O combate à Medicalização vai contra toda a tendência de securitização e hiperprevenção.
 Luis David Castiel
  
cabe acrescentar ainda que apesar da separação entre ris-
co e incerteza ser ainda dominante, pode-se considerar que ela 
é difícil de ser sustentada. risco e incerteza se embricam: riscos 
são  incertos,  incertezas  seguras.  
van asselt  e  vos
25
afirmam  
que, no contexto do princípio da precaução, a incerteza é muitas 
vezes, implícita ou explicitamente, percebida como algo que po-
de ser erradicada. Ou, pelo menos, reduzida pela pesquisa, pela 
monitoração ou, simplesmente, pelo passar do tempo. algumas 
incertezas podem ser estimadas, pois resultam de sistemas ou 
processos bem conhecidos. porém, muitas incertezas relevan-
tes no contexto do princípio da precaução não podem ser redu-
zidas e muito menos exorcizadas.
O “paradoxo da incerteza” se refere à adoção de uma me-
dida preventiva diante da insuficiência de provas científicas. em 
outras palavras, quando o princípio da precaução é utilizado pa-
ra lidar com incertezas, o seu emprego acaba por demonstrar os 
limites  da  ciência  em  proporcionar  evidências  “confiáveis”  dos  
riscos potenciais.
Todavia, sempre que se estabelece uma ação preventiva, 
a ciência é chamada a fim de avaliar/avalizar os riscos poten-
ciais.  
em  suma,  trata-se  de  uma  configuração  paradoxal:  por  
um lado, reconhece-se que a ciência não pode trazer as ansia-
das evidências decisivas sobre riscos incertos, enquanto, por 
outro, recorre-se à ciência para procurar estabelecer-se algum 
nível de certeza. assim, o conhecimento ocupa um lugar alta-
mente paradoxal, se não contraditório, na essência do princípio 
da precaução.http://www.ihu.unisinos.br/images/stories/cadernos/ideias/188cadernosihuideias.pdf
Nenhum comentário:
Postar um comentário