Há duas formas de entendimento da relação entre neurociência e psicoterapia. Uma entende que relacionar as duas áreas permite melhorar os tratamentos psicológicos. O outro entende que não é necessário relacionar as duas áreas para entender o comportamento e realizar mudanças. Minha opinião era a segunda mas é uma perspectiva que me parece incompreendida.
O senso comum reducionista biológico acredita que as intervenções precisam ser corporais e só têm realidade se provocarem alterações corporais. Outro lado dessa forma de pensar é acreditar que a psicologia em geral é metafísica (não física) e por isso teria pouco efeito comparável com os psicofármacos ou outras intervenções corporais. Nessa perspectiva, quase todo sofrimento significativo e comportamento não esperado é redutível ao cérebro e portanto doença.
Mas qualquer mudança perceptível na qualidade de vida vai acontecer no nível celular e não está separada da vida que a pessoa leva (relação do organismo com o ambiente). O senso comum não assimila a possibilidade de emergência e não entende a relação disso com o redutível. Alterar algo no emergente também é alterar algo no redutível e vice-versa. O comportamento e seus fenômenos emergem do cérebro.
A exigência de a psicoterapia provar alterações no cérebro de acordo com as etiologias psiquiátricas é apenas dizer que a psicoterapia precisa fazer o mesmo que os psicofármacos e são os psicofármacos que são a origem da etiologia. O que me parece limitado mas pode convencer o senso comum de que é possível substituir psicofármacos por psicoterapia.
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