Duas características do modelo manicomial são diretamente relevantes para a crítica à análise do comportamento pela reforma psiquiátrica brasileira: tratamentos em locais fechados e disciplina.
Uma das afirmações de Hugh Lacey e Chomsky é de que o behaviorismo radical e análise experimental do comportamento tem validade somente para ambientes fechados devido ao uso de laboratórios. Essa afirmação é inspirada pela negação do fenômeno reforço e pela concepção de que essa área de conhecimento apenas controla de forma coercitiva o comportamento. No entanto, numa concepção que reconhece os efeitos do fenômeno reforço operante de forma amplamente replicada, não há motivos para afirmar que a aprendizagem ocorre apenas em locais fechados.
Na mesma linha, a crítica de que a análise do comportamento pratica a disciplina manicomial é inspirada no não reconhecimento do fenômeno do comportamento operante. A disciplina é entendida nessa concepção como coerção de acordo com objetivos de outras pessoas. No entanto, a análise experimental do comportamento promove a aprendizagem segundo as necessidades na vida do cliente. Nos momentos que promove adaptação, isso acontece devido à indisposição de pessoas do convívio. Numa concepção que rejeita a "disciplina", treinar a pessoa para manejar com sucesso sua vida é pejorativo ou uma forma de normalização violenta de uma pessoa "indisciplinável" que precisa de intervenções sociais e institucionais para viver sua vida e ser aceita como uma identidade diferente positiva. Nessa concepção, o "louco" é uma pessoa impossibilitada de aprender. Até que ponto isso é realmente uma virtude do tratamento em saúde mental?
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