O sujeito da experiência da loucura, antes objeto de saber, era isolado para receber o tratamento terapêutico. Hoje, deixou de ser objeto e transformou-se em sujeito, seu cuidado torna-se criação de possibilidades, cujo acontecimento se dá na vida cotidiana, assim como os desafios que devem ser enfrentados.
A Atenção básica compartilha com a atenção psicossocial a forma de olhar o sujeito que adoece. Este olhar não se limita a um corpo que adoece, ele é atravessado por múltiplos planos (histórico social, econômico) e pelas múltiplas histórias que compõe a singularidade de cada situação.
Atenção
psicossocial e atenção básica também podem compartilhar uma armadilha
que se apresenta no cotidiano de ambos os serviços, a lógica manicomial.
Esta lógica supera as estruturas físicas do manicômio, podendo estar
presentes em outros espaços. Caracteriza-se por ser um poder
normatizador que exclui e reprime, não só os loucos, mas todos aqueles
que saem dos limites da “boa conduta”, aqui entram os homossexuais,
dependentes químicos, moradores de rua, etc.
“Especificamente
nos espaços e serviços da saúde mental, este poder se evidencia quando
profissionais não conseguem operar um cuidado efetivo, especialmente nas
crises, e têm como única solução a intervenção medicamentosa e a
internação. Ou, mais sutilmente ainda, quando as intervenções dos
profissionais são pautadas por julgamentos morais que prescrevem aos
usuários modos corretos de se comportar ou de agir frente as
contingências que a vida apresenta. Cabe aqui ressaltar que o uso
extensivo e indiscriminado dos medicamentos psicotrópicos é prática
naturalizada nos serviços de saúde e, em especial, na Atenção Básica. ”
https://madinbrasil.org/2018/04/atencao-psicossocial-atencao-basica-e-territorio-o-que-estes-tres-termos-aportam-para-as-politicas-de-saude-publica/
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