é universal e não tem muita utilidade em populações humanas. Também questionou seriamente o problema de herdabilidade ausente que faz a suposição subjacente de que a herdabilidade deve permanecer a mesma para uma determinada característica, independentemente do contexto da população e da amostra na qual ela é medida.
Validade das suposições subjacentes às estimativas de herdabilidade
As estimativas de herdabilidade baseiam-se em suposições fortes que não podem ser testadas e são discutíveis na genética humana. Uma primeira suposição inerente ao modelo de aditivo poligênico é a existência de muitos fatores genéticos e ambientais, cada um com uma pequena contribuição. Supõe-se que não há um único fator genético ou ambiental que faça uma contribuição importante. Isso não é verdade para muitas doenças em que fatores genéticos e/ou ambientais importantes foram encontrados. Os exemplos incluem a contribuição de heterodímeros HLA específicos na doença celíaca ou outra doença autoimune e dieta e atividade física na obesidade e diabetes tipo 2 (para uma revisão sobre o limite dessas suposições no contexto do diabetes, consulte Génin e Clerget-Darpoux 2015b ). Para uma característica como o QI, mesmo que Herrnstein e Murray (1994) sugerissem uma maleabilidade limitada pela escolaridade, agora é bem reconhecido que a frequência escolar desempenha um papel importante. Diferentes estudos têm mostrado que a educação tem um papel direto no QI e que não é causa reversa devido, por exemplo, ao fato de que pessoas com QI mais alto tendem a ter maior frequência escolar (ver, por exemplo, o estudo de Brinch e Galloway (2012 ), onde se descobriu que a escolaridade obrigatória na Noruega na década de 1960 tinha um efeito sobre os escores de QI de homens na idade adulta.
Uma segunda suposição é a ausência de interação entre fatores genéticos e ambientais. Isso significaria que a variação genética poderia ser estimada sem qualquer conhecimento. No entanto, a biologia contemporânea demonstrou que as características são o produto de interações entre fatores genéticos e não genéticos em todos os pontos do desenvolvimento (Moore e Shenk 2017). Os genes são parte de um "sistema de desenvolvimento" (Gottlieb 2001 Além disso, fenômenos epigenéticos – genes imprintados, metilação, etc. – não podem ser ignorados. efeitos separados identificáveis dos genes versus o ambiente na variação do fenótipo – é infundado”. Outra suposição é a do ambiente aleatório. Para a maioria dos traços comportamentais humanos, essa hipótese obviamente não é válida (Vetta et Courgeau 2003; Courgeau 2017). Os pais transmitem alelos aos filhos com os quais também compartilham fatores ambientais que podem estar envolvidos nas características estudadas, levando a alguma “co-transmissão” de fatores genéticos e ambientais. É o caso, por exemplo, do nível educacional para traços cognitivos ou hábitos alimentares para traços ligados ao IMC. Conforme demonstrado por Cavalli-Sforza e Feldman (1973), ignorar a co-transmissão de fatores genéticos e ambientais pode levar a um forte viés nas estimativas de herdabilidade. A transmissão cultural vertical tem um efeito profundo nas correlações entre parentes e esse efeito pode ser mal interpretado como sendo devido à variação genética.
A suposição de aditividade também não é relevante tanto no nível dos alelos dentro de um genótipo, mas também entre os genes. De fato, para muitas características e em doenças particulares, existem efeitos de dominância, bem como epistasia. O efeito de um genótipo no fenótipo geralmente depende do background genético e dos genótipos em outros loci (Carlborg e Haley 2004; Mackay e Moore 2014).
Outra suposição subjacente é o acasalamento aleatório e o equilíbrio de Hardy-Weinberg que não é verdade, especialmente para traços cognitivos e culturais onde a homogamia é frequentemente a regra (Courgeau 2017).
Além dessas suposições inerentes ao modelo subjacente à herdabilidade e, portanto, a todos os métodos para estimar a herdabilidade em estudos de gêmeos, supõe-se ainda que o ambiente é compartilhado de forma semelhante entre gêmeos monozigóticos e dizigóticos. Esta partilha igualitária do ambiente é provavelmente a hipótese mais debatida. Desde a década de 1960, acumularam-se evidências empíricas de que gêmeos monozigóticos vivem em ambientes sociais mais semelhantes do que gêmeos dizigóticos. Por exemplo, é mais provável que sejam tratados da mesma forma por seus pais, tenham os mesmos amigos, estejam na mesma classe, passem tempo juntos, sejam mais ligados um ao outro por toda a vida etc. (Joseph 2013; Burt e Simões 2014). Além disso, o ambiente pré-natal (intrauterino) de gêmeos monozigóticos e dizigóticos é diferente: os ambientes pré-natais de gêmeos MZ (que frequentemente compartilham a mesma placenta) são mais semelhantes aos dos gêmeos DZ (que nunca compartilham a mesma placenta). A maioria dos defensores dos estudos com gêmeos reconhece que os ambientes dos gêmeos MZ são mais semelhantes do que os dos gêmeos DZ. No entanto, eles sugerem que, para que o modelo permaneça válido, é necessário apenas que os fatores ambientais diretamente relacionados à característica em estudo sejam os mesmos em gêmeos MZ e DZ (“suposição de ambiente igual relevante para a característica”). . Ao fazê-lo, desviam potenciais críticas à hipótese muito forte de ambiente igual. Por fim, vemos que nenhuma das hipóteses inerentes às estimativas de herdabilidade são verificadas em humanos. Mais fundamentalmente, se a herdabilidade é usada rotineira e utilmente para o melhoramento de plantas e animais (para prever a eficácia dessa seleção), é no contexto de dispositivos experimentais que permitem o controle do ambiente, o que é impossível na natureza e na natureza. o caso dos humanos.
Em populações de animais ou plantas, onde o cruzamento e o ambiente podem ser controlados, a informação sobre a variação genética é fundamental para melhorar uma característica de uma geração para a seguinte. Felizmente, as populações humanas não estão sujeitas a essas mesmas restrições e os objetivos dos geneticistas são totalmente diferentes. Em doenças de etiologia complexa, os geneticistas buscam identificar os fatores responsáveis e compreender as interações complexas e heterogêneas entre esses fatores. Há uma enorme lacuna entre observar associações em uma população e entender o papel dos genes no processo de desenvolvimento da doença (Bourgain et al. 2007). Aderir a um modelo muito simplista para todas as doenças não permitirá atingir esse objetivo.
domingo, 14 de agosto de 2022
Neurociência cognitiva: desenho
A imagem representa a neurociência cognitiva segundo um comportamentalista britânico que está no meu facebook. A área usa o conceito de representação. O desenho se chama Beano.
sexta-feira, 12 de agosto de 2022
sábado, 6 de agosto de 2022
Doença mental vitalícia
Spencer Stern @SpencerStern (twitter)