Atitudes sociais com relação a fatores biológicos dos indivíduos.
Finalmente, queremos chamar a atenção para as diferenças de atitude entre as várias culturas ou grupos sociais, com relação a condições biologicamente deficientes. Estas atitudes determinam, parcialmente, a importância de um defeito biológico específico na habilidade da pessoa para funcionar, efetivamente, em uma dada estrutura social. Assim, uma definição, psicologicamente orientada, da adequação biológica de um organismo, deve levar em conta o meio social. Considerem-se, por exemplo, as conseqüências sociais diferenciais para uma pessoa, que pode ter sido vítima de apoplexia ou ter sofrido resíduos moderados de poliomielite na infância. Em uma cultura nômade primitiva, mesmo uma paralisia menor de um membro pode ter conseqüências desastrosas. Nos Estados Unidos, este tipo de incapacidade física pode alterar, muito pouco, o padrão vocacional de comportamento de um funcionário de escritório, mas alteraria completamente a vida de um madeireiro ou atleta, e pode dificultar os comportamentos sexuais e sociais de um funcionário de escritório devido às reações dos outros e de suas próprias reações à deformação física. Variações em visão ou audição são agora compensadas por aparelhos protéticos até o ponto de poderem ser corrigidas mesmo deficiências graves. Geralmente, culturas tecnologicamente avançadas tendem a atribuir menos importância instrumental a diferenças individuais biológicas do que culturas menos avançadas. Nos Estados Unidos a importância de tais variáveis biológicas, entretanto, varia de uma subcultura a outra, e mesmo quando se negligenciam efeitos instrumentais, as conseqüências sócio-interpessoais podem ser grandes. A influência de conseqüências e de auto-reações sociais, mesmo sobre manifestações diretas de um defeito biológico, é ilustrada por um grande aumento de tremor em pessoas com doença de Parkinson (causada por uma lesão cerebral) quando sabem que estão sendo observadas ou quando prestam atenção em seu tremor. Quando absorvidas em uma tarefa e não atendendo à resposta sintomática, pacientes parkinsonianos podem mostrar, relativamente, pouco tremor.
Os princípios da aprendizagem na terapia comportamental. Volume 1. Kanfer e Philips.
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