Eu passaria seis
dos próximos dez anos como paciente internado quase todos em uma Seção
3. Nessa época, eu tinha quase quarenta sessões de terapia
eletroconvulsiva (ECT), tentei praticamente todos os neurolépticos no
mercado, e foi negado intervenções psicológicas em numerosas ocasiões. Apesar dos regimes de tratamento mais vigorosos, as vozes que ouvi continuavam tão virulentas como sempre. A
medicação não me dava descanso, e eventualmente o volume de medicação
que eu estava tomando era tão alto que me tornei um pouco melhor do que
um zumbi que via a vida através de uma poluição legalizada induzida por
drogas.
O sistema me ensinou coisas, a principal delas sendo como ser um bom esquizofrênico. Eu acredito que aprendemos muito sobre estar mentalmente doentes no sistema. Dez
anos se passariam antes que eu encontrasse uma maneira de sair do
sistema, e nessa época o sistema havia criado um esquizofrênico
perfeito.
Esse comportamento aprendido é comum. Ainda hoje encontro pessoas que aprenderam que suas vidas estão quase no fim. Os graduados que são informados de que devem desistir de qualquer pensamento de uma carreira, jovens que são informados de que não vão conseguir nada em suas vidas. Ao mesmo tempo, a sociedade está tentando entender por que tantos jovens se matam. Essa falha em relacionar a forma como tratamos as pessoas com qualquer tipo de resultado negativo é talvez a acusação mais contundente de nosso atual sistema.
Essa falta de esperança me consumiu enquanto eu me sentava dia após dia sem conseguir nada, sem querer nada, sem esperar nada e sem receber nada em troca. Então, um dia, tudo mudou.
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