Fatores importantes são a disposição e a capacidade do médico de ouvir. Estudos revelam que, tipicamente, os médicos interrompem os pacientes a cada 15 ou 30 segundos. Isso revela impaciência, pressão de tempo ou falta de interesse pelo o que é importante para o paciente. As perguntas francas indicam a disposição de sondar fortes preocupações. O médico que repete e resumo o que foi dito confirma que é um ouvinte bem-treinado e atento.
A pontualidade deve ser sério determinantes das qualidades humanas do médico porque, fundamentalmente, assinala respeito pela outra pessoa. O respeito pelo tempo dos demais é uma indicação significativa das qualidades necessárias à parceria no processo de cura. Os constantes atrasos são geralmente atribuíveis a gerenciamento desorganizado, mau planejamento, excesso de consultas, injustificável indiferença pelo tempo alheio e a expectativa, entre os médicos, de que o paciente presumirá que o médico foi retido inevitavelmente por outro paciente com problemas mais graves. As verdadeiras emergências raramente são a causa dos atrasos habituais do facultativo.
Mas a qualidade ainda melhor que a minuciosidade no exame físico é a disposição do médico de admitir erro sem tergiversação. O paciente inteligente deve saber que a medicina não é uma ciência exata. Os erros são inevitáveis mesmo entre os mais conscienciosos profissionais que obedecem aos mais altos padrões. A admissão pública dos erros é a melhor maneira de reduzir sua repetição e em geral sinal de capacidade de um profissional de alta classe.
Em última análise, busca-se o médico com quem nos sentimos à vontade quando descrevemos nossas queixas, sem receio de ser submetidos por causa disso a numerosos procedimentos; o médico para quem o paciente nunca é uma estatística; o médico que não recomenda medidas que põem a vida em perigo para prolongar a vida; alguém que nem exagera os perigos de doenças menores nem se sente derrotado pelas maiores; e, acima de tudo o mais, um semelhante, um ser humano cuja preocupação pelo paciente é avivada pela alegria de servir, porque considera servir um privilégio incomparável.
Livro: A arte perdida de curar. Autor: Bernard Lown
Capítulo: Como fazer os médicos escutar
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