"Esse é, portanto, o dilema de comunicação essencial em que a maioria das pessoas fracas se encontra vis-à-vis àqueles que são mais fortes e que as oprimem; se elas falam docemente não são escutadas; se aumentam literalmente o tom de voz, são consideradas impertinentes; se o aumentam metaforicamente, são diagnosticadas como loucas.
Mas tudo isso - familiar às pessoas comuns, aos poetas e aos escritores muito antes de os "cientistas" haverem estudado "psicologia" - tem aparentemente iludido os psiquiatras e até mesmo o senso comum. Consequentemente, as pessoas que tem autoridade, ou os chamados objetos de amor, de quem outros dependem ou em relação aos quais se sentem no direito de fazer exigências, deixam de ouvir ou recusam-se a ouvir os que dependem e lhes fazem exigências; e quando, por medo e frustração, raiva e retaliação, os que reclamam se dirigem a elas por meio de signos icônicos, as autoridades, leigas ou não, médicas ou psiquiátricas, concluem que todas as comunicações dos que reclamam são "sintomas psiquiátricos" e os que reclamam, "pacientes psiquiátricos". Chegamos, portanto, a falar de todas essas súplicas e ordens, apelos e desaprovações, silenciosas ou não tão silenciosas - isto é, de todas essas "afirmações" infinitamente diversas - como diferentes doenças mentais! Evidentemente, no mundo moderno a maior parte das pessoas prefere acreditar em vários tipos de doença mental - tais como a histeria, a hipocondria e a esquizofrenia - a admitir que os que são assim diagnosticados se assemelham mais a querelantes na corte do que a pacientes em clínicas, e que esses querelantes em geral fazem diversas comunicações desagradáveis semelhantes às de uma corte."
O mito da doença mental, Thomas Szasz
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